• Nenhum resultado encontrado

O Auto relato reflexivo na promoção da identidade intercultural: AIE

No documento QUE MÚSICAS FALAMOS (páginas 54-57)

Parte III Procedimentos adotados no Estudo de Caso

III.3. Análise de dados

III.3.4. O Auto relato reflexivo na promoção da identidade intercultural: AIE

Junto dos 32 alunos que constituíam o grupo experimental ao momento em

que a AIE foi solicitada recolheram-se dezanove autobiografias,12 o que significa que mais de metade dos alunos aderiu à atividade, podendo falar-se de uma considerável adesão, tendo em conta a destreza na competência de escrita exigida pelo próprio documento num contexto que se caracteriza por um nível de proficiência bem longe de corresponder ao esperado para este nível de ensino na maioria dos alunos. Cinco

12 Apesar de o número de informantes do GE no início do ano letivo ascender aos quarenta alunos, ao

momento de aplicação deste instrumento de trabalho, as turmas haviam já reduzido o seu número de alunos em virtude de alguns terem obtido equivalência à disciplina e outros terem simplesmente abandonado a frequência dos cursos.

45

dos alunos manifestaram inclusivamente a intenção de cumprir a tarefa contando que o fizessem em português.13

No processo de análise dos dados registaram-se 112 ocorrências enquadráveis no conjunto de categorização das respostas, sendo que 65 se verificaram ao nível das subcategorias predefinidas (SCP) e 47 ao nível das emergentes (SCE). O quadro seguinte apresenta o número de ocorrências em cada categoria e a distribuição das mesmas pelas dez secções do documento. Para uma visão mais detalhada das respostas dos alunos V. Quadros de registo das respostas ao formulário da AIE em função das categorias de análise (Anexo 14).

Refira-se que nem todos os respondentes inserem os seus comentários ou descrições nas secções mais adequadas, pelo que esse ajustamento foi feito sempre que necessário. Do mesmo modo, num só encontro intercultural é possível encontrar tanto SCPs como SCEs o que não invalida a exclusividade de umas ou de outras em outro encontro. Esta circunstância não atribui, por exemplo, aos encontros com pessoas estrangeiras apenas comportamentos que se enquadram nas SCPs como pode fazer crer a leitura da tabela das categorias de análise (Anexo9).

Cat. Secção 0 SCP/SC E Secção 1 SCP/SCE Secção 2 SCP/SCE Secção 3 SCP/SCE Secção 4 SCP/SCE Secção 5 SCP/SCE Secção 6 SCP/SCE Secção 7 SCP/SCE Secção 8 SCP/SCE Secção 9 SCP/SCE Secção U SCP/SCE A1 5 / 7 3 / 1 3 / 4 A2 2 2 / 1 1 / 1 A3 --/ 14 1 / 2 2 / 1 A4 1 / 1 -- / 1 A7 5 / -- 6 / -- 4 / -- A11 4 / 2 -- / 1 1 / -- 4 / 1 2/ --

13 As cinco autobiografias escritas em português foram contabilizadas no processo de análise, no

entanto apenas uma se encontra anexada ao presente TP pela peculiaridade da informação nela contida e relevância de conteúdo no contexto do presente estudo de caso. As quatro restantes que se apresentam em anexo a título de exemplo do procedimento adotado foram redigidas em inglês e previamente sujeitas à correção linguística por parte da professora investigadora, que solicitou aos alunos a reescrita das mesmas por forma a figurarem no presente trabalho. Também as transcrições constantes da tabela de registo das autobiografias foram sujeitas ao mesmo tipo de correção.

46 K5 1 / -- 3 / -- 1 / -- K8 3 K10 S6 1 / -- 2 / -- S9 2 / -- -- / 1 3 / -- 3 / -- 2 / -- 9 / -- Tts: 2 / 14 9 / 2 9 / 10 7 / 4 4 / 5 5 / 2 13 / 0 10 /-- 2 / -- 4 / 1 11/ --

Figura 10 – Quadro de registo de ocorrências nas categorias de análise e distribuição pelas secções da AIE

Apesar do campo respeitante ao exercício de auto reconhecimento se apresentar como opcional (secção 0 no quadro acima), os dados revelam que os respondentes se manifestaram mais produtivos na subcategoria emergente referente à assunção da sua própria identidade pessoal e cultural e/ou dentro de um quadro de valores individuais, sociais e afetivos, o que pode indiciar uma prevalência da faceta da competência que favorece uma consciência de si próprio.

No cômputo geral, as categorias, quer as predefinidas, quer as emergentes que configuram atitudes superam consideravelmente em número de ocorrências as que se referem a conhecimentos e capacidades, 83 contra 22, o que revela uma maior propensão dos jovens respondentes para enfatizar nas suas experiências posicionamentos e estados de espírito cuja valorização e atenção pelo Outro se tornam prioritárias. Efetivamente a maior concentração de ocorrências regista-se nas categorias Respeito pelo Outro, Empatia, Reconhecimento de Identidades e Tolerância de Ambiguidade. A incursão pelo conteúdo das autobiografias revela uma preponderância nos casos de relacionamentos interpessoais onde os laços de afetividade, como a amizade ou o enamoramento se estabelecem entre os intervenientes do encontro.

Assim, dos textos recolhidos junto do GE processaram-se doze que se considerou preencherem os requisitos definidos pelo autor desta ferramenta educacional, dos quais seis centram-se em encontros cujo Outro é ou são pessoas de nacionalidade diferente da do aluno respondente e seis em encontros em que a outra pessoa mereceu especial atenção por se integrar noutro grupo social, religião ou etnia.

47

As restantes sete autobiografias não apresentam substância observável à luz da vertente intercultural por se tratar de breves narrativas sem teor reflexivo quanto ao ato comunicativo a que deve aceder o encontro. A título de exemplo, algumas focam feitos desportivos como uma subida de divisão de uma equipa de futebol, uma escalada ao pico mais alto ou um encontro amigável entre vizinhos de bairro, outras, o primeiro encontro amoroso ou agradáveis momentos de lazer em tempo de férias. Apesar de aí se registarem por vezes sentimentos de partilha de identidade grupal ou reconhecimento de experiências comuns e emoções partilhadas.

No que diz respeito ao fato de estabelecerem uma ligação entre o encontro narrado e uma canção em inglês os respondentes que o fizeram alegam na sua maioria tratar-se de uma canção cujo tema em algum aspeto toca a amizade ou o amor, conteúdos sobre os quais refletiram no texto autobiográfico.

III.3.5. A canção de expressão inglesa e o quotidiano no desenvolvimento de

No documento QUE MÚSICAS FALAMOS (páginas 54-57)

Documentos relacionados