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3 Variação dos elementos do clima

3.4 Precipitação

3.4.1 Variação sazonal da precipitação

A precipitação que ocorre na maioria das estações analisadas aumenta do inverno para o verão. No verão, elevados volumes de chuva ocorrem naquelas a barlavento, mais próximas às encostas da Serra Geral como Timbé do Sul, Serrinha, Praia Grande, Urussanga, com 692, 674, 576 e 550mm, respectivamente (tabela 16); por outro lado, Araranguá e Laguna apresentam as menores médias.

A diferença de precipitação entre Timbé do Sul e Araranguá, é de mais de 50% no verão e isso pode ser justificado pela influência do relevo, ou seja, a influência das chuvas orográficas. Nesta estação do ano, a precipitação tende a ser distribuída sem muita variação espacial entre a Serra Gaúcha e o Planalto Sul Catarinense, e os valores totais variam de 460 a 490mm, sendo a única exceção São José dos Ausentes, com 419mm (tabela 16). A pouca diferença no trimestre, indica que o processo convectivo é o mais significativo, mesmo porque a variação de altitude não interfere significativamente na distribuição deste elemento climático.

No verão, a chuva resultante do processo convectivo acontece, em sua maior parte, no período noturno. De acordo com a tabela 17, o total de horas de chuva às 15 horas é em torno de 50% menor que às 21 horas e, às 9 horas o volume ainda é superior ao da tarde. Em Laguna durante o trimestre, e, em Araranguá em dezembro, a chuva parece se intensificar durante a madrugada e se estender pela manhã. Portanto, a chuva convectiva resultante do calor diurno se manifesta no período noturno e se estende até as primeiras horas da manhã seguinte.

No outono, o processo convectivo já não se faz muito presente e a precipitação que ocorre nas estações analisadas (tabela 17) está, de modo geral, associada à passagem de frentes frias. Nesta época do ano, o volume médio de precipitação diminui significativamente em relação ao verão. As maiores diferenças no trimestre março-abril-maio são verificadas em Praia Grande (41,0%), Timbé do Sul (38,2%), Urussanga e Serrinha (37,7%), e Mãe dos Homens (35,4%) (tabela 16), locais a sotavento da passagem das frentes frias. Mas, essa porcentagem pode quase dobrar se forem comparados o volume de precipitação dos meses mais secos do outono, abril e maio, com o de maior precipitação do verão (tabela 15).

Tabela 16 – Total sazonal de precipitação (mm)

Localidades Verão (DJF) Outono (MAM) Inverno (JJA) Primavera (SON)

Antonio Prado 491 349 432 443

Caxias do Sul 467 447 484 517

Bom Jesus 471 380 438 435

São José dos Ausentes 419 313 376 413

Bom Jardim da Serra 460 321 342 361

São Joaquim 469 338 427 457 Torres 358 327 337 366 Praia Grande 576 340 347 488 Timbé do Sul 692 428 377 499 Urussanga 550 359 286 381 Orleans 473 338 286 374 Forquilhinha 468 350 291 372 Araranguá 329 290 266 332

Foz do Manoel Alves 526 348 323 409

Içara 440 336 322 385

Mãe dos Homens 480 310 307 430

Meleiro 516 344 291 377

Serrinha 674 420 280 488

Sombrio 437 355 356 393

Taquaruçu 403 315 285 343

Laguna 344 377 322 363

Fonte: Dados de Antonio Prado, Bom Jesus, Caxias do Sul e Torres do INMET; Bom Jardim da Serra e São José dos Ausentes da Tractebel Energia (ANA); Araranguá, Laguna, Orleans, São Joaquim e Urussanga da EPAGRI/CIRAM, e das demais estações hidrológicas da ANA.

Em Araranguá, Urussanga, Orleans e São Joaquim, em abril e maio, as chuvas se concentram no início do dia, conforme a tabela 17. Nesses dois meses, como o processo convectivo deixa de ser significativo, as chuvas ocorrem predominantemente associadas à passagem de frentes. A maior concentração da precipitação pela manhã pode ser justificada

pela maior umidade durante a madrugada e início da manhã o que resulta em mais nuvens e chuvas mais persistentes (tabela 17).

Tabela 17 – Distribuição diária da precipitação no sul catarinense

Araranguá (1928 – 2003)

Hora Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 9 horas 115 134 122 107 102 101 122 108 148 149 131 125

15 horas 70 71 71 57 48 63 67 69 93 77 70 58

21 horas 139 158 155 87 62 65 84 78 110 97 103 110 Urussanga (1925 - )

Hora Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 9 horas 228 273 241 217 214 206 236 215 298 310 259 246 15 horas 241 225 181 134 131 121 139 151 211 175 178 201 21 horas 403 403 323 187 170 147 180 173 226 224 263 292 Laguna (1925 – 1986)

Hora Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 9 horas 161 184 185 155 134 139 157 172 191 163 161 140 15 horas 79 75 106 79 78 84 98 97 126 90 86 61 21 horas 148 147 134 91 81 94 116 114 134 94 113 92 Orleans (1929 – 1984)

Hora Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 9 horas 112 125 124 88 79 89 80 97 124 105 102 84

15 horas 88 92 94 46 41 53 45 68 83 53 62 57

21 horas 170 159 147 77 62 56 49 80 100 82 109 92 São Joaquim (1955 - )

Hora Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 9 horas 213 207 179 182 211 234 254 242 269 273 228 213 15 horas 217 196 163 124 138 153 163 168 209 193 167 217 21 horas 378 343 287 175 152 177 209 183 230 233 236 378

Fonte: Banco de dados da EPAGRI/CIRAM..

Do outono para o inverno a precipitação aumenta na “Serra Gaúcha” e no Planalto Sul Catarinense e diminui sensivelmente na borda leste do sul catarinense (tabela 16); exceções são Praia Grande e Sombrio com apenas 2,1 e 0,3%, respectivamente. Como as frentes frias se deslocam de sudoeste para nordeste se tornam mais ativas a barlavento, ou na “Serra Gaúcha”, e ao cruzarem a escarpa da Serra Geral, ficam mais estáveis devido ao afundamento do ar, o que se reflete em menores volumes de chuva nas estações da borda leste do planalto.

Esse efeito orográfico na distribuição da precipitação faz com que os municípios do planalto apresentem maior volume pluviométrico no inverno em relação ao outono (tabela 16).

O total de horas de chuva dos meses junho-julho-agosto (tabela 17) indica uma situação semelhante ao outono, com chuvas mais persistentes pela manhã, porém com uma melhor distribuição diária.

Na primavera, o volume de chuva aumenta em praticamente todas as estações analisadas. A única exceção é Bom Jesus, mesmo assim, com uma diferença de apenas 0,7% em relação ao inverno (tabela 17). Em alguns municípios como Caxias do Sul, Araranguá e Torres, esta é a estação do ano que apresenta o maior volume pluviométrico, sendo setembro e outubro os meses mais chuvosos, devido à atuação persistente de Complexos Convectivos de Mesoescala, que são aglomerados de nuvens cumuliformes onde predominam os cumulonimbus, responsáveis por temporais acompanhados de chuva forte, granizo e ventos fortes que ocorrem com mais intensidade na madrugada e início da manhã e perdem força no decorrer da manhã. Em novembro, o tempo fica mais estável, principalmente na segunda quinzena, o que se reflete na diminuição do volume mensal em comparação a setembro e outubro (tabela 15).

O total de horas de chuva do trimestre setembro-outubro-novembro indica uma situação semelhante ao outono (tabela 17), porém enquanto no outono a maior persistência das chuvas às 9 horas está predominantemente associada à passagem de frentes frias, na primavera os CCM’s têm uma contribuição fundamental para o sul catarinense.