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Normas de Investigação, Desenvolvimento e Inovação

Segundo o Instituto Português de Qualidade a atividade de normalização decorre da necessidade de responder a problemas de natureza técnico-industrial sendo atualmente aplicada num âmbito mais alargado como em serviços, sistemas de gestão, desafios de ordem ambiental, de inovação e âmbito social, permitindo de forma organizada viabilizar a elaboração de normas.

A COTEC Portugal - Associação Empresarial para a Inovação que tem por missão promover o aumento da competitividade das empresas portuguesas através do desenvolvimento e difusão de uma cultura e uma prática de inovação, proporcionou a elaboração de uma importante iniciativa que se veio a designar por Desenvolvimento Sustentado da Inovação Empresarial (DSIE). Esta iniciativa visa estimular e apoiar as empresas nacionais na execução das atividades de inovação de uma forma sistemática e sustentada, com vista ao reforço das suas vantagens competitivas numa economia globalizada e assente no conhecimento. No âmbito desta iniciativa, integrados em 4 projetos diferentes, foram debatidos modelos para o desenvolvimento da inovação empresarial, procedimentos para a identificação e classificação das atividades de Investigação, Desenvolvimento e Inovação (IDI), foi promovida a elaboração de Normas Portuguesas para certificação de Sistemas de Gestão de IDI e desenvolvido um sistema de “Innovation Scoring” que permite a avaliação e medição das atividades de IDI.

Desta forma, a necessidade de sistematização de procedimentos e uniformização de métodos, conceitos e nomenclaturas, conduziu ao desenvolvimento das seguintes Normas que permitem a certificação de atividades desenvolvidas no âmbito da inovação:

• NP 4456:2007 – Terminologia e definição das atividades de IDI • NP 4457:2007 – Requisitos de um sistema de gestão da IDI • NP 4458:2007 – Requisitos de um projeto de IDI

• NP 4461:2007 – Competência e avaliação dos auditores de sistemas de gestão da IDI e dos auditores de projetos de IDI

Considerando o tema que a presente investigação pretende abordar e ainda o seu propósito, privilegia-se a descrição com maior detalhe da Norma NP4457:2007. Esta Norma pretende definir os requisitos necessários para um Sistema de Gestão da Investigação, Desenvolvimento e Inovação eficaz, permitindo que as organizações que o adotem definam uma política de IDI e vão ao encontro dos objetivos de inovação definidos, dando cumprimento aos requisitos da norma com a finalidade última de melhorar o desempenho inovador da organização.

Segundo o Guia de Gestão de Boas Práticas de Gestão de Inovação (2010) promovido pela COTEC Portugal a NP 4457:2007 contribui para a promoção da cultura da inovação, gerando oportunidades que proporcionem a colaboração de diferentes departamentos e estimulando a criatividade e o fortalecimento do ciclo de criação, seleção e monitorização de novas ideias e conceitos. Aplicável a qualquer organização, pública ou privada, independentemente da sua dimensão, complexidade ou setor onde opera, o conceito de inovação subjacente a esta norma revela ser o mais abrangente possível, uma vez que inclui novos produtos, serviços, processos, métodos de marketing ou organizacionais. Reconhecendo a importância da inovação, a aplicação da referida norma que define os requisitos de um Sistema de Gestão de IDI eficaz, permite que as organizações que a adotem definam uma política de IDI e alcancem os seus objetivos de inovação. Este aspeto, comum a diversos sistemas de gestão, assume uma relevância superior na NP 4457:2007 na medida em que são reconhecidos os benefícios de uma abordagem sistémica e verificável das atividades inovação com vista à obtenção de resultados inovadores.

No contexto da Inovação Aberta, importa realçar o modelo segundo o qual esta norma se baseia, “Modelo de Interações em Cadeia” (Caraça, Ferreira & Mendonça, 2006), ilustrado na Figura 2.1, parte do conhecido modelo de cadeia de Kline e Rosenberg (“Chain-linked Model”) para a economia do conhecimento considerando a existência de múltiplas interações da empresa com o exterior durante o processo de inovação e defendendo que a inovação não resulta apenas da investigação e desenvolvimento mas também da identificação e resposta a lacunas existentes no mercado. Tal como é descrito no Guia de Gestão de Boas Práticas de Gestão de Inovação (2010), e reconhecendo que a inovação desempenha um papel central na economia do conhecimento, verifica-se que a capacidade de as empresas inovarem constitui uma das competências básicas numa economia global onde a aprendizagem constitui a base que sustenta a competitividade. O “Modelo de Interações em Cadeia” considera estes pressupostos e compreende que as empresas são entidades decisivas nos processos de inovação tanto ao nível da tecnologia como a nível organizacional ou comercial. Desta forma, o referido modelo pretende acomodar os conceitos da 3º edição do Manual de Oslo (OCDE, 2005) com particular enfoque no conceito de inovação, considerando a inovação tanto na indústria (de bens) como nos serviços (oferta de intangíveis) nos setores tradicionais (low-tech) ou nos setores mais sofisticados (high-tech), constituindo um modelo útil para empresas de qualquer dimensão e negócio, em particular na transição para a economia baseada no conhecimento. Este modelo propõe a cada organização uma abordagem à inovação sistemática, contínua e sustentada, privilegiando, através da gestão das interfaces, a interação, o diálogo e a aprendizagem contínua.

Podemos compreender as semelhanças entre o referido modelo e o modelo de Inovação Aberta uma vez que o primeiro sugere a abertura dos processos de IDI na forma de três interfaces que constituem uma fronteira de competências através da qual circula conhecimento útil entre as organizações e a envolvente externa. Estas interfaces, são consideradas essenciais para a gestão eficaz da inovação, uma vez que alicerçam a capacidade empresarial necessária ao desenvolvimento de projetos de inovação e combinam a sua ligação ao corpo de conhecimento existentes internamente ou à criação de novos conhecimentos. Paralelamente, considera-se que a organização deve dispor de um processo responsável pela gestão das interfaces que permita garantir a referida circulação e transferência de conhecimento entre a mesma e o ambiente em que se inserem, sendo para isso necessário, entre outros fatores, analisar a envolvente externa de forma a identificar quais as entidades que nela operam e que podem interagir com a organização na troca de informação considerada essencial para a produção de conhecimento interno, bem como para a identificação de ameaças e oportunidades de mercado, tal como é sugerido pelo paradigma de Inovação Aberta.