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3 Variação dos elementos do clima

3.3 Nebulosidade

Para quantificar e nomear a nebulosidade é analisada a cobertura do céu, dividindo a abóbada celeste em partes. A instrução do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) para os observadores é dividir a abóboda celeste em 10 partes, de forma que 10/10 de cobertura de nuvens representa céu encoberto; o Comando da Aeronáutica (COMAER) utiliza o oktas, unidade de medida de quantidade de nuvens igual à área de um oitavo do céu dentro do campo de visão do observador, com céu encoberto representando 8/8.

De acordo com o Manual de Observações Meteorológicas do INMET (DIOME.DO.09.022), a relação entre a cobertura de nuvens representada pelas duas instituições é discriminada, conforme a tabela 13.

Tabela 13 – Comparação entre COMAER e INMET com relação à cobertura do céu por nuvens COMAER INMET 1/8 ... 1/10 2/8 ... 2 a 3/10 3/8 ... 4/10 4/8 ... 5/10 5/8 ... 6/10 6/8 ... 7 a 8/10 7/8 ... 9/10 8/8 ... 10/10 Fonte: Manual de Observações Meteorológicas do INMET (DIOME.DO.09.022). Org. pelo autor.

A classificação da cobertura de nuvens de acordo com o fracionamento do INMET é apresentado na tabela 14.

Tabela 14 – Classificação de cobertura do céu.

Classificação Cobertura do céu (em décimos)

Céu claro ... 0

Poucas nuvens ... ... 1 a 2

Parcialmente nublado ... 3 a 5

Nublado ... 6 a 9

Encoberto ... 10

Fonte: Climatologie – méthodes et pratiques (1973), modificado pelo autor.

Na área de estudo a quantidade e o tipo de nuvens variam muito, em virtude, principalmente, dos diversos sistemas atmosféricos atuantes. A diversidade dos sistemas resulta na presença de muitas nuvens no decorrer do ano. Conforme a figura 27, a cobertura média do céu é superior a 5/10 em todos os meses do ano e, em todas as localidades estudadas, portanto, o céu está, em média, nublado.

O verão e a primavera são períodos do ano com muitas nuvens, apresentando uma média de 6/10 de cobertura do céu, enquanto o outono e o inverno são menos nublados para a maior parte das localidades analisadas. Os meses de janeiro e fevereiro apresentam coberturas do céu muito semelhante. Para as localidades analisadas, Araranguá e Bom Jesus são as que apresentam maior quantidade de nuvens. Por outro lado, Caxias do Sul, Laguna e Orleans, apresentam valores médios mais baixos. Relacionando os dados de nebulosidade (figura 27) com os de precipitação (tabela 15) é observado que Araranguá, apesar de apresentar bastante nebulosidade, a quantidade de chuva é menor. Caxias do Sul e Orleans, com menos nuvens apresentam maior volume pluviométrico e em Laguna e Bom Jesus ocorre uma certa coerência entre a nebulosidade e a precipitação.

5 6 7

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

N e b u lo s id a d e ( N /1 0 ) Araranguá Bom Jesus Caxias do Sul Laguna Orleans São Joaquim Torres Urussanga

Estação/Mês JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ São Joaquim 6,4 6,4 6,0 5,4 5,2 5,3 5,1 5,3 5,8 5,8 5,9 6,0 Araranguá 6,6 6,7 6,9 6,0 5,5 5,7 5,6 6,2 6,8 7,0 6,9 6,1 Bom Jesus 6,5 6,3 7,0 5,7 5,9 5,7 5,9 6,4 5,7 6,7 6,2 6,5 Laguna 6,1 5,9 6,0 5,2 5,1 5,2 5,2 5,9 6,6 6,1 6,0 5,7 Orleans 5,4 5,8 5,8 5,2 5,4 5,5 5,3 5,6 5,8 5,5 5,4 5,1 Caxias do Sul 5,9 5,9 5,6 5,5 5,5 5,7 5,5 6,0 6,2 6,1 5,7 5,5 Urussanga 6,2 6,2 6,3 5,5 5,4 5,5 5,4 5,9 6,1 6,2 6,1 5,9 Torres 6,5 6,3 6,1 5,5 5,4 5,7 5,8 6,1 6,8 6,4 6,4 6,0 Figura 27 – Nebulosidade média mensal em décimos.

Fonte: Banco de dados da EPAGRI/CIRAM..

O comportamento das nuvens, entre outros fatores, está diretamente relacionado com os tipos de sistemas atmosféricos e com as características do relevo. Nos sistemas de tempo instável, as frentes frias provocam, de modo geral, nuvens generalizadas por uma região; mas nos processos convectivos, entre outros, a nebulosidade é mais isolada e em alguns lugares mais persistente por influência do relevo. Por isso são verificadas diferenças entre as localidades analisadas.

No sul de Santa Catarina as únicas estações a apresentar informações das 9, 15 e 21 horas são Araranguá, São Joaquim e Urussanga e apresentadas nas figuras 28, 29 e 30.

Nas três localidades a nebulosidade é esparsa em boa parte da manhã (aproximadamente metade do céu com nebulosidade), mas entre a madrugada e início da manhã, especialmente quando ocorre chuva no dia anterior, formam-se nevoeiros e nuvens Stratus (St) que contribuem à cobertura de nuvens que é observada na leitura das 9 horas (figura 28).

4 5 6 7 8

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

São Joaquim Urussanga Araranguá

Estação/Mês JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

São Joaquim 5,9 6,0 5,9 5,6 5,7 5,6 5,4 5,6 5,9 5,8 5,8 5,8 Urussanga 5,3 5,3 4,9 4,9 4,6 4,9 4,9 5,7 6,1 5,8 5,6 5,1 Araranguá 6,0 6,4 6,4 5,6 5,7 5,9 5,9 6,1 6,7 7,2 6,9 6,4

Figura 28 – Média mensal de nebulosidade das 9 horas.

Fonte: Banco de dados da EPAGRI/CIRAM.

À tarde, a convecção produz aumento de nuvens, deixando o céu nublado geralmente a partir do meio da tarde e em boa parte da noite. As nuvens formadas pela convecção são do tipo Cumulus (Cu) e Cumulonimbus (Cb), isoladas e com grande desenvolvimento vertical; de modo geral, se expandem, principalmente a Cb, e formam outros tipos com características horizontais como Stratocumulus (Sc), Altostratus (As) e Nimbustratus (Ns), que proporcionam aumento considerável na cobertura de nuvens, especialmente em Araranguá e Urussanga, conforme as figuras 29 e 30. Portanto, a umidade que ainda resta do dia anterior e o processo convectivo, são fatores importantes na produção de nuvens e fazem com que o verão seja bastante nublado.

5 6 7 8

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

São Joaquim Urussanga Araranguá

Estação/Mês JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ São Joaquim 7,2 6,4 6,6 6,8 7,1 6,9 6,2 5,8 5,8 5,5 5,6 6,1 Urussanga 6,7 6,7 6,5 6,5 6,7 6,6 5,8 5,2 5,2 5,1 5,8 6,5

Araranguá 6,5 7,3 6,8 6,0 6,3 6,7 5,8 5,8 5,7 5,5 6,5 7,1

Figura 29 – Média mensal de nebulosidade das 15 horas.

Fonte: Banco de dados da EPAGRI/CIRAM..

4 5 6 7 8

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

São Joaquim Urussanga Araranguá

Estação/Mês JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ São Joaquim 6,1 5,0 5,3 5,4 6,1 5,3 4,4 4,1 4,6 4,3 4,7 5,2 Urussanga 6,6 6,6 6,7 6,5 6,2 6,5 5,5 4,6 4,6 4,6 5,3 6,2 Araranguá 7,4 7,4 6,9 6,6 7,4 7,5 6,0 5,3 5,4 5,2 6,2 6,6

Figura 30 – Média mensal de nebulosidade das 21 horas.

No outono, com o tempo mais estável, principalmente quando ocorre bloqueio atmosférico, a maior quantidade de nuvens está associada à passagem de frente fria ou à ocorrência de vórtice ciclônico, com a formação de nuvens do tipo Cu e Cb. Nessa época do ano, as nuvens mais persistentes são as médias do tipo Altocumulus (Ac) e as altas como as Cirrus (Ci), que ocorrem mesmo um pouco distantes dos sistemas instáveis como as frentes frias e abrangem boa parte da cobertura do céu por toda Região Sul.

Embora a ocorrência de nevoeiros seja maior neste período do ano, conforme a tabela 5 (Capítulo 2), a maior parte desse fenômeno não se transforma em nuvens, tendo em vista que no período da manhã, quando se formam mais nevoeiros, a nebulosidade é menor, especialmente em São Joaquim e Urussanga (figuras 28, 29 e 30).

No inverno, a nebulosidade ocorre principalmente associada à passagem de frentes frias e persiste por 24 horas aproximadamente. Após a passagem das frentes uma massa de ar frio e seco passa a atuar e deixa o tempo estável com poucas nuvens, principalmente se a massa de ar for continental. A estabilidade persiste em torno de 72 a 96 horas favorecendo, conforme a figura 27, menos nebulosidade, principalmente nos meses de junho e julho, especialmente à tarde e á noite (figuras 28, 29 e 30).

Nas manhãs de inverno dos meses de junho e julho, a condição de nebulosidade das três estações analisadas é semelhante à do outono. Mas em agosto, já existe um pequeno aumento de nebulosidade neste horário, o que pode ser reflexo dos Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM’s), que embora sejam mais presentes em setembro e outubro, já começam a se manifestar em Santa Catarina a partir da segunda quinzena de agosto.

Conforme a figura 27, a primavera se caracteriza por muita nebulosidade, principalmente nos meses de setembro, outubro e na primeira quinzena de novembro. Essa nebulosidade é, em parte, formada a partir dos CCM’s durante a madrugada e persiste pela manhã, diminuindo a partir da tarde, conforme as figuras 28, 29 e 30. Por outro lado, em novembro, entre a tarde e a noite, a nebulosidade aumenta, devido à formação de muitas nuvens do tipo Ac e Ci, (informadas nos boletins meteorológicos dos aeroportos) que são também freqüentes no outono.