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7 PERCURSO METODOLÓGICO

7.2 O CAMPO DE ESTUDO

Como campo de estudo, selecionou-se o conjunto das sete universidades estaduais do Paraná: Universidade Estadual de Londrina - UEL, Universidade Estadual de Maringá – UEM, Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP, Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG, Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR, Universidade Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO e Universidade Estadual do

Oeste do Paraná – UNIOESTE. Tal conjunto de instituições foi selecionado por elevarem o Paraná ao patamar de estado brasileiro com o maior número de universidades mantidas sob o seu custeio.

Tendo em conta a interferência do ambiente, enquanto estrutura, em fenômenos sociais (GIDDENS, 2003) é ideal selecionar instituições com características estruturais similares no sentido de proporcionar menor amplitude dos fatores contextuais, reduzindo a gama de particularidades, consideráveis na análise de processos, para então viabilizar foco de análise nas alterações dos processos em si, a serem propostos. A escolha das universidades estaduais do Paraná, enquanto campo de estudo, enquadra-se a tais necessidades e, ainda, pelos seguintes motivos já ressaltados, em parte, porém, cujo resgate sistematizado é conveniente para estabelecer a justificativa da escolha de forma melhor especificada:

1) O estado do Paraná é o estado brasileiro com o maior número de universidades, mantém sete sob o seu custeio (SETI, 2013) ampliando as oportunidades de pesquisa, ou seja, de recepção, interesse e colaboração por parte das universidades para com esta pesquisa além de viabilizar comparações entre os resultados da legitimação da gestão a partir do Planejamento Estratégico em IES de estruturas similares porém distintas, entretanto, e que deve ser destacado aqui, com agentes autorizadores e endossadores igualmente organizados, como é demonstrado na figura 9. 2) Considerando-se a localização destas universidades no estado (SETI, 2013a) percebe-se a incidência IDHs superiores nos municípios ou municípios vizinhos onde estão instaladas (OECD, 2013a), colaborando com a presente investigação científica, tanto no que tange a justificativa do aprofundamento no conhecimento sobre a gestão da educação superior quanto para a própria legitimação da gestão, enquanto um argumento de validade da sua necessidade em decorrência do caráter basilar de atendimento de necessidades sociais para as quais são criadas as universidades, como podem ser verificado em suas missões.

Figura 9 - Agentes autorizadores e endossadores da gestão em IES estaduais do Paraná

Fonte: Elaborado pelo autor (2016). * Ministério da Educação - MEC

** Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior - SETI *** Comissão Especial de Avaliação da Educação Superior do Sistema Estadual de Ensino do Paraná – CEA/PR

3) Conforme Vieira e Vieira (2004), mesmo em universidades nas quais predominam estruturas complexas, com poderosos nichos de poder e enlaces burocráticos representativos de modelos comportamentais que indicam uma cultura de serviço público dominante, a mudança sempre é uma possibilidade concreta, inerente ao Planejamento Estratégico.

4) A importância desta legitimação passa a ser central em instituições de maior complexidade gerencial. Por terem múltiplas funções e vários perfis ideológicos, de acordo com Telles (2008), as universidades são organizações complexas comparativamente às demais.

5) Scott (2001) argumenta que, em certa perspectiva, o estado exerce papel de construtor de regras, árbitro e obrigador, delineando a estrutura hierárquica de distribuição de poder. Considerando-se a interferência do papel do estado na legitimação da gestão. A designação de organizações públicas (as quais possuem um conjunto maior de elementos estruturados de modo direto pela ação do estado em comparação às organizações privadas) como foco de pesquisa para esta investigação é contributiva para a averiguação do fenômeno de forma a atender os objetivos de maneira completa e consistente.

6) Além de delinear a estrutura de poder, conforme apresentado no quinto argumento, o estado também tem a capacidade de legitimar, fazendo-se adequado considerar características do estado neste processo, tendo em conta que, de acordo com Yoon e Thye (2011), a autorização é uma fonte de legitimação na qual níveis superiores apoiam práticas organizacionais.

7) O fato de serem organizações do mesmo ramo de atuação e mantidas pelo mesmo governo estadual leva a estarem imbuídas de um maior número de fatores similares que ocasionam os isomorfismos coercitivos, normativos e miméticos, permitindo análises de como gestões com diferentes características podem legitimar-se a partir de isomorfismos em contextos similares. Em outras palavras, diminuindo-se a amplitude de variâncias de fatores externos intervenientes à legitimação da gestão, permite-se analisar melhor como diferenças nas características do desempenho da própria gestão, como no caso da implementação do Planejamento Estratégico, interfere na sua legitimidade.

8) Todas as sete universidades possuem o curso de Administração. Desta forma, permite-se analisar a influência do Planejamento Estratégico na legitimação da gestão quando o mesmo é implementado por profissionais de formação específica sobre o assunto em comparação àqueles implementados por profissionais de áreas pouco experientes ou inexperientes sobre o assunto.

9) Por fim, o estado do Paraná possui a maior relação de alunos matriculados em universidades estaduais perante à população do estado (IBGE, 2014b; INEP, 2015).

Cabe ressaltar que, mesmo havendo um conjunto de agentes autorizadores e endossadores da gestão das IES estaduais do estado do Paraná, esta pesquisa concentrará suas entrevistas apenas junto aos membros da equipe (gestores, professores, técnicos administrativos e outros cargos hierárquicos, por nomeação) das IES, uma vez que o processo de legitimação que interessa aqui é referente ao gestor perante à sua equipe.

7.3 AMOSTRAS

No primeiro passo, buscou-se convidar, por telefonema, a serem entrevistados pelo pesquisador in loco, utilizando o roteiro de entrevista constante no apêndice “A”, todos os Reitores e gestores responsáveis pela Pró-Reitoria de Planejamento e Avaliação Institucional, Pró- Reitoria de Planejamento ou Assessoria de Planejamento, conforme o caso de cada universidade, apresentado pela nomenclatura constante no quadro 11.

O primeiro contato telefônico buscou abordar cada um dos gestores dos departamentos responsáveis pelo Planejamento Estratégico de cada universidade, explicando o objetivo da pesquisa e como esperávamos que eles contribuíssem com a pesquisa, ou melhor: 1) Respondendo a entrevista e 2) Entregando a relação dos indivíduos da universidade que contribuem efetivamente enquanto membro da equipe do Planejamento Estratégico.

Quadro 11 – Setores de Planejamento das universidades estaduais do Paraná

Fontes: (UEL, 2014; UEM, 2014; UENP, 2016, UEPG, 2014; UNESPAR, 2014a; UNICENTRO, 2014; UNIOESTE, 2014).

Obtendo uma resposta positiva deste gestor, foram encaminhados por correio eletrônico o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, constante no apêndice “D”, além de um quadro, constante no apêndice “E” para o referido gestor relacionar os nomes dos indivíduos da universidade que contribuem efetivamente enquanto membro da equipe do Planejamento Estratégico e, se possível, relacionar respectivos endereços de correio eletrônico ou número de telefone móvel, além de especificar se ocupa cargo de gestão na IES. Após o envio, apenas um gestor responsável pela Pró-Reitoria de Planejamento retornou este quadro preenchido por email, requerendo que o mesmo fosse levado impresso no dia da entrevista para solicitarmos as indicações, o que se efetivou.

Para esta pesquisa, qualitativa, a quantidade de amostras poderia receber acréscimos, tantos quantos forem necessários para a consecução dos objetivos propostos. Entretanto, há indivíduos da organização de perfis específicos que foram prioritários para a pesquisa, totalizando vinte e um gestores e vinte e um geridos, considerando os critérios:

Gestores: em cada uma das universidades, utilizando-se do roteiro constante no apêndice “A”, foram entrevistados 3 gestores, tendo como alvo principal de investigação o Reitor, o gestor do departamento responsável pelo Planejamento Estratégico e, no mínimo, outro gestor, de

UNIVERSIDADE SETOR

UEL Pró-Reitoria de Planejamento UEM Assessoria de Planejamento

UENP Pró-Reitoria de Planejamento e Avaliação Institucional UEPG Pró-Reitoria de Planejamento

UNESPAR Pró-Reitoria de Planejamento UNICENTRO Pró-Reitoria de Planejamento UNIOESTE Pró-Reitoria de Planejamento

preferência que conste na relação de indicações do referido apêndice “F” (Membros da equipe, que ocupam cargo de gestão e outros que não ocupam, participantes do processo de Planejamento Estratégico, relacionados pelo Pró-Reitor de Planejamento ou equivalente). O segundo critério para escolha deste último entrevistado foi seu envolvimento com o departamento do curso de Administração. O terceiro critério decisório foi a seleção aleatória não intencional. Destes gestores, com os perfis especificados, foram entrevistados cinco dos sete gestores dos departamentos responsáveis pelo Planejamento Estratégico e quatro dos sete Reitores das universidades, além dos demais gestores necessários para completar a amostra. Não são relacionados aqui de quais universidades são estes gestores com o intuito de preservar suas identidades, conforme as recomendações do CONEP (2014).

Geridos: Foram entrevistados três, em cada universidade, e a escolha obedeceu aos seguintes critérios:

A) No mínimo um gerido indicado pelo gestor na relação do apêndice “F”;

B) No mínimo um gerido com formação em Administração;

C) No mínimo um gerido que não participou do processo de Planejamento Estratégico.

D) No mínimo um gerido não indicado pelo gestor na relação do apêndice “F”

Dos gestores, houve dificuldade em conseguir agendar um horário para entrevistar os Reitores. Para apenas um deles foi necessário menos de cinco ligações telefônicas para confirmarmos sua disponibilidade e agendar um horário para procedermos à entrevista. Houve casos em que gestores (entre Reitores e Pró-Reitores de Planejamento) que, mesmo após tentativas que se estenderam por um período de dois meses não foi possível viabilizarmos uma entrevista. Dentre os vinte e um gestores, entrevistou-se três gestores de cada

universidade. Enquanto isso, dos vinte e um funcionários foram entrevistados quatorze que participaram do processo de Planejamento Estratégico e sete que não participaram, sendo respectivamente dois e um de cada universidade.