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Se estamos afirmando a necessidade da construção de uma nova cidadania, e se esse entendimento se coloca como um olhar que buscamos dar nesse trabalho de pesquisa quando tratamos de um movimento social como o MST e uma política pública de educação no contexto da relação Estado e sociedade civil, num contexto da interculturalidade, buscamos trazer nesse estudo a reflexão acerca da construção na literatura e nas práticas dos grupos sociais do conceito de cidadania que nos ajuda argumentar na perspectiva em que nos propomos.

Assim, Lavalle (2003), em texto intitulado “Cidadania, Igualdade e Diferença”, discute as tendências recentes da transformação do conceito de cidadania, destacando o avanço do reconhecimento da diferença no questionamento da idéia de eqüidade, universalidade.

Analisa, assim, desde a concepção tradicional de cidadania até as tensões diante da construção de um conceito de cidadania que enfrente as desestabilizações que se dão, sobretudo na caracterização do binômio igualdade/diferença.

O autor inicia colocando que a construção das sociedades modernas trouxe consigo a problemática da questão social como expressão moderna da desigualdade.

No contexto da modernidade “edificaram-se os expedientes modernos de constituição e vinculação a uma comunidade política regida por princípios universais e por mecanismos públicos de produção de legitimidade. A cidadania constituiu a cristalização institucional desses novos expedientes de solidariedade abstrata e generalizada.” (LAVALLE, 2003, p. 2)

Atualmente, a capacidade do Estado em universalizar benefícios é limitada, implicando numa não expansão da cidadania nos termos da universalização dos direitos, e nessa perspectiva, muito presente os empecilhos para a consideração da diferença no contexto da cidadania. Esse é um dos elementos da chamada crise da cidadania ou desafios atuais para a cidadania.

Fazendo um resgate do conceito tradicional, Lavalle (2003) resgata a idéia de cidadania pensada nos ditames do Estado-nação. A cidadania moderna, pois, no pensamento de T. H. Marshall (1950), que inaugura esse conceito, é considerada como a garantia dos direitos civis, políticos e sociais para toda a população de uma nação, através das instituições do Estado, a partir das leis e códigos normativos. Também denominada cidadania formal, tem forte ligação com o papel do Estado em prover os direitos sociais dos cidadãos.

Nesse sentido, a cidadania moderna apresenta características marcadas pela universalidade, territorialização, papel do Estado na garantia dos direitos individuais e coletivos,

vínculo de constituição da cidadania através do Estado como poder central, territorializado, e a população como comunidade política.

A crítica marxista à visão tradicional e liberal da cidadania vem centrada na luta de classes e no papel opressor do Estado, e no destaque que essa crítica dá ao conflito social como central também na conquista de direitos. (LAVALLE, 2003, p. 5)

Com relação à crise da cidadania em função das mudanças das últimas décadas do século XX, Lavalle argumenta:

É possível delinear certos consensos no plano da ''crise'' da cidadania ou, melhor, das tendências que, em tese, abalariam alguns de seus pressupostos modernos de funcionamento. É amplamente aceito que a expansão desse status universal de pertença a uma comunidade política forneceu os expedientes predominantes para equacionar, nos planos simbólico e político-institucional, as problemáticas da subordinação política e da integração social ao longo dos processos seculares de alastramento da economia de mercado e de consolidação do Estado nacional. Mesmo em sociedades marcadas por diferenças socioeconômicas abissais, pela desigual efetivação do direito, pela vulnerabilidade dos direitos civis e por outras iniqüidades amplamente presentes na América Latina, as tarefas da ordenação política e da incorporação social passaram pela edificação da cidadania — embora não raro sob formas qualificadas com adjetivos que visam a acusar alguma anomalia (...). Para além das polêmicas em torno da (in)suficiência e (in)eficiência da cidadania, os modelos ideais e arranjos institucionais que, no século XX, definiram seu notável alargamento quanto à cobertura e à substância, parecem hoje comprometidos por tendências de médio e longo prazos. (LAVALLE, 2003, p. 6)

O comprometimento dessas tendências da cidadania, sua ineficiência e insuficiência são discutidas a partir de fatores de desestabilização de caráter macroestruturas, nas relações estatais e no caráter das mudanças socioculturais e na diferenciação social.

Com relação aos fatores macroinstitucionais que institucionalizam os direitos e demandas sociais, Lavalle afirma que:

Hoje, uma combinação complexa de fatores exige com premência a ação pública e, a um só tempo, limitam sua efetividade e seus alcances. A vulnerabilidade financeira e migratória das fronteiras nacionais, os processos de integração econômica internacional e a conseqüente cessão parcial de soberania, o acirramento da desigualdade social sob formas inéditas — entre elas o alastramento do desemprego estrutural —, a redefinição do papel do Estado e sua conseqüente retração no plano da intervenção social, adicionada às crescentes limitações fiscais da ação pública, compõem um panorama crivado de restrições não apenas para a ampliação da cidadania, senão também para preservação de sua substância já cristalizada em direitos. (LAVALLE, 2003, p. 6)

Ainda se referindo aos aspectos socioculturais e políticos, o autor cita os fenômenos diversos que limitam o entendimento de questões significadas na linguagem do universal como o

descrédito das grandes ideologias, a suspeição suscitada pelas categorias totalizadoras, a emergência e proliferação de identidades restritas, o desencanto da política, a multiplicação de formas associativas civis a reivindicarem novos princípios de representatividade, a proliferação da chamada política da diferença, entre outras manifestações.” (LAVALLE, 2003, p. 7)

Assim, os fenômenos recentes são apresentados em síntese aqui, mas com a afirmação de que apresentam influência nesse debate em torno da cidadania:

Nesse elenco há fenômenos em maior ou menor medida recentes, mas sem dúvida a eles também subjazem tendências que obedecem linhas de mudança de longa duração. De fato, pluralismo, política da diferença, diferenciação social, evolução e incremento da complexidade social, especialização funcional, multiplicação dos sentidos socialmente relevantes, descentramento da sociedade, nomadismo das identidades, constelações pós-nacionais e patriotismo constitucional são, entre outros, termos de uso crescente nas ciências sociais ao longo da segunda metade do século XX, e, malgrado as controvérsias e até os dissensos irreconciliáveis entre aqueles que os sustentam, em conjunto coincidem em ponto crucial, a saber, que não mais é plausível responder aos problemas do ordenamento político e da integração social como fizeram-no os pensadores oitocentistas; quer dizer, a partir dos pressupostos e categorias ilustrados de teor fortemente universalista, próprios à cidadania moderna. (LAVALLE, 2003, p. 7)

Diante, pois, das influências globalizantes, dos novos desafios econômicos, sociopolíticos, tecnológicos e culturais, a insuficiência do Estado para solucionar problemas que se modificam rapidamente, que centra as ações nas macroquestões, diante da emergência de uma sociedade civil plural, considerando o direito de ser diferente, assim como das relações influenciadas por uma nova configuração da relação tempo-espaço, entre outras questões, propõe-se na literatura contemporânea a discussão de uma nova cidadania.

Nessa perspectiva, Canclini (2003) traz alguns elementos dessa discussão centrando a análise na questão da interculturalidade e partindo das contradições vistas nos países que se propôs a analisar.

Levantando como questão central a multiculturalidade, Canclini (2003) cita, por exemplo, a insuficiência dos países em lidar com a multiculturalidade, as transformações atuais em vista à globalização, na perspectiva da ação do Estado-nação e a visão da cidadania. Assim, questiona as discrepâncias entre o sistema republicano de direitos universais, o separatismo multicultural nos EUA e as questionáveis integrações multiétnicas sob o Estado-nação instaladas nos países da Am. Latina e ainda um outro tipo de integração quando a multiculturalidade é submetida ao discurso da mídia que subordina o desaparecimento das diferenças à maioria da audiência

afirmando que essas organizações do “labirinto da multiculturalidade” são ineficientes se não se reformularem em face aos desafios da globalização.

É preciso considerar que, com a globalização, nenhum grupo mais permanece dentro dos seus limites e assim deve-se pensá-los como um sistema de diferença que deslize uma dentro da outra. Ou seja o pensamento binário de pensar a diferença é minado pelas inúmeras formas de hibridação cultural que se dão a partir da globalização.

Mas há que se destacar o que não se deixa reduzir à mestiçagem e às hibridações.

Ao relacionar as estratégias globalizadoras e hibridadoras com as diversas experiências da interculturalidade, salta aos olhos que, por mais que se forme um mercado mundial das finanças, de alguns bens e circuitos midiáticos, por mais que o inglês se consolide como “língua universal”, as diferenças persistem e a traduzibilidade entre as culturas é limitada. Não é impossível. Para além das narrativas fáceis da homogeneização absoluta e da resistência do local, a globalização nos defronta à possibilidade de aprender fragmentos, nunca a totalidade de outras culturas e refazer o que imaginávamos como próprio em interações e acordos com outros, nunca com todos. (CANCLINI, 2003, p. 115)

As aproximações e convergências do mundo do trabalho e do consumo levam a concorrência generalizada, mas também a possibilidade de convivência, de imigrantes inventarem e compartilhar recursos materiais e simbólicos. Não de dissolver as diferenças, mas de torná-las combináveis.

Assim, observando essas questões no que se refere à análise cultural do processo de globalização, Canclini (2003) afirma que, com relação à cidadania como prática dos direitos, existe hoje pouca expressão nessa configuração da multiculturalidade. E, ainda, “quando esse suporte ligitimador das identidades que é a cidadania não se reforma para abarcar a escala supranacional das atuais relações sociais, não sabemos como chamar os outros.” (CANCLINI, 2003, p. 116)

Dessa forma Canclini coloca que para serem democráticas a cultura política e a política cultural devem não apenas aceitar as diferenças, mas também criar condições para que se possa vivê-las na ambigüidade como um exercício da cidadania, que possibilite compreender o outro, aceitá-lo na sua diferença como um ser de direitos.

Um dos pontos-chave que define o caráter – opressivo ou libertador – da globalização é o fato de ela permitir, ou não, a imaginação sobre várias identidades, flexíveis, modulares, por vezes superpostas, e ao mesmo tempo criar condições para que se possa imaginar como legítimas e combináveis, não apenas competitivas ou ameaçadoras, as identidades ou, melhor, as culturas dos outros. (CACLINI, 2003, p. 116)

É nesse contexto que Canclini coloca a construção de uma cidadania multiforme, ou ainda, encara a cidadania a partir das construções interculturais do mundo contemporâneo.

Destaca, nessa discussão, a necessidade de que a prioridade das sociedades e das ações do Estado deve ser a construção de alternativas que considerem a pluralidade de sujeitos e a diversidade cultural como central nas políticas e não somente os mercados como vimos nas ações dos Estados neoliberais. Essa nova cidadania, ou como Canclini (2003) refere-se a uma cidadania multiforme, ou ainda latino-americana, está em possibilidade de construção a partir desse entendimento. União de cidadãos, relações de solidariedade, respeito à diversidade cultural e espaços comunicativos para expressar essa diversidade, consideração da pluralidade dentro da sociedade são centrais nessa possibilidade de construção. Mas tanto no Brasil como em outros países existem pouquíssimas ações nesse sentido, centradas na sociedade civil ou ainda nas políticas de Estado. A cidadania ainda passa pela concepção vinculada à luta nacional e as conquistas formais dos direitos universais, homogêneos.

Dagnino (2004) discute no caso do Brasil, as redefinições dos conceitos de sociedade civil e Estado e dos conceitos de participação e cidadania no conjunto das transformações e das particularidades dos acontecimentos históricos do Brasil.

Sobre o conceito de cidadania, a autora vai levantar que a idéia de nova cidadania ou cidadania ampliada surge com os movimentos sociais que marcaram o período de redemocratização brasileira, principalmente na década de 80 e já sob influência dos novos aspectos da vida social, foram chamados de novos movimentos sociais7.

Esses movimentos sociais, que traziam em suas demandas a luta por demandas materiais, e já incluíam em suas pautas a luta por direitos culturais, ajudaram a ampliar a visão e implementar um projeto de construção democrática, de transformação social a partir de um laço entre cultura e política.

Incorporando características de sociedades contemporâneas, tais como o papel das subjetividades, o surgimento de sujeitos sociais de um novo tipo e de direitos também de novo tipo, bem como a ampliação do espaço da política, esse projeto reconhece e enfatiza o caráter intrínseco da transformação cultural com respeito à construção da democracia. Nesse sentido, a nova cidadania inclui construções

7 Essa discussão sobre novos e velhos movimentos sociais refere-se, sobretudo às pautas de reivindicações e as

formas e métodos de lutas sociais realizadas a partir da interação desses. Os novos movimentos sociais são os que incluem nas suas pautas de reivindicações os direitos culturais, ligados à questões de gênero, raça, etnia, como também os direitos ambientais, entre outros. Os velhos movimentos são chamados os clássicos, que travavam a luta de classes e reivindicavam questões ligadas aos direitos básicos da cidadania formal como alimentação, terra, salários, etc. O MST nasce como um velho movimento social, mas, a partir dos anos 90, vai inserindo em sua pauta de lutas demandas culturais e ambientais. Assim, o MST nasce como um velho movimento social, na luta pela terra, mas se transforma, ao longo de sua trajetória, com características de novo movimento social. (GOHN, 1995)

culturais, como as subjacentes ao autoritarismo social como alvos políticos fundamentais da democratização. Assim, a redefinição da noção de cidadania, formulada pelos movimentos sociais, expressa não somente uma estratégia política, mas também uma política cultural.” (DAGNINO, 2004, p. 103)

Nessa perspectiva, a nova cidadania amplia o significado dos direitos assim como a relação entre Estado e sociedade civil, numa visão que considera a complexidade social atual.

Dagnino (2004), nesse sentido destaca alguns pontos centrais que são constitutivos dessa concepção de nova cidadania. O primeiro é que a nova cidadania amplia a visão dos direitos que formalmente estão ligados à esfera institucional, formais abstratos. Com a idéia de direito de ter direitos, a nova cidadania compreende a invenção/criação de novos direitos, que surgem de lutas específicas da sociedade civil, na pluralidade de seus sujeitos e de suas práticas concretas. Os direitos passam a ser entendidos como objetos de luta política. Do direito à igualdade, ao direito à diferença, são pautas dessa redefinição.

Dessa forma, a cidadania não é vista como vinculada a uma estratégia dominante, ou das classes dominantes e do Estado, de incorporação política gradual dos setores excluídos. É vista sim, ao contrário das concepções tradicionalmente vigentes no Brasil, como uma cidadania que se constitui no processo da ação dos sujeitos sociais ativos, agentes políticos, definindo o que consideram ser seus direitos e lutando para o seu reconhecimento.

Outro aspecto destacado pela autora é a idéia de que a nova cidadania está para além da referência central no conceito liberal, ou seja, a reivindicação ao acesso, inclusão, participação e pertencimento a um sistema político já dado. O que se destaca, de fato, é o direito de participar na própria definição do sistema político, contribuindo para a invenção de uma nova sociedade e a superação da cultura política e das relações de poder conservadoras presentes na sociedade brasileira. Causa, portanto, mudanças nas relações de poder e na cultura política da sociedade brasileira promovendo a possibilidade de criação de espaços públicos onde os interesses comuns e privados, as especificidades e as diferenças, podem ser expostas, discutidas e negociadas.

Apontando também para a superação do conceito liberal de cidadania, um outro elemento dessa visão ampliada é que a cidadania não está mais confinada dentro dos limites das relações com o Estado, ou entre Estado e indivíduo, mas deve ser estabelecida no interior da própria sociedade, como parâmetro das relações sociais que nela se travam. O processo de construção de cidadania como afirmação e reconhecimento de direitos é, especialmente na sociedade brasileira, um processo de transformação de práticas arraigadas na sociedade como um todo, cujo significado está longe de ficar limitado à aquisição formal e legal de um conjunto de direitos e, portanto, ao sistema político-judicial. A nova cidadania é um projeto para uma nova sociabilidade: não somente a incorporação no sistema político em sentido estrito, mas um formato mais igualitário de relações sociais em todos os

níveis, inclusive novas regras para viver em sociedade (negociação de conflitos, um novo sentido de ordem pública e de responsabilidade pública, um novo contrato social etc.). (DAGNINO, 2004, p. 104 - 105)

Dessa forma, na sociedade brasileira, essa nova concepção de cidadania passa por um processo de construção, aprendizagens dos sujeitos sociais, limitações e possibilidades. Existem várias experiências, tanto no Brasil como em outros países do mundo nesse contexto de construção de uma nova cultura política, da busca de uma cidadania ampliada que leve em conta a complexidade social, a pluralidade de sujeitos, a diversidade, o multiculturalismo, como mostra o livro “Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitismo multicultural” da coleção “Reinventar a emancipação social: para novos manifestos” que Boaventura de Sousa Santos organiza. (SANTOS, 2003)

Nesse livro, está em questionamento tanto a ação quanto o pensamento que construíram os ideais modernos de emancipação social tendo em vista o fenômeno da globalização. São questionados os conceitos universais de luta de classes, cidadania, justiça, direitos humanos, na visão eurocêntrica e iluminista, que segundo Santos, reduz a possibilidade da emancipação social e não dá conta da análise da complexidade do real. Diversos autores relatam experiências de uma possível “globalização alternativa” em vários lugares do mundo, que se propõem construtoras dessa nova visão de cidadania, e que consideram os aspectos importantes do ponto de vista do contexto atual na dimensão sócio-político-cultural das sociedades: multiculturalismo, direitos coletivos, direitos culturais, políticas identitárias das minorias.

No Brasil, em específico, a pluralidade de iniciativas, nesse sentido, são citadas como produtoras dessa possibilidade de construção democrática, de redefinição da cidadania, e da complexificação da relação Estado e sociedade civil, através, inclusive da participação popular nas políticas públicas nos governos mais recentes. Também são tidas na perspectiva das tensões e contradições nessa construção da cidadania no interior de suas práticas. (DAGNINO, 2004; PINSKY, 2004; WARREN, 1999)

Há, de fato, no Brasil, ainda uma distância grande, mesmo com as inúmeras e reconhecidas experiências, da prática democrática da nova cidadania. Falar em nova cidadania, no Brasil parece ser uma contradição ao percebermos que nem conseguimos cumprir a cidadania formal. Há, portanto, uma distância de uma nova cidadania construída e consolidada no nosso país. Existe sim, uma possibilidade de se ter uma nova cidadania, mas ela é cheia de incertezas, tanto nos aspectos da estruturação do Estado brasileiro, quanto nas práticas da sociedade civil e da constituição dessa inter-relação, da esfera pública, da cultura política e das relações de poder.

Para este trabalho, o entendimento dessa construção de uma nova cidadania, passa pela possibilidade de olhar criticamente as práticas de organizações da sociedade civil, de movimentos sociais, que no contexto atual se propõem a partir das políticas públicas ou de outros mecanismos conquistar a cidadania, construí-la. Portanto, entendemos que a cidadania não é apenas a garantia dos direitos pelo Estado, ela precisa ser exercida, conquistada diariamente. E nesse processo, ela se relaciona com o local, com o cultural de forma complexa, contraditória, como no caso das políticas públicas que se redefinem e se reelaboram na participação dos sujeitos, nas ações dos movimentos e organizações que ora limitam essa construção, ora a potencializam.

4.4 A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO NO BRASIL E A PARTICIPAÇÃO DA