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Modalidades de comércio electrónico

SECÇÃO II: O COMÉRCIO ELECTRÓNICO

2. Modalidades de comércio electrónico

O comércio electrónico pode ser classificado de acordo com vários critérios, com o sector de actividade, com o tipo de produtos transaccionados ou de acordo com o tipo de intervenientes envolvidos na transacção. De todos estes critérios o que se assume de

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Cfr. MARQUES, Mário Castro, (2002), «O Comércio Electrónico: algumas questões jurídicas» in “O comércio Electrónico: estudos jurídico-económicos”, Almedina, p. 37.

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aceitação mais generalizada é o que se relaciona com o tipo de intervenientes, sendo então de acordo com esse critério que vamos classificar o comércio electrónico. 154

Assim sendo, perante as inúmeras possibilidades para classificar o comércio electrónico, vamos aqui apenas classificá-lo de acordo com o tipo de intervenientes envolvidos na transacção, reconhecendo-se então os seguintes tipos principais de comércio electrónico:

 Business – to – Business (B2B) (empresa a empresa);  Business – to – Consumer (B2C) (empresa ao consumidor);

 Business – to – Administration (B2A) (empresa à administração pública);  Consumer – to –Administration (C2A) (consumidor à administração pública); Esta classificação é hoje de aceitação unânime por todos os que estudam esta área, sendo mesmo, fundamental na análise do comércio electrónico.155

Se analisada esta classificação, em concreto, verifica-se que as duas primeiras (B2B e B2C) constituem na realidade, comércio electrónico, no entanto, em relação às duas últimas, nas quais intervém a Administração Pública, não estamos perante a prática de comércio electrónico, uma vez que, se entrarmos em linha de conta com a noção de comércio, dada pela ciência económica, e que consiste na “actividade de mediação entre a

produção e o consumo de bens ou seja, na compra e revenda das mercadorias e operações

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O Comércio Electrónico pode ser classificado de acordo com o sector de actividade a que correspondem, o tipo de produtos e serviços transaccionados, a tecnologia de suporte utilizada, etc.. Cfr. ANACOM (2004), «O Comércio Electrónico em Portugal: o quadro legal e o negócio», www.anacom.pt consultado a 9 de Março de 2006.

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São vários os autores que defendem esta divisão ver MARQUES, Mário Castro, (2002), «O Comércio Electrónico: algumas questões jurídicas» in “O comércio Electrónico: estudos jurídico-económicos”, Almedina, p.40; PINTO, Adérito Vaz, (2002) - «A tributação do Comércio Electrónico» in “O comércio Electrónico: estudos jurídico-económicos”, Livraria Almedina, p.139, COM(97) 157 final , 16 de Abril de 1997 Uma Iniciativa Europeia para o Comércio Electrónico; ANACOM (2004), «O Comércio Electrónico em Portugal: o quadro legal e o negócio», www.anacom.pt consultado a 9 de Março de 2006, p.20-22; GESBANHA, «Noções básicas de Comércio Electrónico» in http://www.gesbanha.pt/novatec/tributa.htm

consultado a 15/03/2006, p.9; ALMEIDA, Daniel Freire e, (2002), «A Tributação do Comércio Electrónico nos EUA e na UE», Tese de Mestrado da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, p.31; MANZANARES, Francisco Ramón González-Calero, (2003) «Aspectos Jurídicos des Comercio Electrónico, en especial la protección de atos, la firma electrónica y la propiedad intelectual» 2ª Edición, Madrid, p.13; TAVARES, Armando Jorge de Almeida, (2007) - «A tributação do comércio electrónico: dificuldades na aplicação do normativo nacional», Dissertação de Mestrado Do Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial da Universidade de Aveiro.

acessórias, com o objectivo de obtenção de lucro”156 isto é, praticar comércio consiste em comprar e vender produtos ou serviços, em troca de uma contraprestação, que pode ser ou não pecuniária, na relação que se estabelece com a administração pública não existe comércio nesse sentido.

Nesse relacionamento existe sim um aproveitamento das múltiplas vantagens que as novas tecnologias da informação, leia-se Internet, implicam e que facilitam a comunicação entre tais entidades não sendo verdadeiramente comércio electrónico. O que se verifica é um aproveitamento das potencialidades que a Internet tem e que permite simplificar o relacionamento com a administração pública, permitindo e incentivando, que muitas questões sejam resolvidas por via virtual, sem que para tal seja necessário ocorrer uma deslocação ao espaço físico onde a administração pública se encontra. Tal opção tem vantagens tanto para os utentes, que podem aceder a partir de qualquer ponto, evitando assim deslocações desnecessárias, como para administração pública, pois permite-lhe libertar recursos para tratar de outros assuntos.

2.1. Comércio electrónico entre empresas (B2B)

É uma forma de comércio entre a empresa e os seus fornecedores e clientes, com vista à troca de informações, nomeadamente, com a utilização da tecnologia EDI. Esta vertente de comércio incentiva novas e inovadoras formas de cooperação entre empresas, que ajudam a enfrentar, com sucesso, os desafios da globalização, tornando as empresas mais competitivas.

Esta modalidade corresponde a cerca de 90%157 do comércio electrónico realizado em Portugal, segundo dados divulgados em 2004, ultrapassando, largamente, o comércio entre empresa e consumidor.

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Cfr. CORREIA, Miguel J. A., (1997), «Direito Comercial», SPB Editores, p. 32. O conceito jurídico de actos comerciais é dado pelo art.º2º do Código Comercial onde se diz que “serão considerados actos do

comércio todos aqueles que se acharem especialmente regulados neste código, e, além deles, todos os contratos e obrigações dos comerciantes, que não forem de natureza exclusivamente civil, se o contrário do próprio acto não resultar”.

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Cfr. ANACOM (2004), «O Comércio Electrónico em Portugal: o quadro legal e o negócio»,

O comércio B2B desenvolve-se, basicamente, em três grandes áreas: o e-Marketplaces, que consiste numa plataforma electrónica onde as empresas se reúnem com o objectivo de estabelecer laços comerciais, o e-Procurement, que, por sua vez, visa a constituição de plataformas, mais uma vez electrónicas, para suportar o aprovisionamento das organizações e o e-Distributions, que visa a constituição de plataformas, também electrónicas, para integrar as empresas com os seus distribuidores, filiais e representantes. O crescimento do comércio electrónico B2B permite uma redução dos custos de aquisição de bens e serviços, reduções nos inventários, e ciclos de produção, concepção e desenvolvimento de produtos mais curtos, serviços aos clientes mais eficientes, custos de marketing e de vendas mais reduzidos, e novas oportunidades de mercado.

Com o recurso ao intercâmbio de dados electrónicos (EDI) o comércio do tipo B2B é já, desde há algum tempo, uma parte importante da infra-estrutura comercial e a sua importância vai continuar a crescer. Estima-se que 95% das 1000 maiores empresas (Fortune 1000) utilizem o EDI, sendo exemplo, a Sonae, a Jerónimo Martins. As empresas poupam tipicamente entre 5% e 10% em custos de aquisição. O EDI permite às empresas lidarem electrónica e automaticamente com uma montanha de papelada, como ordens de compra, facturas158, avisos de confirmação, e recibos de embarque, reduzindo, desse modo, os custos de transacção e melhorando a eficiência.159

2.2. Comércio electrónico entre empresas e consumidores (B2C)

Trata-se de uma modalidade que consiste na secção de retalho do comércio electrónico, caracterizando-se pelo estabelecimento de relações comerciais electrónicas entre as empresas e os consumidores finais. O estabelecimento dessas relações pode ser mais dinâmico, mais fácil ou também mais esporádico ou descontinuado.

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Para que o EDI desenvolva o seu potencial total como simplificador do comércio electrónico, é vital que a facturação do EDI seja aceite, não apenas intra-país, mas também inter-país.

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Cfr. GESBANHA, “Noções básicas de comércio electrónico” in http://www.gesbanha.pt/novatec/tributa.htm consultado a 15/06/2006.

Nesta modalidade, vários são os produtos disponíveis160 para venda na Internet, existindo aí lojas virtuais e até centros comerciais. Quando comparado com a compra a retalho do comércio tradicional, o consumidor tem mais informação ao seu alcance e passa por uma experiência de compra que pode ser mais agradável e confortável, obtendo, em regra, uma maior rapidez na satisfação do seu pedido. Em contraponto, este é um ambiente propício a fraudes e onde a falta de segurança, com potencial tendência crescente, é uma realidade que pode desmotivar o comércio electrónico.