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Contribuição das MPE's na geração de valor e emprego

2.5.1 Mortalidade das MPE’s

Segundo a Acca (2010) o progresso no percentual de abertura e fechamento das MPE’s está vinculado ao desenvolvimento econômico apresentado na região a que as mesmas estão inseridas. Esse fator é mais preponderante nesse segmento do que nas grandes empresas.

Quando é citada a questão da mortalidade das MPE’s se faz importante a análise sob a ótica do prejuízo não só ao empreendedor, mas também a toda a sociedade. Não só um empreendimento é suplantado, mas também benefícios a sociedade são exterminados.

Segundo (GRAPEGGIA, ROJAS LEZANA, et al., 2011) as principais características das empresas que fracassaram na sua atividade são: dificuldade no relacionamento entre os sócios, falta de definição de foco no negócio, falta de senso de organização e mistura entre os interesses dos sócios e o da empresa.

Filardi Ferreira, Lotti Oliva, et al., (2012) relacionam a ausência de planejamento, a falta de inovação, a dificuldade em conquistar e manter clientes e o elevado nível de concorrência como principais fatores causadores da mortalidade das MPE’s.

Para Terence (2002) diariamente a questão da sobrevivência das MPE’s é testada. Estas empresas apresentam, ainda segundo o autor, altas taxas de nascimento e mortalidade e estes índices estão associados aos níveis de prosperidade e recessões econômicas apresentadas. Conforme o (SEBRAE, 2013) para cada 4 empresas abertas no período entre 2007 a

2009 uma delas encerraria suas atividades nos dois anos seguintes, isto equivale a 25% deste universo.

Quadro 3 - Taxa de mortalidade das MPE's brasileiras Fonte: Adaptado (SEBRAE, 2013).

O Quadro 3 evidencia que as empresas constituídas entre 2005 a 2007, as mais recentes foram as que menores índices de mortalidade. Importante mencionar que ainda em 2016 a pesquisa sobre mortalidade das MPE’s referente ao ano de 2005 a 2007 é a mais recente realizada por um instituto de pesquisa brasileiro.

Em relação a taxa de mortalidade as MPE’s brasileiras não estão em níveis diferentes ao cenário internacional conforme Oecd (2010). Ainda em Sebrae (2014b) é observado que países como a Eslovênia e Estônia apresentam respectivamente taxas de sobrevivência após 2 anos na ordem de 78% e 75% enquanto países cujo desenvolvimento econômico é mais solidificado como Portugal e Holanda apresentam 51% e 50% respectivamente.

Segundo Sebrae (2013) a taxa de mortalidade não se constitui de elemento balizador para se avaliar o grau de qualificação da economia de um país nem o nível de empreendedorismo das MPE’s. Ao contrário, a tendência ao aumento da sobrevivência é vinculada ao avanço no âmbito dos negócios como melhora na legislação em favor das MPE’s e a evolução das características dos empreendedores tais como aumento da escolaridade e esforços de capacitação. 23,0% 23,5% 24,0% 24,5% 25,0% 25,5% 26,0% 26,5% 27,0% Empresas constituídas em 2005 Empresas constituídas em 2006 Empresas constituídas em 2007 Taxa de mortalidade

Quadro 4 - Taxa de sobrevivência das MPE's constituídas em 2007 após 2 anos, por setor de atividade Fonte: Adaptado (SEBRAE, 2013)

No Quadro 4 se observa que é na indústria o melhor índice de sobrevivência das empresas constituídas em 2007 após dois anos de atividade. Segundo o percentual apenas 20% das indústrias encerravam suas atividades após este período. O comércio vem em seguida apresentando percentuais próximos à indústria e similar percentual de evolução neste contexto. O setor de serviços apresenta um percentual menor em relação a indústria e comércio. O setor de construção apresentou índice bem inferior à indústria e ao comércio apesar de no período ter superado o setor de serviços.

Quadro 5 - Taxa de sobrevivência da MPE's após 2 anos por região do país Fonte: Adaptado (SEBRAE, 2013).

79,9% 77,7% 72,5% 72,2% 68,0% 70,0% 72,0% 74,0% 76,0% 78,0% 80,0% 82,0%

Indústria Comércio Construção Serviços

Taxa de Sobrevivência 62,0% 64,0% 66,0% 68,0% 70,0% 72,0% 74,0% 76,0% 78,0% 80,0%

Sudeste Sul Brasil Centro-Oeste Nordeste Norte

Taxa de sobrevivência das MPE's

Empresas constituídas em 2005 Empresas constituídas em 2006 Empresas constituídas em 2007

Ainda em se tratando de taxa de sobrevivência das MPE’s após 2 anos de atividade o Quadro 5 demonstra que a região Sudeste apresenta um índice de sobrevivência superior às demais regiões e à média nacional enquanto que a região Norte apresenta os piores indicadores dentre todas as regiões do país. As regiões Sul e Centro-Oeste apresentaram índices vertiginosos de crescimento na taxa de sobrevivência e a região Nordeste apresentou estagnação.

Ainda com o intuito de ofertar mais dados que envolvam a natalidade e mortalidade das MPE’s tem-se a Figura 1 :

Figura 1 – Nº de empresas apuradas entre 2011 e 2013 no Brasil por segmento de atuação. Fonte: (IBGE, 2016).

Como até abril de 2016 não havia registros oficiais sobre a taxa de natalidade e mortalidade das MPE’s brasileiras criadas em período posterior ao ano de 2007 optou-se por utilizar informações contidas no (IBGE, 2016) para apontar a correlação entre taxa de natalidade e mortalidade das empresas no período de 2011 a 2013.

A Figura 1 demonstra que em todos os segmentos o número de empresas criadas supera o de empresas encerradas. A indústria, a construção civil e o comércio apresentam variação levemente positiva do número de empresas em relação ao período anterior enquanto que no setor de serviços este incremento do número de empresas foi mais acentuado.

São vários os cenários que podem contribuir para a sobrevivência das MPE’s, destaca- se o empreendedorismo e políticas públicas adequadas às suas necessidades como ferramentas principais ao seu desenvolvimento (ACCA, 2010).

Registra-se que no universo das MPE’s os índices de abertura e fechamento das - 200.000 400.000 600.000 800.000 1.000.000 1.200.000 1.400.000 1.600.000 1.800.000

Indústria Construção Civil Comércio Serviços Nº de empresas no Brasil por segmento

empresas está fortemente atrelado as condições socioeconômicas a que estas estejam submetidas. Para Santos, Alves e Almeida (2007) este movimento deve-se principalmente a capacidade de ação estratégica das MPE’s na resposta as influencias ambientais.

Outro ponto que merece destaque quando se fala das razões causadoras do fechamento prematuro das MPE’s é a falta de habilidade ou a insuficiência desta quando relacionada ao caráter empreendedor dos dirigentes proprietários das MPE’s. Para Pereira et al. (2009) existem deficiências capitais que patrocinam o encerramento prematuro do negócio, dentre as quais merecem destaque: deficiência no planejamento antes da abertura da empresa e deficiência na gestão após a abertura do negócio.

Por último destacamos que a ineficiência na gestão financeira e operacional das MPE’s merece destaque quando tratamos de causas da mortalidade destas conforme afirmam Santos, Silva e Neves (2011) e também como fator sine qua non para evitar essa mortalidade a incessante busca pela inovação.

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