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2.3 A Importância do Agronegócio

2.3.1 O Agronegócio Brasileiro

O Brasil possui uma área territorial de 850,2 milhões de hectares. Desta área total, as unidades de conservação ambiental ocupavam no final do ano de 2003, aproximadamente 102,1 milhões de hectares, as terras indígenas 128,5 milhões de hectares, e área total dos imóveis cadastrados no INCRA aproximadamente 420,4 milhões de hectares. Portanto, a soma total destas áreas dá um total de 651,0 milhões de hectares, o que quer dizer que há ainda no Brasil aproximadamente 199,2 milhões de hectares de terras devolutas, ou seja, terras que podem ser consideradas, à luz do Direito, como terras públicas pertencentes aos Estados e à União. Mesmo se retirarmos 29,2 milhões dessa área ocupada pelas águas territoriais internas, áreas urbanas e ocupadas por rodovias, e posses que de fato deveriam ser regularizadas, ainda restam 170,0 milhões de hectares. Essas terras devolutas, portanto, públicas, estão em todos os Estados do país (VANKRUNKELSVEN, 2004).

O Brasil é visto como o País com maior extensão territorial agricultável a ser explorado, e com a melhor condição hidrológica para tal. Estima-se que haja em torno de 90

milhões de hectares agricultáveis inexplorados (MARTINS, 2004). Por outro lado, também podemos vê-lo como a última grande fronteira agrícola capaz de sustentar a demanda alimentar no Mundo.

Trabalhando com o conceito de agronegócio, definido anteriormente, Davis e Goldberg (1957 apud GUILHOTO, 2005) aborda a importância deste setor para o produto de cada Estado brasileiro. Com dados para o produto do setor do agronegócio, o autor identifica 15 Estados cuja participação do setor agrícola é superior a de qualquer outro setor na economia, posto que sua participação no produto agrícola nacional é superior a sua participação no produto agrícola como um todo. Estes estados são: Pará, Rondônia e Tocantins, para a região Norte; Alagoas, Maranhão, Paraíba, Piauí e Sergipe, para a região Nordeste; Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, para a região Centro-Oeste; Espírito Santo para a região Sudeste e Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, para o caso da região Sul. Esse resultado indica a existência de disparidades dentre os diversos Estados no que diz respeito à importância do setor agroindustrial.

Nos últimos 20 anos, os níveis tecnológicos alcançados pelos produtores rurais brasileiros atingiram patamares expressivos que podem ser mensurados pelo aumento da produtividade no campo. Isso explica, por exemplo, o fato de o Brasil ter conseguido dobrar a produção de grãos para os atuais 100 milhões de toneladas, em relação à colheita de 50,8 milhões de toneladas obtida no início da década de 80, com a mesma área plantada. Este desempenho no campo só foi possível graças à utilização de insumos – basicamente sementes, adubo e agrotóxicos – de primeira linha disponíveis para o setor (GUILHOTO, 2005).

A soja foi uma das principais responsáveis pelo crescimento do agronegócio no país, não só pelo volume físico e financeiro envolvido, mas também pela necessidade da visão empresarial de administração da atividade por parte dos produtores, fornecedores de insumos, processadores da matéria-prima e negociantes. A produtividade e o custo de produção das fazendas nacionais demonstram que a soja cultivada consegue ter uma competitividade superior em relação à norte-americana (GUILHOTO, 2005).

O Brasil é um dos principais produtores mundiais de alimentos e fibras e participa com mais de 4% do valor total das exportações mundiais do agronegócio. Mesmo assim, em 2.003, ocupou o 7º lugar no ranking mundial das exportações agrícolas, com o valor de US$21,442 bilhões. Embora tenha conseguido aumentos espetaculares, principalmente no período 1990/2003, quando cresceu quase 300%, o país está atrás dos Estados Unidos (em 1º com US$ 62 bilhões), França (em 2º com US$ 42 bilhões), Holanda (em 3º com US$ 41,9 bilhões), Alemanha (em 4º com US$ 32,8 bilhões), Bélgica (em 5º com US$ 22,6 bilhões) e

Espanha (em 6º com US$ 21,44 bilhões). Mas, está na frente de países tradicionalmente exportadores de grãos, como é o caso do Canadá. Países com área territorial muito menor, como a França e a Holanda, têm conseguido crescer nas exportações agrícolas mundiais comercializando produtos com valor agregado, ao passo que o Brasil ainda concentra muito na exportação de matérias-primas primárias ou bens de pouco valor agregado (SCOLARI, 2007).

O maior volume físico de exportação no período 1980/2003 foi com o complexo soja (em grão, torta e óleo) – em 1980 foi de 8,874 milhões de toneladas e em 2003 foi de 35,978 milhões de toneladas, seguido de açúcar com 2,627 milhões de toneladas em 1980 e 13,311 milhões de toneladas em 2003. A partir de 1995, começam a crescer as exportações de carnes de 682,5 mil toneladas para 3,681 milhões de toneladas em 2003 (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO - MAPA, 2006).

Em seguida, aparece café em grão com 1,369 milhões de toneladas e suco de laranja concentrado com 1,054 milhões de toneladas. A exportação de tabaco cresceu de 144,8 mil toneladas em 1980 para 477,5 mil toneladas em 2003. Os volumes físicos exportados cresceram substancialmente ao longo dos anos. Como conseqüência, o valor das exportações agrícolas também cresceu de US$ 9,32 bilhões em 1980 para US$ 13,354 bilhões em 1995 e US$ 20,913 bilhões em 2003. O destaque no crescimento individual na exportação ocorreu com carne bovina - em 1980 exportou 267,4 milhões de dólares e em 2003 1,507 bilhões de dólares (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO - MAPA, 2006).

Em 2004, o Brasil foi o maior produtor mundial de café (39,2% na produção mundial), de suco de laranja (29,2% da produção do mundo) e cana de açúcar (27% da produção mundial). Foi o segundo maior produtor mundial de soja (30% da produção mundial), de frango (14,5%) e de carne bovina (14,7%). Foi neste ano o maior exportador mundial de café, suco de laranja, açúcar, soja e carne bovina e o segundo maior exportador mundial de frangos. A produção de cana de açúcar foi de 411 milhões de toneladas com um valor de mercado de R$12 bilhões e valores exportados (açúcar + etanol) de US$3,1 bilhões. A produção brasileira de café alcançou 38,8 milhões de sacas, com um valor de mercado de R$8,4 bilhões e um valor de exportação de US$ 2,0 bilhões. Os maiores estados produtores foram Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo, que responderam por 49%, 18% e 14% da produção nacional, respectivamente. A produção de soja alcançou 50 milhões de toneladas, com um valor de R$ 37,5 bilhões e com exportações no valor de 15,39 bilhões de dólares. O somatório das exportações de carnes em 2.004 foi de US$6,14 bilhões (SCOLARI, 2007).

A produção agropecuária é outro importante indicador do agronegócio e o exame de seu comportamento recente ajuda a compreender melhor o desenvolvimento do agronegócio no Brasil. A tendência, nos últimos anos, tem sido de um crescimento sistemático da produção de lavouras. O fato mais observado a respeito desse crescimento é que ele tem ocorrido principalmente devido aos ganhos de produtividade. Esta tem sido a força que impulsiona o crescimento da produção. A linha de tendência da produção agropecuária em 2005 resultou numa produção estimada de cerca de 130 milhões de toneladas de grãos (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO - MAPA, 2006).

O Brasil é um grande produtor de proteínas de origem animal. Números oficiais estimam um rebanho de 190 milhões de cabeças de gado de corte, 20 milhões de cabeças de gado leiteiro, 35 milhões de suínos e 4,2 bilhões de frangos abatidos/ano, em um País com 190 milhões de habitantes (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA- IBGE, 2006).