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Nome do Sistema: Embarcações de Médio Porte – Malhão (EMP-M)

4.3 Resultados e Discussões

4.3.2.15 Nome do Sistema: Embarcações de Médio Porte – Malhão (EMP-M)

Espécie(s)-Alvo: Este SPP tem como espécie-alvo, Cynoscion acoupa, a pescada-amarela (Figura 42).

Figura 42: Cynoscion acoupa (Lacepède, 1801).

Fauna Acompanhante: Constituída por peixes de médio a grande porte, da comunidade

demersal, mas freqüentemente ocorrem espécies, como: Cynoscion microlepidotus, Aspistor

parkeri, Centropomus parallelus, Sciades proops, Aspistor quadriscutis, Bagre bagre, e cações como Carcharhinus leucas, Sphyrna lewini, Carcharhinus porosus e Rhizoprionodon porosus.

Aspectos Biológicos da Espécie(s)-Alvo: A pescada-amarela é comumente encontrada em águas

salobras dos estuários, lagoas estuarinas e desembocaduras dos rios, em profundidades que variam de 1 a 35 metros, podendo ainda, penetrar na água doce (CARVALHO FILHO, 1999). De acordo com Castro et al. (prelo), os indivíduos de pescada-amarela capturados na costa do

Maranhão medem de 7,0 a 175,0 cm de comprimento total. O L∞ determinado no trabalho

supracitado foi de 174 cm e K de 0,22 cm/ano obtidos através da distribuição de freqüência de comprimento. Segundo Martins-Juras (1989), parte da população de C. acoupa utiliza para crescimento, toda a área dos estuários dos rios Cururuca, Paciência, dos Cachorros, Estreitos do Coqueiro e dos Mosquitos, e Baía de São Marcos. Analisando a taxa de mortalidade total (1,7

ano-1) e a taxa de explotação (0,72 ano-1) e considerando a taxa de explotação ótima (0,62-0,69

ano-1), Castro e seus colaboradores concluíram que o estoque da pescada-amarela no Maranhão

encontra-se sobre-explotado.

Área de Atuação/Pesqueiros: As capturas destas pescarias são realizadas em toda a extensão da

costa, na região estuarina e na parte interna da plataforma continental maranhense, destacando-se como principais comunidades pesqueiras os municípios do litoral ocidental, especialmente Carutapera e Cedral (Figura 43).

Figura 43: Principais portos de desembarque do SPP-EMP-M.

Tecnologia/Atividade Pesqueira: O petrecho de pesca utilizado é a rede de emalhar do tipo

malhão, que fica na água por volta de 6 horas. As embarcações utilizadas são de madeira com as mesmas características do sistema EMP – G. A duração das viagens dessas pescarias é de até cinco dias.

Número de Pescadores: A tripulação das embarcações é composta em média por cinco

pescadores, contando com o mestre.

Produção Média Anual: A produção total do malhão no Maranhão é de 8.957 toneladas,

enquanto que a produção de pescada-amarela é de 4.503 toneladas. As comunidades de Carutapera e Cedral correspondem a cerca de 20% da produção total estadual.

Situação da Pesca: O número de pescadores neste sistema tem apresentado um ligeiro

crescimento nos últimos anos devido, principalmente, à falta de outras opções de trabalho para os jovens. Nos últimos anos (2000-2007), pelas estatísticas do IBAMA, a produção da espécie diminuiu no Estado, em torno de 40%. Em relatos dos pescadores, tanto a pescada-amarela como espécies da fauna acompanhante, vêm sofrendo uma diminuição gradual de tamanho.

Época de Safra: Ocorre mais freqüentemente nos meses de estiagem, entretanto, são registradas

Cadeia de Comercialização: Após as capturas os pescados são eviscerados e conservados em

gelo. A agregação de valor neste sistema se dá pela extração de filé, vendido fresco ou salgado como no caso de tubarões, a exemplo de R. porosus, C. porosus e o peixe ósseo S. sarda. Estas espécies são salgadas por apresentarem menor valor comercial, não justificando gastos extras com gelo. O pescado capturado supre os mercados regionais e, principalmente, São Luís. As bexigas natatórias e as barbatanas de tubarões são vendidas para comerciantes paraenses e posteriormente exportadas para a China, com o intuito de extraírem o colágeno. Essa cadeia envolve entre 3-5 atravessadores.

Preço: O preço do quilograma da pescada-amarela na primeira comercialização é de

aproximadamente R$ 10,00. A taxa de variação de preços incorridos até o consumidor é alta; no mercado de São Luís, a pescada é encontrada a R$ 18,00 kg.

Renda Mensal: A renda média dos pescadores deste sistema é mais alta que a média regional e

corresponde a R$ 538,00.

Subprodutos: Há um importante subproduto: a bexiga natatória, muito valorizado sendo forte

alvo de comercialização, com preços que variam de R$ 20,00 a 90,00 (fresco e seco, respectivamente).

Complemento de Renda: Os pescadores deste sistema não exercem outra atividade, vivendo

exclusivamente da pesca.

Relação de Trabalho/Partilha dos Benefícios: A relação de trabalho vigente neste sistema é a

artesanal e a forma de divisão do lucro é o quinhão.

Origem dos Pescadores (principais): Local

Qualidade de Vida: As moradias possuem saneamento básico e melhores condições estruturais.

A baixa adesão à colônia resulta em um baixo número de usuários do INSS, e benefícios (aposentadoria e afastamento) proporcionados pelo INSS não chegam a esses pescadores. Apesar de terem sido cadastrados, nenhum dos pescadores entrevistados recebe qualquer tipo de auxílio do governo.

Grau de Escolaridade: O grau de escolaridade dos pescadores deste sistema é menor que os da

população local, possuindo somente até as primeiras séries do ensino fundamental.

Organização Social: Em Cedral há aproximadamente 700 pescadores, dos quais 550 (78,5%)

são associados à colônia, única forma de organização social existente.

Subsídios/Financiamentos: Não identificados.

Conflitos: Os conflitos existentes neste sistema ocorrem entre os pescadores de malhão e os de

gozeira e espinhel. Esses últimos cortam os malhões ou armam seus petrechos nos mesmos locais, impedindo as pescarias com malhão.

Legislação/Manejo: Não existe nenhuma medida de manejo tradicional nem institucional que

regule esse sistema. Inexiste período de defeso ou determinação de comprimento mínimo de captura para as espécies capturadas. Os malhões capturam cerca de 97% de indivíduos de pescada-amarela maduros. O maior prejuízo a indivíduos juvenis é causado pelas redes de menor malha, como gozeira, onde há uma grande captura de indivíduos juvenis (MATOS, 2003). Considerando que C. acoupa possui crescimento médio, atinge elevada longevidade e seu estoque se encontra no limite máximo de exploração na costa maranhense, Castro e colaboradores, no prelo, desencorajam qualquer aumento de esforço direcionado à espécie. Existe a Portaria 121(24/08/1998), que trata da proibição de redes de arrastos, entretanto, não são constatadas ações efetivas.