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CAPÍTULO 3: GESTÃO ESTRATÉGICA DE P,D&I NO SETOR ELÉTRICO

3.4. Características atuais de gestão de empresas do setor elétrico nacional

3.4.2. Modelos de gestão de P,D&I

Nos itens anteriores foram analisados os perfis da empresa e de P,D&I. Neste item serão aprofundados os aspectos dos modelos empregados pela estrutura que é responsável pelo processo de gestão de P,D&I em cada uma das empresas.

Os aspectos observados estão relacionados à existência de uma equipe interna, dedicada às atividades de gestão de P,D&I, dentro da estrutura formal da organização e desde quando essa forma de organização vem atuando na empresa. A Tabela 3.5 abaixo apresenta um resumo dessas informações.

Tabela 3.5 – Modelo de Estrutura da Gestão de P,D&I

Empresa 1 Empresa 2 Empresa 3 Empresa 4 Empresa 5 Empresa 6 Empresa 7

É unidade formal

na organização sim sim sim sim sim sim sim

Nivel hierarquico

na organização 3o. 5o. 3o. 3o. 4o. não declarou 2o

Pessoal dedicado sim sim sim sim sim sim parcial

Número de

empregados 6 17 14 6 4 2 4

Desde que ano é

a estrutura atual? 2004 2009 2009 2004 2001 2006 2000

Empresas Grupos com P&D centralizado Empresas com P&D individual

Fonte: dados obtidos durante a entrevista em cada uma das empresas

Todas as empresas afirmaram existir uma equipe de gestão de P&D, como estrutura formalizada e reconhecida dentro da organização, todas elas com pessoal dedicado a essas atividades, com exceção da Empresa 7, em que os colaboradores possuem dedicação parcial.

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Das três empresas que possuem uma estrutura de gestão de P&D centralizada para todas as empresas do grupo (holding), duas delas informaram que essa estrutura atual foi montada em 2009, isto é, após a revisão da regulamentação do novo manual de P&D da ANEEL. A ampliação do reconhecimento dos investimentos em fases mais avançadas da cadeia de inovação implicou na redefinição dos processos internos de gestão dos projetos de P&D. Assim, essas duas empresas podem ter modificado suas estruturas em resposta a essa sinalização da ANEEL.

As outras quatro empresas: Empresa 4, Empresa 5, Empresa 6 e Empresa 7 não apresentaram uma estrutura centralizada da gestão de P,D&I, apesar das três primeiras fazerem parte de uma

holding. Nessas concessionárias, a estrutura atual existe antes da modificação da regulamentação

em 2008, sinalizando que as empresas ainda não estão buscando modificações internas para se adequarem às novas regras, mantendo ainda uma estrutura já existente que atendia ao modelo de gestão anterior, focado na prestação de contas dos recursos investidos nos projetos voltados a melhorias técnicas e de engenharia. Não por acaso, três dessas quatro empresas (com exceção da Empresa 5), não tiveram projetos de cabeça-de-série, lote pioneiro e inserção no mercado submetidos a ANEEL.

As Empresas 4 e 5, que fazem parte do mesmo grupo, declararam que existem algumas atividades de gestão e cooperação entre as empresas, especialmente na troca de experiências, informações, capacitação, colaboração técnica, mas cada empresa da holding atua predominantemente de forma independente. Nessas empresas, os gerentes de programa de P&D participam de um Comitê de Integração das empresas do grupo, responsável pela definição de políticas de inovação, de propriedade intelectual (PI) e por evitar redundâncias de projetos voltados ao mesmo objetivo, sendo executados em empresas diferentes do grupo. Entretanto, apesar da existência desse comitê, as empresas não possuem projetos cooperados com outras empresas do grupo, e cada empresa tem liberdade e autonomia para montar sua carteira de projetos e fazer sua gestão de P&D.

Dentro da hierarquia, o nível de vinculação da estrutura formal de gestão de P&D variou bastante, sendo a menor empresa (Empresa 7), aquela cuja gestão está no maior nível hierárquico (2º. de um total de 5), respondendo diretamente à presidência. Nas demais empresas que declararam essa informação, a estrutura organizacional não muda muito, sendo um total de 7 níveis hierárquicos, mas que apenas mudam de nome de uma empresa para a outra. Dessa forma, é possível fazer uma comparação entre o nível no qual o grupo de gestão de cada empresa está

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vinculado dentro da organização. Sob esse ponto de vista, a Empresa 2, apesar de ter uma equipe maior, é aquela que aparece no menor nível hierárquico.

Um estudo realizado com as empresas distribuidoras de energia, realizado pela Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica (ABRADEE, 2009) também apontou que em apenas 27% das empresas (n=15) a gestão de P&D estava situada no 2º nível hierárquico (vinculada logo abaixo da 1ª camada de presidência ou vice-presidência) e 73% no 3º ou 4º nível (abaixo de camadas de ‘Diretoria’, ‘Departamento, ou Gerência’).

Sob o ponto de vista do modelo de gestão dos projetos de P&D, a regulamentação do P&D ANEEL exige que a figura do gerente de projeto (GP) seja um colaborador interno da empresa. Todas as empresas atendem a essa obrigação, entretanto todas declararam que o GP tem apenas dedicação parcial aos projetos de P&D. Ou seja, essa atividade representa um esforço extra ao empregado que já desempenha suas atividades rotineiras, relacionadas à sua função.

Questionadas sobre a criação de algum mecanismo de incentivo de premiação ou remuneração para esses GPs, as empresas reconhecem que o retorno principal ao GP é a possibilidade de fazer uma pós-graduação no tema do projeto, bem como participar de eventos e seminários relacionados ao projeto.

As distribuidoras que participaram da pesquisa realizada pela ABRADEE (2009) responderam que na maioria dos casos (64,3% dos respondentes) os GPs não possuem remuneração variável ou outras formas de reconhecimento associada à sua atuação em projetos de P&D.

A Empresa 4 foi a única empresa que declarou a existência de um processo de reconhecimento ao empregado, por meio de um prêmio de inovação que é realizado bianualmente, entretanto a premiação não se diferencia da prática de outras empresas, já que o vencedor ganha uma viagem para participação em algum evento/congresso/ seminário.

Muitas dessas empresas demonstraram uma preocupação relacionada à diminuição do interesse dos GPs de participar em projetos de P&D, reforçada pelo o aumento da responsabilidade dos resultados, segundo a nova regulamentação, e falta de reconhecimento de suas atividades.