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Motivação para a realização do Estudo

No documento TERESA.SILVEIRA.Tecnologias.Informacao (páginas 48-53)

Este contexto universal de crise e mudança dos sistemas educativos tem vindo a repercutir-se também em Portugal com especial incidência desde a mudança de regime político operada em 25 de Abril de 1974.

O fim do Império Colonial com o repatriamento de mais de um milhão de pessoas, a adaptação da economia portuguesa à União Europeia, o fim da

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tradicional emigração, a liberdade de expressão individual e política, uma maior abertura a modos alternativos de ser e de estar na sociedade, a massificação de acesso a todos os níveis de ensino, a crise demográfica do país, a terciarização e a completa modificação da economia devido às tecnologias da informação e comunicação são razões mais do que suficientes para minarem um edifício escolar construído por e para uma sociedade completamente diferente da actual.

Só depois da Revolução de Abril se começaram a desenvolver em Portugal, com alguma dimensão e qualidade, centros de investigação em Ciências da Educação, pelo que talvez estejamos ainda mal equipados em termos de visões e experiências que permitam balizar os caminhos a trilhar no futuro da educação. E o que se diz a respeito do sistema educativo como um todo pode-se afirmar também em relação à formação de professores.

Com este trabalho de investigação , pretendemos contribuir um pouco mais para esta temática que decorre da junção das tecnologias, da formação de professores e das metodologias de ensino. Esta está espelhada em dois aspectos fundamentais da nossa vida profissional.

O primeiro resulta de várias reflexões sobre a tomada de consciência de um percurso profissional simultaneamente como docente na Licenciatura de Professores do 1º ciclo do Ensino Básico (nos últimos oito anos) e como Coordenadora e Professora de um curso profissional na área da educação infantil (5 anos ) onde nos vimos confrontadas a utilizar e a integrar as TIC.

O segundo surge na sequência deste caminho que pretendemos seguir para alterar o nosso discurso pedagógico e acompanhar a evolução tecnológica dos dias de hoje, em virtude de considerarmos que o corpo docente de qualquer nível de ensino deve usar apropriadamente as novas tecnologias de informação e comunicação, em particular no ensino da sua áera e na sua actividade docente.

Partindo do Plano Tecnológico da Educação que prevê como seu objectivo principal colocar Portugal entre os cinco países europeus mais avançados na modernização tecnológica do ensino em 2010, urge então que as escolas de formação inicial, como a nossa, preparem os seus alunos nesta esta área em todas as suas dimensões, profissional, social e ética; para o desenvolvimento do ensino e

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da aprendizagem; para a participação na escola e sua relação com a comunidade e do desenvolvimento profissional ao longo da vida.

À escola, nos dias de hoje, também está reservado o papel de democratizar o acesso às inovações tecnológicas, na tentativa de reduzir a “brecha digital” (fosso digital). O fosso digital não existe tanto ao nível da conectividade, mas ao nível da capacidade educativa e cultural de utilizar a Internet, na opinião de Castells (2002), na capacidade de aprender a aprender. Ainda para este autor, este deve ser mais um aspecto a ter em conta, quando se fala nas novas tecnologias, o aspecto social. Ainda estamos longe de todos terem acesso a este tipo de ferramenta/instrumento, pelo que a escola (Sistema Educativo) deve ser o bastião da igualdade de oportunidades.

A formação dos novos professores relativamente às TIC deve contemplar aspectos que permitam aos mesmos adquirirem a capacidade de usar as TIC para a realização do seu trabalho pessoal e para a sua prática profissional, tanto na escola como na relação com a comunidade.

Todo este percurso profissional é pautado pelo nosso interesse na temática que envolve o ensino, a escola, a formação de professores, numa primeira fase trabalhando directamente com os alunos e envolvendo-os sempre que possível. Numa segunda fase transmitindo aos futuros profissionais a importância do seu papel para a utilização/integração das novas tecnologias no processo educativo e na relação destas com a escola.

Esta necessidade de acompanhar um mundo em constante transformação a todos níveis e de contribuir para um maior sucesso escolar, envolvendo e integrando as respectivas famílias, leva-nos a reflectir sobre a pertinência e importância da elaboração de um estudo acerca desta temática abordada nesta investigação. Para além disso, à escola e aos professores cabe o papel de minimizar o efeito da “brecha digital”, no sentido de reduzir os “infoexcluídos”.

Como motivação para concretizar este trabalho acresce ainda o gosto pela vertente humana, fonte de afectos e partilhas baseados na realidade do dia a dia e que dão sentido ao exercício do nosso trabalho. É com a família e com a escola que

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a criança cresce, desperta a sua curiosidade e o desejo de aprender e se torna um futuro profissional competente em TIC.

Num mundo global, em constante mudança, é nossa obrigação promover a transformação como cidadãos activos, permitindo que haja descoberta, criatividade e aprendizagens construtivas e significativas, que permitam a realização da pessoa.

Para Imbernón & Bonafé (2008), todo o projecto que é inovador acarreta implicitamente uma atitude de busca e de curiosidade por parte dos professores. A forma como se constrói esta identidade tem repercussão nos processos educativos e, por isso, a inovação deve ser intrínseca ao processo formativo e de profissionalização como tarefa colectiva, no objectivo geral da escola.

Para estes mesmos autores existem requisitos para se poder inovar:

• A atitude (mudar a prática significa mudar-se a si mesmo); uma revisão profunda das escolas e instituições de formação inicial e contínua será impriscindível para gerar novos desejos, teorias e práticas inivadoras.;tarefa colectiva.; dar a palavra aos professores.

É neste contexto que estes autores falam de redes educativas, que recorre e se baseia numa multiplicidade de vozes e de intervenientes. Na Figura 1. podemos visualizar a formação das redes educativas.

Figura. 1. Redes Educativas (Flor García (1))

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Por isso, para inovar, não é suficiente que os professores se envolvam em grupos e redes de intercâmbio, mas sim que se convertam num “praticante reflexivo”, que o grupo ou a rede lhe dê espaço para pensar, para deliberar, para reflectir sobre a educação e na educação, e em novos processos e ideias.

Continuando com o pensamento destes dois autores, sobre o alcance das redes e que nos remete para um novo desafio socioeducativo

:

“ Las redes de profesorado puedem ser una importante herramienta de formación intercentros no unicamente como intercambio de experiencias sino que possibilitan la participación para reflexionar sobre los problemas y las situaciones problemátcas comunes,…” (Imbernón & Bonafé (2008).

Flecha e Luengo (2008), referem que toda a aprendizagem necessita de ser feita em colaboração e com interagindo, para ser aquirida de uma forma sustentada e firme. Por isso, é necessário mudar profundamente a formação de novos professores e a forma como é gerido o espaço da sala de aula, para que haja possibilidade de a escola se abrir às famílias e à comunidade.

Figura 2..Novos desafios socioeducativos: dificuldades e possibilidades (Flor García (1))

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Como é que se pode então alterar o sistema? Uma resposta pode estar no pensamento Hargreaves (2003):

No mundo da “Wikipédia ou Web 2.0” que é um sistema aberto e mútavel em profunda mudança constante. Neste contexto, e com um modelo de escola a ponto de ser substituído, é necessário que se dê uma explosão que permita inovar o sistema e incremente diversidade e disparidade entre as escolas e que os converta em verdadeiras comunidades de aprendizagem.

3. Organização da Tese

Este trabalho está organizado em cinco partes: a Introdução, o Marco

Teórico, Marco Metodológico, Interpretação e Discussão dos Resultados, as Conclusões e os Anexos.

Na Introdução tecem-se algumas considerações iniciais com vista à sua contextualização bem como aos motivos depois, faz-se o enquadramento do estudo em questão, definindo os objectivos e a hipóteses a investigar, refere-se a emergência de um novo paradigma e a importância deste trabalho.

Figura 3. Redesenhar o sistema, mas como? (Flor García (1))

No documento TERESA.SILVEIRA.Tecnologias.Informacao (páginas 48-53)