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CAPÍTULO I – MATÉRIA PARTICULADA

N ANOPARTÍCULAS (NP)

Fonte Combustão Manufaturadas (síntese controlada)

Área superfície/volume Elevada Elevada

Uniformidade Reduzida Alto (tamanho, forma e funcionalidade)

Químicos Orgânicos Alto Baixo

Impurezas metálicas Elevada Varia

Reatividade com o Oxigénio Sim Varia

Via Exposição Inalatória Inalatória, pele, ingestão e invasiva

No entanto, existem outras referências em termos de literatura que mencionam que as nanopartículas e as partículas ultrafinas com diâmetro inferior a 100 nm, tem designações consideradas como equivalentes, a denominação de nanopartícula é aplicada às partículas que são produzidas para o efeito e destinadas a uso industrial, e as partículas ultrafinas são as

resultantes de um processo de produção que surgem como subproduto ou resíduo63.

Segundo Popovic et al. 64 as partículas ultrafinas encontram-se entre os 0,01< d < 0,1 µm.

A DNP CEN ISO/TS 80004-165 e a DNP ISO/TS 12901-155, define partícula ultrafina como as

partículas com um diâmetro equivalente menor que 0,1 µm, e nanopartícula como o nano- objeto com as três dimensões externas à escala nanométrica, respetivamente.

Uma partícula à escala nano tem uma relação superfície/volume que pode modificar as suas propriedades físicas, químicas, óticas e magnéticas e fazer com que este reaja de maneira

distinta das outras com os fluidos biológicos66.

É evidenciado por diversos autores que as nanopartículas estão aptas a entrar no organismo

através da pele, pulmões e translocar para órgãos e tecidos afastados da zona de entrada67,

sendo também capazes de originar vários efeitos a nível ambiente, nomeadamente, na água,

no solo e no ar66.

A nível de saúde muitas das pesquisas são delineadas como base numa analogia à exposição

humana à sílica e ao amianto68. Estas partículas são bio persistentes e bio cumulativas no

organismo, especialmente nos pulmões, no cérebro e no fígado63,69.

Face às características dos nanomateriais e das nanopartículas, e à interação destes com os

ecossistemas, já existem estudos que referem a retenção dos mesmos a nível do ambiente 66.

1.1.1 NANOPARTÍCULAS, NANOFIBRAS, NANOTUBOS E NANOFIOS (NOAA)‖

O termo “NOAA”55, é aplicável a materiais de engenharia constituídos por nano-objetos, tais

como nanopartículas, nanofibras, nanotubos e nanofios, bem como os agregados** e os

aglomerados¶ destes materiais. Esta designação, aplica-se aos NOAA na sua forma original ou

Nano-objects, and their aggregates and agglomerates greater than 100 nm. Nano-objetos, seus aglomerados e

agregados

**Partícula que compreende partículas fortemente ligadas ou fundidas, em que a área da superfície externa

resultante poderá ser significativamente menor do que a soma das áreas de superfície calculadas, das componentes individuais.

quando incorporados em materiais ou preparações, a partir dos quais podem ser libertados, no decorrer do seu ciclo de vida.

Em diferentes condições ambientais e com o objetivo de melhorar as estimativas de exposição é necessário conhecer a relação entre as nanopartículas que são emitidas e a saúde humana. São estes dados que permitem o desenvolvimento de estratégias de controlo para minimizar e reduzir a exposição do Homem e os riscos para a saúde. Estes resultados também possibilitam

analisar e melhorar o normativo legal em vigor66.

Os impactos e os riscos podem estar relacionados com danos concretos na saúde e no ambiente, existindo já alguns estudos que os permitem identificar, e que os relacionam diretamente com as quatro características específicas das nanotecnologias.

A primeira característica é a escala: as nanopartículas são tão pequenas que permanecem na atmosfera podendo ser inaladas e entrar na corrente sanguínea ou até penetrarem na epiderme. As consequências são imprevisíveis, tanto mais que não existe um único tipo de nanopartículas, podendo resultar em diversos efeitos não se conseguindo avaliar a toxicidade

destas nanopartículas68.

A segunda característica é que, na escala nano, a matéria viva e não viva se confundem. Dada esta diferença entre o biótico e o abiótico, os investigadores defendem a hibridação de implantes, sensores e distribuidores de drogas para uso humano, sendo já conhecidos alguns

efeitos adversos68.

Outra das características dos NOAA é ter propriedades físicas diferentes dos mesmos materiais numa escala superior.

Já o ciclo de vida de um NOAA ou de um produto que contenha esse tipo de materiais é constituído por várias fases. Em todas as fases pode haver exposição, quer humana quer ambiental, portanto é indispensável conhecer os efeitos para a saúde e para o ambiente dos nanomateriais. O transporte e transformação de nanomateriais, in vivo, deve ser explicado e a avaliação da resposta biológica deve ser realizada através do conhecimento das doses externas

e internas, bem como as possíveis vias de exposição do corpo humano70.

Por último, é importante considerar a questão da interdisciplinaridade que a área das

nanotecnologias requer, ou seja, a convergência de múltiplos saberes científicos68.

Não existem ainda leis específicas no âmbito dos NOAA, de modo a regularem a proteção da saúde e do ambiente aquando da exposição a nanopartículas. Encontram-se apenas algumas

referências em normativo internacional e nacional (tais como normas ISO, relatórios e manuais).

Isto deve-se essencialmente ao facto de a nanotecnologia ser uma área emergente e a investigação ser ainda reduzida e pouco elucidativa dos eventuais efeitos na saúde da população exposta.

1.1.2 PROCESSOS E FONTES DE EXPOSIÇÃO PROFISSIONAL

Atualmente muitos processos industriais produzem partículas na dimensão nano, e algumas podem ser consideradas como partículas ultrafinas (apenas uma das dimensões à escala nano). Nestes processos podemos distinguir dois tipos de exposição profissional: i) aquela que está relacionada com processos de produção de nanomateriais ou nano-objetos e que libertam nanopartículas; ii) e a proveniente de uma manipulação ou produção intencional de materiais

à escala nano48,63.

A exposição a partículas ultrafinas e nanopartículas, pode acontecer em várias situações e contextos de trabalho sendo um deles o industrial (cf. Quadro 2) e com diferentes tipos de processos térmicos, mecânicos e de combustão.

Quadro 2 – Processos e fontes de potenciais emissões de nanopartículas e partículas ultrafinas63

Segundo os mesmos autores63, os principais critérios que influenciam o grau de exposição são:

a proveniência das nanopartículas, as quantidades utilizadas, os métodos, a duração, a frequência das atividades de acordo com as tarefas prescritas, a capacidade de as partículas permanecerem em suspensão no ar ou nas superfícies de trabalho e os meios de proteção coletiva e individual existentes.