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A NOÇÃO DE COMPETÊNCIA

No documento PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO (páginas 50-55)

3 ALGUNS ELEMENTOS TEÓRICOS QUE NORTEARAM A PESQUISA.

3.4 A NOÇÃO DE COMPETÊNCIA

No que diz respeito à noção de competência, Moreira (2002) ainda aponta alguns conceitos, quais sejam:

Capacidade de articular, mobilizar e colocar em ação valores, conhecimentos e habilidades necessárias para o desempenho eficiente das atividades requeridas para a natureza do trabalho (Resolução CEB Nº 4/99, Brasil).

Conjunto identificável e avaliável de conhecimentos, atitudes, valores e habilidades relacionadas entre si que permitem desempenhos satisfatórios em situações reais de trabalho, utilizadas na área ocupacional.

Conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes verificáveis, que se aplica no desempenho de uma função produtiva.

Conjunto de conhecimentos e habilidades que os indivíduos adquirem durante os processos de educação/formação

A determinação da competência profissional se constrói em cada área profissional, articulando as perspectivas do mundo do trabalho e da formação. E ainda a certificação de competências tem uma vantagem para o trabalhador ao reconhecer-lhe competências adquiridas durante sua experiência e no limite da descrição de suas capacidades laborais ou no resultado de sua vida acadêmica.

Para Hirata (1994), a noção de competência está associada aos postos de trabalho ou profissões, tendo compensação em termos salariais. É o que se verifica na prática no mercado de trabalho. Os possuidores de melhor qualificação e competência são em geral os melhores remunerados.

Abramo (1998), no entanto, não valoriza a distinção entre qualificação e competência na medida em que considera as qualificações exigidas atualmente, relacionadas apenas aos aspectos comportamentais. Nesse caso, a distinção entre qualificação e competência se reduz a um problema semântico. Ainda menciona as técnicas abrangentes, competências organizativas/metódicas, competências comunicativas, competências sociais e competências comportamentais como exigências de qualificação para os trabalhadores do setor industrial e de serviço.

No entendimento da autora citada, as competências técnicas abrangentes são predominantemente intelectuais e objetivam o exercício do “aprender a pensar” e ”aprender a aprender”, desenvolvendo a capacidade de reconhecer e definir problemas, de equacionar soluções, de pensar estrategicamente, atuar preventivamente e introduzir modificações no processo de trabalho, além das capacidades de transferência e generalização de conhecimentos.

As competências organizacionais ou metódicas se traduzem na capacidade do indivíduo de planejar e auto-organizar-se, estabelecendo métodos próprios, gerenciando seu tempo e seu espaço no trabalho. Essas competências implicam na capacidade de auto-avaliação, gerando a auto-suficiência.

As competências comunicativas são traduzidas pela capacidade de expressão e comunicação com o seu grupo, superiores hierárquicos ou subordinados e de cooperação, de trabalho em equipe, de diálogo e de comunicação interpessoal.

As competências sociais se revelam na capacidade do indivíduo de utilizar todos os seus conhecimentos, obtidos através de fontes, meios e recursos diferenciados, nas mais variadas situações encontradas no mundo do trabalho. Refere-se à capacidade de transferir conhecimentos da vida cotidiana para o ambiente de trabalho e vice-versa.

As competências comportamentais envolvem a criatividade, a iniciativa, à vontade de aprender, a abertura às mudanças, a consciência da qualidade e das implicações no seu trabalho.

No Brasil, o Conselho Nacional de Educação, através da Resolução 04/99 definiu a noção de competência profissional como a capacidade de mobilizar, articular e colocar em ação valores, conhecimentos e habilidades, necessários para o desempenho eficiente e eficaz de atividades requeridas pela natureza do trabalho.

Nesse sentido, o que se observa no que concerne ao plano pedagógico profissional seria a passagem de um ensino centrado em saberes disciplinares, para um ensino definido pela formação de competências a serem utilizadas em situações específicas de trabalho.

Nessa perspectiva a qualificação estaria referida à capacidade potencial do profissional no desenvolvimento ou realização de tarefas correspondentes a uma

atividade, enquanto que a competência estaria referida somente a conhecimentos e habilidades, indispensáveis para se chegar a certos resultados exigidos em uma circunstancia determinada.

Competência seria, portanto, a capacidade real para chegar-se a um objetivo ou resultado, ou seja, seria centrada no indivíduo, aquele que pode chegar a ocupar um ou mais postos de trabalho numa área profissional. Enquanto que qualificação estaria direcionada para um posto de trabalho,

Sobre as relações entre produção e qualificação, Moreira (2002) situa a questão em três momentos históricos. Começando pelo trabalho artesanal quando a aprendizagem e a qualificação profissional eram adquiridas em longos anos, o que hoje chamamos de qualificação tácita, e abrangia todas as etapas da produção na manufatura, fase em que foi decomposto e mutilado o saber operário na sua ação, levando este à desqualificação e termina por analisar a indústria moderna, quando surge então a possibilidade do trabalhador ser requalificado para assumir os novos postos de trabalho.

A noção da qualificação tácita é expressa como uma forma de conhecimento que, conquanto essencial à aquisição e desenvolvimento de tarefas qualificadas, é sempre aprendido através da experiência subjetiva. Por isso mesmo, este conhecimento está ligado à vivência concreta de um trabalhador particular numa situação específica, como conhecedor único das idiossincrasias próprias ao equipamento que supervisiona ou opera. Trata-se de uma forma de conhecimento que está na base da constituição da experiência da qualificação do trabalhador, adquirida por Antigüidade num posto de trabalho, sendo insubstituível ainda quando as mais modernas tecnologias informatizadas busquem internalizar no equipamento a experiência, vivência e memória do trabalhador individual.

Para Bianchetti, as qualificações tácitas, com a evolução acelerada das novas tecnologias da informação e comunicação, deixaram ser o grande trunfo dos trabalhadores porque a necessidade de novos conhecimentos tornou-se também exigida a cada dia. Para o autor:

Novas ambiências de trabalho exigem novas qualificações, demandando atitudes, condutas e habilidades cognitivas que poucas similaridade guardam coma as exigências até recentemente consideradas

imprescindíveis, até mesmo o próprio espaço do saber tácito, ainda há pouco considerado o último reduto da autonomia e criatividade dos trabalhadores, está sendo invadido e devassado pelas novas tecnologias, deixando–os mais vulneráveis e cada vez com mais dificuldades de ingresso ou manter-se no chamado mercado de trabalho (BIANCHETTI 2001, p.17). As modificações da organização do trabalho, as novas tecnologias de produção e a nova estruturação das empresas levam a que se exijam novas e diferentes capacidades de resposta.

Atualmente o sujeito empregado ou o futuro empregado, tem de reunir um conjunto de competências não exclusivamente técnicas, mas, também de ordem sócio- afetiva. O perfil profissional desejável hoje em dia faz apelo a características do foro pessoal e relacional do indivíduo.

Com as mudanças quotidianas surgem novos empregos, “novas profissões" e em torno disto um clima de grande instabilidade e as "novas profissões" transmitem a idéia de terem um período de vida cada vez mais curto, o que poderá levar o indivíduo a mudar o seu rumo profissional por diversas vezes. Sendo assim, podemos afirmar que a rápida obsolência dos saberes obriga a que a capacidade da pessoa de se formar ao longo da sua existência passe ser à base de sua sobrevivência.

Concluindo, pode-se dizer que o conceito de competência necessita estar relacionado a resultados, portanto o conceito tem que estar relacionado à ação. Significando o conjunto de qualificações de um profissional.

Mas, no conjunto a competência vem reunir abordagens que buscam, objetivamente, melhor aproveitamento dos recursos em direção aos resultados. Procura orientar para melhor análise na contribuição dos profissionais e melhor orientação para o seu desenvolvimento e retenção na empresa.

Podemos, por conseqüência, admitir competência como: capacidade, habilidade, aptidão ou ainda autoridade outorgada para julgar, decidir e agir, ou seja, não basta ter as habilidades necessárias para ativar uma ação, é imprescindível conhecer o alvo e a necessidade a ser satisfeita e estar-se imbuído desta responsabilidade.

Desta maneira entendemos competência como um agregado de conhecimentos, habilidades e atitudes relacionadas que afetam mais

significativamente o desempenho de um papel objetivando a agregação de valor aos resultados organizacionais e habilidade se torna uma competência quando faz diferença no negócio, de forma positiva.

No documento PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO (páginas 50-55)

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