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2. ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE, UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E

2.2. Economia Ambiental e Ecoturismo

2.2.1. Sustentabilidade e Falhas de Mercado

2.2.1.3. O Ambiente Sociopolitico e as Falhas de Mercado

As organizações ou grupos são constituídos para diminuir os altos custos de transação advindos de falhas de mercado, e o estudo de Barros (2007) mostra a relação direta que existe entre a ação coletiva e a diminuição da degradação

ambiental: “o modelo mostra que a reversão da degradação ocorre quando se

resolve o problema de ação coletiva, isto é, quando o ambiente institucional permite reforçar a governança17ambiental” (BARROS, 2007, p.95).

Barros (2007) esclarece que o ambiente institucional é constituído pelas instituições que no contexto da teoria dos jogos são as “regras do jogo” (escritas ou não) e pelas organizações formais ou informais (órgãos políticos, órgãos econômicos e órgãos sociais).

O novo institucionalismo é a corrente econômica que analisa as instituições: “De maneira geral, o novo institucionalismo centraliza as atenções em estudar como as instituições aparecem, operam, interagem e como se moldam em diferentes arranjos para apoiar a produção e as trocas. Os institucionalistas procuram entender

17 Governabilidade e governança são conceitos confundidos com frequência. A capacidade política de governar ou

governabilidade deriva da relação de legitimidade do Estado e do seu governo com a sociedade, enquanto governança é a capacidade financeira e administrativa, em sentido amplo, de uma organização de implementar suas políticas (BRESSER PEREIRA, 1998, p.20, apud AZEVEDO, PASQUIS e BURSZTYN, 2007).

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as mudanças econômicas por meio da análise dos incentivos, intenções e crenças dos agentes, bem como das normas e regras que são criadas para atingir seus objetivos” (NORTH, 2005, apud BARROS, 2007, p.143)

Uma das constatações do estudo é que a decisão individual dos agentes é fortemente influenciada pelo comportamento dos grupos de referência e a interação social potencializa os comportamentos estratégicos tanto não cooperativos, por exemplo, apropriação de recursos naturais e caronas, como cooperativos. Portanto, para Barros (2007) é preciso que as motivações e as expectativas dos grupos ou demais agentes sejam coordenadas pelas ações e/ou políticas públicas por meio de medidas que gerem credibilidade quanto aos incentivos individuais.

Dentre as medidas sugeridas pelo autor para que a autoridade pública promova a cooperação estão:

 Desenhar e implementar organizações reguladoras eficazes e críveis;  Subsidiar tecnicamente os agentes com dados e informações envolvendo-

os no processo de gerenciamento;

 Direcionar os agentes para a sustentabilidade ambiental por meio de incentivos;

 Providenciar mecanismos para reconhecer legalmente as decisões locais;  Resolver conflitos com altíssimo custo de transação local e por isso com

pouquíssima chance de solução pelas instituições locais;

 Assistir técnica e financeiramente as atividades de controle de degradação;  Promover campanhas para dar credibilidade às ações públicas, por meio,

por exemplo, de publicidade das punições e ações.

E, segundo Ostrom (1990 apud Barros 2007), dentre as medidas comprovadamente eficazes em arranjos ou grupos, estão:

 Garantir que a maioria dos agentes afetados participe da elaboração ou modificação de regras operacionais;

 Monitoramento contínuo possa ser feito/acompanhado por qualquer agente;

 Planejar sanções graduais de acordo com a gravidade da situação;  Elaborar mecanismos para solução de conflitos;

 Certo grau de autonomia para que os agentes elaborem suas próprias regras.

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A política pública que visa à redução dos impactos negativos da ação humana sobre o meio ambiente por meio de um conjunto de metas e instrumentos é definida

como Política Ambiental: “A política ambiental é necessária para induzir ou forçar os

agentes econômicos a adotarem posturas e procedimentos menos agressivos ao meio ambiente, ou seja, reduzir a quantidade de poluentes lançados no ambiente e minimizar a depleção dos recursos naturais.” (LUSTOSA, CÁNEPA e YOUNG, 2003, p. 139).

Uma vez definidas as metas ou objetivos ambientais a serem atingidos torna- se necessário selecionar os instrumentos de política ambiental a serem utilizados. Estes têm a função de internalizar o custo externo ambiental e são divididos por Lustosa, Cánepa e Young (2003) em três grupos: instrumentos de comando e controle ou regulação direta, instrumentos econômicos ou de mercado e instrumentos de comunicação.

Os instrumentos de comando e controle exigem de um órgão regulador um controle direto sobre os emissores de poluentes por meio de uma série de normas, controles, procedimentos, regras e padrões e no caso do não cumprimento torna-se necessário à aplicação de diversas penalidades como multas e cancelamento de licenças. Esses procedimentos implicam altos custos de implementação devido à necessidade de uma atuação efetiva do órgão regulador por meio de fiscalização contínua (LUSTOSA, CÁNEPA e YOUNG, 2003).

Segundo estes autores, apesar dos altos custos de implementação, os instrumentos de comando e controle são eficazes no controle dos danos ambientais, porém, por não levarem em conta diferenças de tamanho de empresas poluidoras e respectivas quantidades de poluentes emitidos, estes instrumentos podem se tornar injustos.

Motta (2006) reforça essa posição ao afirmar que os instrumentos de comando e controle não consideram explicitamente os custos individuais de cada usuário. O mesmo tratamento acaba sendo dado para agentes econômicos com estruturas de custos completamente diferentes. E completa reforçando também o alto custo de fiscalização por vezes exigido do órgão responsável devido ao alto grau de conhecimento técnico necessário para a fiscalização.

“São exemplos de instrumentos de comando e controle: exigência de utilização de filtros em chaminés das unidades produtivas, fixação de cotas para extração de

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recursos naturais (madeira, pesca e minérios), concessão de licenças para funcionamento de fábricas e obrigatoriedade de substituição da fonte energética da unidade industrial – substituição de lenha por energia hidrelétrica em siderurgias, por exemplo.” (LUSTOSA, CÁNEPA e YOUNG, 2003, p.142).

Os instrumentos de comunicação, segundo Lustosa, Cánepa e Young (2003), visam à conscientização e informação tanto das populações atingidas como dos agentes poluidores sobre temas ambientais, facilitando assim a cooperação entre os agentes poluidores na busca de soluções ambientais, como: atitudes preventivas, tecnologias menos agressivas ao meio ambiente, mercados de produtos ambientais. Os autores citam como exemplos de instrumentos de comunicação: a educação ambiental, a divulgação de benefícios para as empresas que respeitam o meio ambiente e ainda os selos ambientais.

Os instrumentos econômicos são também denominados instrumentos de mercado e afetam o nível de utilização de recurso (demanda) por meio da alteração do seu preço (custo) quando da internalização das externalidades. Podem ser: taxas e tarifas, subsídios, certificados de emissões transacionáveis ou sistema de devolução de depósitos. Para Motta (2006, p.76):

“Os instrumentos econômicos são mais flexíveis porque incentivam maior redução do nível de uso daqueles usuários que enfrentam custos menores para realizar estas reduções. Isto, conseqüentemente, tornará menor o custo total de controle para a sociedade. Além disso, incentiva a inovação tecnológica que reduza o custo de uso ou de poluição a ser pago pelo usuário/poluidor”.