• Nenhum resultado encontrado

1. A aprendizagem na sociedade digital

1.1. Modalidades de Aprendizagem

De acordo com a OCDE1 podem distinguir-se três modalidades de aprendizagem:

Formal, a Informal e a aprendizagem Não Formal. Para além destas pode ainda considerar- se a aprendizagem Natural (Werquin, 2010). Para Eraut (2010) a aprendizagem é o processo pelo qual é adquirido o conhecimento. Já para Usher & Edwards (2007), o conhecimento processa-se através de um conjunto de práticas socioculturalmente incorporadas, podendo por isso gerar diferentes interpretações, significando que a aquisição de conhecimento depende não só do contexto como da interpretação pessoal de cada um. Ainda assim, as formas de adquirir conhecimento ou de o aplicar a novos contextos podem distinguir-se, tendo em conta o processo em que ocorrem.

A aprendizagem formal ocorre em contexto formal como por exemplo a sala de aula (quer presencialmente, quer online) e é mediada por um professor ou noutros casos, por um tutor. Já no caso da aprendizagem informal é não intencional, não planeada ou organizada e pode ocorrer em qualquer contexto. A aprendizagem não-formal é semi- organizada e semi-intencional. A aprendizagem natural decorre de um processo individual e autónomo. Algumas destas modalidades de aprendizagem podem parecer semelhantes,

31 sendo por isso, importante distingui-las, percebendo quais as suas características específicas.

Entende-se por aprendizagem formal aquela que acontece em contexto de sala de aula, com acompanhamento de um professor ou tutor, numa instituição de ensino, com objetivos definidos por alguém que não o estudante. Confere um grau, reconhecimento de participação ou aprovação sob forma de um certificado ou diploma oficial. Nas palavras de Cross (2009), “learning is formal when someone other than the learner sets the curriculum.

Typically it’s an event, on a Schedule and completion is generally recognized with a symbol, such as a grade, gold star, certificate or check mark in a learning management system. Formal learning is pushed on learners.”

Esta modalidade de aprendizagem distingue-se das outras por conferir o reconhecimento formal do conhecimento adquirido pelo estudante e embora nas suas definições seja consensual que a aprendizagem é guiada por um professor ou tutor, Hager & Halliday (2006) vão mais longe e acrescentam que o ensino formal é aquele que acontece no âmbito de instituições formais de ensino, onde os estudantes aceitam que o que aprendem está sob o controlo da instituição, mas concluem que esta ocorre sempre embebida num contexto, que a torna mais rica do que inicialmente previsto nos programas desenhados pelos docentes.

“Learning is something that is much more richer than our conceptual attempts to capture it would suggest. There are dimensions of learning that elude our present formulas and common understandings. Practices of all kinds that involve learning some aspects of which are tacit. But this learning is no less valuable or important for somewhat tacit. Current policies, with their almost exclusive focus on what can be formalised and codified, are thereby impoverished. Much valuable and worthwhile learning is currently almost invisible to policy.” (Hager and Halliday, 2006:247-248)

A aprendizagem formal e não-formal, apesar de serem vistas como opostas, têm uma característica em comum, que é o serem ambas aprendizagens estruturadas. Apesar de não acontecerem numa instituição de ensino e de não conferir certificação, é estruturada em objetivos, tempo de aprendizagem sendo uma aprendizagem intencional, do ponto de vista do estudante. Livingstone (2001) define a aprendizagem não-formal como aquela que ocorre quando o estudante procura adquirir mais conhecimento, ao aprender voluntariamente com o apoio de um professor. Daí que seja também ser

32 considerada como um apoio à aprendizagem formal. É nesta definição que podem encaixar-se as ferramentas que os estudantes utilizam como complemento à sua educação formal, uma vez que os estudantes a utilizam com o objetivo de complementar a sua aprendizagem formal. Em síntese, e se acordo com Colardyn & Bjornavold (2004) a aprendizagem não-formal “consists of learning embedded in planned activities that are not

explicitly designated as learning, but which contain an important learning element.”

A aprendizagem informal é, de acordo com a OCDE, desorganizada, sem objetivo ou intenção. “Never organized, has no set objective in terms of learning outcomes and never

intentional from the learner’s standpoint. Often it is referred to as learning by experience or just as experience.” (Werquin, 2010). Não sendo organizada ou intencional pode

entender-se como o resultado de tarefas do dia-a-dia, podendo ser acidental. Pode acontecer durante uma conversa com colegas, ao folhear um livro ou uma revista pois, sendo acidental, é possível de acontecer em qualquer circunstância. De acordo com Eraut (2000) a aprendizagem informal é muitas vezes vista como toda a aprendizagem que acontece fora ou após o horário letivo formal, o que torna a sua definição muito abrangente, chocando com a definição de aprendizagem natural.

Um outro tipo de aprendizagem é a aprendizagem natural acontece quando o estudante quer aprender mas ao seu próprio ritmo e de forma autónoma (Bettencourt, 2010) e pode relacionar-se com a aprendizagem realizada em ambientes imersivos online, “num contexto natural”, como é o caso dos mundos virtuais (Second Life, etc), onde o processo de aprendizagem é individual e ocorre porque o estudante quer, independentemente do local onde está, a pessoa aprende ao seu próprio ritmo, de forma autónoma, não necessariamente dentro do contexto de uma escola ou de qualquer outra instituição de educação. “(...) No contexto 'natural' de aprendizagem, os processos de

aprendizagem são focados em comunidades de partilha (…) e qualquer contribuição individual irá enriquecer toda a comunidade” (Loureiro, 2013:48). Esta forma de

aprendizagem estende-se assim a todos os ambientes onde o estudante interage de forma natural com o que se quer aprender, fazendo parte de uma comunidade que não só o guia e passa conhecimento, como aprende com o conhecimento que o estudante possa criar, fazendo acontecer a inteligência coletiva.

33