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II. As Parcerias Público-Privadas e a sua evolução histórica

7. Parcerias Público-Privadas ativas em Portugal

7.1. No setor rodoviário

O grupo das PPP rodoviárias incorpora as 14 concessões do Estado Português e 7 subconcessões diretamente concedidas pela IP65.

Relativamente às concessões do Estado Português, onde se incluem as 7 ex- SCUT e as 7 originalmente com portagem real, atendendo à natureza dos fluxos financeiros que lhe estão associados, de acordo com os respetivos contratos, podem dividir-se em três grupos:

O primeiro grupo é composto pelas concessões remuneradas com base num regime de disponibilidade das vias, onde se integram as antigas SCUT (Grande Porto, Costa de Prata, Norte Litoral, Beira Litoral/Beira Alta, Interior Norte e Algarve), excetuando-se as da Beira Interior, e as duas de portagem real convertidas para regime de disponibilidade (Norte e Grande Lisboa). Estas PPP são remuneradas através de um pagamento relativo à disponibilidade da infraestrutura (composto por uma componente fixa e outra ajustável em função da inflação ou apenas por uma componente fixa), adaptado pelas deduções atinentes a falhas de disponibilidade e pelo impacto da evolução dos índices de sinistralidade. O produto da cobrança de portagens nestas concessões reverte para a IP, que, por sua vez, assegura os pagamentos por disponibilidade às concessionárias, em representação do Estado Português. As concessionárias são ainda remuneradas pela IP pelos custos de

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No âmbito das atribuições que lhe são conferidas por via do contrato de concessão, a IP passou a ser responsável pela realização dos pagamentos e pela recolha de receitas das concessões do Estado Português.

Rui Miguel do Coito Alves Pereira 53 cobrança das portagens por elas efetuado, com exceção das concessões Norte e Grande Lisboa.

O segundo grupo integra a Concessão da Beira Interior, a qual possui um esquema remuneratório misto assente no regime de disponibilidade das vias e no produto da cobrança de portagens - esta última transferida para a concessionária.

Por último, no terceiro grupo, as concessões de portagem real - onde se incluem as do Oeste, Litoral Centro, Douro Litoral, Lusoponte e Brisa -, as quais procedem à cobrança direta de receitas das portagens aos utilizadores da infraestrutura, não apresentando fluxos financeiros correntes para o setor público (com a ressalva para a Lusoponte, a qual fruto das alterações contratuais entretanto ocorridas apresenta fluxos financeiros nos dois sentidos).

Quanto às subconcessões diretamente atribuídas pela IP, muito embora os contratos associados às diferentes PPP não sejam homogéneos no que toca à composição da remuneração das subconcessionárias, ainda assim esta pode ser categorizada do seguinte modo: pagamento por disponibilidade das vias da infraestrutura; pagamento por serviço (remuneração sustentada no nível de tráfego efetivamente verificado).

Cumpre ainda mencionar outras responsabilidades derivadas de pagamentos contingentes, resultantes da reformulação dos modelos financeiros ocorrida em momento anterior à assinatura final dos contratos de subconcessão, em 2009 e 2010, em virtude de alterações verificadas nos mercados financeiros no hiato de tempo compreendido entre o lançamento dos concursos e a contratação final. Bem como as reduções referentes a falhas de desempenho e de disponibilidade, e as penalizações derivadas de externalidades ambientais e sinistralidade (estes valores são subtraídos aos valores da remuneração total recebido pela subconcessionária).

Em resumo, atendendo aos diferentes tipos de remuneração neste segmento rodoviário, os encargos e receitas para o setor público com estas podem classificar- se do seguinte modo:

Rui Miguel do Coito Alves Pereira 54 a) Segundo os encargos do setor público:

i. Os provenientes dos pagamentos por disponibilidade das vias e responsabilidades ligadas aos pagamentos contingentes66, ajustados de eventuais abatimentos previstos contratualmente;

ii. Pagamentos por serviço (subordinados ao nível de tráfego);

iii. Custos derivados do serviço de cobrança de portagens e encargos suportados na realização de grandes reparações, atento o novo modelo de financiamento acordado.

b) Segundo as receitas do setor público:

i. Resultante da cobrança de portagens nas concessões e subconcessões; ii. Outras receitas, nomeadamente as resultantes dos sistemas de partilha de

benefícios, quando aplicável.

Para além dos fluxos financeiros referidos e como já vimos, há ainda a ter em linha de conta a possibilidade de se verificarem outros encargos derivados de pedidos de REF por parte das concessionárias/subconcessionárias e de factos extraordinários (desde que previsto contratualmente, como é regra) que envolvam alterações ao projeto com suscetibilidade para modificar a situação económico- financeira da concessão/subconcessão projetada e que não se reconduzam a riscos previamente previstos e aceites pelo parceiro privado.

Em 2016, os encargos líquidos com PPP rodoviárias foram superiores aos contabilizados em 2015 (conforme também já tinha sucedido neste último ano relativamente a 2014) e não obstante as renegociações entretanto operadas.

O quadro seguinte reflete, precisamente, esses encargos líquidos totais com as PPP rodoviárias em 2016, respetivas variações homólogas e o nível de execução face ao inicialmente previsto67

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Segundo o Relatório de Auditoria n.º 15/2012, da 2.ª Secção do Tribunal de Contas, respeitante ao Modelo de Gestão, Financiamento e Regulação do Sector Rodoviário, não está ainda definido o tratamento a dar às compensações contingentes, uma vez que destas poderão decorrer responsabilidades financeiras avultadas.

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Notas:

Fonte: UTAP, Relatório anual das PPP 2016 (obtido a partir de dados disponibilizados pelas entidades gestoras dos contratos) e dados constantes do Relatório do OE2016.

(1) Em 2015, inclui 'Remuneração Provisória' das Ex-SCUT, em momento prévio à alteração dos respetivos contratos de concessão.

(2) Representa o encargo efetivamente suportado pela IP, (troços da A23 e A21).

(3) Em 2016, esta rubrica compreende, designadamente, as compensações pagas às concessionárias do Oeste do Algarve, da Beira Interior, do Norte Litoral, do Litoral Centro e do Interior Norte, relativas a reembolso da TRIR/SIEV, no valor de 0,6 milhões de euros; e a compensações pagas no âmbito da execução de sentenças de processos arbitrais às concessionárias do Litoral Centro e do Oeste, nas quantias de 8,3 milhões de euros e de 29,6 milhões euros, respetivamente. Em 2015, esta rubrica inclui as compensações pagas às concessionárias da Beira Alta, da Costa de Prata/ Interior Norte, da Beira Litoral, do Grande Porto e do Norte, relativas a TRIR, no montante de 1,1 milhões de euros; e, a grandes reparações de pavimento, no valor de 19,4 milhões de euros, acrescidas das compensações pagas à concessionária do Litoral Centro, no montante de 38 milhões de euros, em cumprimento da execução das sentenças dos processos arbitrais.

(4) Respeita a proveitos diretos da IP relacionados com receitas de portagem dos troços da A21 e da A23 que integram a concessão da IP sob gestão direta desta e quiosques/Easytoll e taxas de gestão. (5) Túnel do Marão, A21 e troço da A23.

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