• Nenhum resultado encontrado

O complexo industrial da saúde em outros países

O complexo industrial da economia política da saúde

Mapa 16 – Número de indústrias da saúde na Região Metropolitana de São Paulo por município em

3.4 O complexo industrial da saúde em outros países

Quando se analisa o complexo industrial da saúde brasileiro no contexto internacional, é possível verificar melhor sua relevância. Uma constatação

importante é que essa indústria está presente apenas em um grupo seleto de países. Outro dado a considerar é o fato de que a mera existência de unidades produtivas num país não é prova de que ele detenha um complexo industrial desse tipo. Daí que a aferição da sua existência não seja trivial.

Os complexos se instalam em países com grande capacidade de investimento em inovação com participação estatal e num amplo espectro de indústrias com especialização produtiva ligada à economia da saúde. Mesmo em países com tradição em algum tipo de indústria – por exemplo, a Suíça e os grandes laboratórios farmacêuticos –, não implica necessariamente a existência de um complexo industrial da saúde, pois é fundamental que também haja um sistema de saúde abrangente para uma população de proporções milionárias que demande toda sorte de insumos médico-hospitalares em grandes quantidades e que compense atrair indústrias variadas desse setor por meio de incentivos, como a Lei de Compra brasileira, pois, apesar dos subsídios, ainda assim o mercado consumidor tem papel importante no equilíbrio da balança comercial.

Além disso, não são óbvias a busca e a constatação de países portadores de um CIS, e não há estatísticas bem acabadas para sustentar as análises, o que nos parece uma das razões pelas quais não encontramos artigos ou obras de referência que estabeleçam esse tipo de paralelo. É preciso, pois, recolher diretamente nos países informações sobre as indústrias (Anexos I e II) para o levantamento do complexo como um todo, assim como é preciso fazer uma aferição mais específica da capacidade produtiva das indústrias que compõem o complexo (Anexo II).

Fizemos um levantamento sobre os EUA, país que detém o maior CIS no mundo e que disponibiliza dados de empresas em seu território em plataforma eletrônica bastante detalhada (e amigável para consulta), e os comparamos aos do Brasil, que está entre os mais modestos. Verificamos uma enorme diferença, o que permite inferir que possivelmente haja muitos países nesse intervalo. Entretanto, considera-se complexo industrial da saúde não apenas o total em valores gerados, mas a existência do conjunto de indústrias que integra o conceito tal como está esquematizado no Quadro 3.

Tabela 5 – Complexo industrial da saúde nos EUA e no Brasil

EUA US$ 301.832.696.000 Brasil US$ 16.510.129.170

Fonte: IBGE e U.S. Census Bureau.

Tabela 6 – Complexo econômico- industrial da saúde nos EUA e no Brasil

EUA US$ 4.761.216.657.000 Brasil US$ 164.528.165.040

Fonte: IBGE e U.S. Census Bureau.

Uma manifestação indireta do CIS em outros países pode ser observada nos fluxos de exportação e importação entre o CIS instalado no território brasileiro e os demais, presentes em diferentes países (Gráficos 1 e 2).

Gráfico 1 – Principais países exportadores para o complexo industrial da saúde brasileiro entre 2011 e 2016(*)

Fonte: AliceWeb/MDIC (2017). Organização: Antas Jr.

Gráfico 2 – Principais países importadores do complexo industrial da saúde brasileiro entre 2011 e 2016(*)

(*) Soma dos valores de todo o período (em U$).

Fonte: AliceWeb/MDIC (2017). Organização: Antas Jr.

Esses dados, no entanto, apenas oferecem pistas para a escolha de países onde levantar as indústrias referentes ao complexo industrial da saúde, sendo o Gráfico 1 mais importante que o 2. Como veremos adiante, um modo proficiente de identificar países com prováveis complexos industriais da saúde significativos é por meio da análise de seus circuitos espaciais produtivos e a troca de insumos produtivos, e não só a de produtos acabados.

A título de exemplo, adiantamos aqui algumas informações obtidas na investigação de circuitos espaciais produtivos que dão pistas sobre outros países no que tange a esse complexo. Bertollo (2013), em pesquisa sobre o circuito espacial produtivo da vacina, assim como R. Almeida (2014), sobre o circuito espacial produtivo dos reagentes para diagnóstico, e ainda F. Santos (2016), sobre o circuito espacial dos equipamentos para diagnóstico por imagem e radiologia, levantaram informações e referências bibliográficas e produziram mapeamentos cujos resultados foram, de modo geral, convergentes sobre os fluxos desses circuitos: o Brasil é um consumidor dos mais importantes no mundo e demanda produção industrial, organizacional e financeira de um grande número de países. De 2011 a 2016, comprou U$ 57,01 bilhões da produção industrial de 107 países, entre produtos acabados e insumos produtivos, isto é, bens manufaturados não acabados, que ainda passariam pelo setor produtivo brasileiro e, eventualmente, seriam exportados para ulterior finalização.

Por outro lado, também se verifica um significativo crescimento das exportações no país, tendo alguns ramos crescido entre 8% e 10% ao ano durante alguns anos seguidos, sobretudo depois de 2008, quando se cria uma política pública para o CIS brasileiro. Assim, ainda entre 2011 e 2016, exportaram-se U$ 10,29 bilhões para 193 países, sendo U$ 9,26 bilhões para apenas 24 países, o que é um indicador importante sobre os grandes países produtores, assim como da posição relevante do território brasileiro no CIS global. Igualmente, verificamos a exportação de produtos acabados e semiacabados, corroborando a lógica dos circuitos espaciais produtivos.

No entanto, é pela análise das trocas de insumos produtivos entre países que é possível ter uma noção melhor sobre os países que detêm o complexo, na medida em que são essas trocas se dão entre indústrias, pois servem à produção. No Capítulo 4, exploramos esse fator produtivo mais detalhadamente.

C

APÍTULO

4

O complexo industrial da saúde segundo os circuitos

Outline

Documentos relacionados