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REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA E HABITAÇÃO EM CUIABÁ

O Plano de Habitação tem sido muito esperado, pois além de diagnosticar os problemas e as potencialidades no setor, traçará as metas para curto, médio e longo

prazo, conforme esclarecimentos do técnico da Agência de Habitação – Sr. Carlos Anselmo de Oliveira, engenheiro civil de carreira da agência. O Plano será a referência para as políticas que serão desenvolvidas no município, inclusive para direcionar programas para a Zona Rural (que ainda não existe). O Plano deverá rever as exigências de equipamentos e os índices urbanísticos para os loteamentos de interesse social, como também as exigências mínimas para as casas, que atualmente são:

Área mínima de lote de 125m², a residência deve ter no mínimo 32m², testada mínima de 5m², quarto mínimo com 8m², cozinha mínima com 6m², banheiro mínimo com 2,4m², rua com caixa de rolamento mínima de 7m² e 2,5 de cada lado para calçadas.

Atualmente, os conjuntos habitacionais com mais de 80 (oitenta) residências devem possuir no mínimo, creche, escola, e área verde. O Plano será discutido no conselho de Habitação e em audiência pública, conforme prevê o Plano Diretor.

A Agência de Habitação não tem trabalhado, no momento, com mutirões, embora se admita que possa ser um meio viável para o combate ao déficit habitacional, e é sempre estimulado pela prefeitura (não especificando como a prefeitura age nestes casos). Quanto à regularização fundiária, existe uma equipe na agência que trata desta questão, orientando e dando apoio jurídico aos interessados, mas o Plano de Habitação é que irá realmente traçar as estratégias para que se possa levar a regularização fundiária para áreas problemáticas, os chamados “grilos”, e outras áreas com problemas de documentação. A Agência está no momento viabilizando a regularização fundiária de dezesseis localidades, podendo ser estabelecidas normas diferenciadas para cada local, dependendo das peculiaridades de cada uma, inclusive com benefícios fiscais para os moradores, que não necessariamente necessitem se enquadrar na faixa de 0 a 3 salários mínimos, como diz o plano diretor (art. 15, inc. XXVII).

Segundo o Sr. Carlos Anselmo, o plano diretor vem sendo cumprido no que se refere a priorizar ao atendimento da faixa salarial até três salários mínimos, mas sempre em conjunto com as demais esferas do governo (existe a articulação entre com os programas do governo do Estado, e do Governo Federal via Caixa Econômica Federal). As residências para esta faixa de renda foram, até o momento, doadas. As habitações foram construídas com recursos da Prefeitura e do Governo do Estado, especialmente para quem vive sujeito às enchentes.

O sistema de informação ainda não foi implantado, e segundo o técnico será difícil fazer que as informações do Governo do Estado e União sejam compartilhadas

entre eles e a população especialmente quanto ao déficit habitacional, que também será revisto pelo Plano de Habitação.

Conforme a entrevista, a prefeitura tem buscado melhorar as condições habitacionais da população de baixa renda, (doação de material de construção e outras ações pontuais) especialmente as do Jardim Florianópolis e Jardim Vitória, localidades muito carentes, localizadas na periferia da cidade (ao norte). Quanto à promoção do uso habitacional nas áreas já consolidadas, a Agência “busca” que se realize, mas nem sempre se consegue ( na verdade não se consegue), pois geralmente estes terrenos são mais caros. Da mesma forma, falou-se que é buscado o respeito às características do local, mas na prática, não é isto que se vê, pois os projetos não respeitam o hábito de se ter varandas, cozinhas abertas e janelas mais amplas devido ao clima quente do local. Segundo a assistente social, Senhora Francismari, programas sociais são desenvolvidos especialmente para cada comunidade instalada, assim como são desenvolvidas atividades de educação ambiental, visando a proteção do meio ambiente, das áreas de proteção permanente, de áreas de riscos e outras atividades que preserve o ambiente natural e os equipamentos coletivos. Também se desenvolvem programas que melhorem a renda das localidades, especialmente providenciando cursos profissionalizantes de acordo com a vontade dos moradores de cada lugar.

A prefeitura busca a parceria com as instituições de ensino (universidades), de forma especial através da disponibilidade de estágios para os universitários de diversos cursos na Agência de Habitação.

Na realidade são os fiscais da Secretaria de Meio Ambiente que devem realizar a fiscalização para que as áreas de proteção ambiental, as áreas públicas e as áreas de risco não sejam invadidas. Embora se reconheça que os fiscais não são em número suficiente, nem bem preparados (observação da autora) para todas as suas obrigações. Quanto à estrutura da Agência de Habitação, foi observado que faltam técnicos especialmente concursados.

Conclui-se, então, que por muito tempo a população mais carente de Cuiabá e Várzea Grande tiveram que obter moradia sem contar com a ajuda de programas habitacionais do poder público, visto que estes eram insuficientes para suprir as necessidades da população. Isto contribuiu para o surgimento de inúmeros bairros ilegais e em áreas de preservação permanente. Assim programas de regularização fundiária, e flexibilização da legislação para estes casos serão fundamentais para a melhoria da vida desta população.

Por isso os Planos de Habitação que estão a caminho serão fundamentais para diagnosticar o problema e estabelecer ações e metas para o futuro.

Não falta espaço nas cidades para a construção de moradias, e o preço do solo não é impeditivo, isso somados aos incentivos do Governo Federal (programas como Minha Casa, Minha Vida e a facilidade de obtenção de crédito para aquisição de habitação) são fatores positivos para a melhoria do problema.

Cuiabá se apresenta estruturada para enfrentar as questões habitacionais, pois conta com a Agência de Habitação razoavelmente estruturada (mesmo não sendo o ideal). Porém Várzea Grande não, sendo que só agora está se estruturando o órgão municipal que tratará da questão pois isso já representa um grande avanço.