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Níveis de prevenção de violência

Prevenção Primordial Primária Secundária Terciária

Objetivos

Diminuição da vulnerabilidade da população idosa, a nível macrossocial.

Evitar o aparecimento de casos de abuso atuando sobre as causas e fatores de risco.

Reduzir a prevalência através da identificação e intervenção precoce de casos ocultos, evitar reincidência e

consequências mais graves.

Reduzir a evolução de situações de violência já identificada ou consequências (sequelas) mais gravosas. Intervenções Informação - desenvolvimento e modificação da imagem e estatuto da pessoa idosa na sociedade, através da valoração de uma imagem mais realista do

envelhecimento e do papel cívico deste grupo populacional

Formação - aumentar e difundir o conhecimento sobre esta etapa de desenvolvimento junto dos profissionais que lidam com a população idosa, e fomentar a investigação científica nesta área

Desenvolvimento de estruturas sociaisde apoio à pessoa idosa, potenciadoras de um envelhecimento ativo.

Sociedade em geral -

divulgação de informação sobre o abuso à pessoa idosa, desenvolvimento de programas que promovam o envelhecimento ativo, desenvolver alternativas ao cuidador familiar Profissionais - Formação e educação dos profissionais Cuidadores Familiares - programas que visam reduzir o stress do cuidador, formação na gestão de comportamentos problemáticos e em estratégias e técnicas de cuidados

Pessoas Idosas -

Sensibilização da população para o abuso, linhas de apoio telefónico, divulgar junto das pessoas idosas materiais que esclareçam os apoios, recursos e serviços existentes ao dispor.

Formação dos profissionais no despiste e formas de atuação nestas situações; estabelecer sistemas de referenciação; equipas multidisciplinares;

estabelecer protocolos de despiste integrados nas rotinas profissionais nas diversas instituições e serviços; estabelecer elementos de referência nas diversas instituições que possam ser elos de ligação com entidades competentes

Elaboração de protocolos de referenciação entre instituições e serviços com interlocutores de referência;

desenvolver/reestruturar serviços de apoio às vítimas (ex. casas de abrigo); protocolos de avaliação multiprofissionais; planear intervenção de acordo com os recursos disponíveis para apoiar a pessoa idosa, a necessidade de assistência à vítima de abuso e a suas imediatas, prioridade que deve ser dada a esses apoios e recursos.

Bibliografia:

Bernal, A., Gutiérrez, B. (Coords) (2005). Malos tratos a personas mayors: Guía de actuación. Madrid: Ministerio de Trabajo y Asuntos Sociales. Secretaría de Estado de Servicios Sociales Familias y Discapacidad, IMSERSO. Obtido a 2 Janeiro

Atendimento

No atendimento preconiza-se que o cliente ou a vítima se sinta acolhida, segura e compreendida em todos os momentos de interação com o profissional que vai averiguar a possibilidade de violência. Há aspetos essenciais a ter em conta como assegurar privacidade à pessoa idosa, manter um bom relacionamento desde o primeiro contacto, confiança mútua como imperativo para ser possível notificar a situação (Phelan, 2010; Ferreira-Alves, 2006) e estabelecimento de relação calorosa, de empatia (pode ser necessário mais que um encontro para se estabelecer uma relação de confiança e a pessoa idosa faça autorrevelações) e de suporte (Ferreira-Alves, 2006); respeito pela pessoa idosa em toda a unicidade e totalidade do seu ser (Berger e Poirier-Mailloux, 1994); proporcionar um ambiente calmo, relaxante e sem interrupções, sentindo-se compreendido e não criticado; assegurar confidencialidade; validar os seus sentimentos, especialmente, o medo e identificar-se como alguém que pretende ajudar e apoiar (Bernal e Gutiérrez, 2005; Bomba, 2006). O atendimento deve ser realizado separadamente da família para assegurar expressões de maior honestidade (Welfel, Danzinger e Santoro, 2000 cit. por Ferreira-Alves, 2006). Em suma,

o atendimento constitui-se como um conjunto de competências que devem estar presentes ao longo de toda a avaliação – e não só nos primeiros momentos do contacto – que visa proporcionar condições para a compreensão do utente e para a construção de confiança mútua (Ferreira-Alves, 2006, p.19).

Durante este processo para além das competências interpessoais, o profissional deve ter conhecimento dos recursos sociais, médicos e legais concretos que podem ser sugeridos ao cliente durante o processo ou no momento da finalização. Não se deve adotar estratégias de confrontação com o cliente, na medida que reduzem a quantidade e qualidade da informação solicitada (Wieland, 2000; Bomba, 2006). Deve-se assumir as declarações da vítima como verdadeiras, respeitar o idoso, cuidador, crenças espirituais e culturais e clarificar que não está sozinho, há ajuda disponível (Bomba, 2006).

Bibliografia:

Bernal, A., Gutiérrez, B. (Coords) (2005). Malos tratos a personas mayors: Guía de

actuación. Madrid: Ministerio de Trabajo y Asuntos Sociales. Secretaría de Estado

de Servicios Sociales Familias y Discapacidad, IMSERSO. Obtido a 2 Janeiro

2012 em: http://www.imsersomayores.csic.es/documentos/documentos/imserso-

malostratos-01.pdf

Berger, L., Mailloux-Poirier, D. (1994). Pessoas idosas. Uma abordagem global. Lusodidacta. Loures

Bomba, P. (2006). Use of a Single Page Elder Abuse Assessment and Management Tool: A Practical Clinician’s Approach to Identifying Elder Mistreatment. Journal of

Gerontological. 46 (3/4), 103-122

Ferreira-Alves, J. (2006). Avaliação do abuso e negligência de pessoas idosas: contributos para sistematização de uma visão forense dos maus tratos. In Abrunhosa, R., Machado, C. (Eds). Psicologia Forense. Coimbra: Quarteto

Phelan, A. (2010). Elder abuse and the community nurse: supporting the patient.

British Journal Community Nursing. 15 (10), 472-478

Wieland, D. (2000). Abuse of older persons: an overview. Holistic Nursing Pratice. 14, 40-50

Entrevista

O enfermeiro deve dispor de algumas estratégias para a entrevista à pessoa idosa de modo a facilitar esta interação, nomeadamente, dar especial atenção à comunicação não-verbal: postura relaxada, tom de voz baixo, expressão facial, mostrar atenção, revelar uma atitude tranquila (Bernal e Gutiérrez, 2005), dar confiança e facilitar a expressão de sentimentos e garantirem confidencialidade (Fernandéz-Alonso e Herrero-Velázquez, 2006), A entrevista à pessoa idosa deve ser realizada separadamente do cuidador possibilitando comparar a história e proteger a vítima (Jayawardena e Liao, 2006; Muehlbauer e Crane, 2006; Wieland, 2000; Fernández-Alonso e Herrero-Velazquéz, 2006); local privado (Muehlbauer e Crane, 2006).

A linguagem deve ser clara e simples (Fernández-Alonso e Herrero-Velazquéz, 2006), repetir as ideias e realizar uma síntese final para assegurar que a informação está correta (Bernal e Gutiérrez, 2005); formular perguntas abertas para possibilitar abertura para contar a sua história (Bernal e Gutiérrez, 2005; Fernández-Alonso e Herrero-Velazquéz, 2006), perguntas gerais sobre o seu bem-estar (Muehlbauer e Crane, 2006), por fatores de risco (Fernández-Alonso e Herrero-Velazquéz, 2006) e não ameaçadoras (Bomba, 2006).

A sensibilidade para realizar as perguntas é determinante para diminuir a acusação das perguntas. A pergunta “ Sente-se seguro em casa?” deve substituir a pergunta “ Sente-se posto em perigo por outra pessoa em sua casa?” (Welfel, Danzinger & Santoro, 2000 cit. por Ferreira-Alves, 2006). Exemplos de perguntas a fazer à possível vítima: “Quem guarda o seu livro de cheques? Sente controlo das suas finanças ou está satisfeito com a forma como estão a ser geridas?”; “ Tem com frequência desacordos com _______ (pessoa que presta cuidados ou que pode estar a praticar violência) ”; Quando vocês discordam de _______o que é que

acontece? Ao cuidador pode-se fazer a seguinte pergunta: “ Cuidar de um pai com

doença de Alzheimer deve ser muito difícil. Alguma vez perdeu o controlo?” (Ferreira-Alves, 2006, pp.20-23).

Existe um conjunto de perguntas recomendado para o despiste durante a entrevista: (1) Alguém lhe fez mal em casa?; (2) Tem medo de alguma das pessoas que vivem

consigo?; (3) Já foi ameaçado?; (4) Já foi forçado a assinar documentos que não entende?; (5) Alguém já lhe colocou dificuldades para ser autosuficiente? (AMA, 1992.

White (2000) também recomenda algumas questões: “Sente-se seguro em casa?; O

que acontece quando o cuidador discorda de si?; É deixado sozinho por longos períodos de tempo?; O cuidador depende de si para abrigo ou apoio financeiro?” Lynch (2006) sugere que se pergunte: “Que dificuldade experienciou recentemente em sua casa?; Alguém lhe coloca dificuldades em casa?; Toma alguma medicação?; Quem prepara as refeições?; É capaz de pagar todas as suas despesas?; Depende de alguém para o ajudar?; Qual o seu plano de segurança?”

Durante a entrevista, os profissionais devem ser capazes de avaliar e sentirem-se confortáveis relativamente ao ato de violência (Wieland, 2000).

Bibliografia:

American Medical Association. (1992). Diagnostic and treatment guideline on elder

abuse and neglect. Chicago: American Medical Association

Bernal, A., Gutiérrez, B. (Coords) (2005). Malos tratos a personas mayors: Guía de

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de Servicios Sociales Familias y Discapacidad, IMSERSO. Obtido a 2 Janeiro

2012 em: http://www.imsersomayores.csic.es/documentos/documentos/imserso-

malostratos-01.pdf

Bomba, P. (2006). Use of a Single Page Elder Abuse Assessment and Management Tool: A Practical Clinician’s Approach to Identifying Elder Mistreatment. Journal of

Gerontological. 46 (3/4), 103-122

Fernández-Alonso, M; Herrero-Velázquez, S. (2006b). Maltrato en el anciano. Posibilidades de intervención desde la atención primaria (II). Aténcion Primaria. 37 (2), 113-115

Ferreira-Alves, J. (2006). Avaliação do abuso e negligência de pessoas idosas: contributos para sistematização de uma visão forense dos maus tratos. In Abrunhosa, R; Machado, C. (Eds). Psicologia Forense. Coimbra: Quarteto

Jayawardena, M., Liao, S. (2006). Elder abuse at end of life. Journal of Palliative

Muehlbauer, M., Crane, P. (2006). Elder abuse and neglect. Journal of Psichosocial

Nursing. 44 (11), 43-48

White, S. (2000). Elder abuse: critical care nurse role in detection. Critical Care

Nursing Quarterly. 23 (2), 20-25

Wieland, D. (2000). Abuse of older persons: an overview. Holistic Nursing Pratice.14, 40-50