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MOBILIZAÇÕES CIVIS DO MOVIMENTO ZAPATISTA

1. AS MONTANHAS DO SUDESTE MEXICANO

1.4. MOBILIZAÇÕES CIVIS DO MOVIMENTO ZAPATISTA

Nos últimos vinte anos os zapatistas promoveram inúmeras mobilizações voltadas para a sociedade civil. Exemplos destas iniciativas pacíficas são:

1. o diálogo na Catedral de San Cristóbal de las Casas, entre o governo federal e o EZLN, mediado pelo bispo Samuel Ruiz, entre os dias 20 de fevereiro e 02 de março de 1994;

2. a criação dos “Aguascalientes” em agosto de 1994, ou seja, espaços de encontros com a sociedade civil, precursores dos “Caracóis”. Eram cinco no total e seu nome faz alusão ao estado mexicano onde se celebrou a Convenção das forças revolucionárias em 1914;

agosto, em meio às campanhas eleitorais para presidência da república; foi a primeira ação política dos zapatistas em grande escala, depois da guerra, um grande encontro no qual buscavam “organizar a expressão civil e a defesa da expressão popular, (...) exigir a realização de eleições livres e democráticas e lutar, sem descanso, pelo respeito à vontade popular” (Segunda Declaração da Selva Lacandona, 12/06/1994);

4. os diálogos de San Andrés, ocorridos em 1995 e 1996 no município autônomo de San Andrés Sakamchen de los Pobres, entre o EZLN e enviados especiais do governo federal, para buscar uma saída pacífica ao conflito; dessas rodadas de negociação, saíram os “Acordos de San Andrés sobre Direitos e Cultura Indígenas” que, entretanto, até o momento, não foram cumpridos pelo governo mexicano;

5. a “Consulta Nacional e Internacional pela Paz” ocorrido no dia 27 de agosto de 1995, na qual a maioria dos 1.088.000 mexicanos e 100.000 estrangeiros participantes demonstraram seu apoio ao EZLN e por uma resolução pacífica ao conflito; essa ação marca o início de uma série de relações internacionais promovidas pelos zapatistas;

6. a convocatória à formação da “Frente Zapatista de Libertação Nacional” (FZLN), em janeiro de 1996, na qual demonstraram seu compromisso por uma solução pacífica ao conflito e propuseram a construção de uma organização ampla da sociedade civil, que seria uma força política de novo tipo, apartidária, independente e autônoma, civil e pacífica, que não lutaria pelo poder, mas pela “transição” pacífica à democracia no México (Quarta Declaração da Selva Lacandona, 01/01/1996).

7. o “Fórum Nacional Indígena”, em janeiro de 1996, em San Cristóbal de las Casas, no qual mais de 500 representantes de 35 povos indígenas do país discutiram sobre suas demandas, acordaram organizar a luta em torno da autonomia indígena e convocaram a constituição do “Congresso Nacional Indígena” (CNI);

8. o “Fórum pela Reforma do Estado”, que aconteceu entre 30 de junho e 06 de julho de 1996 na cidade de San Cristóbal de las Casas e fez parte dos trabalhos da mesa temática de negociação com o governo, sobre democracia e justiça;

Neoliberalismo” em 1996, ocorrido entre os dias 27 de julho e 03 de agosto de 1996 nos cinco “Aguascalientes” zapatistas, com a participação de cerca de cinco mil pessoas de 42 países; o objetivo foi o de formar uma rede coletiva de todas as lutas e resistências contra o neoliberalismo, um movimento mundial antiglobalização (Segunda Declaração da Realidade pela Humanidade e contra o Neoliberalismo, 03/08/1996);

10. a marcha das bases de apoio à Cidade do México, na qual 1.111 membros das bases de apoio do EZLN, em um ato audaz de romper o cerco militar, partiram de Chiapas no dia 08 de setembro de 1997 rumo à praça principal da Cidade do México, para exigir o cumprimento dos Acordos de San Andrés.

11. a “Consulta Nacional e Internacional pelo Reconhecimento dos Direitos e Cultura Indígenas e pelo Fim da Guerra de Extermínio”, realizada no dia 21 de março de 1999, após muita mobilização da sociedade civil e excursões de bases de apoio zapatistas por todo o território mexicano, na qual mais de 2 milhões e 800 mil pessoas demonstraram seu apoio ao EZLN.

12. a “Marcha da Cor da Terra”, uma das iniciativas mais expressivas do movimento, na qual uma delegação composta por 24 comandantes do EZLN, incluindo o Subcomandante Marcos, marchou nos meses de fevereiro e março de 2001 até a Cidade do México para demandar ao Congresso da União a aprovação da iniciativa de lei sobre “Diretos e Culturas Indígenas”, passando por treze estados mexicanos e realizando 77 atos públicos massivos; ao final, em um ato emblemático, a Comandanta Esther pronunciou seu discurso no plenário do Congresso da União, exigindo o cumprimento dos “Acordos de San Andrés”, demonstrando a disposição do movimento em dialogar com o governo e denunciando a situação da mulher indígena.

13. a criação dos “Caracóis” e das “Juntas de Bom Governo”, em agosto de 2003; instituições autônomas de governo das suas cinco zonas;

14. a “Outra Campanha”, ocorrida em todo o país, paralelamente às campanhas eleitorais de 2006 que resultou na eleição de Felipe Calderón (PAN), na qual os zapatistas buscavam, nas suas palavras, “escutar e

organizar a palavra do povo mexicano” (Sexta Declaração da Selva Lacandona, junho de 2005), ou seja, promover um movimento civil nacional que consolidasse novas relações políticas e construísse um plano nacional de lutas por democracia, justiça e liberdade em todo o país;

15. o “Primeiro encontro dos povos zapatistas com os povos do mundo”, ocorrido entre 30 de dezembro de 2006 e 02 de janeiro de 2007, nos “Caracóis” zapatistas, onde se realizou o último grande encontro internacional com movimentos sociais antes da “Escuelita”; nessa ocasião buscavam, nas suas palavras, “intercambiar e compartilhar experiências de organização e de lutas, com o objetivo de unir lutas de todos os povos frente a um inimigo em comum, respeitando cada ideia, modos e formas” (Comunicado do Subcomandante Marcos, 30/12/2006); 16. a “marcha do silêncio” no dia 21 de dezembro de 2012, data que marca o

fim de um longo ciclo do calendário maia e foi anunciado pela mídia internacional como o “fim do mundo”; sem dizer uma única palavra, mais de 40 mil bases de apoio zapatistas marcharam e ocuparam as praças centrais de Ocosingo, San Cristóbal de Las Casas, Palenque, Altamirano e Las Margaritas;

17. e, finalmente, a “Escuelita Zapatista” em 2013.