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O Plano Diretor de Cuiabá já no art. 3º fala que além do PDDE, o Plano de mobilidade e de transporte integrado urbano deverá ser instrumento norteador das ações no setor, e assim como Várzea Grande, coloca o transporte como princípio que propiciará “uma cidade para todos” (art. 5º, inc. IV). Deixa claro que o transporte coletivo é prioridade (art. 5ªº, inc. IX), mas deverá promover garantias de transporte intermodal, para maior competitividade para a produção local e regional.

Uma constante preocupação do PDDE de Cuiabá é a racionalização da infraestrutura existente, e particularmente considerando o sistema viário e o de

transportes, para evitar a ociosidade e a sobrecarga.

Para o sistema viário, as diretrizes específicas foram traçadas no art. 10. As principais questões a ser enfrentadas, como já apontadas na leitura da cidade, foram:

• A estruturação viária de forma a garantir maior integração entre os bairros e maior mobilidade na cidade. Para tanto deverão ser construídas as vias laterais nos córregos, respeitando-se a faixa de preservação ambiental.

• A complementação das vias desarticuladas, construção de passagens em desnível nos seus principais cruzamentos especialmente das vias estruturais, e a construção de ciclovias e vias exclusivas para pedestres.

• Efetivar o desvio do tráfego rodoviário para vias perimetrais tornando assim o trânsito urbano mais seguro.

• Promover a pavimentação de vias, priorizando os trechos das vias que estão desarticuladas, as que são linha do transporte coletivo, e vias internas de bairros adensados.

• Definir nomenclatura das ruas e avenidas.

• Estabelecer critérios de planejamento e operação integrados com sistemas estaduais e federais.

• Promover estudos para as ligações viárias entre Cuiabá e Várzea Grande. O que se nota, contudo, é que as ações concretas, demoram muito para sair do papel, então se torna difícil acreditar que alguma coisa melhore efetivamente (a avenida das torres se arrasta por mais de cinco anos sem ter sido terminada, e provavelmente será concluído sem o trecho que a ligaria a Av. do CPA, um dos principais corredores da cidade de forma que acabará por congestionar ainda mais a Av. Miguel Sutil, que já é intransitável). Restará a população aguardar o plano setorial tomar forma real para ver o se o trânsito e o transporte melhoram, mas os prazos não costumam ser cumpridos.

Muitas das diretrizes presentes no atual PDDE já faziam parte do Plano aprovado em 1992. No art. 13 estavam propostas a elaboração e implementação do Plano Setorial de Sistema Viário e Hierarquização Viária; estruturação da malha viária para integras as novas localidades, as vias marginais aos córregos, a complementação dos trechos desarticulados; a execução de ciclovias, exatamente como no texto atual. A definição de nomenclatura das vias e numeração das casas, as obras como recuperação de pavimento e construção de pontes e viadutos, e a estruturação do órgão municipal responsável pelo setor – o SMTU.

Para o transporte, foi previsto:

• A elaboração de Plano de Transporte Integrado, em conformidade com o Estatuto da Cidade, sendo que o prazo estabelecido no PDDE seria de 180 dias, o que não foi cumprido ainda.

• Consolidar a integração do transporte coletivo no Aglomerado Urbano. • Estabelecer política tarifária visando o equilíbrio do sistema.

• Priorizar o sistema de transporte coletivo, torná-lo acessível e realizar a adequação das vias por onde ele circula.

• Empenhar os responsáveis para a construção dos modais ferroviário, hidroviário e rodoviário para maior integração da região com países sul- americanos.

• Modernizar o transporte público de passageiros e reestruturar o setor. Implantar um sistema de transporte coletivo de grande capacidade.

• Reestruturar o gerenciamento do sistema de transporte através da reestruturação do Órgão Municipal SMTU, para a melhoria do nível de serviços.

• Adequar o modelo de gestão em conjunto com a comunidade, para implementar programas de pavimentação e de manutenção.

• Possibilitar às pessoas deficientes com dificuldades de locomoção e idosas condições adequadas e seguras de acessibilidade autônoma aos meios de transporte urbanos.

Sobre transporte e trânsito existem algumas leis que disciplinam o assunto como o Decreto nº 2.754 de 03/05/1993, que estabelece normas no Serviço de Carga e Descarga na área central do município de Cuiabá.

A Lei de parcelamento do solo urbano, que fala sobre as regras a serem aplicadas para as vias de loteamentos e diz o seguinte quanto ao sistema viário:

• Os loteamentos terão vias com pistas de rolamento de 3,5m, sendo no mínimo duas, as vias com mais de quatro faixas deverão ter canteiro central. • Os passeios deverão ser um de cada lado terá 30% da largura e nunca será

menor que 3m.

• As ruas exclusivas para pedestres terão largura correspondente a 5% do comprimento e nunca serão inferiores a 4m.

A Lei Complementar nº108 de 23 de dezembro de 2003, que dispõe sobre os critérios técnicos, urbanísticos e edilícios, para a elaboração e implantação de projetos de habitação popular de interesse social promovidos pelo município de Cuiabá, no art. 23, fala sobre o limite mínimo de vias em parcelamentos de interesse social conforme tabela abaixo:

Tabela 07 – Dimensão do sistema viário para Loteamentos Populares de Cuiabá

Pedestre Mista Local Coletora

Largura mínima da via

(m) 4,0 6,0 8,0 13,0

Largura mínima leito

carroçável (m) . . . 5,5 6,0 9,0

Largura mínima dos

passeios (m) . . . . . . 0,6 2,0

Declividade longitudinal

máxima . . . 15% 15% 12%

Declividade longitudinal

mínima 0,5% 0,5% 0,5% 0,5%

Fonte – Lei Complementar do Município de Cuiabá nº 198/2003

As diretrizes são corretas, porém não são apresentados instrumentos específicos para a realização, e nem ações para locais e trechos mais críticos. Transportes alternativos como as ciclovias são abordados de forma muito superficial. Desta forma, muitas das diretrizes propostas tenderão a se transformar em simples discurso, tendo em vista que faltam os planos, os projetos e especialmente, por se tratar de obras que requerem grandes desembolsos, falta de recursos financeiros.