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Paradigmas e Modelos

No documento TERESA.SILVEIRA.Tecnologias.Informacao (páginas 79-84)

PARTE I MARCO TEÓRICO

CAPÍTULO 1. AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

1.4. Paradigmas e Modelos

Qualquer investigação necessita de estar fundamentada num paradigma e obriga a uma metodologia própria , sem os quais corre o risco de não ser aceite , nem reconhecida pela comunidade científica. Investigar é um processo mediante o qual se descobrem conhecimentos novos.

Existem diferentes posições sobre o que é investigar:

para Dunkin e Biddle (1974) – “ investigar equivale a aplicar o método científico à resolução de problemas”

para Stenhouse (1984) – “ investigar é um processo segundo o qual os professores sistematicamente reflectem sobre a sua prática e utilizam o resultado dessa reflexão para melhorar a sua docência.”

Um paradigma é aquilo que nos permite olhar o mundo e identificar o que nele é, para nós , importante Bogdan e Biklen (1994). Ou ainda, um conjunto de crenças básicas que tratam de princípios elementares ou do foro mais profundo.

Representa a visão do mundo que cada um tem, da sua natureza e do lugar que cada sujeito ocupa no mundo Guba e Lincoln (1994). As crenças dizem respeito

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a um conjunto de pressupostos básicos sobre a natureza das coisas que enformam o nosso pensamento e que admitimos verdadeiros. Embora possam ser mais ou menos justificados, não é possível, em última instância, comprovar ou refutar a sua veracidade.

Existem diversos tipos de paradigmas que enunciam diferentes metodologias científicas de abordagem de uma determinada investigação: positivistas, interpretativos e críticos . A cada um deles está subjacente uma filosofia que o identifica, por exemplo, o positivismo e o empirismo; a fenomenologia analítica e a crítica.

Kuhn (1962) chega a definir paradigma como: ” conjunto de realizações científicas, reconhecidas universalmente que durante um certo tempo, proporcionam modelos e soluções a uma comunidade científica.”

“Esta definição irá implicar uma mudança radical. Não vai ser a realidade que determina uma teoria científica, mas sim a comunidade científica, espécie de guardiã reguladora do saber

que vai determinar a forma como se deve entender a realidade e a ciência”.

(Alfredo Rodríguez García, SEMINÁRIOS CURRICULARES, 2006 ) .

Desta forma, a filosofia vai ter como referência as ciências naturais, interpretativas e críticas tendo cada uma delas a sua especificidade e o seu centro de interesse e a sua realidade. Por sua vez, o conhecimento da realidade pode ser objectivo, subjectivo e comprometido.

O estudo da realidade pode ser linear, progressivo e transformador da mesma. A perspectiva que queremos estudar deverá assentar num método quantitativo, qualitativo ou dialéctico.

Para Fernandes (1991) a investigação dita quantitativa tem sido o paradigma dominante da investigação em educação. Afirma este autor que muitos dos resultados mais relevantes que influenciam a forma como hoje se ensina ou se aprende foram obtidos através de estudos tipicamente quantitativos. Os investigadores utilizaram de forma sistemática processos de medida, métodos experimentais ou quase experimentais, análise estatística de dados e modelos

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matemáticos para testar hipóteses, identificar elações causais e funcionais e para descrever situações educacionais de forma rigorosa.

Embora a investigação quantitativa seja preponderante e tenha permitido avanços muito significativos com refere este mesmo autor, é necessário reconhecerem-lhe limitações que são inerentes aos métodos que lhe são específicos.A investigação qualitativa e os seus métodos são uma resposta às limitações reveladas pelos métodos quantitativos, tias como a investigação antropológica e etnográgica.

Em educação a ciência deve ter como base um paradigma que seja crítico e dialéctico e que seja suportado pela investigação acção conduzindo a transformações que visem um melhor desenvolvimento do homem a todos os níveis.

Importa referir que as filosofias que estão na base de cada um destes métodos são de natureza bem distinta. O positivismo de Augusto Comte fundamenta o paradigma quantitativo.

A utilização dos métodos tem a ver com o problema que pretendemos investigar, o conteúdo tem a ver com o paradigma que utilizamos. Em linhas gerais considera-se que existe uma realidade objectiva que o investigador tem de ser capaz de interpretar objectivamente, cada fenómeno deverá ter uma e só uma interpretação objectiva (científica).

Em seguida apresentamos o Quadro 3 que resume o paradigma positivista em quatro vertentes, a metodologia, a investigação, o objectivo e a obtenção de informação.

Quadro 3 . Paradigma Positivista

Metodologia Investigação Objectivo Obtenção de

Informação Empírico Analítica Experimental Quase experimental Descrever Predizer Explicar Constatar modelos Testes Questionários Entrevistas Perguntas Observação

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sistemática

O idealismo de Kant e seus sucessores está na base do paradigma qualitativo. Aqui não se considera a existência de uma só interpretação (objectiva) da realidade, pelo contrário admite-se que há tantas interpretações da realidade quanto os indivíduos (investigadores) que a procuram interpretar.

Assim o paradigma que servirá de base ao nosso Projecto de Investigação será o Paradigma Positivista. Tentaremos descrever, analisar e explicar a prática educativa relativamente à utilização e/ou integração das TIC na Formação Inicial obedecendo a critérios objectivos, procuraremos comprovar e explicar alguns dos fenómenos.

Utilizaremos sobretudo métodos quantitativos através da via dedutiva, na 1ª e 3ª fases do nosso projecto de investigação. Uma das intenções da pesquisa vai no sentido de procurar práticas eficazes na aprendizagem. Vários autores defendem actualmente a pertinência do desenvolvimento da investigação na prática profissional do professor (Alarcão, 2001; Lytle e Cochran-Smith, 1990; Ponte, 2002). Sendo a investigação um processo de construção de conhecimento, a investigação prática realizada pelos próprios práticos é decisiva não só para o desenvolvimento do corpo de saberes sobre a prática, fornecida por uma visão dentro da escola, como igualmente no seu próprio desenvolvimento profissional.

Segundo o mesmo autor, podem ser apontadas quatro razões para que os professores façam pesquisa sobre a sua própria prática:

(i) para se assumirem como autênticos protagonistas no campo curricular e profissional, garantindo mais meios para enfrentar os problemas emergentes dessa mesma prática;

(ii) como modo privilegiado de desenvolvimento profissional e organizacional;

(iii) para contribuírem para a construção de um património de cultura e conhecimento dos professores como grupo profissional;

(iv) como contribuição para o conhecimento mais geral sobre os problemas educativos.

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Outros autores seguem esta linha de pensamento e reflexão, para Lytle e Cochran-Smith (1990), a investigação realizada pelos professores “torna acessível (à generalidade das pessoas) alguma da sua competência e proporciona às comunidades universitária e escolar outras perspectivas importantes sobre o ensino e a aprendizagem”.

Zeichner e Nofke (2001) sustentam que a investigação realizada pelos profissionais sobre a sua prática, longe de constituir um mero processo de desenvolvimento profissional, representa um importante processo de construção de conhecimento.

Numa 2ª fase e tendo em conta a natureza qualitativa do seu objecto e os objectivos a atingir, vai centrar-se em procedimentos interpretativos e heurísticos de análise e interpretação de dados.

O carácter evolutivo do plano de investigação qualitativa permite que as perguntas a colocar e os dados a recolher decorram do próprio processo de investigação. Torna-se contudo, fundamental ao investigador recorrer a determinados instrumentos de recolha de dados, podendo constituir-se neste campo, a entrevista. Esta foi utilizada para recolher dados descritivos na linguagem do próprio sujeito Bogdan e Biklen (1994).

Ainda de acordo com os autores atrás referidos, e no contexto do presente estudo, em que recorremos à entrevista semi-estruturada como instrumento de recolha de dados, cada palavra dos protagonistas assume particular importância pois aquilo que eles experimentam e o modo como interpretam e estruturam as suas experiências serão fundamentais para a investigação.

Os dados, elementos que formam a base da análise, incluem matérias que os investigadores registam activamente, como, por exemplo, nas transcrições de entrevistas.

Estes dados serão sujeitos a uma análise que envolve a sua organização, divisão em unidades manipuláveis, síntese, procura de padrões, descoberta dos aspectos importantes e a decisão sobre o que vai ser transmitido a outros - procedimento que se denomina análise de conteúdo Bardin (1995).

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Sempre que se tornar pertinente, e na tentativa de um maior rigor, precisão e validade desses mesmos dados, bem como no sentido de evidenciar o seu significado e a partir da contabilização das frequências, a procedimentos de carácter qualitativo e quantitativo (Lessard; Hébert, 1994, e Alassuutari, 2000).

No documento TERESA.SILVEIRA.Tecnologias.Informacao (páginas 79-84)