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Metodologias Participativas

No documento ENGENHARIA DE SAÚDE PÚBLICA (páginas 69-72)

Metodologias para fortalecimento do controle social na gestão em saneamento

1.2 Metodologias Participativas

O projeto, ao destacar o conceito de Aprendizagem Social para o controle so-cial, propõe-se a contribuir para que os envolvidos, a partir da aplicação das me-todologias participativas, possam: aprofundar seus conhecimentos e ampliar cami-nhos de diálogo; estabelecer laços de confiança e cooperação; administrar e resolver conflitos e buscar soluções conjuntas, que sejam técnica e socialmente adequadas (HARMONICOP, 2003).

A Aprendizagem Social (AS) tem como objetivo contribuir para o diálogo e in-tervenção conjunta dos atores locais na realidade. A AS está em estreita relação com o desenvolvimento de capacidades. Isso representa a possibilidade de construir pro-cessos dinâmicos de participação e colaboração de número crescente de atores pú-blicos e da sociedade em novas formas de pensar e enfrentar problemas relacionados à sustentabilidade socioambiental como, por exemplo, o uso sustentável dos recursos naturais na interação entre sociedade e poder público. Propõe-se, dessa forma, a

dis-seminação de metodologias e atividades que fortaleçam diagnósticos colaborativos e articulados que promovam a sustentabilidade.

Ao destacar o conceito de Aprendizagem Social para a sustentabilidade so-cioambiental propõe-se contribuir para que os envolvidos, a partir da aplicação das ferramentas participativas, possam: aprofundar seus conhecimentos e ampliar cami-nhos de diálogo; estabelecer laços de confiança e cooperação; administrar e resolver conflitos; e buscar soluções conjuntas, que sejam técnica e socialmente adequadas (HARMONICOP, 2003). Segundo Pahl-Wostl et al. (2007), o desenvolvimento de conteúdos e metodologias (criação de novos conhecimentos e utilização de novas ferramentas de gestão) é muito relevante nos processos de governança ambiental. O importante é que essas possam ser implantadas e promovam o engajamento do maior número possível de atores comprometidos com a gestão e proteção dos recur-sos naturais.

Os princípios norteadores da AS contemplam o envolvimento ativo, a consulta e o acesso público à participação. A participação ativa implica que os atores relevantes sejam convidados e participem no processo de planejamento abordando todos os te-mas e contribuindo ativamente nos debates na busca de respostas e soluções.

As ações previstas pelo presente projeto para a identificação do atual grau de participação e a sua promoção nos processos de formulação de políticas, de plane-jamento e de avaliação relacionados aos serviços públicos de saneamento básico teve como base metodologias participativas, que acompanharam todas as etapas. As metodologias participativas estimularam uma participação mais ativa da sociedade e podem se apresentar como uma forma de estabelecer conjuntamente a identificação de problemas, objetivos e soluções. Nesse sentido, um grande desafio foi o de multi-plicar a disseminação de um conhecimento baseado em valores e práticas sustentá-veis, indispensáveis para estimular o interesse e engajamento dos cidadãos na ação e na responsabilização (JACOBI e FRANCO, 2011).

As metodologias participativas e colaborativas favorecem a aprendizagem e o desenvolvimento prático de diagnósticos coletivos e planos de intervenção para a construção de agendas locais. Três níveis de participação podem ser definidos: o acesso à informação; consultas públicas como espaço de apresentação de propostas pelo poder público aos cidadãos; e a participação ativa, que possibilite diálogo com gestores e atuação direta na definição de agendas e nas tomadas de decisão (JACOBI e FRANCO, 2011).

As metodologias podem, por exemplo, antecipar alguma atividade/oficina visan-do “provocar” os diferentes atores sociais identificavisan-dos para o debate/reflexão sobre a

questão do saneamento no seu município. O que se espera com o uso de ferramentas participativas é a Aprendizagem Social, que enfatiza a colaboração entre os diferentes atores sociais, estimula o diálogo, motiva a formar um pensamento crítico, criativo e sintonizado com a necessidade de propor respostas para o futuro (JACOBI e FRANCO, 2011).

Nesse sentido, a comunidade se prepara para cumprir seu direito como cida-dão de acompanhar, em todas as fases, as ações de saneamento com as quais serão contempladas ou, ainda, buscar mecanismos para ter suas demandas atendidas. A Aprendizagem Social deve contemplar o reconhecimento da interdependência dos atores sociais; a interação entre os atores; transparência e confiança; autorreflexão crítica; percepção compartilhada dos problemas e soluções; desenvolvimento e va-lorização crítica das soluções possíveis; processo decisório conjunto, com base na reciprocidade; e instrumentos e meios para promover a implantação das decisões (HARMONICOP, 2003).

As metodologias apresentadas trazem reflexões sobre os referenciais teóricos e sua aplicação na realidade local, como: (a) aperfeiçoar a compreensão dos problemas inter-relacionados e complexos em diferentes espaços e contextos (CRAPS, 2003); e (b) contribuir para que diferentes atores compreendam melhor as percepções dos ou-tros (WALS, 2007) sobre os problemas socioambientais.

As metodologias participativas foram adequadas pelos pesquisadores para o contexto do projeto. Os resultados apresentados mostram sua efetividade como meto-dologias alternativas e inovadoras para capacitação, sendo essas:

– World Café (Café Mundial – método de diálogo e criação coletiva): é um processo de diálogo com o objetivo de promover conversas significativas, juntamente com a investigação apreciativa; os princípios dessas metodolo-gias se encontram em práticas de conversação que recuperam o sentido de comunidade num diálogo que busca o envolvimento pleno dos participantes, a inteligência coletiva que emerge do grupo e a criação coletiva de soluções para problemas complexos (CAMARGO, 2011).

– Open Space (Espaço Aberto): iniciada por Harrison Owen, consiste em uma forma de reunir pessoas em uma conferência, retiro ou encontro, no qual os participantes são convidados a gerar a agenda do encontro assim como parti-cipar liderando pequenos grupos de discussão.

– Mapeamento Socioambiental: consiste em um (re)conhecimento local (SAN-TOS e BACCI, 2011), podendo ser diagnóstico ou propositivo. A metodologia

foi aplicada em diferentes contextos com diferentes grupos e visou elaborar um diagnóstico participativo da realidade socioambiental local, como subsí-dio para a Aprendizagem Social.

– Caminhada Diagnóstica: pode ser desenvolvida como base para o mapea-mento socioambiental; também procura identificar e diagnosticar de forma coletiva o lugar/ambiente.

– Fóruns Públicos: trata-se de um espaço público para discussão e encaminha-mento de conflitos, onde a sociedade civil participa efetivamente dos pro-cessos decisórios, obtendo respostas aos seus anseios na busca do bem-es-tar social e do desenvolvimento de alguma questão específica. Após a sua aprovação, esse desempenha o papel de responsável pelo monitoramento das metas do plano em questão.

2. Objetivos

No documento ENGENHARIA DE SAÚDE PÚBLICA (páginas 69-72)