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I NSTRUMENTOS DE C OLHEITA DE D ADOS

Almeida & Pinto (1990, p. 78) definem técnicas de investigação como sendo os “(…)

conjuntos de procedimentos bem definidos e transmissíveis, destinados a produzir certos resultados na recolha e tratamento de informação requerida pela actividade de pesquisa”,

sendo o questionário um exemplo de tal. A selecção das técnicas encontra-se “(…)

condicionada pelo objecto a construir e pelas hipóteses teóricas que comandam a pesquisa”

(Almeida & Pinto, 1990, p. 79).

Fortin (2009, p. 369) afirma que “no momento da escolha do método de colheita de dados, é

preciso procurar um instrumento de medida que esteja em concordância com as definições conceptuais das variáveis que fazem parte do quadro conceptual ou teórico” e ainda nos diz

que o investigador se deve certificar de que o instrumento oferece fidelidade e validade. A técnica de recolha de informação primordial é o questionário, recorrendo-se no entanto a entrevistas como diagnóstico de situação, na primeira fase do estudo.

Numa primeira fase foram efectuados questionários exploratórios através de palavras indutoras (estímulos) para recolha das dimensões inerentes às representações sociais.

Como instrumento de recolha de dados foi utilizado um questionário composto por questões que permitem a caracterização sociodemográfica dos sujeitos participantes e por cinco questões abertas de associação livre de palavras relativamente aos estímulos (saúde, climatério, menopausa, relacionamento conjugal e sexualidade) de forma a permitir identificar as dimensões das representações sociais do climatério/menopausa e relacionamento conjugal.

No que diz respeito à segunda fase, o instrumento de colheita de dados elaborado, para a realização do estudo empírico encontra-se estruturado em cinco partes: a primeira permite a caracterização dos sujeitos e é constituída pelas variáveis independentes idade, sexo, escolaridade, profissão, naturalidade, nacionalidade, situação relacional; a segunda parte permite medir a importância atribuída pelos participantes às palavras/sentimentos/emoções que emergiram na representação social do estudo exploratório, consiste numa escala ordinal

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de tipo-Likert, na qual é solicitado aos sujeitos que escolham entre cinco respostas possíveis, de forma a indicarem a pontuação atribuída a cada palavras/sentimentos/emoções associadas a climatério/menopausa, relacionamento conjugal e sexualidade; a terceira e quarta parte são constituídas pelas escalas validadas e adaptadas à população portuguesa: WOQOOL-Bref; EASAVIC e ISS.

A última parte é composta por questões abertas no sentido de recolher testemunhos e contributos que enriqueçam a compreensão da problemática em estudo.

WOQOOL (Bref) – World Health Organization Quality of Life Assessment

É uma escala de versão abreviada e foi elaborada pela Organização Mundial de Saúde, pela preocupação em auferir um enfoque transcultural à avaliação da qualidade de vida, tendo sido traduzida e validada em vários países.

Em Portugal, foi desenvolvida pelo Centro Português de Avaliação da Qualidade de Vida da OMS, coordenado por Cristina Canavarro e Adriano Vaz Serra.

Na sua versão abreviada, é composta por 26 itens e está organizada em 4 domínios (físico, psicológico, relações sociais e ambiente) e uma faceta geral de Qualidade de Vida, composta por 2 itens que avaliam a qualidade de vida geral e a percepção geral de saúde.

É uma escala de autopreenchimento, do tipo Likert de 5 pontos, que pode variar de 1 (Nada) a 5 (Completamente Satisfeito), onde para a resposta devem ser consideradas as ultimas duas semanas (anexo VI).

Apresenta consistência interna aceitável alfa de cronbach de 0.92 para os itens (26) e para os domínios varia entre 0.64 (Relações Sociais) e 0.87 (Físico). Na análise da escala aplicada aos nossos sujeitos apuramos um alfa de cronbach’s de 0.94 para o total dos 26 itens.

EASAVIC – Escala de Avaliação da Satisfação em Áreas da Vida Conjugal

Esta escala de auto-relato pretende avaliar a satisfação experienciada em várias áreas da vida conjugal, bem como da satisfação conjugal relativamente a duas dimensões da conjugalidade: Funcionamento Conjugal e Amor (Narciso & Costa, 1996).

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A escala encontra-se organizada em 44 itens, distribuídos em cinco áreas da vida conjugal referentes à dimensão funcionamento conjugal (funções familiares, tempos livres, autonomia, relações extra familiares, comunicação e conflitos), e cinco áreas relativas à dimensão amor (sentimentos e expressão de sentimentos, sexualidade, intimidade emocional, continuidade, características físicas e psicológicas). Do total dos 44 itens, 16 têm como foco o casal, 14 o inquirido e 14 o cônjuge.

Trata-se de uma escala de tipo Lickert em 6 pontos, o que permite que o indivíduo avalie a sua satisfação entre Nada Satisfeito (1), Pouco Satisfeito (2), Razoavelmente Satisfeito (3),

Satisfeito (4), Muito Satisfeito (5), e Completamente Satisfeito (6) (anexo V).

As características psicométricas deste instrumento, aquando da sua criação, foram realizados a partir de uma amostra de 219 indivíduos casados e a análise factorial revelou a existência de dois factores principais: um relativo à dimensão amor e, o outro, relativo à dimensão

funcionamento da relação conjugal. As correlações entre cada item e o factor em que está

incluído é sempre superior a 0.52 e os coeficientes alfa encontrados para cada factor são bastante elevados (> 0.90) o que nos leva a concluir que este instrumento possui uma elevada consistência interna (Narciso, 2001).

Na revisão psicométrica efectuada em 2010, a partir de uma amostra de 586 indivíduos, confirmou-se uma elevada consistência interna do instrumento, com alfa de 0.97 para a satisfação global total e as correlações entre cada item e o factor em que está incluído é sempre superior a 0.70.

Na aplicação aos nossos participantes, observou-se também uma consistência interna elevada com alfa de cronbach’s de 0.986.

ISS – Índice de Satisfação Sexual

É uma escala de versão reduzida desenhada por Hudson et al. em 1981, e unidimensional, destinada a avaliar a satisfação sexual no contexto do relacionamento de casal. Pelas boas propriedades psicométricas e tradição da sua utilização no campo da sexualidade humana, este instrumento foi eleito para se proceder à medição do constructo da satisfação sexual. Esta versão foi validada e adaptada para grupos da população feminina portuguesa por Pechorro et

al. (2009). É uma escala de autopreenchimento (anexo VII), constituída por 25 itens (uns com

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Muito raramente; 3 - Poucas vezes; 4 - Algumas vezes; 5 - Bastantes vezes; 6 - A maioria das vezes; 7 - Sempre).

A cotação do ISS é feita a partir da formula S=(ΣXi – N)(100)[(K-1)N], onde X é a resposta ao item, K o número de respostas e N o número de itens preenchidos, tendo que ser preenchidos 20(80%) dos itens.

Apresenta um ponto de corte clínico com o valor 30, em que, quanto menor for o valor obtido, maior será o grau de satisfação sexual, devendo ainda ser considerado o corte clínico 70, a partir do qual se pode considerar que o sujeito está a passar por experiências de stress severo com possibilidade existência de violência (Pechorro, 2006).

A escala apresenta boas características psicométricas com alfa de Cronbach de 0.95 e correlação média inter-item 0.48. Estas características confirmam-se na aplicação aos nossos participantes, onde apresenta um alfa de Cronbach (25) de 0.943.