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O BALANCED SCORECARD E A SUA APLICAÇÃO NO SETOR

CAPÍTULO II –

O BALANCED SCORECARD E

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CAPÍTULO II – O BALANCED SCORECARD E A SUA APLICAÇÃO NO SETOR

PÚBLICO

O presente capítulo aborda a origem e os objetivos do BSC, assim como, as quatro

perspetivas que compõem o modelo inicial de Kaplan e Norton (perspetiva financeira,

perspetiva de clientes, perspetiva de processos internos e a perspetiva de aprendizagem e

crescimento), tendo como base a sua aplicação no setor público, por forma a realçar algumas

diferenças em relação à sua aplicação no setor privado. Neste seguimento, apresenta-se a

utilidade do BSC no setor público, com o destaque da sua articulação com outras ferramentas

de gestão.

No final do capítulo, apresentam-se as vantagens e as limitações do BSC, do ponto de

vista de outros autores que se debruçaram sobre esta matéria.

2.1 – Conceito e objetivos do BSC

No final dos anos 80 verificou-se uma mudança profunda nos negócios, na economia

e na gestão das organizações, a nível mundial, devido à globalização das economias e ao

desenvolvimento tecnológico. Todas estas mudanças tecnológicas, económicas e

socioculturais conduziram não só ao aumento da competitividade, mas também a uma maior

exigência, no que concerne à melhoria do grau de satisfação dos diferentes agentes que

interagem com as organizações (Mortal, 2007).

A gestão das organizações necessita de ferramentas que valorizem não só os aspetos

financeiros mas também um conjunto de bens, alguns deles intangíveis, que são fatores

críticos de sucesso para a organização e para o seu posicionamento nos diversos mercados em

que atuam. Assim, tornou-se necessário incorporar nos sistemas de medição um conjunto de

valores intangíveis que não podiam ser percebidos através da análise das demonstrações

financeiras (Rodrigues & Sousa, 2002; Pinto, 2007).

De acordo com Rodrigues e Sousa (2002), todos estes avanços no desempenho das

organizações exigem grandes mudanças nos sistemas de medição e gestão do desempenho.

Deste modo, a avaliação do desempenho baseada exclusivamente nos indicadores financeiros

é insuficiente, para sustentar o sucesso e as vantagens competitivas das organizações a longo

prazo. Assim, torna-se necessário o uso de indicadores não financeiros, em complemento aos

indicadores financeiros, que traduzam todos os fatores considerados decisivos para o sucesso

das organizações na atualidade. Segundo Kaplan e Norton (1996b), a utilização exclusiva de

indicadores financeiros faz com que a tomada de decisão seja baseada em dados históricos,

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que apenas proporcionam informação relativamente a ações do passado e não fornecem

orientações para os gestores melhorarem a performance futura.

Contudo, isto não significa que os critérios financeiros sejam deixados de lado, mas

que o horizonte deverá ser alargado a outros fatores, que contribuem em muito para o sucesso

e para a eficiência das organizações.

Deste modo, a avaliação do valor de uma empresa passou a depender de fatores e

indicadores que vão muito além dos financeiros, tais como: o valor das marcas, know-how dos

recursos humanos, quota de mercado, o desenvolvimento de novos produtos, a satisfação de

clientes e a qualidade do serviço.

Neste sentido, com base na revisão da literatura efetuada, pode-se identificar três

fatores que justificam o uso do BSC, designadamente (Kaplan & Norton, 1996a; Rodrigues &

Sousa, 2002; Gomes, 2006; Pinto, 2007; Cruz, 2009):

a) a alteração do ambiente operacional das organizações;

b) a crescente importância dos valores intangíveis face aos tangíveis e

c) a utilização exclusiva dos indicadores financeiros para a medição do desempenho.

É neste contexto, e com o objetivo de resolver estas dificuldades, que surge o BSC.

O BSC é uma ferramenta estratégica de medição e gestão do desempenho,

desenvolvida no início dos anos 90. A sua filosofia e linguagem foram apresentadas em 1992

pelo professor Robert Kaplan, da Universidade de Harvard, e David Norton, consultor da

zona de Boston, através da publicação na prestigiada revista norte-americana Harvard Business

Review (Janeiro-Fevereiro) do artigo “The Balanced Scorecard – Measeures That Drive

Performance”, apoiados num estudo encomendado por doze

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empresas norte-americanas.

As experiências realizadas foram acompanhadas por Robert Kaplan e David Norton e

divulgadas em muitos trabalhos publicados pelos autores. O feedback dos gestores, a partilha e

discussão com os autores sobre as suas experiências, permitiu verificar que o BSC, mais do

que um sistema de gestão centrado em mensurar a performance, é um sistema de gestão

estratégica, uma vez que permite refletir os fatores críticos de sucesso e um conjunto de

medidas financeiras e não financeiras

O surgimento do BSC deveu-se à sequência de estudos realizados em várias

multinacionais americanas, insatisfeitas com o facto de verificarem que os seus métodos de

avaliação de desempenho empresarial, baseados em indicadores contabilísticos e financeiros,

eram inadequados tendo em conta o atual contexto competitivo a nível mundial, uma vez que

2As doze empresas que encomendaram o estudo a Kaplan e Norton eram constituídas pela Advanced Micro Devices, American Standard, Apple Computer, Bell South, CIGNA, Conner Peripherals, Cray Research, DuPont, Electronic Data Systems, General Electric, Hewlett-Packard e Shell Canada (Santos, 2008:381).

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incidiam fundamentalmente no desempenho passado. Neste sentido, os indicadores

tradicionais prejudicam a criação de valor a médio/ longo prazo e apenas preocupam-se em

medir a eficiência operacional e em fornecer uma visão contabilística e financeira (Russo,

2006; Santos, 2008).

Assim, o BSC define-se como um sistema complementar às medidas financeiras

tradicionais, fornecendo um conjunto de informações que propicia à gestão uma rápida e

melhor compreensão do negócio e da estratégia organizacional. De acordo com Rodrigues e

Sousa (2002:59), “uma estratégia é, basicamente, uma compreensão partilhada sobre o modo

como a missão da organização vai ser alcançada”. Estas medidas visam permitir uma avaliação

do desempenho das organizações, através de um conjunto de indicadores, devendo esta

avaliação ser parte integrante do processo de gestão.

De acordo com Pinto (2007:40), o BSC “assenta na visão global da estratégia das

organizações apoiada nas quatro perspetivas – financeira, clientes, processos internos de

aprendizagem e crescimento – nas quais são fixados objetivos e indicadores que têm de

funcionar de forma integrada (balanceada) estabelecendo relações de causa e efeito entre todas

as perspetivas”.

Desde a sua introdução, o conceito do BSC esteve em constante evolução, devido à

aprendizagem e aos novos conhecimentos adquiridos da sua implementação nas mais diversas

organizações.

Contudo, de acordo com Kasurinen (2002), o sucesso da implementação de qualquer

sistema de gestão depende, principalmente, de variáveis organizacionais e comportamentais,

como o apoio da gestão de topo, as ligações estratégicas, as ligações entre a avaliação de

desempenho e os mecanismos de compensação e a formação adequada dos recursos

humanos, e não tanto de variáveis técnicas.

Segundo Vicente, Major e Pinto (2011), a dimensão humana e comportamental,

nomeadamente a falta de formação e de habilitações por parte dos trabalhadores, e a

existência de uma cultura empresarial adversa à mudança, revelam-se fatores importantes para

explicar as razões porque algumas organizações não mudam os seus sistemas de controlo de

gestão. Outra das dificuldades associadas à mudança está relacionada com questões de

natureza informática, em particular com as inconformidades dos atuais sistemas informáticos e

os custos de os substituir.

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2.2 - Perspetivas do BSC

Para cada perspetiva, Kaplan e Norton (1992) apresentam uma questão ou um

propósito a atingir de forma a identificar, claramente, o que se pretende medir, como se pode

verificar na Tabela seguinte.

Tabela 1: Questão associada a cada perspetiva.

Perspetiva Questão/Objetivo

Setor Privado Setor Público

Perspetiva

Financeira Como vemos os nossos investidores/ financiadores?

Como acrescentar valor aos

utentes/beneficiários através da melhoria do capital humano e tecnológico e da melhoria dos processos internos críticos, sem aumentar custos?

Perspetiva de Cliente

Como é que os nossos clientes

nos veem? Como utentes/beneficiários de modo a assegurar o acrescentar valor aos cumprimento da missão? Perspetiva de Processos Internos O que precisamos de melhorar?

Em que processos internos teremos de ser excelentes de forma a criar valor para os nossos utentes/beneficiários?

Perspetiva de Aprendizagem e Crescimento

Podemos continuar a melhorar e a criar valor?

Como melhorar e desenvolver continuamente os recursos humanos, cultura e tecnologia, por forma a assegurar a excelência no

desempenho dos processos internos

suscetíveis de acrescentar valor aos utentes/beneficiários?

Fonte: Adaptado de Kaplan e Norton (1992:72) e Santos (2008:460)

Em função destas questões, é necessário definir, para cada perspetiva, os objetivos a

atingir, as metas e as medidas ou indicadores de desempenho a utilizar que, de uma forma

integrada e interligada, vão criar relações de causa-efeito, que devem conduzir ao alcance da

missão.

De acordo com Caldeira (2009:47) existe uma relação explícita entre as quatro

perspetivas, uma vez que “a boa performance nos objetivos da aprendizagem induz melhorias

nos processos internos que, por sua vez, geram melhorias na organização aos olhos dos

clientes e, por fim, tem impacto nos resultados financeiros.”

Para Niven (2003:35), apesar da perspetiva de aprendizagem e crescimento estar na

base esta é de elevada importância para a concretização das seguintes perspetivas, dado que, os

“trabalhadores motivados, com adequadas aptidões e ferramentas, operando num clima

organizacional sustentável, são os ingredientes chave para melhorar os processos, trabalhar

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com limitações financeiras e, finalmente, satisfazer os clientes e conduzir ao sucesso da

missão”.

Assim, o BSC equilibra os objetivos, iniciativas e indicadores porque focaliza a atenção

da gestão para as quatro perspetivas.

2.2.1 - Perspetiva Financeira

Para Kaplan e Norton (1996b) as medidas financeiras podem informar sobre algumas

das ações relacionadas com o passado, mas falham quando se pretende providenciar

orientações para as decisões a tomar no presente e, posteriormente, de forma a criar valor

financeiro no futuro. Deste modo, não é suficiente avaliar a performance de uma organização

com recurso apenas a indicadores financeiros.

Na perspetiva financeira, os indicadores financeiros passam a abarcar outros dados

também relevantes relacionados com as outras perspetivas propostas por Kaplan e Norton,

evitando, assim, uma situação de desequilíbrio.

Para Kaplan e Norton (1996b), as empresas, por vezes, optam pelo uso de objetivos

financeiros idênticos para todas as divisões o que, apesar de uniforme e aparentemente justo,

pode conduzir a falhas. Deste modo, a construção do BSC deve constituir um incentivo para

que as divisões estabeleçam os seus próprios objetivos financeiros em função da estratégia

global da empresa.

Na visão de Rodrigues e Sousa (2002), os objetivos e indicadores financeiros têm um

duplo papel: definir o desempenho financeiro que se espera obter de uma determinada

estratégia e servir de meta principal para os objetivos e medidas de todas as outras perspetivas

do BSC.

No setor público, a perspetiva financeira analisa as finanças como um recurso

necessário, mas simultaneamente impõe restrições orçamentais, fixando limites e impondo a

necessidade de prestar um serviço com eficiência.

Segundo Costa (2008), numa organização pública, pode-se usar a perspetiva

orçamental em vez da perspetiva financeira, uma vez que o aspeto financeiro não é, por

norma, o objetivo final dos serviços públicos, mas sim um meio para atingir a missão de cada

serviço.

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2.2.2 - Perspetiva de Clientes

O objetivo desta perspetiva é identificar os valores relacionados com os clientes, que

aumentam a capacidade competitiva da organização. Nesta perspetiva, refletem-se os valores

associados à prestação de serviços aos clientes, indicadores de imagem, satisfação dos clientes,

reputação da organização, fidelização e relação com o cliente (Kaplan & Norton, 1996b).

No passado, as empresas concentravam todos os esforços e atenções nas suas

capacidades internas de produção, mas atualmente têm de se direcionar essencialmente para o

exterior, para os clientes (Rodrigues & Sousa, 2002).

De uma maneira geral, independentemente do setor de atividade e do cariz lucrativo

ou não da empresa, as medidas mais importantes para a avaliação desta perspetiva são: a quota

de mercado, a retenção de clientes, a atração de novos clientes, a satisfação dos clientes e a

rentabilidade dos clientes. Estas medidas podem ser visualizadas numa cadeia relacional

conforme a figura 1.

Figura 1: Indicadores centrais da perspetiva de clientes

Fonte: Adaptado de Kaplan e Norton (1996b:68)

A quota de mercado e a rentabilidade do cliente estão em função das outras três

medidas. Para cada estratégia delineada, devem os gestores de topo definir os objetivos que

pretendem atingir para cada uma destas medidas e qual o caminho que a empresa deve seguir

para atingir esses objetivos (Jordan, Neves & Rodrigues, 2003).

No setor público a definição do conceito de cliente pode revelar-se um trabalho

complexo, devido à diversidade de organizações e grupos de cidadãos que interagem com o

serviço, sendo considerado um dos trabalhos mais críticos e complexos da implementação do

BSC num serviço público.

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De acordo com Santos (2008), numa organização pública, pode-se usar a perspetiva

cidadãos/ utentes/ beneficiários/ contribuintes em vez da perspetiva de clientes.

Kaplan e Norton (2001:136) sugerem a subdivisão da perspetiva de clientes em três

novas perspetivas: “a perspetiva do custo dos serviços prestados, a perspetiva do valor criado

e a perspetiva dos financiadores/doadores”.

2.2.3 - Perspetiva de Processos Internos

Habitualmente as empresas formulam os objetivos para a perspetiva de processos

internos depois de definidos os da perspetiva financeira e perspetiva dos clientes, uma vez que

estes dizem respeito ao caminho crítico para os atingir.

A introdução dos processos internos, articulados com a estratégia, constitui uma

característica do BSC, o que o distingue dos sistemas tradicionais de desempenho.

Segundo Kaplan e Norton (1996b), nos modelos tradicionais as medições de

desempenho estão focadas na estrutura produtiva (ex. centros de responsabilidade e

departamentos), enquanto que no BSC há uma preocupação de criar medidas para avaliar o

desempenho do ciclo inovação/operação/pós-venda, atravessando toda a organização (cadeia

de valor), de modo a assegurar um serviço de qualidade em todas as vertentes, contemplando

objetivos de curto e de longo prazo.

Kaplan e Norton (1996b), ao detetarem as diferenças entre negócios, no que respeita à

criação de valor para o cliente, sugeriram um modelo de cadeia de valor útil para a definição

da perspetiva de processos internos. A cadeia de valor é a sequência de transformações pelas

quais passam os inputs do processo, de forma a criar mais valor para o cliente. Segundo os

autores, existe um modelo genérico de cadeia de valor, que as empresas podem ter por base e

adaptar na preparação da perspetiva de processos internos. Este modelo pode ser dividido em

três processos internos principais (o processo de inovação; o processo operacional e o

processo de pós-venda, como podemos constatar na figura 2).

Figura 2: Perspetiva de processos internos - modelo de cadeia de valor.

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Devido à grande quantidade de processos internos que qualquer organismo tem, deve

ser feita uma selecção criteriosa dos indicadores que efectivamente mereçam melhorias e que

aumentem o nivel de satisfação sentida pelos clientes e stakeholders (Pinto, 2007).

Kaplan e Norton (1992) defendem que a atenção dos gestores deve estar centrada nos

processos que satisfazem as necessidades dos clientes, nomeadamente: os que afetam o ciclo

de tempo, a qualidade e a produtividade.

No setor público a perspetiva de processos internos tem de estar alinhada não só com

as necessidades dos stakeholders, mas também com os princípios da economia, eficácia e

eficiência e do equilíbrio orçamental.

2.2.4 - Perspetiva de Aprendizagem e Crescimento

Os objetivos da perspetiva de aprendizagem e crescimento devem centrar-se na

melhoria da infra-estrutura (humana, organizacional e de informação) existente na

organização, de modo a serem alcançados os objetivos das outras três perspetivas, através da

promoção do crescimento individual e organizacional (Bernardo, 2009).

Segundo Kaplan e Norton (1996a), esta perspetiva estabelece relações cruciais de causa

e efeito com as outras perspetivas e inclui um conjunto de valores intangíveis como o capital

humano, o capital informacional e o capital organizacional, sendo estes difíceis de medir ou

quantificar, mas fulcrais para que o sucesso das organizações perdure no tempo.

Segundo Kaplan e Norton (1996b), nesta perspetiva, as variáveis chave estão

relacionadas com o foco nas:

a) Capacidades dos trabalhadores - formação, capacidades, motivação;

b) Capacidades dos sistemas de informação - capacidade de fornecer informação em

tempo útil;

c) Procedimentos organizacionais - delegação de poderes, motivação, incentivo à

criatividade, coerência dos objetivos.

Kaplan e Norton (1996b) consideram que existem três indicadores principais relativos aos

trabalhadores:

a) Satisfação dos trabalhadores - contribui para o aumento da produtividade, melhoria

da capacidade de resposta, qualidade e melhoria dos serviços e, como consequência,

promovem a satisfação dos clientes.

b) Retenção dos trabalhadores – de forma a evitar a saída não desejada de um

trabalhador e a perda no capital intelectual da empresa.

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c) Produtividade dos trabalhadores - a satisfação dos trabalhadores conjugada com a

inovação e melhoria dos processos internos e com a satisfação dos clientes, permite

melhorar a produtividade dos trabalhadores.

Segundo Gameiro (2011), no setor público a perspetiva de aprendizagem e

crescimento pode passar a ser designada como perspetiva de aprendizagem e

desenvolvimento, uma vez que neste setor o fator mais importante não é o crescimento, mas

sim o desenvolvimento de competências dos colaboradores e da capacidade de maximizar os

recursos existentes.

A Tabela 2 menciona alguns dos objetivos e respetivos indicadores que se podem usar

no setor público, por perspetiva.

Tabela 2: Objetivos e Indicadores por Perspetiva no Setor Público

Objetivos Indicadores

Perspetiva Financeira

Simplificar processos de recebimentos e de

pagamentos Prazo médio de pagamentos Prazo médio de recebimentos

Aumentar as receitas Taxa de crescimento das receitas correntes Tempo de recuperação de determinados investimentos

Captação de donativos Volume de donativos

Perspetiva de Clientes

Melhorar a qualidade do atendimento O tempo médio de espera de atendimento O tempo médio para obter uma licença Melhorar a capacidade de resposta dos serviços Tempo médio de resposta às solicitações Aumentar a satisfação dos utentes Taxa de satisfação aferida através de inquéritos N.º de reclamações

Perspetiva de Processos Internos

Antecipar necessidades futuras dos utentes % de novos projetos lançados com base em informações dos utentes Reduzir os prazos de pagamentos N.º de faturas pagas no prazo limite N.º de utentes que fazem pagamentos através de

multibanco ou internet Certificação da qualidade

Prazo para reconhecimento do Commited to Excellence pela APQ/EFQM

Prazo para a certificação do sistema de gestão da qualidade (ISO 9001:2000)

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Perspetiva de Aprendizagem e Crescimento

Modernização dos circuitos documentais Prazo de operacionalização do sistema de gestão documental Aumento da eficiência na gestão dos Recursos

Humanos Prazo de implementação de um sistema integrado de gestão de Recursos Humanos Aumento da Qualificação dos profissionais N.º médio de horas de formação por profissional.

Fonte: Elaboração Própria

Podemos concluir que o BSC fixa os objetivos para cada perspetiva, mas assume que

as pessoas definem as ações necessárias para os atingir. Os seus objetivos e indicadores

permitem clarificar a visão, de forma a mobilizar e concentrar os esforços de toda a

organização na concretização da estratégia global, possibilitando, deste modo, que os

indivíduos nos diversos setores da organização compreendam como as peças se encaixam e

como o seu papel influencia o papel de outras pessoas (Kaplan & Norton, 1996b).

Na visão de Rodrigues e Sousa (2002:115) “o BSC é muito mais do que uma mistura

de indicadores financeiros e não financeiros, agrupados em quatro perspetivas”.

As perspetivas financeira, de clientes, de processos internos e de aprendizagem e

crescimento são as desenvolvidas na versão original na proposta de Kaplan e Norton e

continuam a ser as mais comuns, tendo-se revelado adequadas em diversas empresas e setores

de mercado.

No entanto, Kaplan e Norton (1996b) consideram ser possível incorporar outras

perspetivas, tendo em conta que o modelo proposto pelos autores atua como uma linha de

orientação. Deste modo, caberá às organizações analisarem as suas necessidades para

desenvolverem o BSC à sua medida, introduzindo perspetivas que consideram fundamentais

para o sucesso da sua estratégia.

O BSC não é um conceito fechado e por isso admite adaptações a outras realidades e

necessidades. Como por exemplo, a perspetiva ambiental, perspetiva social, perspetiva do

utilizador final e a perspetiva da sustentabilidade. No entanto, o importante é que represente

corretamente a realidade da organização.

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2.2.5 - Relações de Causa e Efeito

O BSC possibilita melhorias nos processos que consideram estratégicos, através da

construção das relações de causa e efeito entre os objetivos e os indicadores.

A inter-relação entre as perspetivas não é determinada de forma aleatória, mas sim

com base em relações de causa e efeito. Caso não existam estas relações de causa e efeito, quer

entre indicadores da mesma perspetiva, quer entre as diferentes perspetivas, será difícil de

traduzir e comunicar a estratégia e a visão da empresa.

Ao combinar as quatro perspetivas, o BSC permite compreender muitas inter-relações,

que podem ajudar os gestores na tomada de decisões e na resolução de problemas.

Segundo Kaplan e Norton (1996b:149),“a estratégia é um conjunto de hipóteses de

causa e efeito e essas relações podem ser expressas por sequências de afirmativas se-então”.

Através dessas relações o scorecard deve contar a história da estratégia da unidade de negócio.

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