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3.3 UM ESTUDO SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE ESTRUTURA,

3.3.3.3 MODELAGEM DE EQUAÇÕES ESTRUTURAIS COM OS

PARA FORMULAÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE VANTAGEM COMPETITIVA

Depois de estabelecer os modelos anteriores que reuniram, em cada um, apenas uma variável latente de cada constructo estudado nesta tese, nos quais foi possível demonstrar relacionamentos específicos entre comprometimento, estrutura e performance, procurou-se estruturar um modelo integrativo, reunindo todas as dimensões latentes em um único modelo. Essa abordagem se mostra relevante na medida que viabiliza a comparação entre as variáveis que possuem parâmetros mais robustos e que explicam melhor outras dimensões latentes numa análise realizada simultaneamente. Cabe ressaltar ainda que, as relações estabelecidas colaboraram para a formulação de estratégias que favorecem a vantagem competitiva das organizações.

Assim, os parâmetros e relações foram estabelecidos em um modelo integrativo. É necessário destacar que foram realizadas sucessivas análises simultâneas, inserindo novas relações de forma incremental e sempre buscando atender os pressupostos da literatura, quando as relações não tinham significância ou eram inseridas relações que faziam com que o modelo não convergisse, uma nova análise era realizada. Cabe ressaltar que algumas relações foram mantidas no modelo como forma de controle, mesmo sem significância estatística, para garantir sua convergência. Após as sucessivas análises e revisões da literatura, foi obtido o modelo apresentado na figura 17.

As relações estabelecidas foram fundamentas por diversos autores, todavia é importante destacar que Teece (2007), Daft (2008), Medeiros (2003), Hall (1984) e Mintzberg (2012) apresentaram as principais contribuições para o modelo integrativo, pois em seus trabalhos evidenciaram relações envolvendo os três constructos de comportamento organizacional abordados nesse trabalho.

A avaliação do ajuste do modelo revelou um bom ajustamento considerando os parâmetros estabelecidos nessa pesquisa, tomando como base Marôco (2010), Ullman (2007), Hair (2006), Worthington e Whittaker (2006) e Hu e Bentler (1999), como pode ser visualizado na tabela 17.

Tabela 17 – Índices de Ajustamento do Modelo Estrutural Integrativo da Tese

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

A seguir, na figura 17, está apresentado o modelo integrativo dos constructos comprometimento, estrutura e performance organizacional.

Índice de Ajustamento Valor de Referência (Marôco, 2010) Modelo TESE χ²/df < 2 (bom) / ]2;5] (aceitável) 2,76 RMSEA ≤ 0,08 0,059 CFI ≥ 0,90 0,902 SRMR < 0,10 0,076

Figura 17: Modelo Integrativo – Comprometimento – Estrutura – Performance

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Como resultado do ajustamento do modelo, verificou-se que os índices reportaram, em sua maioria, valores considerados muito bons pela literatura (ULLMAN, 2007; MARÔCO, 2010). Entre os índices que avaliam a qualidade própria do modelo o Normed chi-square (X2/df) apresentou valor de 2,76, considerado

aceitável e próximo ao valor de referência que considera o ajuste como bom. O índice SRMR apresentou valor de 0,076 indicando baixa representatividade dos erros e, consequentemente, melhor ajustamento para o modelo.

Quanto ao índice CFI, que é um índice de avaliação relativa, apresentou valor de 0,902 indicando um ajustamento adequado (MARÔCO, 2010). Na categoria dos índices de discrepância populacional, o RMSEA atingiu o valor de 0,059, indicando

que o modelo possui um ajustamento muito bom das médias e variâncias quando comparado ao modelo populacional.

Na tabela 18, os principais coeficientes padronizados dos parâmetros obtidos no modelo foram descritos, associados à sua significância estatística. Cabe destacar que na tabela 18 não é possível observar os caminhos estabelecidos que envolvem mais do que duas variáveis, essas análises foram realizadas em seguida.

Tabela 18 – Parâmetros obtidos na análise de caminhos do modelo integrativo

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Os caminhos identificados no modelo integrado apontam a existência de relações relevantes entre os elementos do comprometimento, estrutura e performance

Parâmetro Coeficiente Padronizado Significância (p_valor) Perform <- Normativo 0,44 0,000 Afiliativo 0,26 0,000 Depart -0,19 0,000 Inst_Linha 0,14 0,015 Formal 0,25 0,000 Hierarq_N 0,1 0,003 Afiliativo <- Comunic 0,20 0,000 Afetivo 0,68 0,000 Normativo<- Afetivo 0,50 0,000 Inst_Escas <- Inst_Linha 0,54 0,000 Depart <- Afiliativo -0,27 0,000 Comunic <- Descent 0,61 0,000 Afetivo <- Descent 0,24 0,000 Trei_Inter 0,45 0,000 Inst_Linha <- Afetivo 0,44 0,000 Formal 0,18 0,033 Descent <- Formal 0,72 0,000 Formal <- Trei_Inter 0,72 0,000

organizacional que permitem realizar inferências para a formulação de estratégias que gerem vantagem competitiva. Logo, entendendo a relação causal entre desempenho e vantagem competitiva, na medida em que a organização apresenta maiores índices de performance (financeiros e não financeiros), pela aplicação adequada de seus recursos e capacidades, maior será a possibilidade dela possuir vantagem competitiva, ou seja, gerar um resultado maior do que aqueles que estão na mesma área de atuação (LOPES, 2016; BARNEY; HESTERLY, 2014; CROOK et al., 2008; MINTZBERG et al., 2006; CHILD, 1997; WERNERFELT, 1984; PENROSE, 1959).

Nesse sentido, o modelo proposto nessa tese combinou diferentes recursos internos de aspectos do comportamento organizacional de modo a trazer contribuições a teoria da RBV, que mesmo sendo um dos modelos mais referenciados no campo da administração estratégica, ainda carece no seu modelo de análise de recursos e capacidades organizacionais, o VRIO, de tratar de forma mais contundente de elementos do comportamento organizacional, que assim como os recursos e capacidade tratados na RBV, são internos e, portanto, passíveis de controle da organização.

A relevância da combinação dos recursos (elementos do comportamento organizacional) especificados no modelo integrativo, exposto na figura 17, é também evidenciada por Teece (2007) quando apresenta as fontes de vantagem competitiva, trazendo à luz o papel da estrutura e do comprometimento organizacional, como importantes no processo de gestão do desempenho e na tomada de decisões estratégicas, fortalecendo nesse sentido a perspectiva do papel da relação desses três constructos para formulação de estratégias que gerem vantagem competitiva para as organizações. A relevância do modelo especificado também é verificada quando os teóricos da área defendem que a vantagem competitiva é alcançada por meio da combinação de recursos, estruturas e competências que definem as estratégias para alcançar seus resultados e crescimento (BARNEY; HESTERLY, 2014; MINTZBERG et al., 2006; CHILD, 1997; KAPLAN; NORTON, 1997; PRAHALAD; HAMEL, 1990; PORTER, 1985; GHEMAWAT, 1986; CHANDLER, 1962).

Observando o modelo é possível perceber que foram identificados caminhos, com parâmetros significantes, que associam estrutura, comprometimento e performance (hipótese alternativa H1), outros que evidenciam a relação direta entre estrutura e performance (hipótese alternativa H2) e outros ainda que tratam apenas da relação de comprometimento e performance (hipótese alternativa H3). Todos esses

caminhos foram possíveis de serem verificados simultaneamente, pois esta é uma das possibilidades oferecidas pela técnica adotada de modelagem de equações estruturais (MARÔCO, 2010; HAIR, 2006). Sendo assim, considerando o bom ajuste do modelo e a significância dos parâmetros apresentados, pode-se confirmar as hipóteses alternativas H1, H2 e H3 que, em linhas gerais, tratou da relação simultânea entre os três elementos do comportamento organizacional abordados nessa tese.

Em seguida, estão apresentados a análise de seis caminhos do modelo integrativo que além de confirmar as hipóteses anteriormente citadas, possibilitam a formulação de estratégias que favorecem a vantagem competitiva das organizações. Para ilustrar os seis caminhos analisados a figura 18 apresenta um desenho dos caminhos extraídos do modelo integrativo.

Figura 18: Caminhos do modelo integrativo para formulação de estratégias de vantagem competitiva

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

*** Significância estatística a 1% de probabilidade. ** Significância estatística a 5% de probabilidade.

O primeiro caminho extraído do modelo integrativo foi o que relaciona os elementos descentralização, os comprometimentos afetivo e afiliativo, e a performance. É importante ressaltar que a interpretação dos caminhos apresentados tem como objetivo principal a elaboração de estratégias de vantagem competitiva construídas a partir de recursos internos aqui tratados como elementos do comportamento organizacional. Tal conjunto de relações permite inferir que é necessário delegar mais responsabilidades para os níveis hierárquicos inferiores, pois contribuirá na criação de identidade com a organização (afetivo) e sentimento de reconhecimento (afiliativo), consequentemente, ampliando a performance organizacional. Esses resultados são referenciados por Mintzberg (2012) quando explica que o processo de empoderamento das pessoas por meio da descentralização é uma forma de mantê-las mais identificadas com os valores organizacionais, visto que passam a ter importante participação no processo decisório. Medeiros (2003) também respalda os resultados apresentados quando verificou associação semelhante em seu modelo estrutural. Com base nas análises a estratégia para vantagem competitiva desse primeiro caminho fica denominada como Delegar e Integrar.

O segundo caminho especificou a relação entre o comprometimento afiliativo, os componentes da estrutura organizacional, comunicação e departamentalização, e a performance. Os resultados evidenciaram que na gestão das organizações para se obter vantagem competitiva é preciso reduzir a quantidade de departamentos da organização para ter crescimento de desempenho, pois desta forma o fluxo comunicação ocorrerá de forma mais precisa, implicando em um maior sentimento de pertencimento ao grupo, e além disso será possível obter redução de custos da operação, pois como apontam Mintzberg (2012) e Seiffert e Costa (2007), a duplicidade de recursos, comum em estruturas muito departamentalizadas, é reduzida. A partir dos resultados, a estratégia oriunda do segundo caminho é denominada de desfragmentar, com o objetivo de chamar atenção para a necessidade de reduzir a quantidade de departamentos.

Em seguida, foi analisada as relações entre os componentes treinamento e internalização e a formalização com o desempenho. Esse terceiro caminho confirmou a perspectiva de Claver-Cortés, Pertusa-Ortega e Molina-Azorín (2012) e Mintzberg (2012) de que aumentar as ações que favoreçam o treinamento e a internalização dos objetivos e valores organizacionais, possibilita uma melhor adequação das pessoas

as normas e procedimentos organizacionais o que permitirá uma maior performance, que é a confluência entre o alcance dos resultados esperados e o valor agregado aos processos ou serviços organizacionais (LOPES, 2016; BARNEY; HESTERLY, 2014; TEECE, 2007). Com base no exposto, a estratégia associada a análise do terceiro caminho ficou identificada como padronizar e treinar.

O quarto caminho analisado para formulação de estratégias de vantagem competitiva, associou as variáveis descentralização, comunicação, comprometimento afiliativo e performance. Vasconcellos e Hemsley (1997), Daft (2008), Claver-Cortés, Pertusa-Ortega e Molina-Azorín (2012) e Texeira, Koufteros e Peng (2012) abordam sobre a importância de associar a distribuição de poder às redes pelas quais fluem as informações que permitem manter a organização integrada. Desta forma, a relação aqui analisada e especificada no modelo integrado, corrobora com o pensamento dos autores, e ressalta que delegar autoridade para as pessoas favorece ao desenvolvimento de uma rede de informações mais robusta, permitindo que a organização funcione de forma mais integrada, possibilitando maior reconhecimento do indivíduo como parte da organização, o que viabiliza o alcance de melhores resultados organizacionais. Os resultados evidenciados levam a proposição de uma estratégia que associe o processo de distribuição de poder e de comunicação efetiva, nesse sentido a estratégia proposta tem o nome de delegar e informar.

Outra importante inferência realizada a partir do modelo proposto nesta tese é oriunda da relação entre treinamento e internalização, os comprometimentos afetivo e normativo, e a performance. Criar um ambiente propício a aquisição do sistema de valores, normas e padrões de comportamento da organização é importante para que as pessoas possam se identificar com eles e, consequentemente, se amplie o sentimento de obrigação em permanecer, o que favorece ao aumento do desempenho organizacional. Essas relações identificadas no quinto caminho que foi analisado, é corroborada pelo pensamento de Mintzberg (2012) e Seiffert e Costa (2007) quando explicam que a internalização é um elemento importante para exercício das funções que envolve um conjunto de conhecimentos e habilidades complexos e não racionalizado. É válido destacar ainda que as relações entre as dimensões do comprometimento também são corroboradas por Medeiros (2003) na construção do seu modelo estrutural. As análises do quinto caminho revelam que é necessário para obter vantagem competitiva, ter uma estratégia voltada para o ambiente de aprendizagem, sendo essa a denominação adotada para a quinta estratégia.

Por fim, o último caminho analisado que foi extraído do modelo estrutural dessa pesquisa, para a formulação de estratégias que gerem vantagem competitiva, foi o que relacionou as variáveis formalização, os comprometimentos afetivo e linha consistente de atividades, e a performance organizacional. Na literatura de comprometimento, a base linha consistente de atividades é caracterizada como um comprometimento instrumental, ou seja, que cria um sentimento de pertencimento com base no medo ou em uma relação de interesse que não é afetiva (BECKER, 1960; HREBINIAK; ALUTTO, 1972; MCGEE; FORD, 1987; MEDEIROS, 2003). No estudo de Medeiros (2003) essa base do comprometimento recebe a mesma abordagem, todavia é possível perceber que a mesma tem um posicionamento mais neutro, inclusive sendo influenciada positivamente por variáveis da estratégia de comprometimento de Walton (1997) e de Organizações de uma Nova Concepção de Albuquerque (1999), ambos citados por Medeiros (2003). Com base nisso e nos resultados apresentados, esta pesquisa tratou a base linha consistente de atividades como uma forma de comprometimento que não está associada ao comprometimento instrumental, logo seu efeito sobre o desempenho das organizações foi considerado como positivo.

Assim, após justificar o posicionamento adotado no sexto caminho analisado quanto a base linha consistente de atividades, foi possível inferir, com base no que foi evidenciado por Claver-Cortés, Pertusa-Ortega e Molina-Azorín (2012), Mintzberg (2012) e Vasconcellos e Hemsley (1997), que é necessário ter um ambiente com processos e rotinas padronizado, associado a uma filosofia organizacional bem construída que permita as pessoas se identificarem com ela, o que gera um sentimento nas pessoas de buscarem fazer todas as atividades da forma mais correta possível, implicando em um aumento no nível da performance das organizações. Logo, como base nos resultados, a última estratégia é denominada como ambiente de execução e permanência.

Portanto, com base nos resultados encontrados na pesquisa, dada as relações entre comprometimento organizacional e estrutura organizacional que explicam a performance organizacional, confirmam-se as hipóteses alternativas H1, H2 e H3 de que existe relação entre os três constructos do comportamento organizacional abordados nessa tese. Outrossim, os resultados também colaboraram para a formulação de estratégias baseadas no comportamento organizacional que favorecem ao desenvolvimento de vantagem competitiva nas organizações,

colaborando com a teoria da RBV de Barney e Hesterly (2014), que mesmo sendo um dos modelos mais referenciados no campo da administração estratégica, ainda carece no seu modelo de análise de recursos e capacidades organizacionais, o VRIO, de tratar de forma mais contundente de elementos do comportamento organizacional, que assim como os recursos e capacidade tratados na RBV, são internos e, portanto, passíveis de controle da organização e potencializadores da performance organizacional.

É com base nos resultados supracitados, que se propõe, uma nova linha de pesquisa, no campo dos estudos organizacionais, que busque dar continuidade e avançar nas investigações acerca da “visão baseada em comportamento”, cujos subsídios foram gerados por esta tese e organizados na figura 19, a seguir.

Figura 19: Modelo Teórico da Visão baseada em Comportamento (BBV)

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

A figura 19 evidencia o principal resultado desta pesquisa, visto que reúne todos os resultados alcançados ao longo do estudo, entorno da proposição de indícios para a construção de uma nova teoria, que a princípio se denominou nesse estudo de Visão baseada em Comportamento ou Behavior based View (BBV), a qual reúne seis estratégias, oriundas da relação entre estrutura, comprometimento e performance, que podem gerar vantagem competitiva para as organizações.

3.3.4 CONCLUSÕES

Esta pesquisa teve como objetivo estabelecer um modelo teórico que explique relação causal entre os elementos do comportamento organizacional, estrutura, comprometimento e performance, e sua contribuição para a formulação de estratégias que gerem vantagem competitiva para as organizações. Para tanto, se posicionou alinhada teoricamente as fontes de vantagem competitivas apresentadas por Teece (2007), assim como com a teoria da visão baseada em recursos (RBV) de Barney e Hesterly (2014) que assegura a importância de gerenciar os aspectos internos da organização para obter vantagem competitiva.

Constatou-se que os modelos adotados para mensurar a percepção de performance organizacional são válidos, pois mensuram consistentemente a dimensão desenhada e tem validade convergente, visto que apresentou significância nas relações entre as suas dimensões. Tais resultados permitem inferir que a performance organizacional é percebida nas organizações a partir da soma de dois aspectos internos: o valor que é agregado por meio da atuação das pessoas e da eficiência das atividades que compõem os processos da organização e o próprio resultado gerado, que trata da eficácia global da organização. Esses resultados confirmaram a hipótese alternativa H4 da pesquisa.

Ao analisar as relações tripartites do comportamento organizacional, ou seja, as relações de apenas um elemento de cada constructo, verificou-se que a) a formalização exerce influência direta no comprometimento normativo, sendo uma forma de agregar valor ao processo organizacional; b) a criação das redes de comunicação favorece o fortalecimento dos grupos, que eleva a percepção de performance; c) Por se sentirem mais empoderadas, aumenta a identificação das pessoas com os valores da organização, o que consequentemente favorece a geração de resultados; e, d) O sentimento de escassez de alternativas implica em uma participação mais efetiva nos treinamentos e no processo de internalização dos objetivos organizacionais, o que em consequência eleva a performance da organização. Assim, como verificou-se que os índices reportaram, em sua maioria, valores considerados muito bons pela literatura (ULLMAN, 2007; MARÔCO, 2010) e os parâmetros se apresentaram de forma significante, foi possível confirmar as hipóteses alternativas H5, H6, H7 e H8.

A análise de caminhos do modelo integrativo da tese, realizada por meio da modelagem de equações, evidenciou o papel da estrutura e do comprometimento organizacional como importantes no processo de gestão do desempenho e na tomada de decisões estratégicas, confirmando a relação entre os três constructos do comportamento organizacional abordados nesta pesquisa. Foram identificados caminhos, com parâmetros significantes, que associam estrutura, comprometimento e performance (hipótese alternativa H1), outros que evidenciam a relação direta entre estrutura e performance (hipótese alternativa H2) e outros ainda que tratam apenas da relação de comprometimento e performance (hipótese alternativa H3). Todos esses caminhos foram possíveis de serem verificados simultaneamente, pois esta é uma das possibilidades oferecidas pela técnica adotada.

Os caminhos identificados no modelo integrado apontam a existência de relações relevantes entre os elementos do comprometimento, estrutura e performance organizacional que permitem realizar inferências para a formulação de estratégias que gerem vantagem competitiva, colaborando dessa forma com a teoria da RBV. Foram propostas seis estratégias que colaboram com a visão baseada em elementos do comportamento organizacional: 1) delegar e integrar; 2) desfragmentar; 3) padronizar e treinar; 4) delegar e informar; 5) ambiente de aprendizagem; e, 6) ambiente de execução e permanência. Essas estratégias, formuladas a partir dos resultados da pesquisa, podem colaborar para que as organizações tenham desempenho acima da média e possam entregar mais valor e resultados aos seus stakeholders.

Por fim, dado que se refere a um modelo com uma nova abordagem, é importante que outros trabalhos examinem a sua validade em diferentes culturas e setores da economia. Ao mesmo tempo, é importante que novos estudos realizem investigações por meio de metodologias como a pesquisa-ação para verificar se no cenário individual das organizações essas estratégias são relevantes para gerar vantagem competitiva. Outrossim, é relevante que em estudos futuros seja desenvolvido um modelo de diagnóstico com base nesses elementos que permita identificar o modelo configurativo da organização e possa propor estratégias alinhadas a cada modelo específico.

Como limitações da pesquisa aponta-se à ausência de uma análise multigrupo

que pudesse confirmar um comportamento homogêneo do modelo

independentemente de perfis distintos entre os grupos ou setores. A limitação da quantidade de constructos do comportamento organizacional estudados, nesse

sentido sugere-se a expansão dos estudos com a inclusão de outros constructos de modo que modelos mais robustos possam ser construídos com o foco de criar estratégias cada vez mais assertivas que possibilitem a obtenção de vantagem competitiva.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta tese por objetivo estabelecer um modelo teórico que explique relação causal entre os elementos do comportamento organizacional, estrutura, comprometimento e performance, e sua contribuição para a formulação de estratégias que gerem vantagem competitiva para as organizações. Os estudos da área de estratégia, em especial a RBV, enfatizam a necessidade de controle e gestão dos elementos internos da organização para que seja possível obter vantagem competitiva. Entretanto, pouco se observou estudos, na área de estratégia, que deem ênfase concomitantemente aos diferentes aspectos do comportamento organizacional como direcionadores de estratégias, mesmo sendo elementos internos e controláveis pela organização.

Para que fosse possível estudar a lacuna acima apresentada, o trabalho se organizou em três partes, as quais trataram dos estudos de comprometimento, estrutura e performance organizacional e suas respectivas relações, seguindo o entendimento de Teece (2007) que o comprometimento, a estrutura e o desempenho são fontes de vantagem competitiva. Cabe destacar que cada uma dessas partes está organizada no formato de artigo no capítulo 3.

A primeira parte do estudo, que está associada ao primeiro objetivo específico do trabalho, tratou de refinar a Escala de Bases do Comprometimento Organizacional de Medeiros (2003), em busca da obtenção da validade convergente do modelo. Esse objetivo específico foi proposto visto que o comprometimento organizacional foi um dos constructos analisados no modelo estrutural integrativo, logo se fez necessário