• Nenhum resultado encontrado

Números da Educação Básica no Brasil

ENSINO MÉDIO PÚBLICO BRASILEIRO: POLÍTICAS PÚBLICAS E DEMANDAS DA SOCIEDADE

2.1 Números da Educação Básica no Brasil

A Sinopse da Educação Básica Nacional – 2009 (INEP, 2009), indica que nesse ano, do número total de 52.580.452 de matrículas da Educação Básica, 6.762.631 estavam na Educação Infantil, 31.705.528 no Ensino Fundamental e 8.337.160 no Ensino Médio. As matrículas na Educação de Jovens e Adultos – EJA somavam 4.661.332, sendo que 1.566.808 eram na modalidade Ensino Médio. Enquanto as matrículas da Educação Especial Exclusiva correspondiam a 252.687, e na Educação Especial Inclusiva somavam 387.031. No mesmo ano, o total de matrículas na Educação Profissional no Brasil correspondia a 857.195. Esses números podem ser verificados na tabela que segue, incluindo também os dados sobre a Região-Centro-Oeste e o Estado de Goiás.

Tabela n. 1 - Número de Matrículas na Educação Básica, por etapas e modalidades de ensino e segundo a região geográfica e a Unidade da Federação – 2009

NÍVEIS DA EDUCAÇÃO UNIDADES DA FEDERAÇÃO

Brasil Centro-Oeste Goiás

Educação Básica 52.580.452 3.684.018 1.455.476

Educação Infantil 6.762.631 417.449 151.367

Ensino Fundamental 31.705.528 2.287.656 941.225

Ensino Médio 8.337.160 609.722 267.858

Educ. de Jovens e Adultos - EJA 4.661.332 308.441 76.157

Ed. Profissional 861.114 41.649 15.578

Ed. Especial Exclusiva 252.687 18.344 3.161 Ed. Especial Inclusiva 387.031 31.606 13.803

Fonte: INEP – Sinopse da Educação Básica - 2009

Notas: a) o mesmo aluno pode estudar em mais de uma UF; b) o mesmo aluno pode estar em mais de uma etapa.

As tabelas que seguem mostram a distribuição do número de matrículas da Educação Básica e do Ensino Médio por Localização e Dependência Administrativa, segundo a Região Geográfica e a Unidade da Federação em 2009. É importante

73 observar a diferença do número de matrículas entre as esferas pública e privada de ensino. A tabela 2 mostra que a maior parte das matrículas da Educação Básica nacional está nas escolas públicas, particularmente nas esferas estadual e municipal.

Tabela n. 2 - Número de Matrículas na Educação Básica por Localização e Dependência Administrativa, segundo a Região Geográfica e a Unidade da Federação – 2009

Unidade da

Federação Total

Total

Federal Estadual Municipal Privada

Brasil 52.580.452 217.738 20.737.663 24.315.309 7.309.742

Centro-Oeste 3.684.018 13.674 1.810.147 1.287.389 572.808 Goiás 1.455.476 5.590 591.857 620.972 237.057

Fonte: INEP – Sinopse da Educação Básica – 2009.

Nota: o mesmo aluno pode ter mais de uma matrícula.

Quanto se trata do Ensino Médio, a diferença do número de matrículas entre o público e o privado se repete nas distintas unidades geográficas e dependências administrativas. Fica evidente a pequena participação das escolas públicas federais no atendimento aos estudantes da educação básica. Na esfera pública, Estados e Municípios atuam principalmente na Educação Básica. Em comparação com a rede educacional pública brasileira, as escolas privadas atendem a um número mais reduzido de estudantes, geralmente provenientes de setores socioeconômicos privilegiados.

Em nível de Ensino Médio, o maior número de matrículas está na rede pública estadual, como se observa na tabela seguinte.

Tabela n. 3 - Número de Matrículas no Ensino Médio por Localização e Dependência Administrativa, segundo a Região Geográfica e a Unidade da Federação - 2009

Unidade da

Federação Total

Total

Federal Estadual Municipal Privada

Brasil 8.337.160 90.353 7.163.020 110.780 973.007

Centro-Oeste 609.722 5.512 516.594 680 86.936

Goiás 267.858 1.964 229.520 468 35.906

Fonte: INEP – Sinopse da Educação Básica – 2009

74 No Brasil, segundo o IBGE (2010b), no Documento Relatório Síntese dos

Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira – 2010, em 2009 a distribuição percentual de estudantes de Ensino Médio nas redes

públicas e privada de ensino, se apresentava segundo a tabela que segue.

Tabela n. 4 - Distribuição percentual das pessoas que frequentam estabelecimento por nível e por rede de ensino – 2009 – Ensino Médio

Unidade da Federação Ensino Médio

Público Privado

Brasil 86,3 13,7

Centro-Oeste 84,7 15,3

Goiás 84,8 15,2

Fonte: IBGE/2010 – Síntese dos Indicadores Sociais

Como também ocorre em nível nacional, em Goiás a iniciativa privada possui um número menor de alunos matriculados no Ensino Médio, em comparação com a rede pública (estadual, municipal e federal).

Como se observa na tabela que segue, há uma persistência na inversão percentual de pessoas que frequentam o Ensino Superior entre as redes pública e privada do sistema nacional de ensino.

Tabela n. 5 - Distribuição percentual das pessoas que frequentam estabelecimento por nível e por rede de ensino – 2009 – Ensino Superior

Unidade da Federação Ensino Superior

Público Privado

Brasil 22,2 77,8

Centro-Oeste 23,0 77,0

Goiás 24,9 75,1

Fonte: IBGE/2010 – Síntese dos Indicadores Sociais

Segundo o Censo Demográfico Brasileiro de 2010 (IBGE, 2010b), no município de Goiânia, em 2009 havia 62.642 alunos matriculados, sendo que 580 estavam na rede federal, 45.110 na rede estadual e 16.952 na rede privada de ensino. Não há registros de alunos matriculados no Ensino Médio municipal. Ressalta-se que nesse período, no Estado de Goiás, 62.948 alunos frequentes em escolas goianas se declararam brancos, 12.706 se declararam pretos, 78.174 pardos, 19.341 amarelos e apenas 704 se declararam indígenas. Registra-se que nesse estado da federação o número de alunos que não declararam a sua cor foi alto e alcançou o total de 92.492 (IBGE, 2010b).

75 Quanto à faixa etária, no Ensino Médio goiano21, 4.641 dos alunos tinham até 14 anos. Como ocorre também em nível nacional, no Estado de Goiás a maior parte (167.275) dos alunos do Ensino Médio estava na faixa etária entre 15 e 17 anos. Os demais somavam 57.856 com idade entre 18 e 19 anos, 25.061 na faixa etária entre 20 e 24 anos, 5.081 alunos entre 25 e 29 anos, enquanto 6.451 daqueles que frequentaram o Ensino Médio tinham mais de 29 anos (INEP, 2010a).

Estudantes com acesso a educação no Ensino Médio privado têm maiores oportunidades de ingresso no Ensino Superior público gratuito. A precariedade do ensino nas escolas públicas continua sendo ignorada, em todas as instâncias, pelos planejadores das políticas públicas. Prevalecem no setor educacional público, baixos investimentos, aviltantes salários e precárias condições dos trabalhadores da educação, desvalorização da carreira docente, carência de infra-estrutura em laboratórios e bibliotecas. Essa situação é agravada em virtude do descaso governamental na formação inicial e continuada dos professores. Todos esses fatores contribuem para manter as diferenças de classes na oferta da Educação Básica no Brasil: de um lado escola pública de baixa qualidade para os setores sociais da classe trabalhadora e de outro, escola privada de melhor qualidade para os setores socioeconômicos privilegiados.

A inversão de acesso ao Ensino Superior no Brasil indica a permanência de injustiça social na área de educação. Há, entretanto, algumas tentativas de mudanças como a adoção de programas com objetivos de oportunizar, em nível de ensino superior, a inclusão de alunos oriundos de escolas públicas, de pretos, de pardos e de indígenas. Como exemplo desses programas pode-se mencionar o sistema de cotas em que universidades públicas fazem reservas de vagas socioeconômicas e étnico-raciais (alunos oriundos de escolas públicas, negros e indígenas). Há também o Programa Universidade para Todos – PROUNI, que tem como finalidade a concessão de bolsas de estudo integrais ou parciais em cursos superiores em instituições privadas de educação superior. O PROUNI, criado pela Lei nº 11.096, em 13 de janeiro de 2005, oferece isenção de alguns tributos àquelas instituições de ensino que aderem ao Programa (BRASIL, 2009c).

É fundamental, entretanto, que o funcionamento desses programas seja acompanhado e avaliado pelos diferentes setores da sociedade. Nesse campo conflituoso é importante manter uma olhar crítico quanto às contradições que o PROUNI traz na

21 Inclui alunos das várias modalidades do Ensino Médio, segundo Tabela 1.33 divulgada pelo INEP na

76 relação entre o público e o privado no campo educacional, assim como o crescente afastamento do Estado brasileiro de suas responsabilidades educacionais, como decorrência do avanço das políticas neoliberais.

Quanto ao turno frequentado pelos alunos do Ensino Médio, indicado na tabela 6, se forem consideradas as matrículas no Ensino Médio, Magistério e Integrado, do total de 8.337.160 alunos matriculados no Brasil em 2009, 3.964.705 frequentavam o turno matutino, 1.285.183 o turno vespertino e 3.087.272 o período noturno.

Tabela n. 6 - Número de Matrículas no Ensino Médio – Brasil, Centro-Oeste e Goiás – 2009 Unidade da

Federação

Turnos

Total Matutino Vespertino Noturno

Brasil 8.337.160 3.964.705 1.285.183 3.087.272

Centro-Oeste 609.722 335.504 77.231 196.987

Goiás 267.858 151.079 19.359 97.420

Fontes: Fonte: MEC/Inep/Deed – Sinopse da Educação Básica – 2010 Notas: 1) O mesmo aluno pode ter mais de uma matrícula.

2) Intervalo turno matutino: das 06h às 12h59. 3) Intervalo do turno vespertino: das 13h às 16h59.

4) Intervalo do turno noturno: das 17h às 22h59 e de 00h as 05h59.

Com se observa na tabela anterior, o número de matrículas no turno noturno continua elevado, considerando principalmente que se trata de um grupo formado por jovens trabalhadores. É bastante comum no Brasil, infelizmente, que estudantes dos turnos matutino e vespertino também trabalhem. Em relação aos alunos do ensino médio noturno, assinalam Soares e Togni (2007, p. 63):

Ao longo do tempo, o ensino médio noturno tem sido conduzido como uma cópia do que se faz no período diurno. Não tem, portanto, uma identidade própria. Além de estar subordinado a uma lei generalizada, o ensino noturno apresenta outras inconveniências e algumas características peculiares que precisam ser levadas em conta para se contemporizar as consequências: os professores muitas vezes estão no terceiro turno de trabalho diário, quase todos os alunos têm jornadas de trabalho de oito ou mais horas diárias, não raro em atividades pesadas e difíceis, os conteúdos fogem da área de interesse dos alunos, etc.

Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional N. 9394/1996, não há no Brasil distinção entre os turnos diurno e noturno do Ensino Médio quanto aos objetivos, diretrizes e currículo. No entanto, é importante interpretar a realidade, pois como distinguem Soares e Togni (2007), estão expressas na realidade do trabalhador- estudante do ensino noturno, desde a distorção idade série e número de horas

77 trabalhadas. Cerca de oito (8) horas de trabalho e mais quatro (4) horas de trabalho/aula perfazem doze (12) horas de trabalho diário, muito próximo do número de horas trabalhadas no início da Primeira Revolução Industrial. Marx oportunamente, ao analisar a exploração da classe trabalhadora, já nos séculos XVIII e XIX afirmou:

O impulso imanente da produção capitalista é apropriar-se do trabalho durante 24 horas do dia. [...] Fica, pois, claro que o trabalhador, durante toda a sua existência, nada mais é que força de trabalho, que todo o seu tempo disponível é, por natureza e por lei, tempo de trabalho a ser empregado no próprio aumento do capital. Não tem qualquer sentido o tempo para a educação, para o desenvolvimento intelectual, para preencher funções sociais, para o convívio social, para o livre exercício das forças físicas e espirituais, para o descanso dominical (MARX, 2006, p. 297; 306).

É engano pensar que o trabalhador se restringe às 8 horas de trabalho, pois, frente ao recuo do movimento sindical, ao receber baixos salários, ameaçado pelo desemprego e em busca da produção de sua sobrevivência, ele se submete às elevadas jornadas de trabalho. Trata-se da realidade do trabalhador no processo de venda da sua força de trabalho. Segundo Bruno (1996, p. 94), este é

[...] um dos aspectos mais evidentes do totalitarismo do sistema capitalista, Ele não controla o trabalho apenas durante a jornada de trabalho, controlando-o durante a totalidade de seu tempo, incluindo o chamado tempo livre (lazer), que os apologistas do atual estágio do capitalismo tanto gostam de alardear, em suas análises da sociedade do “não-trabalho”.

As diferenças de oportunidades educacionais estão expressas na qualidade distinta entre o ensino público e o privado quanto ao acesso, assim como permanência e continuidade dos estudos entre os estudantes dessas duas naturezas de rede escolar.

Quando jovens precocemente buscam o mercado de trabalho por necessidade de contribuir para sua própria sobrevivência ou de suas famílias, os empregadores muitas vezes exigem que esses trabalhadores continuem seus estudos. Não tendo alternativa, esses jovens são geralmente empurrados para o ensino noturno, o que provoca sua desqualificação profissional. Além disso, contraditoriamente essa força de trabalho é também superexplorada, pois recebe baixos salários e tem elevadas jornadas de trabalho. Assim, além da falta de tempo para os estudos, esses jovens trabalhadores são também submetidos a um defasado nível de ensino público em comparação com o aquele oferecido na rede privada.

Em 2009, o número de alunos brasileiros da Educação Profissional nas Formas de Articulação com o Curso de Nível Médio (Concomitante, Subsequente e Integrado) era de 1.036.945, conforme se pode observar na tabela seguinte.

78

Tabela n. 7 - Número de Matrículas na Educação Profissional por Formas de Articulação com o Curso de Nível Médio (Concomitante, Subsequente e Integrado), segundo a Região Geográfica e a Unidade da Federação – 2009

Unidade da Federação

Matrículas na educação profissional por formas de articulação com o ensino médio

Formas de articulação

Total Concomitante Subsequente Integrado

Brasil 1.036.945 306.035 555.079 175.831 Norte 52.678 5.282 36.353 11.043 Rondônia 3.835 1.777 1.221 837 Acre 1.877 - 1.877 - Amazonas 19.437 471 16.848 2.118 Roraima 2.663 - 1.179 1.484 Pará 13.771 1.868 8.848 3.055 Amapá 3.005 710 1.065 1.230 Tocantins 8.090 456 5.315 2.319 Nordeste 161.766 21.138 67.600 73.028 Maranhão 11.106 223 5.060 5.823 Piauí 23.255 1.478 11.755 10.022 Ceará 30.163 3.147 13.380 13.636 R. G. do Norte 12.677 1.295 7.100 4.282 Paraíba 7.578 434 4.222 2.922 Pernambuco 25.435 8.779 9.674 6.982 Alagoas 8.192 2.366 641 5.185 Sergipe 4.310 637 2.025 1.648 Bahia 39.050 2.779 13.743 22.528 Sudeste 568.051 217.390 300.386 50.275 Minas Gerais 117.817 26.005 81.313 10.499 Espírito Santo 25.031 6.136 14.308 4.587 Rio de Janeiro 90.478 31.948 43.147 15.383 São Paulo 334.725 153.301 161.618 19.806 Sul 204.984 53.218 118.098 33.668 Paraná 76.572 7.805 44.335 24.432 Santa Catarina 40.618 13.297 21.970 5.351 R. G. do Sul 87.794 32.116 51.793 3.885 Centro-Oeste 49.466 9.007 32.642 7.817 M. G. do Sul 9.252 734 7.735 783 Mato Grosso 9.553 1.688 3.277 4.588 Goiás 17.513 3.502 12.076 1.935 Distrito Federal 13.148 3.083 9.554 511 Fonte: MEC/Inep/Deed. - 2009

Nota: O mesmo aluno pode ter mais de uma matrícula.

No mesmo período, em Goiás o número de alunos nessa modalidade foi de 17.513, sendo que a maior parte tinha entre 17 e 19 anos.

O Ensino Médio na modalidade integrada à educação profissional é a que mais se aproxima da formação omnilateral. Ao cursar essa modalidade o estudante tem a oportunidade de ter acesso à formação profissional em nível técnico e, ao mesmo tempo, aos conhecimentos relacionados à formação humana, em seu sentido mais

79 amplo. Entretanto, é preciso avançar muito na expansão dessa modalidade de Ensino Médio, considerando o grande número de estudantes que não tem a chance de acesso a esse tipo de formação.