O segundo modelo trata-se de um projeto de reconstrução de moradias atingidas por catástrofes, que possuem como elemento construtivo o contêiner. A proposta desenvolvida foi
objeto de estudo de uma pesquisa realizada no Curso de Especialização em Arquitetura Sustentável e Bioclimática da universidade UNISUL de Santa Catarina, com o intuito de no futuro ser executada.
4.4.1 Dados do Projeto
Ano de desenvolvimento: 2010 Período de construção: Em projeto; Área total: 41,50 m²;
Profissional responsável: o projeto foi desenvolvido pela arquiteta Bruna Batista.
O projeto elaborado diz respeito a um conjunto habitacional constituído de seis unidades para moradia. Cada casa é composta por uma cozinha, sala de estar, área de estudo, sendo ambientes integrados, varanda coberta, banheiro e dois dormitórios, como apresenta a Figura 41.
Figura 41- Planta baixa da HIS
Para melhor entendimento da constituição das residências, foram realizados os cortes AA, BB e CC no projeto arquitetônico com indicações de materiais a serem utilizados no interior, que são ilustrados nas Figuras 42, 43 e 44.
Figura 42- Corte AA da HIS
Fonte: Batista (2010) Figura 43- Corte BB da HIS
Fonte: Batista (2010)
Brises horizontais feitos de eucalipto, permitem a entrada de ventilação e
iluminação natural Tubo de luz
Teto jardim
Brises horizontais em eucalipto auxiliam na entrada de
iluminação e ventilação natural
Elementos vazados em alumínio e PVC para vedação da parte inferior da casa, onde estarão dispostas as garrafas PET que fazem parte da fundação flutuante Calhas centrais para a captação das
águas pluviais, que serão utilizadas nas torneiras de serviço e descarga de vaso sanitário
Figura 44- Corte CC da HIS
Fonte: Batista (2010)
Além dos cortes, foram traçadas as fachadas frontal, posterior e lateral, sendo apresentados os materiais a serem empregados para complementar a estética das unidades, como exibem as figuras 45, 46 e 47.
Figura 45- Fachada frontal da HIS
Fonte: Batista (2010)
Corte CC
Piso do box do banheiro será elevado sustentado por uma estrutura metálica. A água box será captada por calha com formato em L, escoando a água para chapas de alumínio que levarão até o encanamento, evitando assim a umidade excessiva no assoalho do container
A cor branca predominará em toda a edificação, pois ajuda no conforto térmico. Os perfis estruturais dos containers e a varanda serão em cores vibrantes, como amarelo, azul e vermelho, para trazer mais vida e personalidade às edificações
Figura 46- Fachada posterior da HIS
Fonte: Batista (2010) Figura 47- Fachada lateral da HIS
Fonte: Batista (2010)
Para a estrutura foram considerados dois contêineres de 20 pés (13,90 m²) sendo ligados por um vão central. Na concepção da residência, os contêineres serão cortados ao meio e soldadas dobradiças afim de manter o movimento de abre-fecha para facilitar no transporte, visto que as unidades serão pré-moldadas. No momento em que os módulos forem instalados no terreno adquirido, os contêineres ficarão dispostos em formato de “L” e após o levantamento de toda a
Turbinas eólicas instaladas na varanda, criando elemento vazado
volumetria, a residência permanecerá em formato de “T”, sendo implantada a 90 centímetros do solo para evitar a umidade na parte inferior do contêiner, como mostram as Figuras 48 e 49.
Figura 48- Perspectiva frontal da HIS
Fonte: Batista (2010)
Figura 49- Perspectiva posterior da HIS
Fonte: Batista (2010)
A fundação será no sistema de sapatas isoladas e a edificação ficará apoiada nas quatro extremidades. A partir das estruturas de apoio será implantado um sistema de flutuação, o qual consiste em revestir com garrafas PET a parte inferior externa do contêiner e em cada sapata existirá uma guia fixada que atravessará o piso até o teto do elemento, assim, em caso de enchente,
a edificação flutuará na água e permanecerá presa através das guias, evitando a perda do imóvel e dos bens da família residente (BATISTA, 2010)
Os materiais indicados na composição arquitetônica foram selecionados a partir de uma visão sustentável e ecológica, visando o baixo impacto ambiental. Sendo assim, para a cobertura da área social serão utilizadas telhas fabricadas com tubos de creme dental reciclados e as paredes internas serão revestidas por placas desse mesmo material, sendo preenchidas com lã de PET para melhor desempenho termo-acústico. Já a cobertura da parte íntima, ou seja, os quartos, será uma espécie de telhado verde onde vão ser implantados tubos de luz confeccionados com latas de alumínio, permitindo maior iluminação natural nos ambientes. Para aumentar a eficiência energética da residência, na varanda será instalado um sistema de turbinas eólicas produzidas com latas de alumínio, que inicialmente será dimensionado para alimentar uma geladeira, e, além disso, serão instalados painéis solares de baixo custo para o aquecimento da água, diminuindo consideravelmente a demanda de energia elétrica (BATISTA, 2010).
Após a composição das residências, o conjunto habitacional será distribuído em uma quadra, de modo a haver espaço para ventilação entre as habitações, como ilustra a Figura 50.
Figura 50- Disposição das HIS’s na quadra
Fonte: Batista (2010)
E em sua conclusão, sendo constituído por seis unidades, possuirá a configuração exibida na Figura 51.
Figura 51- Configuração do conjunto habitacional
Fonte: Batista (2010)
4.4.2 Programa de Necessidades, Organograma e Fluxograma
Todas as casas que formam o arranjo habitacional possuem as mesmas características de acabamento, quantidade e divisão de cômodos, assim como o fluxo entre os mesmos. Desta forma, a composição das residências é denotada através do Programa de Necessidade, no Quadro 8, Organograma, no Quadro 9 e Fluxograma, na Figura 52.
Quadro 8- Programa de Necessidades da HIS
SETOR PROGRAMA DE NECESSIDADES DIMENSIONAMENTO
Área Social/Área de Serviço Sala de Estar 11,55 m² Cozinha 6,45 m² Área de Estudo 3,60 m² Varanda 3,90 m²
Área Íntima Banheiro 2,75 m²
Dormitórios 13,20 m²
Fonte: Autoria própria (2018) Quadro 9- Organograma da HIS
Área Social Área de Serviços Área Íntima
Sala de Estar Cozinha Dormitórios
Área de Estudo Banheiro
Fonte: Autoria própria (2018) Figura 52- Fluxograma da HIS
Fonte: Autoria própria (2018)
4.4.3 Análise Crítica
O conceito de sustentabilidade é muito presente nesse projeto, a maioria dos materiais empregados são reciclados ou ecologicamente corretos, diminuindo consideravelmente o impacto ambiental que as residências trariam durante a construção e depois de finalizadas, quando as pessoas usufruiriam desse bem.
A ideia principal da proposta é semelhante com a do objeto de estudo da presente pesquisa, sendo ambas elaboradas com destinação às classes da sociedade menos favorecidas, tendo o propósito de estabelecer habitações de interesse social.
Por serem constituídas de dois contêineres, as residências precisariam do dobro de atenção quanto aos tratamentos e acabamentos. Necessitaria também de maiores recortes, visto que as duas estruturas serão cortadas ao meio, e ainda haverá a instalação de dobradiças. Levando em consideração que a edificação é de interesse social, as observações mencionadas agregariam maior valor, aumentando o investimento. Por outro lado, não há tanta limitação de espaço, sendo possível a distribuição dos cômodos em áreas maiores.
Como mencionado no Modelo 01, pela estrutura ser o próprio contêiner, há a flexibilidade de deslocamento, sendo possível instalar a casa em qualquer lugar.
5 CONCEPÇÃO DO CONJUNTO HABITACIONAL
Como propósito inicial, o projeto arquitetônico de ambas as técnicas construtivas foi desenvolvido com o intuito de alcançar a igualdade entre as áreas úteis das duas concepções. Sendo assim, para efeito de pesquisa, as duas propostas foram elaboradas com base na NBR 15575- Edificações Habitacionais- Parte 1: Requisitos Gerais, levando em consideração as particularidades de cada uma bem como os materiais de construção e acabamentos a serem considerados.