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Monitorização do trabalho docente

O trabalho dos docentes e a sua prática letiva fazem também parte do processo de monitorização. Tendo em conta o impac- to que a dinâmica imprimida na sala de aula tem no desempenho e melhoria dos nossos alunos, foram feitos esforços para regular a adoção de estratégias, metodologias, formas de trabalhar, estudando-se a sua efi cácia, quando aplicadas, e tentando-se o alargamento a outras disciplinas quando provas surgem do seu valor. Sem um registo contínuo do que vai sendo desenvolvido em cada disciplina, com a análise posterior do docente, torna-se impossível um verdadeiro trabalho de equipa, daí termos sentido a necessidade de implementar este sistema.

Neste caso, o instrumento foi criado com o formato de um for- mulário eletrónico, que é preenchido após cada período de fun- cionamento da TurmaMais, e enviado para o coordenador do pro- jeto que agrega toda a informação e a disponibiliza para refl exão. Neste formulário (fi gura 3) começa-se por sistematizar quais os recursos utilizados, indicando-se a frequência da sua utilização. É feita a verifi cação de uma série de práticas obrigatórias – como a apresentação das grelhas de avaliação aos alunos, ou o lecionar dos mesmos conteúdos em todas as turmas. Importa salientar que temos observado que esta vigilância é essencial ao normal desen- volvimento do projeto, muito em especial devido à necessária uni- formidade de procedimentos. Ocorre dizer que, ocasionalmente, tal não é de aceitação pacífi ca, pois alguns dos docentes solicita- dos a prestar apoio, seja através do fornecimento de dados, seja através de uma maior transparência para com os seus alunos e encarregados de educação, sentem apenas o trabalho acrescido sem usufruírem dos benefícios do projeto, por não o integrarem direta- mente. Por esta e outras razões, sentimos que seria muito benéfi - co o alargamento desta formatação a todas as disciplinas que era, afi nal, a confi guração que este projeto originalmente possuía.

O formulário aborda ainda a análise do funcionamento da TurmaMais no período temporal em causa, no que respeita às condições de trabalho, informação, recetividade por parte dos alunos e encarregados de educação, questões disciplinares, entre outros assuntos. De modo semelhante, é analisada a avaliação realizada – quer sumativa quer formativa, com indicação da forma

e periodicidade de implementação – bem como as atividades e es- tratégias defi nidas. É realizado o estudo da sua efi cácia, refl etindo-se acerca da sua continuidade, formulando-se novas propostas.

Figura 4. Formulário de monitorização do trabalho do Diretor de Turma

O trabalho dos diretores de turma é monitorizado de forma similar. Através de um formulário eletrónico distinto (Figura 4), verifi ca-se o cumprimento de práticas obrigatórias, muito rela- cionadas com a desejável interação a manter com os encarre- gados de educação. É igualmente avaliado o funcionamento do grupo de trabalho da turma mais, agora na perspetiva própria de um diretor de turma, que lança um olhar diferente sobre muito do que sucede numa turma.

Todos estes documentos de monitorização perseguem um objetivo que vai, felizmente, para além da mera recolha de informação. Pretende-se pôr em funcionamento um processo de autorregulação que consiga tornar o projeto adaptável. Conseguir mobilizar alunos e encarregados de educação para um incremento

de expetativas, académicas e profi ssionais, criando uma genuína preocupação por um percurso escolar recompensador. Conseguir o entusiamo dos professores que são os interlocutores privile- giados na procura de aprendizagens melhor conseguidas. Obter o alargamento destas boas práticas a anos de escolaridade que não experimentaram os benefícios diretos do projeto mas que poderão ser a chave da sua continuidade. Efetivar uma avaliação de acordo com uma lógica de ciclo, conceito para cuja aceitação já possuímos mais do que uma mera convicção.

Balanço

No fi nal do oitavo ano de escolaridade, e para que, nos Conse- lhos de Turma, pudéssemos tomar decisões informadas acerca da avaliação dos nossos alunos, do seu mérito e das aprendiza- gens por eles conseguidas, procedemos, como habitualmente, ao estudo do seu percurso académico, por nós registado através da recolha de dados ao longo destes dois últimos anos letivos.

Interessava-nos, particularmente, analisar qual tinha sido o percurso dos alunos que, no fi nal do sétimo ano de escolarida- de chegavam com um conjunto de propostas de classifi cação que signifi cavam, sem qualquer outra refl exão, a sua retenção. Face à informação presente nestas reuniões, foram estudados quais os alunos que considerávamos conseguirem ultrapassar as difi culdades diagnosticadas adiante no ciclo de escolaridade. Embora esta apreciação, pela difi culdade que existe na apre- ensão desta lógica, tenha sido difícil e com alguma resistência, ela prosseguiu na certeza de que, no oitavo ano, se reanalisa- ria o percurso dos alunos que tinham transitado, de novo para nos inteirarmos acerca das suas aprendizagens e do mérito de decisões já tomadas, bem como para fundamentarmos novas decisões a tomar sobre o seu percurso escolar.

Verifi cámos que cerca de noventa e dois por cento dos alunos cuja apreciação no sétimo ano de escolaridade tinha sido a de que poderiam colmatar as suas difi culdades até ao fi nal do tercei- ro ciclo, mas que teriam sido retidos sem este juízo realizado nos

Conselhos de Turma, tinham efetivamente chegado ao fi nal do oitavo ano sem correrem sequer o risco de fi carem retidos.

Desta pequena amostra que surge do nosso projeto, reco- nhecemos o mérito das decisões tomadas e que permitiram a alguns alunos prosseguir o seu percurso com maior maturidade, ambição e evidenciando menos difi culdades. Isto sem terem de passar pelo estigma da retenção, cujo valor para os nossos alu- nos é reconhecidamente diminuto.

O Projeto Mais Sucesso Escolar trouxe à escola uma confi an- ça renovada e novas dinâmicas. Criou a sensação entre o corpo docente do terceiro ciclo, de que afi nal somos capazes. Foi diga- mos que o nosso “Yes We Can”.

A escola desenvolvia já de forma regular algumas práticas que o projeto supõe e integra. A distribuição de serviço no início do ano letivo privilegiava já a continuidade pedagógica. Os Conselhos de Turma eram já entendidos como equipas pedagógicas, que, tanto quanto possível, devem acompanhar os alunos durante os vários ciclos de estudo.

Esta medida é, no entanto, difícil de praticar numa escola como a nossa em que o corpo docente era, até ao último concurso, extre- mamente instável. Quando os concursos eram anuais, a mobilidade e a contratação faziam com que cerca de metade do corpo docen- te não permanecesse na escola no fi nal do ano letivo.

Outras práticas incluíam a realização de um primeiro Conse- lho de Turma logo no início do ano letivo, bem como reuniões intercalares no primeiro e segundo períodos letivos.

Já era efetuada a entrega prévia às reuniões de avaliação de fi nal de período das propostas de classifi cações dos professores – em folha própria – dando origem a uma pré pauta do programa informático. Este procedimento permitia aos diretores de turma a análise prévia da situação de cada um dos alunos e o poder ter uma opinião consistente sobre a decisão fi nal a ser tomada. Nas reuniões de avaliação de fi nal de período era entregue ao diretor de turma uma grelha Excel, de avaliação, por todos os docentes da turma.

Efetuavam-se, igualmente, balanços de avaliação no fi nal de cada período com indicação da taxa de sucesso, qualidade do sucesso e excelência. Este diagnóstico dos resultados dos alunos

era e é realizado por disciplina, por turma e ano de escolaridade. Por ano de escolaridade e ciclo comparam-se os resultados alcan- çados com as metas do projeto educativo.

Apesar das práticas descritas, os resultados escolares dos alunos do terceiro ciclo não eram satisfatórios. Tínhamos uma grande percentagem de retenção e a qualidade do sucesso era quase inexistente. É fácil compreender que o desenvolvimento de um projeto que se propunha em três anos levar os alunos do sétimo ao nono ano e reduzir sucessivamente o seu insucesso num terço era entusiasmante. Agora, quase a terminar os três anos previstos, além de tudo o que se descreveu do projeto em si mesmo – em especial do seu processo de monitorização – e do seu maior ou menor grau de êxito, importa também referir as mais-valias que trouxe à prática pedagógica da escola em geral e do terceiro ciclo em particular. Sem preocupação em as ordenar, enumeramos as práticas alargadas a outros anos de escolaridade que nos parecem mais importantes.

A revisão e simplifi cação dos critérios de avaliação da escola. As percentagens atribuídas aos critérios conceptuais e procedi- mentais aumentaram, diminuindo a percentagem atribuída aos critérios atitudinais. A par desta alteração de ponderação, pro- cedeu-se a uma simplifi cação destes critérios, que agora cons- tam de apenas três domínios avaliados, mais objetivos e men- suráveis, através da criação de indicadores quantitativos. Esta lógica de exigência e rigor tentou limitar uma área encarada por alguns docentes como podendo servir para ajudar à melhoria da classifi cação dos alunos. Esta melhoria, sendo artifi cial e pouco objetiva, deve ser substituída por uma postura de maior rigor e transparência, o que foi feito.

Avancemos para as grelhas de avaliação. Estas passaram a ser preenchidas também nas reuniões intercalares. Nas reuniões de fi nal de período passaram a ser entregues ao diretor de turma antes da reunião e não na própria reunião. A análise destas grelhas é efetuada por todos os professores, de todas as disci- plinas, após a primeira reunião intercalar do primeiro período. De uma forma regular a partir daí, fazem uma heteroavaliação baseada na análise deste instrumento com os seus alunos.

Os diretores de turma foram solicitados a, após as reuniões intercalares e de fi nal de período, apresentar, explicar e analisar com os pais e encarregados de educação a grelha global da turma. É solicitado aos diretores de turma que o façam em reunião com todos os encarregados de educação. Contudo, algumas resistên- cias surgiram, levando a que alguns só o façam com os encarre- gados de educação dos alunos em risco de retenção.

Na área da formação, referir que muitos docentes se interes- saram e frequentaram formação oferecida no âmbito do Projeto. Quanto ao conceito da avaliação segundo a lógica de ciclo, observa-se uma compreensão gradual, aceitação e prática. A discussão acerca desta lógica facilitou em todos os Conselhos de Turma a sua generalização, salientando-se, contudo, que não sem resistências.

A generalização de práticas de monitorização não só da ava- liação, mas também de utilização de recursos, estratégias adota- das e satisfação dos resultados por parte dos professores integra- dos no Projeto, acabou por impregnar o corpo docente, criando uma predisposição para futuramente se poderem disseminar e efetivar, caso a direção da escola lhes consiga dar o incentivo adequado.

Creio podermos concluir pelo exposto que, ainda antes do fi nal deste ano letivo e da análise das metas contratualizadas, o Projeto cumpriu a sua missão, tendo-se tornado aquilo que todos os projetos devem ser, um exemplo de boas práticas. Temos a esperança de poder contribuir, com a nossa experiência que aqui descrevemos e o entusiasmo com que acolhemos esta iniciativa, para que outros tenham sucesso. Criando ambição onde existia resignação.

Introdução

O envolvimento dos pais na educação dos fi lhos é, hoje em dia, um tema que ganha cada vez maior importância. A infl uência parental desempenha um papel preponderante tanto no desen- volvimento cognitivo da criança como no seu aproveitamento. A ideia de que o envolvimento dos pais constitui um fator de sucesso escolar parece constituir um consenso social. Estudos recentes apontam que, uma maior proximidade entre famílias e escola e um maior envolvimento parental nos percursos escola- res dos fi lhos, aumenta as probabilidades de sucesso por parte dos alunos. Para além do sucesso escolar, as atividades de apro- ximação entre escola, família e comunidade, também ajudam os pais a compreender melhor as crianças e os jovens, a melhorar a comunicação entre famílias e escola e entre famílias e alunos.

A interação da escola com os pais poderá desenvolver-se em várias áreas, competindo a esta promover a sua vinda, proporcio- nar-lhes espaços de formação e de partilha, uma vez que grande parte deles se debate com imensas dúvidas, incertezas e medos sobre o desenvolvimento e o futuro dos fi lhos.

O relato que se segue diz respeito à intervenção levada a cabo com um grupo de pais, no ano letivo 2010/2011, no Agrupamento de Escolas de Oliveirinha - Escola Básica Castro Matoso, no âmbito do Programa Mais Sucesso Escolar – Projeto TurmaMais e tenciona proporcionar uma refl exão sobre a mais-valia do envolvimento e acompanhamento das famílias na melhoria dos resultados escolares.