• Nenhum resultado encontrado

Nome do Sistema: Embarcação de Grande Porte Serreira (EGP-R)

4.3 Resultados e Discussões

4.3.2.18 Nome do Sistema: Embarcação de Grande Porte Serreira (EGP-R)

Espécie(s)-Alvo: Scomberomorus brasiliensis (serra).

Fauna Acompanhante: Scomberomorus cavalla, Sarda sarda, Macrodon ancylodon, Bagre

bagre, Sciades proops, Aspistor parkeri, Genyatremus luteus, Pomatomus saltatrix,

Rhizoprionodon porosus, Carcharhinus porosus, Chloroscombrus chrysurus e Oligoplites

saurus. A proporção das espécies capturadas tem mudado ao longo dos anos.

Aspectos Biológicos da(s) Espécie(s)-Alvo: Principais registros biológicos sobre a espécie

encontram-se em: LIMA, 2000; LIMA, 2004; SILVA et al., 2005 e FREDÓU et al., prelo.

Área de Atuação/Pesqueiros: As capturas ocorrem em toda a extensão da plataforma

continental maranhense, predominantemente no litoral ocidental destacando-se vários pesqueiros, dentre eles: S. Jorge, S. João e Canal do Retiro (Figura 48).

Figura 48: Localização dos pesqueiros da costa ocidental do Maranhão e principais portos de desembarques.

Fonte: Adaptado de ANEEL; CPRM; EMBRAPA; IBGE; NIMA.

Tecnologia/Atividade Pesqueira: As pescarias são realizadas com embarcações de fibra de

vidro e de madeira com até 12 metros de comprimento equipadas com GPS, ecossonda, rádio VHS, e urnas com capacidade para 7 toneladas. São utilizadas redes de emalhar do tipo serreira. As viagens têm duração média de 15 dias efetivos de pesca e a captura é realizada ao amanhecer e/ou ao entardecer, deixando quatro horas as redes na água.

Número de Pescadores/Barcos: Estima-se um número de 30 embarcações, nas quais atuam 5 a

6 pescadores por viagem de 15-20 dias.

Produção Anual Média: 2.450 ton/ano do pescado

Situação da Pesca: O aumento do esforço de pesca pode ser constatado a partir do aumento no

número de embarcações e de pescadores ao longo dos últimos 10 anos. Verifica-se ainda o crescimento do poder de pesca pelo incremento na utilização de tecnologia melhorada como o uso de equipamentos de localização de cardumes. Os pesqueiros produtivos ficam cada vez mais

longe, o que sinaliza para o decréscimo na abundância do recurso, provavelmente devido à pressão de explotação.

Época de Safra: Período chuvoso (fevereiro a agosto).

Cadeia de Comercialização: O processo de comercialização é intermediado por 2 ou 3

atravessadores. O pescado é negociado pelo dono da embarcação ou armador (1º atravessador), que financiam todas as despesas da viagem, para um 2º atravessador, que vende para feirantes da cidade. Na época da safra, o serra é vendido para comerciantes de outros estados (Fortaleza e Recife) ou empresas do Maranhão. Os pescados são transportados, filetados e exportados para várias regiões do país e do mundo.

Preço: Na primeira comercialização o preço é R$ 4,00 / kg, ocorrendo uma grande variação anual

de acordo com a safra. No processo de comercialização ao longo da cadeia produtiva, o produto chega ao consumidor final com aumento de 50%.

Subprodutos: Barbatanas dos tubarões.

Renda Mensal: Para 53% dos pescadores a renda varia entre 1 e 2 salários mínimos (salário

vigente de R$ 380,00).

Complemento da Renda: Os pescadores entrevistados não têm outra atividade de geração de

renda, além da pesca e o conserto de redes e barcos. As mulheres ajudam na renda familiar, trabalhando na confecção de artesanatos.

Relação de Trabalho/Partilha dos Benefícios: O custo da viagem é pago pelo dono da

embarcação, que normalmente é o mestre. A divisão dos lucros é do tipo quinhão, no qual o dono da embarcação fica com 50% da renda obtida, após descontar as despesas operacionais, dos outros 50%; 25% é do mestre, e 25% é dividido igualmente entre os pescadores. O lucro dos subprodutos normalmente fica para o mestre e/ou dono da embarcação.

Origem dos Pescadores (principais): Raposa, Carutapera e Cândido Mendes (MA).

Qualidade de Vida: Casas de alvenaria ou taipa, sendo comuns também residências de tábua.

Assistência à saúde precária, havendo apenas pequenas unidades ambulatórias nas comunidades, onde faltam médicos e medicamentos.

Grau de Escolaridade: 52% dos pescadores possuem apenas o ensino fundamental incompleto e

cerca de 30% são analfabetos. O abandono dos estudos nas primeiras séries do ensino fundamental ocorre devido à necessidade de contribuir com a renda familiar. O envolvimento com as atividades de pesca começa por volta dos 10 anos de idade. O grau de instrução profissional dos pescadores é considerado baixo, pois a única qualificação apresentada é o curso de pescador, restrito a um pequeno grupo que possui ensino médio.

Organização Social: Dos entrevistados neste sistema, cerca de 90%, são cadastrados na colônia,

no entanto, apenas 20% destes pagam regularmente a taxa exigida.

Subsídios/Financiamentos: Em 1992, através de uma cooperativa (COPAMA) foram

construídas e financiadas aos pescadores da comunidade da Raposa 54 embarcações de fibra de vidro com a finalidade de atuarem na pesca artesanal. As embarcações financiadas deveriam ser pagas pela cooperativa em cinco anos, entretanto, devido à ocorrência de vários problemas administrativos a pesca ficou inviabilizada e a maioria dos pescadores não conseguiu cumprir os prazos de pagamento estabelecidos. No ano de 1996, os barcos foram vendidos para a Prefeitura da Raposa. Atualmente ainda existe uma pequena frota dos antigos “COPAMAS”, atuais “MAR”, a qual, no ano de 2007, somava 12 embarcações, arrendadas aos pescadores.

Conflitos: Conflitos entre os pescadores de serra e aqueles que utilizam espinhel e lagosteiros

pelo uso dos locais de pesca. De acordo com os pescadores do serra, os equipamentos utilizados na pesca com espinheis e redes fundeadas (lagosteiros) destroem as redes e degradam o ecossistema. Constata-se ainda uma grande insatisfação dos pescadores com os órgãos públicos responsáveis pelo descaso com o setor pesqueiro. Na opinião da maioria dos pescadores, a colônia não representa de forma adequada seus interesses e por isto a consideram inoperante.

Legislação/Manejo: Não existe qualquer tipo de disposição legal voltada para a conservação do

estoque de Scomberomorus brasiliensis e nem para qualquer outra espécie da fauna acompanhante. C. porosus consta na lista de animais ameaçados de extinção, inclusive para o Maranhão. 88,2% dos pescadores entrevistados desejam a paralisação da pesca, durante os meses de abril a junho, quando há uma grande incidência de fêmeas em reprodução. Muitos pescadores já percebem a diminuição dos estoques em quantidade e tamanho e até mesmo a escassez de

algumas espécies capturadas incidentalmente (tubarões), entretanto, não realizam qualquer tipo de manejo tradicional.