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O modelo adaptado nesta pesquisa foi o Modelo de Doação de Órgãos – MDO, apresentado no Capítulo anterior e desenvolvido em 2002 por Morgan, Miller e Arasaratnam. Estas pesquisadoras compilaram diversos estudos sobre a intenção de se tornar um doador de órgãos (GOODMONSON; GAUGLIN, 1971; HORTON; HORTON, 1990, 1991; KOPFMAN; SMITH, 1996; SKUMANICH; KINTSFATHER, 1996) e propuseram um modelo mais abrangente que os anteriores, por congregar os principais construtos utilizados nestes trabalhos.

É importante lembrar que o estudo realizado por Morgan, Miller e Arasaratnam (2002) abordou a intenção de se tornar doador de órgãos após a morte. Nesta pesquisa pretende-se conhecer os fatores que influenciam a intenção da doação de medula óssea, exclusivamente. Nesse caso, a permissão é substituída por uma doação em vida. Além disso, há o aspecto, também não considerado em pesquisas anteriores, da mensuração da utilização do Facebook e do Twitter como fontes de informação e comunicação.

Dessa forma, foram necessárias algumas adaptações às escalas originais, como será explicado no próximo tópico.

4.3.1 Adaptação e validação das escalas

O intrumento de pesquisa utilizado (Apêndice 2) foi adaptado dos trabalhos de Morgan, Miller e Arasaratnam (2002) e Morgan e Miller (2002) (Anexo 1). Os instrumentos de Morgan, Miller e Arasaratnam (2002) e Morgan e Miller (2002), mesclaram o uso da escala de Likert com escalas dicotômicas (sim/não) e questões em que o respondente deveria assinalar V ou F, ou ainda circular a afirmativa que melhor representasse sua atitude. Um dos aspectos modificados nesta pesquisa foi a utilização da escala de sete pontos de Likert na maioria das questões. Tal decisão foi tomada tendo em vista as vantagens apresentadas por este tipo de instrumento, como a facilidade de construção e aplicação para o pesquisador e de compreensão para o respondente (MALHOTRA et al., 2005; COLLIS, HUSSEY, 2005).

A escala de Likert é uma medida de classificação psicométrica comumente aplicada em questionários, sendo a mais usada em pesquisas de opinião. Ela possibilita que os respondentes de uma pesquisa manifestem sua opinião, indicando o nível concordância ou discordância com relação à determinada afirmação (COLLIS, HUSSEY, 2005).

A validade de uma escala pode ser avaliada verificando o quanto ela efetivamente mede as variáveis que pretende mensurar (MARTINS, 2006). Para a validação preliminar das escalas, utilizou-se a tradução reversa, como recomendam Martins (2006) e Douglas e Craig (2007). A tradução reversa é a técnica mais comumente utilizada para verificar a exatidão da tradução numa pesquisa (DOUGLAS, CRAIG, 2007). O instrumento de pesquisa cedido pelas pesquisadoras referidas foi traduzido para o português pela autora da tese e depois um

profissional nativo da língua inglesa (americano) traduziu novamente para o inglês. Não houve alterações após a apreciação do tradutor contratado.

Depois da tradução reversa foram retiradas do construto ‘Conhecimento’ todas as variáveis relacionadas à doação após a morte (itens 1, 5 e 9 do Apêndice 1), em função de a presente pesquisa abordar exclusivamente a doação de medula que ocorre com o doador vivo. Foram também acrescentadas quatro variáveis relativas à doação de medula óssea (itens 1, 8, 9 e 10 do Apêndice 2). Tal acréscimo justificou-se pela necessidade de verificar especificamente o conhecimento relativo à doação de medula óssea por parte dos respondentes. Essas quatro variáveis sobre conhecimento quanto à doação de medula foram elaboradas com base no conteúdo da página do INCA (2011) na internet.

Além da inserção de variáveis na escala de ‘Conhecimento’, foi criada a escala de ‘Exposição à informação sobre doação de medula por meio do Twitter e do Facebook’ (item 7 do Apêndice 2). A elaboração desta escala tem como finalidade atender ao objetivo geral desta pesquisa de analisar se há e como ocorre a relação entre o uso das redes sociais como ferramenta de comunicação e a intenção das pessoas de se cadastrarem como doadoras de medula óssea.

Embora a tradução reversa resulte em uma tradução direta ou literal, ele não aborda questões de equivalência conceitual. Por este motivo o pré-teste e a apreciação de especialistas podem ser somados à tradução reversa para assegurar a validade das escalas (MARTINS, 2006; DOUGLAS, CRAIG, 2007). Dessa forma, optou-se por submeter o instrumento de pesquisa desta tese à avaliação de especialistas e pré-teste.

O conteúdo das escalas foi avaliado por um grupo de experts das áreas de marketing, saúde e métodos quantitativos. A validade de conteúdo ou de expressão consiste na avaliação da congruência entre as variáveis a serem inseridas em determinada escala e sua definição conceitual (HAIR JR., 2005). Foram convidados cinco especialistas para avaliar as escalas (todos professores e pesquisadores em suas respectivas áreas): dois da área de marketing, dois da área da saúde e um da área de tecnologia e métodos quantitativos.

O retorno dos experts sugeriu pequenas modificações no texto de algumas das assertivas do instrumento de coleta de dados. Não houve nenhuma sugestão que alterasse a essência das

questões. Todas as modificações sugeridas foram seguidas, no sentido de simplificar a escrita para melhor compreensão dos respondentes.

No intuito de confirmar a avaliação dos especialistas, o instrumento foi submetido a um pré- teste, o próximo item esclarece o procedimento utilizado.

4.3.2 Pré-teste

O instrumento de coleta de dados foi enviado por e-mail para 25 adultos (12 mulheres e 13 homens), que possuíam perfil no Twitter e no Facebook, de diferentes faixas etárias, níveis de escolaridade e classes econômicas. Todos os convidados eram contatos (amigos, colegas de trabalho, alunos e ex-alunos) da autora desta tese. Das 25 solicitações enviadas, 22 foram respondidas, mas apenas 3 respondentes apresentaram sugestões de melhorias no instrumento. As melhorias sugeridas referiam-se a: modificação de algumas palavras (utilizando termos mais acessíveis a pessoas com menor escolaridade), mudança do local da colocação da legenda nas questões utilizando escala Likert e diminuição da quantidade de questões. Todas as modificações sugeridas foram executadas, com exceção da diminuição do número de questões. Não seria possível diminuir o número de questões, pois isso impossibilitaria o teste empírico do MDO, tal como foi proposto nos objetivos desta pesquisa.

Além de verificar a facilidade de entendimento das questões e a resposta do instrumento de coleta de dados, o pré-teste serve para avaliar se um instrumento mensura o que pretende medir. Trata-se de um teste da qualidade do mesmo (OLIVEIRA, 1997). Nesta pesquisa, o pré-teste teve como função validar a forma e o conteúdo do instrumento de coleta de dados, tanto no seu caráter empírico, quanto no teórico. As respostas do pré-teste não foram incluídas na amostra final.