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QUALIFICAÇÃO/HABILIDADES/COMPETÊNCIA

No documento PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO (páginas 43-49)

3 ALGUNS ELEMENTOS TEÓRICOS QUE NORTEARAM A PESQUISA.

3.2 QUALIFICAÇÃO/HABILIDADES/COMPETÊNCIA

Sob as contínuas e profundas alterações situadas anteriormente novas qualidades, habilidades e competências passaram a ser exigidas dos trabalhadores. À destreza manual se agregam novas competências relacionadas com a inovação, a criatividade, o trabalho em equipe e a autonomia na tomada de decisão mediada pelas novas tecnologias de informação e comunicação.

Como já, às vezes insistentemente, indicado por diversos estudiosos do campo, a estrutura rígida de ocupações altera-se, além de equipamentos, instrumentos e instalações complexas requererem profissionais com níveis de educação e qualificação cada vez mais elevados. As mudanças aceleradas no sistema produtivo passaram a exigir uma permanente atualização dessas qualificações e habilitações e, portanto novos perfis profissionais.

Diante deste enfoque, o conhecimento torna-se o que muitos denominam simplesmente de saber. A habilidade refere-se ao saber fazer relacionado com a prática do trabalho, transcendendo a mera ação motora.

Apontam tais estudiosos que poder-se-ia dizer, que alguém tem competência profissional quando constitui, articula e mobiliza valores, conhecimentos e habilidades para a resolução de problemas não só rotineiros, mas também inusitados em seu campo de atuação profissional.

De acordo com Menezes (2002), A vinculação entre educação e trabalho, na perspectiva da laborabilidade, torna-se então, uma referência fundamental para se entender o conceito de competência como capacidade pessoal de articular os saberes (saber, saber fazer, saber ser e conviver) inerentes a situações reais de trabalho. O desempenho nas atividades do trabalho pode ser utilizado para aferir e avaliar competências, entendidas como um saber operativo, dinâmico e flexível, capaz de guiar desempenhos num ambiente em constante mutação e permanente desenvolvimento.

Alguns autores tais como Moreira (2002) classificam a competência como: competências por atributos, práticas, técnicas, básicas, genéricas, específicas, particulares e as gerais.

As competências por atributos (características pessoais) são as habilidades que dizem respeito às aptidões e são à base do processo de performance referindas aos aspectos potenciais da ação.

As competências práticas (postura pessoal) são as habilidades que dizem respeito à manifestação concreta na atividade, refere-se à ação propriamente dita.

As competências técnicas (conhecimento) referem-se ao substrato técnico que detem o profissional e lhe permite fácil trânsito diante das necessidades da função.

As competências básicas se referem àquelas de ordem formativa. São pré- requisitos para que qualquer pessoa desenvolva atividades produtivas ou de serviços.

As competências genéricas são conhecimentos e habilidades que estão associados ao desenvolvimento de diversas ocupações necessárias para as distintas atividades do mundo do trabalho,

As competências específicas são associadas a conhecimentos e habilidades de ordem técnica necessários para a execução das funções produtivas e de serviços.

As competências particulares são mais funcionais, permitem o exercício de funções e atividades particulares a um determinado ofício ou a uma profissão e permitem a evolução adequada do trabalho.

Finalmente, as competências gerais são as mais fundamentais, permitindo a transferência do aprendido e a adaptação a novas situações.

Há que se agregar que, atualmente, com a globalização da economia e a alta competitividade imposta por mudanças estruturais, reforça-se de maneira inigualável a necessidade de se reequacionar a questão da capacitação humana no que se refere sobretudo ao conhecimento e à capacitação profissional frente às novas exigências.

De acordo Com Melo (1998), fica evidente que o conhecimento, a capacidade de processar e selecionar informações, a criatividade e a iniciativa são fundamentais para o desenvolvimento e a modernidade, ou seja, as habilidades cognitivas e competências sociais de grau superior tal como flexibilidade, autonomia e capacidade de adaptação a novas situações são prioridades até em países de terceiro mundo como o Brasil.

Para Colenci (2000), “em termos educacionais, há necessidade de se pensar em um novo perfil profissional qualificado para se ter qualidade e produtividade a fim de, conseqüentemente, alcançar a competitividade” (p7).

Essa necessidade é imposta pelos desafios diante de uma atuação competente estabelecida por novos padrões de qualidade e produtividade como única forma de atuação competitiva. Novos padrões de desempenho do trabalho, apoiados em critérios de multidisciplinaridade do conhecimento e multifuncionalidade de competências, passam a ser exigidos não só dos produtos e serviços, mas dos profissionais de engenharia, enquanto agentes de transformações tanto sociais como mercadológicas.

A eletrônica e a microeletrônica representada pelas profundas mudanças tecnológicas na comunicação e na informação vêm alterando as formas de trabalho, de tal modo que o perfil dos trabalhadores vem sofrendo alterações constantes e significativas. As mudanças estão ocorrendo em ritmo acelerado e os estudos sobre os reflexos dessas novas tecnologias sobre o trabalho estão longe de chegar a um consenso sobre a direção ou os resultados dessas modificações inclusive sobre o nível de qualificação que será necessário para o trabalho.

De acordo Com Baethge (1989) apud. Markert (1989), uma pesquisa sobre o emprego de máquinas automáticas na indústria na República Federal da Alemanha chegou à conclusão que “as razões expressas mais freqüentemente como motivo de investimento é se tornar independente da força de trabalho qualificada e... poder empregar nas máquinas automáticas, pessoal não qualificado e sem experiência”.

Contrariando, Offe (1990) afirmou que as evidências no campo empírico, reconhecidas por vários autores citados anteriormente, indicam, de fato, que as novas tecnologias tem exigido "maior nível de qualificação".

Ainda para outros autores, a modernização, em lugar de destruir as habilidades do trabalhador, pode não só gerar outras necessidades de habilitações como também pode valorizá-las, beneficiando-se delas, como no caso das qualificações tácitas.

Neste sentido, afirma Paiva (1989) “que a valorização das qualificações e a promoção da independência profissional seriam imprescindíveis para esta nova fase da produção capitalista. Nos setores mais avançados, a tendência tem sido a reaglutinação das tarefas e a exigência de elevação de qualificação pela maior complexidade delas”.

Longe parece que se encontra o fechamento, do debate, sobre as relações entre as novas tecnologias e o trabalho, bem como é ainda certo o grau de risco envolvido na defesa de qualquer das posições sobre essas questões. Contudo, não se há como ignorá-las ao buscar-se tratar da formação do engenheiro do ramo da construção civil, diante das constatações anteriormente mencionadas.

Ademais, há que se considerar que a formação de engenharia não vai estar atendendo somente às necessidades do mercado, mas também da própria sociedade, que poder-se-á entender como a verdadeira cliente e a qual, admite-se, espera o melhor desses profissionais, ou seja, inteligência e conhecimento adaptados a um novo perfil profissional, qualificação profissional para o exercício da cidadania, capacidade de lidar como novos parâmetros de difusão de conhecimentos dados pela informática e meios de comunicação de massa e contribuição para recuperar/construir a dimensão social e ética do desenvolvimento.

Cabe ainda deixar claro que os conceitos de habilidades/competência/ qualificação foram amplamente estudados por diversos autores. Fartes, por exemplo, observa que:

[...] qualificação é um processo continuo e de múltiplas dimensões cotidianamente elaborado pelos trabalhadores, seja através da educação formal, obtida na estrutura regular de ensino propedêutico ou técnico – profissional; seja através da educação não formal, visto curso de treinamento, sobretudo aqueles realizados no ambiente de trabalho; seja por meio da educação informal, adquirida nas relações societais – a família, em particular-ou no exercício do trabalho-a que resulta nas chamadas “qualificações tácita” (FARTES, 2000, p.12).

Segundo a autora competência é um processo que envolve fundamentalmente o desempenho em situação de trabalho.

Desde algum tempo, a preocupação com o ensino e especificamente com o ensino de engenharia vem aumentando no meio acadêmico, isso porque, ao se formar um profissional para ingresso no mercado de trabalho este necessita estar apto para enfrentar a realidade em seus diferentes níveis de interpretação.

Há que se considerar, ademais, que as necessidades da sociedade também têm sofrido constantes mudanças e diante desse processo o que se espera desses engenheiros são soluções criativas e diferentes das já conhecidas. Isso significa que novas soluções devem ser buscadas para os novos problemas que a cada dia surgem.

Nessa direção, a literatura vem apontar que, a modularização dos cursos, inclusive os de engenharia deveria proporcionar maior flexibilidade a essa formação e contribuir para a ampliação e agilização do atendimento das necessidades dos profissionais, das empresas e da sociedade. Cursos, programas e currículos deveriam estar permanentemente reestruturados, renovados e atualizados, segundo as emergentes e mutáveis demandas do mundo do trabalho. Isto, quem sabe, viria possibilitar o atendimento das necessidades dos trabalhadores na construção de seus itinerários individuais de formação, que os conduzissem a níveis mais elevados de competência para o trabalho.

Segundo Belhot (1997), nesta época de mudanças sociais, a tecnologia disponível poderia estar exercendo um papel primordial no próprio campo da formação, isto é, no ensino. Embora diversas questões pudessem ser levantadas, uma parece crucial: o ciclo de vida da tecnologia, por ser cada vez mais curto, cria dificuldades para o processo educacional, que passa a ter problemas para incorporá-la, pois ocorrem mudanças mais rapidamente que a possibilidade de sua absorção pelo ambiente educacional, o que pode traduzir na colocação de profissionais desatualizados no mercado de trabalho.

Além disso, a valorização dos recursos humanos tem propiciado o surgimento de novos conceitos que ajudam a vencer as dificuldades atuais é o caso das múltiplas modalidades de aprendizado ativo e cooperativo, dos novos requisitos profissionais como trabalho em equipe, criatividade, iniciativa e flexibilidade, que poderiam ser incorporados à formação do engenheiro para que este se torne capaz de lidar com o novo e não mais reproduza soluções conhecidas.

Torna-se evidente que o conhecimento, a capacidade de processar e selecionar informações, a criatividade e a iniciativa são essenciais para o desenvolvimento e para a modernidade. Pode-se admitir, também que habilidades cognitivas e competência social de grau superior tal como flexibilidade, autonomia

capacidade de adaptação a novas situações são prioridades até em países como o Brasil. E que em termos educacionais, há necessidade de se pensar em um novo perfil profissional qualificado para se ter qualidade e produtividade a fim de, conseqüentemente, alcançar-se à competitividade.

Nesta perspectiva, novos modelos de formação profissional estariam sendo requeridos, buscando dar uma resposta aos novos desafios de um novo cenário.

Os profissionais que vão enfrentar o mundo contemporâneo devem estar preparados para o trabalho e para o exercício da cidadania. Não mais a formação para um posto de trabalho que prepare o homem "executor de tarefas". A nova educação profissional estaria, então, formando trabalhador pensante e flexível, no mundo das tecnologias avançadas.

Dessa forma, as relações entre educação e trabalho, em termos de compromisso com a sociedade, se traduzem num amplo conceito de formação profissional, indo além da preparação especializada para ocupações de postos de trabalho. Esta formação estaria visando o desenvolvimento de competências amplas em cada indivíduo, incluindo valores como independência, liberdade, solidariedade, cooperação mútua, iniciativa, compreensão integral dos fenômenos e disposição para aprender a aprender, aprender a fazer e aprender a ser.

No documento PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO (páginas 43-49)

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