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A teoria dos dois fatores de Herzberg indica que os fatores de motivação e satisfação no trabalho podem ser divididos em higiênicos e motivadores. Os fatores higiênicos abrangem os aspectos vinculados à organização, que fogem do controle do funcionário. Já os fatores motivadores relacionam-se a uma perspectiva intrínseca, referente ao reconhecimento e à valorização.

A percepção referente aos fatores motivacionais pode ser verificada nas seguintes respostas:

Minhas realizações se referem à atividade no trabalho e às atividades no dia a dia, elas estão casadas no mesmo nível, o que eu penso é em estar bem, estar evoluindo associando a vida pessoal com a profissional, mas sempre estando bem. O trabalho tem que permitir que você seja feliz aqui dentro, senão não somatiza. Levar minha filha na natação e fazer outras coisas relacionadas à família, isso é oxigenação. A época mais infeliz no meu trabalho foi quando eu fui sufocado, estava na gestão dando aula e não tinha tempo, a recompensa financeira é pouca mas eu acho que, independente do valor, nunca compensa. Meu orientador falava: já tive vários cargos de gestão e o retorno financeiro nunca compensou, eu gerei desafetos, tive intrigas e isso nunca compensou. Mas isso vai muito da maturidade. A pessoa, às vezes, ela não sabe onde quer chegar, aí pega muita coisa, e depois passa uns 10 anos ela lembra: mas como eu fiz isso? É uma questão de maturidade, pessoa vai amadurecendo e vai delimitando os caminhos. (ENTREVISTADO 3)

Eu me sinto realizado. Sinto a falta do doutorado, que é o que eu quero fazer. Minha última realização vai ser o doutorado. Mas, de uma forma geral, eu me sinto satisfeito. Não fiz por exemplo, por uma questão de opção, optei por assumir uma coordenação ao invés do doutorado que eu poderia estar fazendo hoje. Não estou fazendo por causa da coordenação. (ENTREVISTADO 11)

Vejo que estou crescendo pessoalmente e profissionalmente, mas já consegui bastante coisas, diria que estou em ascendente, mas já tenho sim a sensação de que consegui bastante coisa. (ENTREVISTADO 9)

Eu vejo que um passo bastante importante foi fazer o doutorado. Foi uma visão bem diferente da que eu tinha. O período que eu passei no Instituto antes do doutorado eu tinha uma visão sobre pesquisa, mas era uma visão totalmente diferente da que eu consegui com o doutorado. Então me deu um ganho muito grande para me desenvolver pessoalmente no trabalho. Em relação à minha vida particular, eu entendo que estou atendendo também uma parte do que eu almejava […]. Então eu tenho essa visão tanto profissionalmente aqui quanto fora também. (ENTREVISTADO 10)

A percepção dos entrevistados referente aos aspectos dos fatores motivacionais, permite que possamos defini-los, de acordo com a teoria dos dois fatores, como estando na situação de satisfação. Foram relatados sentimentos de reconhecimento, realização e satisfação tanto profissional quanto pessoal. Até os professores que entendiam ainda estar buscando algum tipo de crescimento, relataram possuir esse sentimento intrínseco de reconhecimento. É possível observar também que houve referências às situações que abordaram aspectos pessoais, isso se deu em virtude da ampliação do contexto quando os docentes se referiam às suas realizações.

O outro fator analisado faz referência aos fatores higiênicos. A respeito desses fatores, foram extraídas as seguintes falas:

Eu acho as condições de trabalho muito boas, muito boas mesmo. Falta pessoal, principalmente num campus como o nosso […]. O número nosso de atendimento é maior, então eu acho que falta pessoal, falta recurso humano […]. Mas, mesmo com essa questão da falta de recurso humano, eu vejo que nós temos condições de

trabalho muito boas. (ENTREVISTADO 2)

Uma crítica séria que eu faço em relação à instituição é referente à distribuição de pessoal. É uma crítica que eu até já comentei com alguns colegas e com o diretor. Essa política de pessoal, referente à distribuição e à divisão, deveria ser repensada. Eu acho essa distribuição hoje extremamente injusta […]. Não sei se é verdade, mas eu ouvi um comentário de um colega, há pouco tempo, de que tem setores na reitoria que tem uma maior quantidade de técnicos do que um campus inteiro, um setor específico com mais técnicos do que um campus. Se isso for verdade, então o negócio está crítico. Nós brigamos por vaga de professor, tem que ter professor, tudo bem, mas tem coisa que não tem como o professor desenvolver. Às vezes o serviço é do técnico. Hoje é artigo de luxo você ter um técnico-administrativo para trabalhar. (ENTREVISTADO 4)

A gente vê umas políticas administrativas que vem desde o congresso, que elas estão incrustadas dentro das instituições também, então é um reflexo. A gente vê que fulano prefere ciclano, ou prefere outro, mas não leva em consideração a sua competência, então é uma política que ela vem vigorando durante muito tempo, e eu acho que isso é uma injustiça. Para você conseguir os cargos, deveria ser feito um processo mais democrático, um processo mais aberto onde todos teriam a possibilidade de estar conseguindo esses cargos e salários que são ofertados.

Em relação à estrutura, vejo que na sala de aula a estrutura é muito boa. O laboratório também tem uma estrutura muito boa, nós sempre estamos buscando a compra de novos equipamentos para melhorar.

Eu acho que a condição de trabalho não é boa, não por motivo de gestão, mas por motivo do coletivo mesmo, falta estrutura.

Entendo que as políticas administrativas podiam ser melhores também. Muitas vezes a gestão, e aí é com um todo, inclusive a reitoria, principalmente, ela determina algumas coisas de forma unilateral, de forma a beneficiar os servidores, mas nós não estamos aqui para beneficiar servidor, estamos aqui para beneficiar a comunidade […]. (ENTREVISTADO 11)

Eu vejo que as condições de trabalho são boas, apesar de nós termos dificuldade com relação à expansão que foi feita de uma forma meio que sem o retorno específico do Ministério da Educação. Por exemplo, a gente precisaria de um novo prédio para expandir, precisaria de uma melhor infraestrutura e de mais professores. Então acabou que expandiu muito rapidamente e a gente ficou com deficit de alguma coisa. Mas, de uma forma geral, eu vejo que está bom, não tenho nenhum tipo de problema com isso não.

Vejo que as políticas administrativas do órgão são satisfatórias, eu não tenho sido prejudicado por nenhum tipo de política administrativa. (ENTREVISTADO 6) Eu acho que as condições de trabalho são boas, são possíveis dentro daquilo que é a nossa função. Faço uma comparação com as escolas onde eu passei, então eu vejo que a infraestrutura aqui é bem melhor […].

Eu não conheço as políticas administrativas de hoje referente ao afastamento porque no tempo que eu fui afastado eram outras políticas. Hoje tem outros critérios, então eu não saberia falar. Eu sei que na ocasião em que eu fui beneficiado, eu achei adequado porque eu fui beneficiado. Pelo critério utilizado, eu fui beneficiado, então eu não tenho do que reclamar. Mas eu vejo que é complicado eu afirmar alguma coisa porque eu não acompanho as políticas que são aplicadas atualmente. (ENTREVISTADO 13)

Pelas análises, é possível identificar que, apesar de alguns entenderem que as condições de trabalho proporcionadas pelo órgão precisam melhorar, de uma maneira mais ampla, o entendimento em grande parte das falas ressaltam as condições de trabalho como boas.

Durante as entrevistas foi possível verificar que alguns setores estão mais estruturados do que outros, sendo que muitos estão em expansão. As boas condições de trabalho atuam nos fatores higiênicos e podem auxiliar de forma a evitar as fontes de insatisfação.

Referente às políticas administrativas, identificou-se nas entrevistas que houve uma certa dificuldade dos docentes ao avaliar essas políticas de forma geral, ou em entender o que poderia se enquadrar como uma política administrativa. Alguns fizeram uma análise específica em relação a um tipo de política como, por exemplo, de remoção e de afastamento, mas outros analisaram essa questão de forma geral.

Nas análises individuais, geralmente os entrevistados relataram sentirem-se satisfeitos com as políticas administrativas pois elas acabaram beneficiando-os de alguma forma. Na análise mais geral, dois fatores chamaram a atenção e se mostraram como fontes de insatisfação em relação às políticas administrativas. O primeiro fator refere-se ao dimensionamento da força de trabalho. Nessa situação, há a identificação de que a instituição precisa de mais pessoas e também de que a alocação dessas pessoas precisa ser mais justa. O segundo fator faz referência à expansão da instituição. Nesse aspecto, a percepção é de que a instituição expandiu e precisa se expandir, mas essa expansão ocorreu de forma desordenada. Na verdade, pode-se interpretar que os problemas referentes ao quadro de pessoal também são decorrentes da expansão que ocorreu de forma muito rápida e sem o devido controle por parte dos órgãos superiores.

Importante alertar que outros aspectos referentes aos fatores higiênicos já haviam sido verificados em tópicos anteriores, como é o caso da satisfação com o salário, do status e da segurança no trabalho, sendo que esses aspectos foram percebidos positivamente pelos entrevistados.

Com isso, considerando as situações indicadas, a análise da teoria dos dois fatores nos permite inferir que os docentes entrevistados podem ser classificados como satisfeitos, em relação aos fatores motivacionais, e não-insatisfeitos, em relação aos fatores higiênicos, o que, teoricamente, demonstra que os professores entrevistados estão motivados no trabalho.

Por fim, é importante também relembrar a crítica feita a esse modelo no sentido de que o foco na satisfação não pode ser utilizado de forma absoluta para explicar também a questão da motivação.

A última teoria sobre motivação no trabalho a ser estudada é a teoria da fixação de metas, conforme consta no próximo tópico.

4.10 A MOTIVAÇÃO DOS PROFESSORES DO IFNMG DE ACORDO COM A