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Neste caso são empregados cerca de 3/4 dos

No documento carlsaganeoutros-oinvernonuclear (páginas 56-85)

CARL SAGAN

Caso 17: Neste caso são empregados cerca de 3/4 dos

arsenais estratégicos americanos e russos, numa combinação de ataques a silos e a cidades. Depois de mais de dois meses, atingem-se temperaturas mínimas de -47ºC (-53ºF) - temperaturas típicas da superfície de Marte. A fuligem assenta-se com relativa rapidez, sendo que a lentidão da recuperação é devida à poeira estratosférica. As temperaturas não voltam ao ponto de congelamento antes de um ano.

À medida que as partículas finas precipitam-se na atmosfera, transportando radioatividade para o solo, os níveis de luz aumentam e a superfície se aquece. Agora a camada empobrecida de ozônio permite à luz solar ultravioleta chegar à superfície da Terra em maior proporção. No caso de referência, de 5.000 megatons, verifica-se que a precipitação primária, os penachos de radioatividade arrastados dos objetivos na direção do vento, distribui em 30% das áreas continentais de médias latitudes do Hemisfério Norte uma dose aproximada de radiação de 250 rads. Além disso, uma dose de cerca de 100 rads é descarregada mais ou menos uniformemente em todo o hemisfério. Esta é uma combinação de emissores externos e matérias radioativas ingeridas. Os conhecimentos correntes estabelecem a dose média letal de radiação ionizante com exposição corporal entre aproximadamente 400 e 500 rads. Isto se prestados cuidadOs médicos amplos. No caso de crianças e velhos, de doentes ou vítimas de outras agressões do meio ambiente por causa de uma guerra nuclear, e especialmente na falta de assistência médica adequada, a dose média letal é consideravelmente reduzida - talvez a 350 rads, ou menos. Assim, a precipitação radioativa - particularmente nas médias latitudes norte, que têm a maior densidade demográfica do planeta - seria, por si mesma, extremamente perigosa num meio de pós-guerra nuclear. O Quadro 2 mostra o cronograma relativo das várias conseqüências adversas de uma guerra nuclear. Talvez a conclusão mais surpreendente e inesperada do estudo que fizemos seja a de que mesmo uma guerra nuclear de proporções relativamente limitadas pode ter conseqüências climáticas funestas, no caso de ataques a cidades (ver Caso 14 na Figura 2; neste, os centros de 100 grandes cidades da OTAN e do Pacto de Varsóvia são incendiados). Há indicação de um limiar muito

próximo em que conseqüências climáticas severas são desencadeadas - por 100 ou mais explosões nucleares sobre cidades, em razão da fumaça gerada, ou por 2.000 a 3.000 detonações de alta energia no solo ou a pequena altura, em silos de mísseis por exemplo, em razão da poeira produzida e de incêndios secundários. Partículas finas podem ser injetadas na atmosfera em proporções crescentes com efeitos de pequena monta até que esses limiares sejam transpostos. Daí por diante, os efeitos crescem rapidamente de intensidade. Essas estimativas são, porém, extremamente grosseiras.

Em cálculos dessa complexidade sempre existem incertezas. Há fatores que tendem a influir no sentido de efeitos mais intensos ou mais prolongados; outros tendem a moderar os efeitos. Os cálculos detalhados do TTAPS aqui referidos são unidimensionais; isto é, admitem o movimento vertical das partículas finas em conformidade com as leis físicas aplicáveis, mas não levam em conta a dispersão em latitude e longitude. Quando a fuligem ou a poeira se afasta do local de referência, as coisas melhoram ali e pioram alhures. Além disso, partículas finas podem ser transportadas por sistemas meteorológicos para outros locais, onde são arrastadas mais depressa para a superfície. Isto atenuaria o obscurecimento não apenas localmente como em termos globais. É justamente esse afastamento das latitudes médias setentrionais que envolve a zona equatorial e o Hemisfério Sul nos efeitos da guerra nuclear. Seria conveniente efetuar um cálculo tridimensional acurado da circulação atmosférica geral após uma guerra nuclear. Estimativas preliminares sugerem que a circulação geral poderia moderar a amplitude das variações calculadas para o interior dos continentes em uns 30%, reduzindo um pouco a intensidade dos efeitos, mas mantendo-os ainda em níveis catastróficos (p. ex., uma baixa de 30ºC em vez

de 40°C). Para estabelecer uma certa margem de segurança, desprezaremos essa correção em nossa exposição subseqüente.

Depois, existem os claros nas nuvens. Muito poucos alvos acessíveis estão nos oceanos Atlântico e Pacífico. Se esses claros móveis (um no Atlântico, outro no Pacífico) aparecessem a intervalos regulares sobre a maior parte dos lugares do Hemisfério Norte, os efeitos do escurecimento e do frio seriam até certo ponto amenizados. No entanto, incêndios ateados, por exemplo, no oeste da América do Norte ou nas taigas eurasianas continuariam a lavrar, alguns talvez por semanas, e outros novos seriam provocados: lançamentos retardados podem ser dirigidos contra alvos temporariamente situados sob um claro para facilitar a verificação por satélite da destruição do objetivo. De mais a mais, em diferentes altitudes os ventos se movem com velocidades diferentes, e um claro a uma certa altitude pode estar acima ou abaixo de uma camada espessa de nuvens em outra. A poeira injetada na estratosfera pelo vulcão mexicano El Chichón, na erupção de 4 de abril de 1982, levou 10 dias para chegar à Ásia, duas semanas para chegar à África, e circunavegou o globo em três semanas, deixado atrás de si uma delgada fita de partículas com cerca de 100 de latitude de largura. (Em poucos meses, cerca de 10 a 20% dos resíduos estratosféricos foram transportados para o Hemisfério Sul.) Havendo muitas fontes de partículas em vez de uma, os claros irão fechar- se ainda mais depressa. Assim sendo, parece improvável que os claros móveis permanecessem abertos ou descobertos por mais de uma ou duas semanas, ou que descontinuidades em grande escala pudessem minorar os efeitos climáticos de modo sensível.

Há necessidade de estudar melhor vários outros aspectos do problema: por exemplo, possíveis descontinuidades em pequena escala; possibilidade de quedas rápidas de temperatura (como sugerido por Covey e outros: ver as observações de Stephen Schneider neste livro, pp. 122- 127); o tempo que levam penachos isolados de fumaça para espalhar-se (em nuvens densas as partículas coagulam e sedimentam mais rapidamente que em nuvens difusas); circulação atmosférica local em regiões costeiras e implicações para a lavagem pelas chuvas (ver as observações de Georgiy Golitsyn neste livro, pp. 120- 122); variações diurnas de temperatura e movimentos induzidos em nuvens de fuligem nas primeiras fases. Alguns desses efeitos poderiam melhorar em parte as condições; outros poderiam agravá-Ias até certo ponto. Há também efeitos que podem piorar em muito os resultados: por exemplo, em nossos cálculos admitimos que a lavagem de partículas finas ocorreria em toda a extensão da troposfera. Em circunstâncias reais, pelo menos a alta troposfera pode ser muito seca, e a poeira ou fuligem inicialmente introduzida nessa região pode levar muito tempo para ser lavada. Há ainda um efeito muito importante que deriva da drástica alteração da estrutura atmosférica, promovida pelo aquecimento das nuvens e esfriamento do solo. Com isso cria-se uma região em que a temperatura é aproximadamente constante com a altitude na atmosfera inferior, e encimada por uma inversão térmica de grandes proporções (Figuras 1B e 1C). Depois disso, em toda a extensão da atmosfera as partículas seriam transportadas para cima ou para baixo muito lentamente - como na estratosfera atual. Este é um segundo motivo para que a persistência das nuvens de fuligem e poeira possa ser muito maior do que a por nós calculada. Neste caso, as condições extremas de escuridão e frio podem

prolongar-se por prazos consideráveis, possivelmente ultrapassando um ano. Na exposição subseqüente desprezaremos este efeito, assim como vários outros - por exemplo, fenômenos de detonações múltiplas em que uma primeira explosão nuclear amplifica a combustão e a altura de transporte de fuligem de uma segunda explosão nuclear.

É possível conceber cenários de guerra nuclear muito piores do que estes por nós apresentados. Por exemplo, se os centros de comando e controle forem neutralizados logo no início da guerra - por exemplo, por "decapitação" (ataque inicial de surpresa contra centrais de operações civis e militares e sistemas de comunicações), é de imaginar que a guerra se prolongaria por semanas, com comandantes locais tomando decisões independentes e descoordenadas. Pelo menos em parte, lançamentos retardados de mísseis seriam possivelmente ataques retaliativos contra cidades inimigas remanescentes. A geração de um manto adicional de fumaça por um período de semanas ou maior depois do início da guerra ampliaria a magnitude, e especialmente a duração, das conseqüências climáticas. Ou é possível, dentro dos limites da plausibilidade, que cidades e florestas fossem incendiadas em número maior do que o por nós suposto, ou que as emissões de fumaça fossem maiores, ou que uma fração maior dos arsenais mundiais (armas táticas e armas estratégicas) fosse empregada. Naturalmente, dentro dos mesmos limites, também são possíveis casos menos severos.

Portanto, esses cálculos não são, nem poderiam ser, prognósticos seguros de todas as conseqüências de uma guerra nuclear. Poderão ser aperfeiçoados em vários aspectos, e está-se trabalhando nisso. Mas parece haver um consenso quanto às conclusões gerais: na esteira de uma guerra nuclear é provável que haja um período, com

uma duração de meses pelo menos, de frio intenso e escuridão radioativa, seguido - depois da precipitação da fuligem e poeira - de um período longo de maior quantidade de radiação ultravioleta atingindo a superfície. Tem-se observado uma tendência sistemática de subestimar os efeitos de armas nucleares e de uma guerra nuclear. A energia liberada na primeira explosão nuclear perto de Alamogordo, no Novo México, em 16 de julho de 1945, foi subestimada por quase todos os que projetaram e construíram a arma. A amplitude da precipitação decorrente dos primeiros testes de artefatos nucleares foi subestimada; a inutilização ou destruição de satélites por explosões de armas nucleares no espaço foi uma surpresa; o empobrecimento da ozonosfera por detonações de alta potência não foi prevista; e o inverno nuclear foi para muitos - inclusive nós - motivo de assombro. O que mais nos terá passado despercebido? Um efeito adicional, possivelmente grave, é a produção de gases tóxicos por incêndios em cidades. Hoje todo mundo sabe que nos incêndios em arranha-céus modernos mais gente é vitimada pelos gases tóxicos de combustão do que pelo fogo. A queima de uma grande variedade de materiais de construção, matérias isolantes e revestimentos gera grandes quantidades de pirotoxinas, entre elas monóxido de carbono, cianetos, cloreto de vinil, óxidos de nitrogênio, ozônio, dioxinas e furanos. Devido às diferentes práticas no emprego de materiais sintéticos, o incêndio de cidades na América do Norte e na Europa ocidental provavelmente geraria mais pirotoxinas do que na União Soviética, e a de cidades com grande proporção de construções recentes mais que a de cidades mais antigas não reconstruídas. Em cenários de guerra nuclear nos quais uma grande quantidade de cidades são incendiadas, um smog bastante denso de pirotoxinas

poderia persistir por meses. A extensão desse perigo é ignorada.

Outra conseqüência provavelmente ponderável e dificilmente avaliável de uma guerra nuclear são os chamados sinergismos. Um exemplo muito simples é o que diz respeito ao comprometimento do sistema imunológico humano pelo duplo efeito da radiação ionizante imediata e da radiação ionizante devida à precipitação, bem como pelo aumento do fluxo ultravioleta após o inverno nuclear. Ao mesmo tempo que os sobreviventes serão muito mais vulneráveis a doenças, os serviços médicos terão entrado em colapso; predadores de insetos como as aves terão sido dizimados preferencialmente pelo frio, pela escuridão e pela radiação; os insetos terão proliferado desmedidamente porque resistem melhor a essas agressões ambientais e porque os predadores que restringem a sua multiplicação terão sido grandemente reduzidos em número; a radiação pode produzir variedades excepcionalmente virulentas de microorganismos transmitidos por insetos vetores; e centenas de milhões ou bilhões de cadáveres estarão começando a se descongelar. Em muitos outros casos a interação de diversas agressões ambientais entre as relacionadas no Quadro 2 produzirá conseqüências resultantes adversas muito mais intensas do que a simples soma dos efeitos componentes. Quase todos os sinergismos são de magnitude ignorada; no entanto quase todos amplificarão conseqüências adversas.

Visto isto, se o peso da evidência histórica e a natureza dos sinergismos indicam que as conseqüências de uma guerra nuclear seriam ainda mais graves do que as deduzidas no presente estudo do inverno nuclear, que dizer da aplicação de critérios moderados? Considerando a magnitude do que está em jogo na resposta, qual será a postura adequada? Admitir que os efeitos de uma guerra

nuclear serão menos sérios do que geralmente se supõe, ou mais?

Já não é possível afirmar que os efeitos realmente sérios de uma guerra nuclear ficariam limitados aos países combatentes. A biologia das latitudes equatoriais, por exemplo, é muito mais vulnerável a baixas de temperatura, mesmo pequenas, que a de latitudes maiores, norte ou sul. A agricultura - pelo menos no Hemisfério Norte, que produz o grosso da exportação de grãos do planeta - seria devastada mesmo por uma "pequena" guerra nuclear. As conseqüências ecológicas irradiadas pela Terra inteira seriam provavelmente de grande envergadura, e se, como agora demonstrado pelo nosso estudo e por vários outros, o frio e a escuridão se propagassem ao Hemisfério Sul, a guerra nuclear significaria uma catástrofe global sem precedentes. Já não é possível conceber que nações distantes do conflito possam assistir de camarote à guerra, e herdar um ambiente de pós-guerra livre das importunações da política das grandes potências. Ao contrário, é muito mais provável que não haja em toda a Terra um único refúgio a salvo da guerra nuclear. Esta é uma das muitas implicações dos estudos mais recentes no que toca à doutrina, à diplomacia e à política internacional. A discussão desses temas transcende as metas deste encontro e o programa desta Conferência, mas em outra oportunidade eu já fiz uma exposição preliminar dessas implicações.

Se houver ataques a cidades, vemos (Figura 2) que mesmo uma guerra que envolvesse apenas 100 megatons (em 1.000 detonações de 100 quiIotons sobre 100 ou mais grandes cidades) pode produzir o inverno nuclear. Mas 100 megatons é menos de 1 % dos arsenais estratégicos globais. A Figura 3 mostra o crescimento do número de armas estratégicas nos arsenais americano e

soviético em função do tempo. A área hachurada representa, muito aproximadamente, a zona-limiar em que, ao que agora se afigura, poderia desencadear-se o inverno nuclear. Bem abaixo desse limiar nenhuma combinação de falhas de comunicações, erros de computador, interpretações equivocadas, governantes psicopatas ou outros requisitos deflagraria a catástrofe climática. Os Estados Unidos cruzaram esse limiar - naturalmente sem sabê-lo - em princípios dos anos 50. A União Soviética o transpôs - igualmente sem sabê-Io - em meados dos 60. Durante todo esse tempo os governos dos Estados Unidos, da União Soviética e de outras nações vêm tomando decisões fundamentais, envolvendo a vida e morte de cada habitante do planeta, sem saber das conseqüências de uma guerra nuclear, e na suposição de que essas conseqüências seriam bem mais brandas do que agora se mostra ser o caso. E os arsenais globais, hoje cerca de 20 vezes o limiar do inverno nuclear, vêm crescendo. A Grã-Bretanha, a França e a China têm arsenais estratégicos pelo menos próximos do limiar. Outros países estão acumulando armas nucleares ou a capacidade de fazê-Ias. As curvas da Figura 3 tornam-se mais e mais verticais.

Figura 3. A história da corrida de armas nucleares

estratégicas (e de teatro). O diagrama mostra três zonas: uma zona inferior em que o inverno nuclear não seria provocado, uma superior em que quase certamente ele ocorreria, e uma de transição, hachurada. Os limites desta são mais incertos do que os representados, e dependem,

entre outras coisas, da estratégia de seleção de objetivos. Mas o limiar está provavelmente compreendido entre uma centena e alguns milhares de armas estratégicas contemporâneas.

Entre 1945 e o presente, o crescimento dos estoques soviético e norte-americano é representado pelas linhas cheias. A linha ponto-traço mostra a soma dos dois arsenais, que fica próxima da dos arsenais totais do mundo. Se bem que a distinção entre armas táticas e estratégicas ou de teatro tende a tornar-se imprecisa, aquelas não são computadas nesta compilação. A redução dos estoques estratégicos americanos nos anos 60 reflete principalmente a crescente dominância dos mísseis balísticos sobre os bombardeiros. Nem todas as fontes publicadas concordam perfeitamente quanto aos números. Os dados aqui usados foram tirados de Harold Brown (1981), "Relatório do Secretário da Defesa ao Congresso sobre o Orçamento do Ano Fiscal de 1982, Pedido de Autorização do Ano Fiscal de 1983 e Programas de Defesa para o Ano Fiscal de 1986" e "Estimativa Orçamentária da Defesa Nacional, Ano Fiscal de 1983", Gabinete do Subsecretário da Defesa, Contadoria, março de 1982, entre outras fontes. As linhas tracejadas à direita da figura representam extrapolações das tendências atuais.

E assim voltamos ao Dia das Bruxas. Este encontro sobre "O Mundo após a Guerra Nuclear" está sendo realizado, em função de circunstâncias corriqueiras como a disponibilidade de acomodações de hotel em Washington, num 31 de outubro. O Dia das Bruxas é comemorado hoje como um festival de duendes e fantasmas e coisas que sabemos que não são reais. Os horrores da guerra nuclear, ao contrário, não são fantasias, não são projeções do nosso inconsciente, mas realidades que

temos de enfrentar no mundo das emoções pessoais e da prática política. A guerra nuclear merece, e muito, a nossa preocupação, e não somente em 31 de outubro.

De qualquer modo, se devêssemos realizar esta reunião numa data de significado simbólico, o Dia das Bruxas parece-me uma boa escolha. Originalmente, na era pré- cristã, era um festival dos celtas chamado Samhain. Assinalava o começo do inverno. Era celebrado com enormes fogueiras. Tirava o seu nome do Senhor dos Mortos e era a ele consagrado. O Dia das Bruxas em sua forma original combinava os três elementos capitais do cenário TTAPS: fogo, inverno e morte.

As armas nucleares são feitas por criaturas humanas. O confronto estratégico global entre os Estados Unidos e a União Soviética foi concebido e executado por criaturas humanas. Não há nisso nada inevitável. Se formos suficientemente motivados, poderemos livrar a espécie humana dessa armadilha que insensatamente armamos para nós mesmos. Mas o tempo é muito curto.

AGRADECIMENTOS

Este artigo não teria sido possível sem a alta competência científica e dedicação dos meus co-autores do relatório TTAPS, Richard Turco, Brian Toon, Thomas Ackerman e James Pollack. Também sou grato, por estimulantes discussões e/ou cuidadosas revisões de uma versão anterior deste artigo, a Hans Bethe, Mark Harwell, John P. Holdren, Eric Jones, Carson Mark, Theodore Postol, Joseph Rotblat, Stephen Schneider, Edward Teller e Albert Wohlstetter; e agradeço encarecidamente o incentivo, as sugestões e as apreciações criticas de Lester Grinspoon, Steven Soter e, especialmente, Ann Druyan. Shirley Arden, Mary Maki, Mary Roth e Joanne Vago prestaram, com sua habitual e grande competência,

serviços logísticos essenciais à preparação deste trabalho e à organização da conferencia preparatória de Cambridge, Massachusetts. Finalmente, minha gratidão aos companheiros do Comitê de Conseqüências Mundiais à Longo Prazo de uma Guerra Nuclear.

Perguntas

DR. VIKAS SAINI (Junta Diretora, Nuclear Free America): Eu tenho duas perguntas sobre as suposições do modelo. A primeira é quanto aos efeitos no Hemisfério Sul: trata-se estritamente da transferência de efeitos de detonações no Hemisfério Norte, ou o senhor inclui objetivos no Hemisfério Sul?

SAGAN: Não, não estamos supondo nenhum ataque apreciável contra objetivos no Hemisfério Sul. O cenário da revista Ambio prevê cerca de 100 megatons dirigidos contra alvos no Hemisfério Sul e latitudes tropicais. A poeira e fumaça produzidas em tais alvos atingiriam o sul mais depressa do que aerossóis transportados do Hemisfério Norte. Quaisquer ataques contra objetivos no Hemisfério Sul agravariam ainda mais os nossos resultados.

SAINI: A segunda pergunta refere-se a certos resultados imprevistos da detonação de armas nucleares em relação com o cinturão de radiação de Van Allen. Gostaria de saber se o senhor está a par deste assunto e de ouvir seus comentários sobre o que parece ser um dos aspectos mais inquietantes da presente conjuntura: a saber, a militarização do espaço.

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