• Nenhum resultado encontrado

4. ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA PÚBLICA DE ENSINO FUNDAMENTAL

4.2 MODUS OPERANDI DO PLANO DE INTERVENÇÃO DA PESQUISA

A construção dos dados da pesquisa, como já mencionado anteriormente, ocorreu por meio de um Plano de Intervenção desenvolvido durante seis meses no período de abril a outubro de 2019 - somando 20 encontros com duração entre 1 a 4 horas cada, o qual possibilitou a construção de algoritmos narrativos e desmembramento de textos em personagens, cenário, ações e desfecho onde estas auxiliaram na apropriação dos conhecimentos propostos.

Em cada intervenção, através da metodologia de ensino da Sequência Didática - foi feita uma avaliação contínua, "com a finalidade de perceber nos sujeitos escolares suas motivações, fragilidades, seus avanços e, desta forma, mediar o processo de apropriação do conhecimento" (GASPAR, 2002, p.3). Isso possibilitou uma contínua revisão dos procedimentos, tendo em vista melhorar e auxiliar no desenvolvimento de novas aprendizagens. Isto porque, o que foi trabalhado no decorrer do projeto não fazia parte da rotina dos alunos.

Desse modo, a avaliação era realizada por meio de diálogos a partir dos questionamentos bases: Vocês estão gostando da proposta do Projeto? O que vocês estão achando de trabalhar com algoritmos? E, sobre as histórias contadas, o que acham? Esse processo avaliativo, permitiu um processo contínuo de registros no diário de campo auxiliando nas respostas aos objetivos de pesquisa.

A pesquisa em curso é caracterizada como qualitativa de cunho descritivo a partir de um estudo de caso, no entanto, não focando apenas em enumerar e medir eventos, porém, mantendo um interesse mais amplo: focar nos dados descritivos mediante contato interativo e direto entre pesquisador e objeto de estudo, procurando entender os fenômenos na perspectiva dos participantes e situar sua interpretação nos fenômenos estudados (NEVES, 1996).

Portanto, se levou em conta as características do contexto de pesquisa (o ambiente interativo tecnológico) como fonte direta de dados, a turma de alunos e seu desenvolvimento durante as intervenções e o próprio Plano de Intervenção com suas atividades realizadas a partir das Sequências Didáticas planejadas para esse fim. Além disso, na análise dos dados, procuramos ter um olhar mais acurado em relação a subjetividade de cada criança partícipe da pesquisa, seguindo orientações de Godoy (1995) apud Neves (1996) quando ressalta sobre a diversidade existente entre os trabalhos qualitativos e enumera um conjunto de características essenciais capazes de identificar uma pesquisa desse tipo, a saber:

(1) o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento fundamental;

(2) o caráter descritivo;

(3) o significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida como preocupação do investigador;

(4) enfoque indutivo. (NEVES, 1996, p. 1).

Contudo, utilizamos ainda, ilustrações com gráficos para representar o contexto - idade das crianças, afinidades no intuito de "representar as descobertas obtidas por diferentes fontes, ilustrá-las e torná-las mais compreensíveis” - como orienta (JICK, 1979 apud NEVES, 1996, p. 3).

Ademais, utilizamos como instrumento de investigação a observação participante, que segundo Lüdke e André (1986) consiste em observar e registar da forma mais objetiva possível e depois interpretar os dados recolhidos. Como vantagens para esta técnica, elas destacam o fato de a observação permitir chegar mais perto da perspectiva dos sujeitos e a experiência direta ser melhor para verificar as ocorrências (LÜDKE e ANDRE, 1986), ou ainda permitir a evidência de dados que não seriam possíveis de obter em outros meios, como em respostas, questionário ou entrevistas.

Além da observação, com a intenção de obter um feedback, também foi realizada entrevista com as crianças participantes da pesquisa para analisar as dificuldades e possibilidades do uso da ferramenta Scratch e constatar os principais aprendizados. Segundo Lüdke e André (1986), a grande vantagem dessa técnica em relação às outras “é que ela permite a captação imediata e corrente da informação desejada, praticamente com qualquer tipo de informante e sobre os mais variados tópicos” (LÜDKE e ANDRÉ, 1986, p. 34).

Outrossim, a pesquisa seguiu as seguintes etapas: 1ª Etapa - 1 (um) encontro para a apresentação do Projeto e diálogo com os participantes para saber quem desejava participar, assim como realizar diagnóstico inicial para analisar o interesse pessoal sobre atividades que os participantes da pesquisa gostam de fazer; 2 (dois) encontros para as crianças conhecerem o que é um algoritmo narrativo; 2 (dois) encontros para apresentação da ferramenta Scratch. 2ª Etapa - 15 (quinze) encontros para a construção de algoritmos narrativos a partir das histórias para a criação de animações e jogos no Scratch e 3ª Etapa - Entrevista por meio de conversas gravadas para construir reflexões sobre os aprendizados desenvolvidos no decorrer das Sequências Didáticas.

Quanto às atividades do Plano de Intervenção, tiveram por base orientações de Mello (2019) que no artigo Transposição Didática, Interdisciplinaridade e Contextualização - enfatiza que a interdisciplinaridade, contextualização e transposição didática são três facetas

inseparáveis de um mesmo processo complexo: transformar o conhecimento em conhecimento escolar a ser ensinado; definir o tratamento a ser dado a esse conteúdo e tomar as decisões didáticas e metodológicas que vão orientar a atividade do professor e dos alunos com o objetivo de construir um ambiente de aprendizagem eficaz. (MELLO, 2019, p. 1).

A autora considera que a transposição didática ocorre quando o conteúdo é selecionado de acordo com o que o professor considera relevante para constituir conhecimentos de modo articulado; saber relacionar o conhecimento em questão com os de outras áreas e saber como contextualizar esse conhecimento. Foi o que procurou o plano de Intervenção da pesquisa aqui delineada, visto que, os alunos não disponibilizavam de aulas de informática, pois esta disciplina ainda não faz parte do currículo escolar, sendo necessário um recorte desse conteúdo para atender as necessidades dos objetivos da investigação.

Desse modo, o conteúdo selecionado para as Sequências Didáticas do Plano de Intervenção foram: leitura e interpretação; algoritmos narrativos e a criação de jogos digitais. Estes conhecimentos possibilitaram a síntese das histórias literárias trabalhadas, a construção de algoritmos narrativos que requer síntese das interpretações e a finalização com a construção de jogos digitais que requer algoritmos e interpretação das histórias selecionadas.

Como já mencionado anteriormente, essa etapa da pesquisa foi realizada durante 20 encontros com duração de no mínimo 1 (uma) hora e no máximo 4 (quatro) horas por semana para não atrapalhar a rotina do professor e dos alunos8. Inicialmente, quando elaboramos o Projeto (em Monografia I) a previsão foi para ser realizado 9 encontros, no entanto, no decorrer das intervenções sentimos a necessidade de realizar mais encontros e experiências para dá mais validade aos dados construídos e, como já exposto, por as crianças ficar em duplas devido ao número escasso de computadores - foi necessário mais tempo para que todas as crianças tivessem oportunidade de trabalhar com os algoritmos narrativos, interpretações e jogos digitais.

Seguindo o Plano de Intervenção já delineado, as Sequências Didáticas (SD) foram realizadas por meio de módulos constituídos por atividades progressivas e possibilitando apresentação do objeto: 1º - o que é um algoritmo, ações e a prática - proposta na criação de um algoritmo narrativo que descreva e representa uma atividade que cada aluno goste de fazer (ANEXO 5); 2º interpretação individual do texto por meio de uma atividade síntese organizada (ANEXOS 6, 7, 8), e na ação de colocar um algoritmo narrativo das histórias trabalhadas em prática no Scratch (ANEXOS 9, 10, 11).

É importante considerar, ao planejar uma Sequência Didática, as relações interativas entre professor/aluno, aluno/aluno e as influências dos conteúdos nessas relações, o papel do professor e o papel do aluno, a organização para os agrupamentos, a organização dos conteúdos, a organização do tempo e espaço, a organização dos recursos didáticos e avaliação (ZABALA, 2015). Por conseguinte, é necessário dizer que uma SD se junta às perspectivas de trabalho pedagogicamente bem orientado, no qual o professor é o desencadeador das ações e mediador da aprendizagem.

Em consulta a De Araújo (2013), observamos que ela apresenta os procedimentos de uma Sequência Didática, e ao se tratar com o Scratch, algoritmos narrativos e técnicas de interpretação de texto, há recomendações de haver um espaço de tempo curto, com atividades variadas levando os discentes a distinguir o que já sabem e o que devem saber. Destaca ainda, que os professores devem dominar as características do objeto didático – Scratch e algoritmos narrativos e, que a prática do mesmo na escola o torne escolarizado, foi essa orientação que procuramos seguir durante a pesquisa.

Com efeito, é preciso ir do macro para o micro, ou seja, partir do conhecimento (vasto) para a prática (única e interligada), considerando sempre o contexto como foco para tratar do termo isoladamente, este micro será o desenvolvimento das animações e jogos no Scratch. De Araújo (2013), delineia ainda, que a experiência de atividades sucessivas ou reescrita de um mesmo texto torna-se cansativo e monótono, sendo preferível testar a aprendizagem com outras produções: este é o prazer e a novidade procurada na ferramenta Scratch.

Segundo De Araújo (2013), a SD permite identificar as fases, atividades e as relações estabelecidas com o objeto de conhecimento, visando as necessidades dos alunos. Abaixo há um modelo de SD construída conforme exemplo apresentado no artigo de De Araújo (2013) O

que é (e como faz) Sequência Didática? Porém, foi adaptado por nós, tendo em vista o objetivo

de representar uma sequência conectada e constante com o objeto da pesquisa que orienta o trabalho em tela.

FIGURA 6: SEQUÊNCIA DIDÁTICA DO PLANO DE INTERVENÇÃO

Fonte: Elaborado pela autora.

Essa Sequência Didática foi base para o Plano de Intervenção realizado na turma. Levou-se em conta o que De Araújo (2013) apresenta sobre Sequência Didática, que foi proposta pela escola de Genebra e divulgado no Brasil por publicações e cursos na área de formação docente. Este modelo de Sequência Didática organiza o ensino em núcleos temáticos e procedimentais em torno de um gênero textual oral ou escrito, ou seja, situações de comunicação. A situação aqui proposta foi a leitura de histórias contadas tanto coletivamente, quanto individualmente e serviu como base para desenvolvimento de jogos digitais através da ferramenta Scratch e, por conseguinte, como recurso para construção dos dados analisado no próximo tópico.

4.3 RELATOS E RESULTADOS DA APLICAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO NA

Documentos relacionados