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Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti – Minustah

6. OS LAÇOS BRASILEIROS E HAITIANOS

6.2 Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti – Minustah

A intervenção da ONU no Haiti, de maneira direta e institucional, já conta com 27 anos de duração. Iniciou em 1990, quando foi criada a Missão das Nações Unidas no Haiti – UNMIH, extinta em 1997. Entre 1997 e 2000, mais três resoluções do CSNU criaram missões para promover a estabilidade no Haiti, a saber: 1) UNSMIH – Missão das Nações Unidas para o Auxílio no Haiti (1996-1997), 2) UNTMIH – Missão das Nações Unidas para a Transição no Haiti (1997) e, 3) MIPONUH – Missão das Nações Unidas de Polícia do Haiti (1997-2000) (VIANA, 2009).

O Brasil lidera a MINUSTAH desde 1º de julho de 2004, após a Resolução 1.542 do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas – CSNU, de 30 de abril de 2004. O objetivo desta missão é criar condições para estabilização e segurança do Haiti;

15 Não é o objetivo deste trabalho avaliar a Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti, a intenção

desta seção é mostrar: o que é a Missão, seus objetivos e a relação da MINUSTAH com o fenômeno migratório haitiano. Existem muitas críticas a presença brasileira militarizada, como também, existem argumentos que esta presença se faz necessária e é essencial para o Haiti.

organizar eleições presidenciais e municipais e garantir que sejam assegurados os direitos humanos do povo, em especial das mulheres e crianças, segundo o exército brasileiro. Além de “restabelecer a segurança e normalidade institucional do país após sucessivos episódios de turbulência política e violência, que culminaram com a partida do então presidente, Jean Bertrand Aristide, para o exílio” (Ministério da Defesa). A criação desta Missão teve como justificativa que “a situação no Haiti constitui uma ameaça à paz e à segurança internacionais e à estabilidade do Caribe, especialmente por causa do potencial fluxo de pessoas para outros Estados na sub-região”, mostrando que a ONU estava preocupada em manter a instabilidade e seus habitantes apenas no território haitiano, fazendo com que as consequentes crises fossem circunscritas e controladas em seu território. Os Estados Unidos estavam com receio, assim como ocorreu com os boat people, que muito migrassem ilegalmente para a costa estadunidense, já que o país caribenho está a menos de 1.000 quilômetros de distância.

Segundo o Ministério de Relações Internacionais, o Brasil auxilia na realização de duas eleições presidenciais (2006 e 2010), reprimiu gangues nos bairros perigosos de Porto Príncipe, pacificou os bairros chamados Bel-Air e Cité Soleil (este último considerado, em 2004, o distrito mais perigoso do mundo, com aproximadamente 300.000 habitantes), apoiou a formação da Polícia Nacional Haitiana - PNH, realizou consultas médicas e odontológicas para a população haitiana, distribuiu água potável e fortaleceu o ambiente político-institucional, além de dar apoio no pós-terremoto de 2010. A Missão conta também com um efetivo de engenheiros que compõem a Companhia de Engenheiros da MINUSTAH, a qual ajuda na questão de infraestrutura, com o auxílio na construção de escolas, hospitais, rodovias e iluminação pública, perfuração de poços artesianos, construção de pontes e açudes, contenção de encostas, construção e reparação de estradas, além de atuar em missões de defesa civil no Haiti. No total, foi desembolsado, segundo o Ministério de Justiça, um montante no valor de aproximadamente 2 bilhões de reais nos 13 anos de ocupação

militar, com ressarcimento de menos da metade pela Organização (Brasil, 2017)16.

A partir das entrevistas, foi possível identificar que os haitianos têm conhecimento da presença brasileira naquele país e que esta presença, de alguma forma, é marcante. Indagados sobre o primeiro contato com o Brasil e a relação da MINUSTAH com a imigração haitiana, alguns responderam que foi a partir da presença militar brasileira nas ruas de seu país realizando as ações já citadas, entre outras.

Desde 2004 que a MINUSTAH tá lá. Com certeza influencia, mas a influência vai ser maior depois do terremoto e com a ajuda do Brasil, que eu acho que foi o primeiro país a mandar ajuda lá para o Haiti e eu acho que isso teve uma influência bem grande. E também o contato, a vivência dos haitianos com os brasileiros, o jeito que eles viram como os brasileiros, além da ascensão do Brasil, ascensão econômica do Brasil. Eu acho que sim a MINUSTAH teve uma influência bem grande. (M.)

Eu conhecia sim, porque eu morava, antes do terremoto em um lugar chamado For Nacional, que eu acho que é um dos maiores, como [...] não sei o nome, como onde ficam os campos dos […] base militar. E eu fiz muito contato, mas era bem 2006, 2007, mas não é amigo nada... Mas, a gente se via. [...] Soldados brasileiros do exército. E outras nacionalidades também… (N.)

Pra mim, eles não fazem nada. Ficam indo na rua com os carros, indo pra lá e pra cá e durante o final de semana vão para as praias, porque a gente tem muitas praias bonitas, e muitos bares bem caros lá. Mas eu não vi eles fazendo nada. Sempre têm manifestações para eles irem embora. (N.)

Após 13 anos de duração, no próximo dia 17 de outubro de 2017, será finalizada por completo esta Missão. Até lá, será feita a retirada gradual do contingente militar que ainda resta no país. Esta medida foi estabelecida no dia 13 de abril de 2017 pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. Após a extinção, a ONU já anunciou que será criada mais uma Missão – Missão das Nações Unidas para o apoio a Justiça no Haiti – MINUSJUSTH, composta por oficiais de polícia de diversas nacionalidades, que auxiliará na efetivação da Polícia Nacional haitiana – PNH e na consolidação da democracia.(Brasil, 2017)

16 Sítio do Ministério de Relações Exteriores. Disponível em: < http://www.itamaraty.gov.br/pt-

BR/component/tags/tag/119-minustah-missao-de-estabilizacao-das-nacoes-unidas-no-haiti>. Acessado em: 23/03/2017