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2. Ambientes formais de ensino: os Learning Management Systems (LMS)

2.1. A plataforma Moodle

A plataforma Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment) foi desenvolvida por um estudante de doutoramento australiano em 1999, tendo sido aberta ao público em 2001, após ter sido testada. “The focus of the Moodle project is always on

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giving educators the best tools to manage and promote learning (but) it needs to be installed on a Web server somewhere.” 3

O Moodle é uma plataforma online, open source, que integra um conjunto de ferramentas que permitem criar e gerir um espaço onde os estudantes podem aceder a conteúdo disponibilizado pelo professor e onde os agentes podem interagir entre eles de forma síncrona e/ou assíncrona. De acordo com Alves & Gomes (2007), as caraterísticas específicas do Moodle reúnem-se em 4 dimensões:

1) Acesso protegido e gestão dos perfis dos utilizadores – criando um ambiente Web privado para os participantes de um curso, ao mesmo tempo que permite atribuir diferentes níveis de permissões, para professores e alunos;

2) Gestão de acesso aos conteúdos, permitindo ao professor colocar online conteúdos em diversos formatos, gerir o intervalo de tempo a que os estudantes têm acesso a determinados conteúdos e ainda controlar a forma como os estudantes interagem com os conteúdos;

3) Possui ferramentas para comunicação síncrona e assíncrona, permitindo a comunicação entre os utilizadores;

4) Permite o controlo de atividades e regista todas as atividades e ações feitas pelos estudantes e professores.

As ferramentas de comunicação que o Moodle possui foram pensadas tendo em conta um modelo que possibilitasse a criação de comunidade, de forma a potenciar o sucesso desta plataforma. Um aspeto que diferencia o Moodle de outras plataformas é o fato do código ser open source, permitindo modificações. Para além disto, o seu criador registou o nome “Moodle”, diferenciando assim entre o nome e o software, o que permite com que os seus utilizadores possam criar diferentes versões da plataforma que poderão redistribuir se o código que alteraram for publicado no domínio público do Moodle. Estas caraterísticas do Moodle tornam-no acessível a nível financeiro, uma vez que os custos podem ser apenas relativos ao hardware necessário para alojar a plataforma. “Moodle is

built not only of open source software but also upon it. Because the database and operating

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system for running Moodle can be open source and free, the cost of set-up can be as little as the hardware.” (Costello, 2014:191).

A característica de adaptabilidade proporcionada pelo criador do Moodle, aliada ao baixo custo desta plataforma, tem vindo a tornar este LMS num dos mais utilizados entre as instituições de ensino superior de todo o mundo, como se pode verificar nas figuras 1 e 2, que se seguem.

O Moodle permite três níveis de utilizador: a função de administrador, a de professor e a de estudante. Todas elas possuem permissões distintas: o administrador pode gerir todo o ambiente, o professor pode gerir eventos, cursos e assuntos dentro de áreas

Figura 2.2 - Utilização do Moodle por países. Retirado da página oficial do Moodle. https://moodle.org/stats/ Figura 2.1 - Utilização do Moodle. Retirado da página oficial do Moodle. https://moodle.org/stats/

93 definidas previamente pelo Administrador, e o estudante pode aceder e interagir nos eventos aos quais subscreveu.

Para além das caraterísticas acima mencionadas, o Moodle tem um interface simples, dividido por módulos, permitindo uma curva de aprendizagem rápida quanto à sua utilização (Wood, 2010).

No entanto, alguns aspetos negativos têm vindo a ser apontados ao longo dos estudos desenvolvidos nesta plataforma, nomeadamente questões de privacidade relativamente às questões colocadas em fóruns dos cursos, pois cada vez que um estudante faz uma contribuição num fórum um email é enviado a todos os utilizadores que participam no mesmo, levando a que alguns estudantes, num primeiro momento, se sintam inibidos de colocar questões ou comentários, como seria desejado (Martinho, Almeida, & Teixeira- Dias, 2014).

Embora alguns investigadores apontem como aspeto negativo de plataformas como o Moodle o facto destas não terem uma forte pedagogia inerente, de acordo com (McAvinia, 2016) o criador do Moodle (Margin Dougiamas) fez uma declaração explicita acerca da posição pedagógica tida em conta para o desenvolvimento da plataforma

Moodle, descrevendo-a como tendo por base o Construcionismo Social. Assim sendo, esta

plataforma tem vindo a ser vista como mais robusta que as suas concorrentes, relativamente à sua filosofia pedagógica. De acordo com esta autora, o Moodle diz-se diferenciar-se do Construtivismo, na medida em que aqui se aprende fazendo algo que outros podem experienciar, dando ênfase aos outputs ou produtos criados pelos estudantes. Contudo, ainda de acordo com esta autora, o Moodle não fornece um conjunto de ferramentas que suportem esta filosofia pedagógica.

Para além deste aspeto, Wood (2010) refere que embora fosse de esperar que os utilizadores em idade universitária, hoje em dia, já fizessem parte da geração digital, alguns dos estudantes nunca tiveram ou não têm contato contínuo com um computador. Este autor refere mesmo que apenas uma minoria dos estudantes de hoje é de fato digitally

savvy, pelo que demostram dificuldades de integração em plataformas com as quais não

94 Importa referir que para além da sua disseminação mundial, esta plataforma tem sido desenvolvida de modo personalizado por indivíduos e instituições, de acordo com as suas necessidades. Por exemplo, a Universidade Aberta portuguesa desenvolveu módulos específicos que se adaptam às características do seu modelo pedagógico (Pereira et al., 2007; Coelho e Rocio, 2009; Teixeira et al, 2015) tornando-a uma plataforma muito adaptada às necessidades institucionais, com características únicas a nível nacional e internacional.