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2.1 O PAPEL DA UNIVERSIDADE CORPORATIVA

2.1.4 Modelos de aprendizagem na universidade corporativa

De acordo com Meister (1999), existem três áreas a serem desenvolvidas no modelo de aprendizagem nas UCs, a saber:

 Cidadania corporativa;  Estrutura contextual;

 Competências básicas do negócio.

A cidadania corporativa1 é a atividade do currículo da UC responsável por criar a identificação corporativa do funcionário com a organização a qual pertence, bem como com os valores da mesma. É, portanto, estimulado o orgulho e fortalecido o vínculo, o que pode ser considerado como essencial para a promoção do comprometimento com os objetivos

1Ideologicamente, a palavra “cidadania” pode suscitar discussões polêmicas, tendo em vista que “cidadania”, em seu original, não estaria voltada para aspectos estritamente econômicos e organizacionais, como é o caso da noção proposta ao incluir “corporativo” como seu adjetivo. Logo, usar o termo “cidadania corporativa” não significa o mesmo sentido do cidadão, no sentido mais original do constructo. “A cidadania, pois, significa a realização democrática de uma sociedade, compartilhada por todos os indivíduos ao ponto de garantir a todos o acesso ao espaço público [...]” (CORREA, 2006, p. 217). No contexto da Universidade Corporativa, a palavra ganha outra conotação por conta do adjetivo “corporativa”, conforme descrito no texto.

organizacionais (ÉBOLI, 1999). Desta maneira, a cidadania corporativa não é somente um programa de treinamento, mas sim uma política de melhoria do relacionamento entre os integrantes de uma organização. Portanto, é necessário que,

[...] A educação não se ajusta simplesmente aos interesses empresariais; vincula o desenvolvimento da cidadania a um tipo de educação de natureza crítica; advoga que a integração entre educação geral e específica tenha como objetivo a formação não apenas do trabalhador competente, mas também do sujeito político, tendo em vista a transformação social (LOMBARDI; SAVIANI; SANFELICE, 2002, p.108).

Os modelos de aprendizagem baseados na estrutura contextual proporcionados pelas UCs possuem o objetivo de apresentar informações em relação à empresa, aos clientes, fornecedores e concorrentes. A estrutura contextual “[...] permite que os funcionários conheçam o contexto no qual a empresa opera” (BRANCO, 2006, p. 109).

De acordo com Ulrich (1998), uma das maiores barreiras para as organizações é a estruturação de empresas com maior sensibilidade ao consumidor, o que acaba refletindo na gestão de pessoas, com a presença de indivíduos que não conseguem contribuir com os objetivos do negócio. Sendo assim, a estrutura contextual, ao apresentar os conhecimentos que lhe cabem, viabiliza oportunidades de melhoria dos desempenhos aliados à satisfação dos clientes.

O foco na estratégia e nos valores organizacionais é o que determina a verdadeira universidade corporativa. A existência de uma boa universidade corporativa está condicionada à sua ajuda para a empresa atingir seus objetivos. Vista dessa forma, a universidade corporativa pode ser um poderoso instrumento para ajudar as organizações a chegar onde elas precisam estar por meio de seus funcionários, que estarão desenvolvendo suas habilidades (BRANCO, 2006, p. 107).

As competências básicas podem ser consideradas como a combinação entre as tecnologias individuais e as habilidades de produção. As competências individuais, segundo Eboli (1999), são as capacidades de cada indivíduo de agregar valor ao negócio da empresa através de conhecimento que viabiliza à organização a manutenção de vantagem competitiva.

Para Meister (1999), as competências básicas envolvem as atividades de comunicação, relacionamento, capacidade de aprendizagem e solução de problemas, habilidades técnicas, cultura e conhecimento geral, além de desenvolvimento de gestão.

Sendo assim, através destes modelos de aprendizagem para as UCs, é possível perceber que existe, em parte, a preocupação com o indivíduo, já que se pensa em formar cidadãos com o comprometimento para desenvolver suas habilidades individuais, em prol do coletivo.

Os métodos de aprendizagem de uma Universidade Corporativa englobam também ferramentas que refletem nos resultados internos e externos, fazendo com que a organização receba destaque global como, por exemplo: inovações; cursos sequenciais; aceleração dos estudos; aquisição de habilidades e técnicas direcionadas; educação profissional e educação como negócio (KELLY; OLIVEIRA, 2014).

Desta maneira, não se pode pensar na UC como um modo completo de aprendizagem, já que a mesma possui o intuito de suprir as exigências da organização a qual pertence, não conseguindo por vezes dar conta das constantes mudanças do mercado. Este cenário requer o desenvolvimento de competências e qualificações cada vez maiores e, alinhadas à definição de empregabilidade.

2.1.4.1 As tecnologias de aprendizagem utilizadas nas universidades corporativas

Diversas são as tecnologias de aprendizagem utilizadas no intuito de aprimorar e desenvolver o processo de ensino-aprendizagem nas Universidades Corporativas:

 Presencial física: é a mais tradicional, sendo caracterizada pela presença física do aluno e seu contato direto com o instrutor (LEE, 2010);

 EAD (Educação a distância): é uma tecnologia de aprendizagem que permite que os alunos tenham acesso ao ensino de diferentes lugares e em diferentes momentos. Essa modalidade tem sido largamente utilizada nas empresas e nas instituições de ensino, tendo suas atividades pautadas no uso da internet, método conhecido como e-learning (MAIA; MATTAR, 2007);

B-learning: do inglês Blended learning, significa literalmente “aprendizagem

mista”. Ou seja, é a técnica que mistura o ensino presencial com as atividades a distância (LEE, 2010);

M-learnig: ou mobile learning, configura-se pela técnica em que a

aprendizagem é dada de forma móvel, com os alunos viajando, por exemplo. Esse tipo de modalidade faz uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC) móveis e sem fio, permitindo a mobilidade dos alunos envolvidos (SACCOL; SCHLEMMER; BARBOSA, 2010);

U-learning: vem da expressão inglesa ubiquitous learning, aprendizagem

ubíqua. Esse método engloba todas as tecnologias de aprendizagem que têm como plataforma as TIC integradas, ou seja, tanto fixas como móveis. São TIC que possuem

ferramentas sensitivas e de localização, como GPS. Essas tecnologias têm a capacidade de pontuar a localização, as características do aluno, assim como suas necessidades educacionais, sendo capazes de proporcionar os meios mais apropriados existentes no espaço em que o aprendiz está inserido (SACCOL; SCHLEMMER; BARBOSA, 2010).

As TIC envolvidas e utilizadas nas técnicas de aprendizagem consistem em aglomerados de variados meios e recursos desenvolvidos e orientados para as práticas comunicativas, além de serem empregados para atividades de criação, desenvolvimento, aprimoramento, processamento de dados, armazenamento e gerenciamento de dados (SACCOL; SCHLEMMER; BARBOSA, 2010).

A peculiaridade de tais recursos é permitir aos indivíduos uma interação integral e vertiginosa, propiciando o acesso rápido e confiável a uma grande gama de informações, contribuindo para o alcance dos objetivos e metas educacionais. Por permitir a participação dos mais diferentes indivíduos em seus cargos, as possibilidades são aumentadas pelo uso das TIC (BRANTES et al., 2013).

Dentre as TIC que podem ser empregadas pelas universidades corporativas, pode-se elencar:

Tecnologias da web 3D: são recursos usualmente difundidos como Mundos Digitais Virtuais em Terceira Dimensão (MDV3D), ou metaversos. Nesse tipo de TIC, há uma reprodução digital das pessoas envolvidas, como uma espécie de “avatar”. Essas representações utilizam recursos textuais, gráficos, orais, entre outros, para estabelecer as práticas comunicativas (SCHLEMMER, 2010). Normalmente, esse tipo de recurso é empregado no contexto de jogos midiáticos interativos e simulações, permitindo que se crie uma atmosfera que acentue a impressão de pertencimento a um grupo (WARBUTON, 2009);

Tecnologias da web 2.0: são recursos que possibilitam trocas interativas entre os indivíduos, permitindo atividades de desenvolvimento e aprimoramento na plataforma web de forma célere, protegendo os parâmetros autorais. São exemplos os

blogs e as diversas redes sociais (SCHLEMMER, 2010);

Ambientes virtuais de Aprendizagem (AVA): tais ambientes são softwares elaborados no intuito de desenvolver um contexto de aprendizagem na plataforma digital, fornecendo recursos para o gerenciamento do processo de ensino por meio da

 TIC móveis e sem fio: são recursos e meios que possibilitam o desenvolvimento das ações interativas e comunicativas direcionadas para o processo de aprendizagem. São dispositivos sem fio, facilmente transportáveis e manejáveis, capazes de estabelecer conexão com a internet sem a necessidade do uso de cabos. São exemplos os smartphones e os tablets. São recursos que incrementam as técnicas de aprendizagem de m-learning e u-learning (SACCOL; SCHLEMMER; BARBOSA, 2010).

Todas essas técnicas de aprendizagem empregadas nas Universidades Corporativas propiciam uma nova visão acerca da gestão do conhecimento pautada “por uma agenda educacional que esteja em sintonia com a estratégia empresarial” (SELEME; MUNHOZ, 2011, p. 73), conforme observado na figura abaixo:

Figura 2: Mudanças de paradigma no processo de implementação das universidades corporativas

Para as universidades corporativas, essas ferramentas são imprescindíveis, pois possibilitam que o ensino e a aprendizagem sejam desenvolvidos em um escopo democrático, sem burocracia, interativo e sem barreiras físicas, possibilitando que o ambiente organizacional se torne, dessa forma, cada vez mais inclusivo.