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No mundo da noosfera

No documento Linguística Cognitiva (páginas 77-104)

A LC e a sua TMC inserem-se na noosfera, o qual, por sua parte, equivale a um mundo formado por produtos culturais, linguagens, noções, teorias e, também, por conhecimentos objetivos; essa noosfera possui existência própria, é real, dispõe de autonomia e surge como produto da atividade humana e, como destaca Morin (2011b, p. 135, grifo do autor),

[...] uma vez formadas, as construções intelectuais vivem uma vida própria, engajam-se em relações dialéticas com as outras 'construções' e espíritos humanos. geram consequências com frequência imprevistas para os seus autores... 'tornam-se conhecimentos públicos e, desse modo, propriedade pública. Transcendem assim o espírito individual...'.

Metonimicamente pensando, os cérebros humanos e as culturas formam ecossistemas do mundo das ideias. A ideia teria, em si mesma, emergência

e teleonomia, sendo capaz de se manter, se desenvolver e de adquirir maior com- plexidade. O mundo noosférico é um produto, embora seja um produto que, de modo recursivo, se faz necessário à produção do seu produtor antropossocial. A noosfera emerge viva, a partir das atividades antropossociais. (MORIN, 2011b)

No âmbito da noosfera, uma teoria é considerada uma entidade logomorfa que, como todas as outras entidades dessa mesma noosfera, é autoeco-organiza- dora, sendo que o meio cultural e os espíritos/cérebros formam o ecossistema onde se criam, se propagam e se reproduzem ideias. No mundo antropossocial, a noosfera articula-se com a psicosfera e a sociosfera, sendo a penúltima a esfera dos espíritos/cérebros individuais, fonte do pensamento etc., e a segunda a res- ponsável por concretizar ideias, teorias etc. As entidades abastecem-se do cha- mado pensamento empírico-racional.

Na noosfera, nos espaços atinentes às elaborações teóricas, existe a con- cepção de migração entre ciências, explicitada por Morin (2011a, 2009). Essa noção coopera, para que seja estabelecido um entendimento da recepção da obra de Lakoff e Johnson (1980), particularmente, no que concerne à elaboração de uma compreensão do modo como o conceito de metáfora evidencia-se e ins- pira pensadores contemporâneos, em especial, Fritjof Capra. Diversas migrações já ocorreram no devir da constituição histórica da ciência, e, diferentemente do que se pode pensar, uma ideia não é parte exclusiva do espaço disciplinar onde nasceu. Há concepções migradoras, bem como transposições de esquemas cogni- tivos, que avançam em outros espaços e acabam fazendo parte de outros campos do conhecimento, passando de uma disciplina para outra, pois, como observa Morin (2011a, p. 117): "os conceitos viajam e é melhor que viajem sabendo que viajam. É melhor que não viajem clandestinamente. É bom também que eles viajem sem serem percebidos como aduaneiros!"

Considerando o poder das teorias, constato a ampla adesão dos espaços noosféricos acadêmicos à TMC, quer por gerar discussões, próprias da tradição crítica constituída, a partir da sua criação e da sua publicização, quer por propor- cionar uma adesão generalizada, e, em alguns casos, trata-se até mesmo de uma adoção dogmática e praticamente cega, inclusive, em trabalhos de Pós-Graduação, até mesmo, em estudos de doutoramentos. Em face dessa noosfera, verifico o diá- logo da TMC com outras teorias, e como já pontuei aqui, ponho em destaque a sua presença em uma obra de Fritjof Capra (2005), e, para além disso, reflito

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sobre os questionamentos de Steven Pinker (2008) que constituem parte da tra- dição crítica criada em torno da TMC; penso, ademais, sobre a sua adoção por eminentes pensadores da contemporaneidade, como Manuel Castells (2009), e, ainda, pondero a respeito das diferentes menções que lhe são feitas por outros pesquisadores de vulto na atualidade como António Damásio (2015), Marcelo Gleiser (2014), Pierre Levy (2014) e Umberto Eco (2013).

Lakoff e Johnson no mundo da noosfera: a contemporaneidade lendo a TMC

Lançada na noosfera, a TMC participa do comércio das ideias, o qual ocorre, como preleciona Morin (2011b), porque, sendo ecodependente, uma teoria é aberta "e depende do mundo empírico onde se aplica. A teoria vive das suas trocas com o mundo: metaboliza o real para viver. É o tipo aberto de autoecoorganização que dá à teoria uma resistência constitutiva ao dogmatismo e à racionalização".

A TMC perfurando o imprinting e a normalização das ideias na noosfera

Para exemplificar como a TMC tem conseguido, apesar das discussões que suscita, estabelecer-se na noosfera e perfurar o imprinting e a normalização, trago, ao meu texto, a minha leitura do capítulo "A metáfora da metáfora", parte integrante do livro Do que é feito o pensamento, publicado em 2007, de autoria do psicólogo Steven Pinker, que, nessa sua obra, tece, em várias páginas, reflexões voltadas ao fenômeno metafórico.

Pinker, de modo um tanto polêmico, pelo menos a meu ver, chama a TMC de messiânica e assegura que essa teoria compreende que "PENSAR É ACHAR UMA METÁFORA", o que seria, para ele, "a metáfora da metáfora". (PINKER, 2008, p. 275) A partir de uma perspectiva dual e, também, metafórica, ele con- fronta a TMC com a chamada teoria estraga-prazeres.

Segundo Pinker (2008), a ideia de uma mente vendedora de metáforas gera muitos desdobramentos. De início e, por um lado, ele afirma que "se a apreciação da metáfora traz uma era messiânica, o messias é George Lakoff". (PINKER, 2008, p. 288) Depois, por outro, coloca Lakoff como fundador de movimentos revolucionários – a Semântica Gerativa e a LC – e como um autor de uma série de livros envolventes, principiada pelo Metaphors we live by que escreveu em

coautoria com Mark Johnson e acredita ser a descoberta da onipresença da metá- fora na língua cotidiana algo surpreendente e repleto de implicações. Considera, ainda, que Lakoff estudou o mundo metafórico com uma "profundidade magní- fica", que ele teve "sacadas impressionantes" e que "chegou a conclusões notáveis" e, da mesma forma, assegura que "Lakoff é de longe o maior defensor da metáfora da metáfora". (PINKER, 2008, p. 283) Para além, pontua que "a teoria da metá- fora conceitual de Lakoff é extraordinária". (PINKER, 2008, p. 284)

Em outras passagens do seu capítulo, entretanto, exalando, nitidamente, um ar polêmico, aparentemente envolto por certa descrença, Pinker (2008, p. 284) assegura:

[...] se ele [Lakoff] estiver certo, a metáfora conceitual pode fazer qualquer coisa, desde virar de cabeça para baixo 2500 anos de equivocada confiança na verdade e na objetividade no pensamento ocidental a colocar um democrata na casa Branca.5

Pinker, assim, apesar de proceder a elogios ao pensamento lakoffniano,6 adota, ao longo do texto, um tom receoso, desconfiado e, como eu já disse, não poucas vezes, polêmico, em relação à TMC, de tal modo que, em uma dada pas- sagem desse capítulo, assegura: "embora eu acredite que a metáfora conceitual realmente tenha profundas implicações na compreensão da relação entre língua e pensamento, acho que Lakoff leva a idéia um pouco longe demais". (PINKER, 2008, p. 284) Pinker acredita que Lakoff excede limites, inicialmente, por rejeitar

as concepções de verdade, de objetividade e de razão desencarnada.

Para Pinker, a versão do relativismo de Lakoff é vulnerável; ele cita pas- sagens de Philosophy in the flash e, ao tratar do relativismo, argumenta: "Lakoff e Johnson não têm como fugir. No próprio ato de apresentar sua tese, pressupõem

5 Este último comentário diz respeito ao fato de o livro Don't think of an elephant de

Lakoff (2004) ter virado um best-seller e, segundo pinker, um talismã liberal, e pelo fato de Lakoff ter se reunido com líderes e marqueteiros do partido Democrata dos Estados Unidos e de ele ter falado em colégios eleitorais, depois da derrota desse partido, em 2005, nas eleições presidenciais. (pinKER, 2008)

6 É interessante notar que, embora boa parte das discussões iniciais propostas por Lakoff

sejam em parceria com Johnson, pinker direciona seus comentários e suas críticas, tão somente, para aquele.

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as noções transcendentes de verdade, objetividade e necessidade lógica que buscam destruir". (PINKER, 2008, p. 286) Eu, particularmente, não penso que Lakoff e Johnson pretendam destruir essas concepções, mas ousam questioná-las e, ao fazer isso, acabam por contestar essa tradição autoritária do pensamento oci- dental constituída em mais de 2500 anos, sobre a qual Pinker discorre e se apre- senta como fiel representante; esse comportamento, a meu ver, claramente, reflete o jogo da normalização e do imprinting a respeito dos quais trata Morin (2011b). Apesar de ver problemas em se afirmar que a maior parte do pensamento humano é metafórico, Pinker (2008, p. 292), por uma parte, volta a dizer que

Lakoff tem razão em insistir que as metáforas conceituais não são apenas flo- reios literários, mas auxiliares do raciocínio – são as metáforas 'pelas quais vivemos'. E as metáforas podem dar vida a interferências sofisticadas, não só às óbvias.

Mas, por outra parte, assevera que a onipresença da metáfora não quer dizer que qualquer pensamento se fundamente na experiência corpórea, nem que ideias diversas sejam simples enquadramentos contraditórios; ele crê que as metá- foras conceptuais só podem ser aprendidas e utilizadas se forem examinadas em seus elementos mais abstratos, que constituiriam, segundo pensa, a "verdadeira" moeda do pensamento e, ainda, pelo que acredita, o uso metódico da metáfora pela ciência demonstra que esse fenômeno se constitui em um modo de adaptar a língua à realidade e que pode apreender o que Pinker chama de "leis genuínas do mundo". (PINKER, 2008)

E mais, ainda, assegura que:

As pessoas certamente são afetadas pelo modo como as coisas são enqua- dradas, como sabemos por séculos das artes da retórica e da persuasão.7 E as

7 Sobre a tradição retórica, pinker afirma que "os ingredientes também fazem com que

a metáfora literária seja mais picante que uma metáfora conceitual cotidiana". (pinKER, 2008, p. 301) Essa observação de pinker, pelo que penso, demonstra que há uma con- cepção bem tradicional permeando o seu pensamento. Além disso, creio que seja pre- ciso questionar quais seriam os critérios para se categorizar a metáfora literária como mais picante e, ainda, acredito que seja necessário pontuar que, ao dizer que a metá- fora literária é mais "picante" do que a cotidiana, ele fez uso de uma expressão metafó- rica de uma metáfora conceptual.

metáforas, em especial as metáforas conceituais, são uma ferramenta essencial da retórica, da comunicação corriqueira e do próprio pensamento. mas isso não significa que as pessoas fiquem escravizadas por suas metáforas ou que a escolha da metáfora seja uma questão de gosto ou doutrinação. metáforas são generalizações: elas incluem um caso específico numa categoria universal. metáforas diferentes são capazes de descrever o mesmo objeto, gramáticas diferentes são capazes de gerar o mesmo corpo de frases e teorias cientí- ficas diferentes são capazes de explicar o mesmo conjunto de dados. Assim como outras generalizações, as metáforas podem ter suas previsões testadas e seus méritos inspecionados, incluindo sua fidelidade à estrutura do mundo. (pinKER, 2008, p. 300)

Preso à questão da verdade e da objetividade, Pinker (2008, p. 317, grifo nosso), ainda, pontua que:

O messias não veio. Embora as metáforas sejam onipresentes na língua,

muitas delas estão realmente mortas na mente dos falantes atuais, e as vivas jamais poderiam ser aprendidas, entendidas ou usadas como ferramenta de raciocínio se não fossem construídas a partir de conceitos mais abstratos que

captassem as semelhanças e as diferenças entre o símbolo e o que está sendo simbolizado. por esse motivo, as metáforas conceituais não tornam obsoletas a verdade e a objetividade, nem reduzem o discurso filosófico, legal e político a um concurso de beleza entre dois enquadramentos.

E apesar de parecer descrente em relação à TMC, em diferentes passagens, creio que ele acabe por fornecer exemplos de como essa teoria está conseguindo, paulatinamente, vencer o imprinting e a normalização na noosfera, como penso acontecer na seguinte passagem:

[...] acho que a metáfora é, sim, a chave para explicar a relação entre pensa-

mento e língua. A mente humana vem equipada da capacidade de penetrar

a couraça de aparência sensorial e discernir a construção abstrata que está debaixo dela – nem sempre quando se quer, e não da forma infalível, mas com a frequência e a clarividência suficientes para moldar a condição humana.

Nosso poder de analogia nos permite aplicar estruturas neurais antiqüíssimas a matérias récem-descobertas, desnudar leis e sistemas ocultos na natureza

e, não menos importante, ampliar o poder de expressão da própria língua. (pinKER, 2008, p. 317, grifo nosso)

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Em síntese, para ele, é possível entrever uma versão mais moderada da metáfora conceptual; ele crê, inclusive, em uma suposta "interpretação realista" desse fenômeno; enfim, com Pinker é possível ter acesso a um exemplo de como ocorre o processo de instituição da regra crítica, do debate com a teoria, e a adoção da premissa dialógica, o que sobre os quais trata Morin (2011a), em seu Método 4.

A TMC vencendo o imprinting e a normalização no comércio das ideias

Com a finalidade de exemplificar o fato de o pensamento lakoff-johnsoniano se encontrar em pleno processo de adesão que tem, paulatinamente, vencido o imprinting e a normalização na noosfera e, ainda, que tem ultrapassado bar- reiras impeditivas para a aceitação de concepções preconizadas sobre metáfora, sobre mente corporificada e sobre outros aspectos da cognição e da linguagem, selecionei passagens de textos de eminentes pesquisadores de diferentes áreas da ciência contemporânea que conhecem, referenciam e, alguns, inclusive, aderem, em alguma medida, saberes elaborados, a partir da publicação do Metaphors we live by.

Dentre esses estudiosos, o neurocientista António Damásio deixa claro o seu conhecimento dessa obra, quando a cita na quarta nota do capítulo "O organismo e o objeto" do seu livro O mistério da consciência, e procede ao seguinte comen- tário: "[...] os filósofos Mark Johnson e George Lakoff estabelecem uma relação íntima entre cognição e representação do corpo [...]". (DAMÁSIO, 2015, p. 279)

Também, o físico, astrônomo, escritor e roteirista Marcelo Gleiser (2014), no seu livro A ilha do conhecimento: os limites da ciência e a busca por sentido, nomeadamente, na quarta nota do capítulo "A mente e a busca por sentido",8 faz referência a Lakoff, em consequência, indiretamente, faz menção a pensamentos

8 Lakoff aparece, no caso, referenciado junto a núñez. gleiser menciona a obra intitu-

lada Where mathematics comes from: how the embodied mind brings mathematics into

being e afirma que, para alguns pensadores que compreendem a visão romântica da

matemática como expressão de uma fé semireligiosa, que pouco tem a ver com a reali- dade, "a matemática é, antes de mais nada, produto do funcionamento do cérebro e de sua aliança inseparável com o corpo: nosso modo de pensar depende conjuntamente da nossa cabeça e dos nossos corpos, da forma como evoluímos por milhões de anos. como o linguista george Lakoff e o psicólogo Rafael núñez escreveram no prefácio de seu estudo sobre as raízes do pensamento matemático [...]". (gLEiSER, 2014, p. 290) percebo, no texto de gleiser, certa crítica em relação ao modo como Lakoff e núñez posicionam-se em relação à matemática.

lakoff-johnsonianos e à tradição crítica que se institui, a partir de publicação do livro Metaphors we live by.

Umberto Eco (2013), por sua parte, no livro Da árvore ao labirinto: estudos históricos sobre o signo e a interpretação, ratifica que a metáfora é um instrumento cognitivo que constrói similaridades e remete o seu leitor, entre outras, à obra de 1980 de Lakoff e Johnson, a qual aparece referenciada no original em inglês e em suas traduções italiana e portuguesa, sendo essa última referência uma con- tribuição do tradutor do português.

Já o filósofo Pierre Lévy, no seu livro Cibercultura, trata da inadequação de algumas metáforas no âmbito das tecnologias, ao afirmar que: "a questão não é tanto avaliar a pertinência estilística de uma figura de retórica, mas sim escla- recer o esquema de leitura dos fenômenos – a meu ver, inadequado – que a metá- fora do impacto nos revela". (LEVY, 2014, p. 21) E, além disso, conduz o seu leitor, na primeira nota desse seu livro, à tradução francesa do livro seminal de Lakoff e Johnson (1980).

Por sua vez, o sociólogo Manuel Castells (2009), no livro Comunicación y poder, escreve linhas e linhas dialogando com conhecimentos elaborados pelas ciências cognitivas, de modo que o pensamento lakoff-johnsoniano não poderia deixar de se fazer presente e, inclusive, na primeira nota do seu terceiro capítulo –"Redes de mente y poder" – já faz menção a Lakoff:

Também, quero sublinhar a influência em todo este capítulo de minhas lei- turas e conversas com George Lakoff e Jerry Feldman, distintos cognitivistas

e meus colegas, em Berkeley. Remeto o leitor à análise de george Lakoff, apre- sentada em Lakoff (2008). Deve ficar claro que não pretendo ter nenhuma competência especial em neurociência nem em ciência cognitiva. Meu único

objetivo ao introduzir este elemento como parte de minha análise é conectar o que sei de comunicação política e redes de comunicação com o conheci- mento que temos atualmente sobre os processos da mente humana. Só com

essa perspectiva científica interdisciplinar, poderemos passar da descrição à explicação para compreender como se constroem as relações de poder pelas ações humanas sobre a mente humana. naturalmente, qualquer erro nesta análise é de minha exclusiva responsabilidade.9 (cAStELLS, 2009, p. 191-

192, grifo nosso)

9 "tambiém quiero subrayar la influencia en todo este capítulo de mis lecturas y con-

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E Castells (2009, p. 197) retoma, ainda, Lakoff e Johnson (1980), quando assegura que o cérebro humano pensa com metáforas que podem ser acessadas pela linguagem, mas que são estruturas físicas do cérebro.10 Ademais, cita dife- rentes produções de Lakoff: The political Mind, Why you can't understand, de 2008; War on terror, rest in peace, de 2005; Don't think of an elephant! know your values and frame the debate, the essential guide progressives, de 2004; Metaphor and war, the metaphor system used to justify war in the gulf, de 1991; além da já mencio- nada e clássica obra dele em coautoria com Mark Johnson, de 1980.

Já no âmbito da aplicação, especificamente, no da metodologia científica dos estudos em rede, Robert Kozinets (2014, p. 51), no seu livro Netnografia: rea- lizando pesquisa etnográfica online, ao tratar do modo como as entrevistas on-line podem colaborar para que se respondam perguntas de pesquisas realizadas sobre culturas e comunidades virtuais, sugere uma questão que pode gerar reflexões sobre as metáforas do pensamento e da ação para quem respondê-la: ("Quais as metáforas mais comuns que os noruegueses usam para compreender a cultura online?".

Destaca, ademais, a perspectiva metafórica no âmbito da realização de estudos netnográficos, quando argumenta que: "a natureza do empreendimento etnográfico, sua técnica e abordagem, bem como sua necessidade de interpretação sutil, metafórica e hermenêutica, rapidamente torna transparente o nível de habi- lidade retórica do pesquisador [...]". (KOZINETS, 2014, p. 61) E, ainda, ao tratar da análise e interpretação de dados qualitativos, assegura: "como na metáfora fre- quentemente ensinada nos seminários de pós-graduação, os dados são como um material bruto, próximo do nível sensório da experiência e da observação, que

colegas míos en Berkeley. Remito allector al análisis de george Lakoff presentado en Lakoff (2008). Debe quedar claro que no pretendo tener niguna competencia especial en neurociencia ni en ciencia cognitva. mi único objectivo al introducir este elemento como parte de mi análisis es conectar lo que sé de comunicación política y redes de comunicación con el conocimiento que tenemos actualmente sobre los processos de la mente humana. Sólo com esa perspectiva científica interdisciplinar podermos pasar de la descripción a la explicación para comprender cómo se construyen las relaciones de poder por las acciones humanas sobre la mente humana. naturalmente, cualquier erron en este análisises di mi exclusiva responsabilidad".

10 castells (2009, p. 197, grifo nosso), no texto em espanhol: "nuestro cerebro piensa con

metáforas, a las que se puede acceder por el lenguaje, pero que son esctructuras físicas del cérebro".

deve ser extraído" (KOZINETS, 2014, p. 114), de modo a demonstrar a pre- sença de metáforas na noosfera de cariz acadêmico.

Além do mais, ao enfocar a questão analítica em netnografia, preleciona: "vista dessa maneira, a análise de dados torna-se um ato de troca de código, de tra-

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