• Nenhum resultado encontrado

SUMÁRIO

3. PROPOSIÇÃO 87 4 MATERIAL E MÉTODOS

2.5 CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES ENDODÔNTICAS-PERIODONTAIS

2.6.2 Microbiologia Endododôntica

polpas caracterizadas por espécies anaeróbias mistas. Lactobacilos não foram identificados nesta fase. Os grupos microbianos foram isolados de dentro do tecido pulpar. Dessa forma, esse estudo mostrou que lactobacilos poderiam invadir tecido pulpar vital não sendo detectados infiltrados inflamatórios. Os autores concluem que a invasão da polpa pode estar associada com uma variedade pronunciada a populações microbianas que estão presentes em processos cariosos.

2.6.2 Microbiologia Endododôntica

Miller (1984) foi o primeiro pesquisador a descrever a presença de bactérias no interior do sistema de canais radiculares, através de esfregaços obtidos de canais radiculares com câmara pulpar aberta e polpas necrosadas. As bactérias passaram então a serem consideradas os principais agentes etiológicos das doenças pulpares e periapicais, papel este confirmado anos mais tarde por Kakehashi et al. (1965) e Möller et al. (1981).

Embora nenhum microrganismo seja isoladamente responsável pelas patologias pulpares e perirradiculares, algumas espécies têm sido mais consistentemente relatadas no espaço do canal radicular (Sundqvist, 1994).

Em canais radiculares necrosados e presença de lesão periapical crônica, há o predomínio de microrganismos anaeróbios, particularmente os Gram-negativos, que além de possuírem diferentes fatores de virulência e gerarem produtos e subprodutos tóxicos aos tecidos apicais e periapicais, contêm endotoxinas em sua parede celular. A endotoxina é liberada durante a multiplicação ou morte bactériana, exercendo uma série de efeitos biológicos importantes, que conduzem a uma reação inflamatória e reabsorções ósseas na região periapical (Sundqvist et al. 1989, Gomes et al. 1994).

A maioria das infecções endodônticas é caracterizada por uma microbiota mista e, os microrganismos mais freqüentemente isolados dos canais radiculares são as bactérias estritas dos gêneros Peptostreptococcus, Prevotella, Porphyromonas, Bacteroides, Fusobacterium, Eubacterium, Actinomyces, Lactobacillus, Propionibacterium, Bifidobacterium, Veillonella e Capnocytophaga e os facultativos

47

Streptococcus e as espécies relacionadas tais como as dos gêneros Enterococcus e Gemella. Também são isolados com freqüência os gêneros Neisseria, Haemophilus, Eikenella, Staphylococcus, Mitsuokella e Wolinella (Siqueira & Lopes, 1999; Sundqvist, 1994; Gomes et al. 2006a).

Fusobacterium nucleatum é uma bactéria anaeróbia estrita, Gram-negativa, que é normalmente isolada da cavidade oral. Estudos epidemiológicos têm demonstrado que esta espécie é uma das mais prevalentes em infecções endodônticas primárias. Além disso, o Fusobacterium nucleatum age como uma ponte de coagregação entre microrganismos, sendo desta forma um dos principais microrganismos na formação do biofilme; podendo ser também um agente causador ou contribuir para a reagudização das infecções endodônticas devido a presença de endotoxinas na sua parede celular. Baumgartner et al. (1992) mostraram que uma cultura mista de Fusobacterium nucleatum é significantemente mais patogênica do que este microrganismo em cultura pura.

Porphyromonas gingivalis é uma bactéria anaeróbia estrita, Gram-negativa, amplamente investigada em infecções da cavidade oral e, possui uma grande variedade de fatores patogénicos, incluindo as fímbrias, proteinases, endotoxinas e proteínas de ligação de hemina. (Holt et al., 1999)

Atualmente, uma maior atenção tem sido dada a espécies de Tannerella forsythia e Treponema. denticola (Siqueira & Lopes, 1999).

Gomes et al. (1994) estudaram possíveis associações significantes entre grupos particulares de bactérias isoladas dos canais radiculares com alguns sinais e sintomas de origem endodôntica. Analisando 70 amostras, algumas associações foram confirmadas tais como a dor e a presença de Prevotella e Peptostreptococcus spp.; edema e Prevotella spp. e Peptostreptococcus micros; canais molhados e organismos facultativos, Prevotela spp., Propionibacterium spp. e exsudato purulento e Fusobacterium necrophorum e Prevotella loescheii.

Peters et al. (2002) investigaram as combinações entre bactérias isoladas de 58 canais radiculares infectados de dentes com lesão periapical, mas sem sinais e sintomas clínicos. Relações significantes também foram encontradas entre Prevotella

48

intermédia e Peptostreptococcus micros, Prevotella intermédia e Prevotella oralis, Actinomyces odontolyticus e P micra, Bifidobacterium spp. e Veillonella spp. Esses resultados sugerem que patógenos endodônticos não ocorrem aleatoriamente, mas são encontrados em combinações específicas.

Gomes et al.(1996a) estudaram as variações da microbiota endodôntica antes e após a instrumentação dos canais radiculares. Amostras microbiológicas foram colhidas de 42 canais radiculares, sendo divididos em 2 grupos: grupo 1 que apresentava dentes sem tratamento endodôntico anterior e grupo 2 que já havia sido submetido a tratamento endodôntico prévio. Através dos resultados obtidos, foi identificado uma significativa redução após o PQM em relação a anaeróbios e a espécies Gram positivas, especialmente Peptostreptococcus spp. Ainda assim, os autores concluíram que certas espécies são mais resistentes aos procedimentos endodônticos do que outras.

A presença de microrganismos, normalmente, ocorre na presença de necrose pulpar, o que não é comum em polpas vitais.

O significado de bactérias Gram-negativas anaeróbias em dentes que apresentam pulpite por carie, não é totalmente compreendido. No entanto, espécies de Prevotela, Fusobacterium e Porphyromonas são conhecidas por apresentarem fatores de virulência que se tornam mais potentes na presença de P micros. Essa associação aumenta o potencial de degradação, ataca o sistema imunológico e interfere na reparação pulpar (Martin, 2000).

Bactérias Gram positivas podem ser encontradas na cavidade oral e em tecidos periodontais sadios. Casos de inflamação tecidual e bacteremias podem favorecer a presença temporária desses microrganismos, sendo de caráter reversível (Reinhardt et al., 1982).

Parvimonas micra e Porphyromonas endodontalis têm sido associados ao avanço de processos cariosos, seguido de necrose pulpar. (Martin 2000)

Gomes et al. (2005) avaliaram pelo método da cultura e PCR a presença de P gingivalis, P endodontalis, P intermédia e P nigrescens em dentes com lesões periapicais em amostras de 100 canais radiculares (50 com infecções primárias e 50 com secundárias). P gingivalis foi raramente isolado por cultura (1%), entretanto,

49

freqüentemente encontrado por PCR (38%). P endodontalis não foi isolado por cultura, mas por PCR foi encontrado em 25% das amostras. P gingivalis, P endodontalis, P intermédia e P nigrescens foram os mais freqüentemente identificados em casos de infecções primárias do que secundárias. Entretanto a freqüência de microrganismos produtores de pigmento negro foi elevada utilizando ambos os métodos.

Seol et al. (2006) propuseram detectar a presença de Porphyromonas endodontalis, Porphyromonas gingivalis, Prevotella intermédia, Prevotella nigrescens e Prevotella tannerae em amostras clínicas utilizando o PCR. Dois diferentes protocolos de PCR foram utilizados (um para as duas espécies de Porphyromonas e outro para as três espécies de Prevotella). Os resultados foram comparados àqueles obtidos pelos métodos tradicionais de cultura microbiológica. Amostras microbianas foram colhidas assepticamente de 40 canais radiculares infectados de pacientes com abscesso. O método de PCR foi processado por meio do DNA extraído de cada amostra. Pelo menos uma das cinco espécies de bactérias pigmentadas foram encontradas em 65% (26 de 40) das amostras utilizando PCR, e em 15% (6 de 40) utilizando o tradicional método de cultura. O PCR foi mais rápido, sensível, específico e efetivo em detectar bactérias pigmentadas do que os procedimentos convencionais de cultura.

As técnicas moleculares para identificação microbiana, como o PCR, têm sido frequentemente utilizadas em pesquisas microbiológicas. Elas apresentam alta sensibilidade e habilidade de detectar microrganismos que são muito difíceis de serem isolados e cultivados por técnicas tradicionais de cultura (Siqueira & Roças, 2003; Gomes et al. 2002b ,2005)