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Em Cuiabá, ocorreu um desequilíbrio devido às intensas correntes migratórias e especialmente as de baixa renda fizeram com que se adotasse, ainda que tardiamente, uma política para a habitação. Segundo Perfil Sócio Econômico de Cuiabá, volume III, pág. 213, o BNH passou a financiar moradias em Mato Grosso a partir de 1966, quando a COHAB-MT construiu o Núcleo Habitacional Cidade Verde. O não-atendimento à demanda levou a população desatendida a invadir terras públicas e privadas a partir da década de 1070.

Em 1978 foi implantado o Projeto CURA (Comunidade Urbana para Recuperação Acelerada) nos bairros Araés, Lixeira, Quilombo, sendo seu objetivo a racionalização do solo urbano, a promoção de serviços de infraestrutura urbana e a redução das distorções causadas pela especulação imobiliária. Com os benefícios, grande parte da população não conseguiu permanecer nas localidades, sendo praticamente expulsas para regiões periféricas. Com a extinção do BNH, em 1986, a situação ficou muito crítica por conta do corte de recursos para a habitação por parte do governo federal. Em 1996, tornou-se insustentável com a extinção, após 30 anos de serviço e 40 mil habitações construídas, da COHAB. A década de 1990 seguiu praticamente sem a participação dos governos na produção de habitação na região. Com isso, surgiram mais de 80 ocupações irregulares em Cuiabá, a cidade ilegal chegou a ser maior que a legal sendo que 75% das edificações conviviam com algum tipo de irregularidade. Frente ao agravamento do problema, em 1984 foi criado o Programa Terra da Gente (PROTEGE), regularizando até o ano de 1994, 10.000 lotes através de cartas de aforamento.

Em 1999, Lei Complementar nº 055/99 criou a Agência Municipal de Habitação (uma autarquia) com finalidade de planejar e executar a política urbana do município, e instituiu também o Fundo Municipal de Habitação Popular (Fumhap) para administração dos recursos financeiros da Agência. O registro no Programa Habitar Brasil/BID destinou dois milhões para a estruturação do órgão no começo de 2000.

Entre 1990 e 2005 foram aprovados 34 loteamentos com um total de 20.786 lotes; foram regularizados 19 loteamentos totalizando 25. 142 lotes; e aprovados 60 condomínios horizontais e núcleos habitacionais, totalizando 8.155 casas ou lotes.

Os números do setor da habitação, em Cuiabá estão no quadro abaixo: Quadro 07 – Programas habitacionais de Cuiabá

Programa Data Unidades Recursos Fonte

Prog.emergenciais Enchente 1995 410 habitações 5,6 milhões Gov. Federal Programas emergenciais Enxurrada de 2001 800 habitações - -

HBB/BID 2002 755 habitações 9,8 milhões

FETAB 2005 263 habitações - Estado MT Programa de Arrendamento Residencial 2001 956 - FGTS Programa de Arrendamento Residencial 2004 424 - FGTS Programa de Arrendamento Residencial 2005 1393 - FGTS

Terra da Gente A partir de

1984 12.754 ter. - -

Fonte: Agência Municipal de Habitação Popular de Cuiabá

Ao rever o Plano Diretor, Cuiabá se valeu de diagnóstico produzido pela Agência de Habitação, mas não chega a detalhes como a precariedade das condições de moradia.

O art. 15 estabelece uma série de diretrizes para a política habitacional do município sendo as principais:

• Articular a política habitacional do município em conjunto com órgãos federais e estaduais e a população, priorizando a habitação para famílias com renda até três salários mínimos.

• Elaborar o Plano setorial de habitação;

• Promover a melhoria das habitações existentes.

• Viabilizar a produção de habitações de interesse social.

• Coibir as ocupações em áreas de preservação ambiental e nas áreas de risco. • Desenvolver projetos habitacionais que considerem as características da

população local.

• Promover ações que melhore a qualidade de vida da população atendida com habitação de interesse social.

• Buscar preencher os vazios urbanos na região central, quando dotada de infraestrutura adequada, com habitação para a população de baixa renda.

• Estimular as alternativas de associação ou cooperação entre moradores para programas habitacionais, incentivando a participação social e a autogestão. • Promover a regularização fundiária e de edificações para a população de

baixa renda, prestando inclusive assessoria jurídica e estabelecendo normas especiais.

• Criar programas para habitação rural.

Os objetivos concretos assim como os prazos para sua concretização deverão ser definidos pelo Plano de Habitação, já em elaboração com recursos federais. O PDDE estabelece ainda que deverão ser revistos e estabelecidos parâmetros físicos de moradia social, índices urbanísticos e de procedimentos de aprovação de projetos, de forma a facilitar a produção habitacional pela iniciativa privada, e segundo o inc. XVII pretende:

“estimular as alternativas de associação ou cooperação entre moradores para a efetivação de programas habitacionais, incentivando a participação social e a autogestão”.

Quanto às áreas reservadas para a habitação de interesse social, as ZEIS, podemos dizer que são bastante heterogêneas e que foram demarcadas em localidades distantes do centro da cidade, em áreas onde boa parte já está ocupada, como já foi comentado, porém é visível a necessidade de investimentos nas localidades.

Alguns parâmetros de uso e ocupação do solo refletem a preocupação de diferenciação de áreas problemáticas.

Ao analisar o ordenamento jurídico do município, encontra-se a lei 108 de 17/07/85 que trata dos parcelamentos populares para fins sociais, onde diz que estes terão área mínima de duzentos (200) metros quadrados e frente mínima de dez (10) metros, exceto no caso de regularização fundiária promovida pelo Município, em áreas de conflito social e ocupação já consumada quando estas exigências poderão ser relegadas a critério da prefeitura. A Lei 2.298 de 17/07/85 diz que em todos os conjuntos habitacionais a serem construídos no município de Cuiabá, deverão constar obrigatoriamente os seguintes equipamentos: Creche, Parque Infantil, Quadra de Esportes e Centro Comunitário para a Associação de Moradores do Bairro.

Na Lei 044 de 23/12/1997 está estabelecido no Art.51, parágrafo 1º que o lote mínimo permitido tem área igual a 125m2 (cento e vinte e cinco metros quadrados).

Já a lei 108 de 23/12/03 dispõe sobre critérios técnicos urbanísticos e edilícios para a elaboração e implantação de projetos de habitação popular de interesse social, e estabelece a via local mínima com 8m de largura, e no mínimo 6m de leito carroçável.

A Lei estabelece como critério para inclusão das famílias em programas de habitação social a renda familiar igual ou menor a 7 (sete) salários mínimos. Sendo que o art. 15, inc. XXV define como diretriz para a habitação de interesse social o controle da rotatividade das listas de pretendentes e beneficiários em programas de habitação e a transparência do processo. Também diz o PDDE que a sociedade deverá participar da elaboração do Plano Municipal de Habitação de Cuiabá.

Além da população, caberá ao Conselho Municipal através da participação direta na elaboração dos planos e das conferências que forem realizadas, o controle para o processo e as ações voltadas à habitação. Nesta área da habitação, foi criado o Conselho de Habitação e o Fundo de Habitação (Lei 0185 de 6 de maio de 2009). Como ações concretas, a agência conseguiu a remoção de 32 (trinta e duas) famílias do Praeirinho, bairro localizado as margens do rio Cuiabá cuja cota está abaixo da cota de inundação do rio é, portanto, constantemente atingido por enchentes. As famílias foram emergencialmente alojadas no ginásio do Bairro Lixeira e posteriormente relocadas no bairro Vila Nova. A dificuldade tem sido evitar que a área seja ocupada novamente, pois devido a não-utilização (ou reflorestamento) do local já existem famílias se instalando na área de proteção permanente, alimentando o ciclo remoção/reocupação.

Da mesma forma ocorreu com as famílias que ocupavam as margens do Córrego Gumitá, que foram removidas, porém como existe um projeto de urbanização sendo realizado, e consequentemente, o espaço utilizado, dificulta a reocupação.

A agência de Habitação de Cuiabá está trabalhando no Plano Local de Habitação de interesse Social do município, com recursos provenientes do Ministério das Cidades, com a pretensão de reduzir o déficit habitacional do município, que segundo o número de inscrições para casas realizadas pela Agência, gira em torno de quarenta mil unidades.

6.4- AÇÕES PARA ACESSO À TERRA URBANIZADA,