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2.4 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

2.4.2 Motivação

Pelo fato das pessoas dedicarem grande parte de suas vidas às empresas onde trabalham, há uma construção do estilo de vida, do seu sistema de valor e do seu interesse central de vida em torno do seu trabalho. Esses fatores já são suficientes para que se observe que a preocupação não é só monetária. Daí surge a motivação; a qual se refere aos “desejos, aspirações e necessidades que influenciam a escolha de alternativas, determinando o comportamento do indivíduo” (KWASNICKA, 1995, p. 56).

O conceito de motivação é apresentado por Robbins (2000, p. 342), como “disposição de exercitar um nível persistente e elevado de esforço na direção de metas organizacionais, condicionada pela capacidade do esforço de satisfazer certa necessidade individual”.

Motivação é o processo de mobilização de energia que ocorre individualmente com cada um, é algo interno do indivíduo. Os motivos são as formas de tensão que ocorrem nos indivíduos (KWASNICKA, 1995). A GRH deve procurar o que motiva o individuo e, assim, criar um ambiente ou clima que possibilite a satisfação individual de necessidades e objetivos organizacionais, por extensão. Neste caso, a autora aponta que a empresa não deve contar com o simples tratamento premiação/punição, pois muitas vezes quando se acredita estar premiando, pode-se ter um resultado negativo, a desmotivação.

De acordo com Kwasnicka (1995, p. 56), a motivação consiste nos seguintes elementos:

a) Cada indivíduo tem necessidades, as quais variam em intensidade e persistência;

b) A satisfação dessas necessidades é o objetivo ou fim em torno do qual a motivação é dirigida;

c) Quando se define o objetivo, isso é traduzido em desejo;

d) A atividade proposta resulta da aplicação de um incentivo ou estímulo para atingir o objetivo.

Existem diversas teorias acerca do tema motivação, extremamente importantes, advindas de pesquisas intensivas em organizações, para descobrir a melhor forma de motivar pessoas, dentre estas estão: teoria de hierarquia de necessidades, de Maslow;

teoria de higiene, de Herzberg; teoria de participação, de McGregor; teoria da interação, de Homans; e, teoria das restrições motivacionais, de March e Simon. O quadro, abaixo, apresenta as teorias dos autores citados acima, apontando a ineficácia e eficácia de cada (Quadro 1).

Ineficácia Eficácia Teoria

Maslow Fixação em baixa necessidade Auto-realização Hierarquia das necessidades

Herzberg Higiene Motivar significa trabalhar Higiene

McGregor Prática administrativa

desmotiva (X)

Convite à inovação (Y) Participação

Homans Individualismo Interação, participação e

cooperação

Interação

March Smith Não-identificação com a

empresa

Identificação com a empresa Limitação motivacional

Quadro 1: Escala linear das teorias. Fonte: Kwasnicka, 1995, p. 62.

Ainda são apontadas outras teorias motivacionais por Casado (2002): a teoria de Clayton Alderfer, a teoria da determinação de metas de Edwin Locke, a teoria da equidade e teoria da expectativa de Victor Vroom.

Na primeira teoria, Alderfer cria um modelo revisto da hierarquia de Maslow. Já a teoria de determinação de metas, apresenta a necessidade que as pessoas têm de vislumbrar objetivos claros e diretrizes bem definidas. A teoria da equidade, a mais recente, resultou de trabalhos independentes, mas convergentes, de diversos estudiosos. O grau de equidade nessa teoria é definido em termos da razão entre a entrega individual e a recompensa, comparada a uma relação similar para outra pessoa que seja relevante em termos de comparação (CASADO, 2002).

E por fim, a teoria da expectativa de Vroom, a qual vê o indivíduo como um ser pensante, possuidor de desejos e crenças, que atua com base na antecipação e no planejamento dos eventos de sua vida, colocando em suas ações o esforço necessário e a direção apropriada de modo a atingir seus objetivos (CASADO, 2002).

Cada teoria possui uma visão da natureza humana, cada homem tem peculiaridades, preferências e processo motivacional. Assim, cada teoria se aplica diferentemente às distintas visões do homem e da vida, as características individuais exercem papel importante nas diversas visões. Sendo assim, Casado (2002, p. 257) aponta que “é útil integrar às teorias a noção de traços de personalidade como diferenciadores do comportamento humano”.

De acordo com Resnik (1990), uma importante forma de motivação dos colaboradores é a por meio do próprio trabalho, sendo que o autor cita quatro formas de tornar isso possível: através do exemplo pessoal do proprietário-gerente, propiciando delegação, reconhecendo as realizações e encorajando ideias para o aperfeiçoamento (ouvindo os colaboradores).

Corroborando com o exposto por Resnik (1990) e apontando alguns aspectos de forma similar, Gil (2002) indica oito formas para tentar motivar os colaboradores, sendo elas: valorizá-los, reconhecer avanços, encorajar iniciativas, oferecer incentivos, enriquecer funções, delegar autoridade, fazer avaliações e promover mudanças.

Segundo Robbins (2000), alguns planos vêm sendo aplicados para gerar motivação nos colaboradores das organizações, como: envolvimento do colaborador, remuneração variável, planos salariais baseados na habilidade, locais de trabalho favoráveis à família e programas de reconhecimento.

O envolvimento do colaborador representa um processo participativo que utiliza a capacidade total dos colaboradores, para incentivar aumento de comprometimento com o sucesso da organização. Pode ser realizado através da administração participativa, da participação representativa, de círculos de qualidade e de planos de participação acionária (ROBBINS, 2000).

Para o colaborador, não apenas a remuneração é fator motivador, mas também os benefícios recebidos. Da mesma forma, os programas de reconhecimento, os quais representam a simples aprovação das atividades desenvolvidas pelo colaborador, têm forte influência na motivação dos colaboradores. Robbins (2000) aponta que, ao premiar um comportamento através do reconhecimento imediato após a prática, a repetição deste tende a ser encorajada.

Segundo Casado (2002), cabe ao gestor identificar os norteadores de comportamento dos colaboradores, assumindo a natureza intrínseca e individual da motivação de modo a direcionar a energia que naturalmente se encontra dentro de cada um num sentido convergente com os objetivos da empresa e com o crescimento de cada integrante de seu grupo de trabalho. Lacombe (2005) complementa apontando que o ponto de partida para motivar os colaboradores, é conhecê-los, identificar os desejos, necessidades e prioridades da sua equipe.

O autor ainda complementa que o gestor não pode motivar os colaboradores, mas sim os próprios colaboradores se motivam. Ao gestor caberá criar as condições para que a motivação inerente aos colaboradores possa ser canalizada para resultados

atingíveis. É necessário identificar quais os obstáculos que podem estar fazendo a motivação não estar canalizada para o trabalho e, assim, modificar isso.

Outros fatores que estão intimamente relacionados com a qualidade de vida no trabalho e podem ter impactos na motivação do colaborador, são os aspectos relacionados à higiene e segurança no trabalho.