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ð REGIME GERAL

As pessoas singulares não residentes em território português e que aqui obtenham rendimentos são por estes tributados, em regra mediante a aplicação de taxas liberatórias de retenção na fonte a titulo definitivo (pagamento definitivo), traduzindo a forma, digamos, normal de tributar os não residentes, aplicável as situações previstas nas als. a), b), c), d), f), g), i), j), l), m), n) e o) do n.º 1 do art.º 18º. Nestes casos, os não residentes ficam desobrigados de cumprir quaisquer obrigações em Portugal, designadamente, a entrega de declaração de rendimentos.

Estão sujeitos a tributação mediante retenção na fonte por taxas liberatórias, previstas no art.º 71.º do CIRS, sem prejuízo do que se disponha em Convenção de Dupla Tributação que seja aplicável ao caso concreto:

• Os rendimentos de trabalho dependente;

• Os rendimentos profissionais, considerando-se como tais os obtidos no exercício de qualquer

atividade constante da lista a que se refere o art.º 151.º, bem assim como os rendimentos da propriedade intelectual ou industrial e do know-how obtidos por titulares originários.

• As prestações de serviços que sejam consideradas rendimentos empresariais, realizados ou

utilizados em território português, com exceção das relativas à atividade financeira, transportes e comunicações;

• As comissões percebidas pela intermediação na celebração de quaisquer contratos;

• Os rendimentos de capitais pagos por ou através de entidades que aqui tenham sede, direção

efetiva ou estabelecimento estável a que deva imputar-se o pagamento e que disponham ou devam dispor de contabilidade organizada;

• Os incrementos patrimoniais consistentes em:

o Indemnizações que visem a reparação de danos não patrimoniais, exceto as fixadas

por decisão judicial ou arbitral ou resultantes de transação, de danos emergentes não comprovados e de lucros cessantes;

o As importâncias auferidas em virtude da assunção de obrigações de não

concorrência, independentemente da respetiva fonte ou título;

As pensões, complementos de pensões e rendas temporárias ou vitalícias.

São tributados mediante declaração que deve ser apresentada, nos termos e prazo legais à Administração Fiscal, ainda que por intermédio do Representante:

PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO MODELO 3 DE IRS ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

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Os rendimentos profissionais e empresariais imputáveis a instalação fixa ou estabelecimento estável aqui situado;

Os rendimentos prediais;

Os incrementos patrimoniais não sujeitos a tributação por retenção liberatória, nomeadamente as mais-valias.

Os elementos de conexão territorial que permitem a tributação dos rendimentos obtidos em território português encontram-se consagrados no art.º 18º e são constituídos, essencialmente, pela fonte económica dos rendimentos, pela fonte financeira dos rendimentos ou pela localização em território português dos bens ou direitos geradores dos rendimentos.

O facto de alguns rendimentos deverem ser tributados por apresentação de declaração, não impede que o regime de tributação que lhes é aplicável apresente algumas especificidades, resultantes da aplicação de taxa de tributação autónoma, assim:

ü Não é considerado o abatimento previsto no art.º 56-A. °;

ü Não são considerados quaisquer dos benefícios fiscais que só possam ser, nos termos

expressos da lei, atribuídos a residentes;

ü Não são consideradas as deduções à coleta previstas no art.º 78. ° e seguintes, com exceção,

das relativas a retenções na fonte que tenham recaído sobre os rendimentos ou a pagamentos por conta efetuados por estabelecimento estável de não residente localizado em território português;

ü São, porém, considerados os benefícios fiscais aplicáveis aos rendimentos e que não estejam

expressamente excluídos (art.º 71. ° n.º 5 do Código do IRS).

Ao nível da determinação do rendimento tributável, observar-se-ão as seguintes regras:

Þ Os rendimentos sujeitos a taxas liberatórias são tributados pelo seu valor bruto, com exceção

das pensões, às quais se aplicará a dedução prevista no art.º 53°;

Þ O rendimento de atividades empresariais e profissionais, imputáveis a estabelecimento

estável ou instalação fixa situados em território português, ou a atos isolados nele praticados, corresponderá ao rendimento líquido objetivo e será determinado nos termos gerais;

Þ Aos rendimentos prediais serão deduzidos os gastos efetivamente suportados, o IMI devido

pelos prédios arrendados e os encargos inerentes a prédio em regime de propriedade horizontal;

Þ O rendimento imputável a incrementos patrimoniais é determinado de acordo com as regras

gerais.

De acordo com o n.º 2 do art.º 18º do CIRS, entende-se por estabelecimento estável qualquer instalação fixa ou representação permanente através das quais seja exercida uma atividade (das previstas no art.º 3º do CIRS). Trata-se, pois, de uma estrutura, uma realidade física, capaz de indiciar uma atividade com um grau mínimo de permanência no país, como por exemplo, uma exploração agrícola, uma fabrica, uma loja, um escritório, etc.

De harmonia com o disposto no art.º 72. °, os rendimentos que devam ser tributados mediante apresentação da declaração de rendimentos, são tributados às seguintes taxas proporcionais, relativamente ao ano de 2016:

ü Rendimentos imputáveis a estabelecimento estável: 25%; ü Rendimentos prediais: 28%;

ü Saldo positivo entre as mais-valias e as menos-valias de valores mobiliários e instrumentos

PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO MODELO 3 DE IRS ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

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ü Outros rendimentos e outras mais-valias: 28%.

A Lei do OE para 2009 (Lei n.º 64-A/2008 de 31 de dezembro) instituiu um regime especial de tributação para rendimentos de não residentes (mais propriamente de residentes em outro EM da UE ou do EEE, desde que, neste ultimo caso, haja intercambio de informações em matéria fiscal) que se enquadrem nas alíneas a) a d), f), m) e o) do n.º 1 do art.º 18.º. Tratando-se de rendimentos que, quando auferidos em Portugal por não residente, estão sujeitos a retenção na fonte, este regime prevê a possibilidade de, se o imposto retido e pago for superior ao quer resultaria da aplicação da tabela de taxas previstas no n.º 1 do art.º 68º, tendo em consideração todos os rendimentos do seu titular, incluindo os obtidos fora do território nacional, e com dedução dos encargos necessários á sua obtenção, pode o titular do rendimento requerer a devolução da diferença (n.º 8 e 9 do art.º 71º). De acordo com o n.º 10 do art.º 71º, a devolução do imposto retido e pago deve ser requerida aos serviços competentes da AT, no prazo de dois anos contados do final do ano civil seguinte aquele, em que se verificou o facto tributário, devendo a restituição ser efetuada ate ao fim do 3.º mês seguinte ao da apresentação dos elementos e informações indispensáveis a comprovação das condições e requisitos legalmente exigidos, acrescendo, em caso de incumprimento deste prazo, juros indemnizatórios a taxa idêntica a aplicável aos juros compensatórios a favor do Estado. A apresentação do requerimento implica a comunicação espontânea ao Estado de residência do contribuinte do teor do pedido de devolução formulado e do respetivo montante.

ð REGIMES OPCIONAIS

Podem optar por um dos regimes, a seguir referidos apenas os não residentes que residam