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CAPÍTULO 1 – DIREITO E DIREITO PENAL: o caso que estudamos

1. Direito

1.3. Direito Penal Parte Geral

1.3.1. O Conceito de Crime

Nesta subdivisão expomos o conceito de crime e já nos preparamos para a próxima parte deste texto que discutirá, especificamente, a Parte Especial do Código Penal Brasileiro, que normatiza os ―fatos incriminados, ou seja, contém os preceitos que tratam de cada delito em particular‖, e o faremos com foco no crime de homicídio devido ao corpus que analisamos (DOWER, 2005, p. 103).

Segundo Masson (2011), na Parte Especial do Código Penal, ―existem basicamente três espécies de normas – as incriminadoras, as permissivas e as explicativas‖ (p. 60), assim como podemos, também, verificar em (GONÇALVES, 2011a, p. 59).

Incriminadoras

IV–os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V–o pluralismo político.

Parágrafo único.

Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição‖ (CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 35ª EDIÇÃO. 2012.

Disponível em:

<http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/15261/constituicao_federal_35ed.pdf?sequence=9>. Acesso em: 24 de out. de 2015.

―São aquelas que definem as infrações penais e fixam as respectivas penas. São também chamadas de tipos penais‖ (GONÇALVES, 2011a, p. 59);

Permissivas

―São as que preveem as licitudes ou a impunidade de determinados comportamentos, apesar de se enquadrarem na descrição típica‖, por exemplo, ―as normas que excluem a ilicitude do aborto provocado por médico quando não há outro meio para salvar a vida da gestante, ou quando a gravidez resulta de estupro e há consentimento da gestante (at. 128)‖ (GONÇALVES, 2011a, p. 60);

Explicativas

―São as que esclarecem o conteúdo de outras normas ou limitam o âmbito de sua aplicação [...], por exemplo, no crime de violação de domicílio, esclarece o que está e o que não está contido no significado da palavra ‗casa‘‖ (GONÇALVES, 2011a, p. 60);

Embora na Parte Especial do Código Penal as infrações tenham sido agrupadas em onze ―títulos de acordo com o bem jurídico afetado‖ (GONÇALVES, 2011a, p. 61), aqui trataremos, exclusivamente, Dos Crimes Contra a Pessoa, iniciando pela definição de crime.

Antes, porém, entendemos que seja apropriado definirmos aquele que o pratica, isto é, o ator do ato ilícito. Gonçalves (2011a) define autor de um crime como aquele que ―executa a conduta típica descrita na lei, ou seja, quem realiza o verbo contido no tipo penal. Ex.: no homicídio, a conduta típica é ‗matar alguém‘ sendo o autor, dessa forma, quem realiza disparos de arma de fogo contra a vítima, quem empurra do alto de um prédio [...]‖ ou que esfaqueia alguém, como no caso que estudamos (p. 64).

Segundo Masson (2011), o ―conceito de crime é o ponto de partida para a compreensão dos principais institutos do Direito Penal‖ (p. 169). Para o Prof. Dower (2005), ele é ―um fenômeno social de alta relevância, com graves consequências para a sociedade‖ (p. 110).

Estão descritos na lei penal tanto o crime quanto o delito como sendo ―um fato humano a uma sanção [...] basicamente, o crime é uma ação ou omissão, um comportamento positivo ou negativo que se ajusta a um tipo penal. Esse fato típico, esse comportamento, deve ser antijurídico, pois descreve o que é proibido‖. Desse modo, quem pratica uma ação lesiva contra alguém adota um comportamento contrário ao Direito, ―um comportamento ilícito ou antijurídico‖ (Dower, 2005, p. 111). O autor ilustra que, de acordo com o princípio de reserva legal, somente, os comportamentos descritos pela lei podem ser considerados crime e fornece

um exemplo da vida real:

―‗A esfaqueia B, matando-o. O sujeito, por meio de uma ação, lesou um bem jurídico, qual seja, a vida de um homem. A conduta de A, portanto, deve achar correspondência a um fato que a lei penal descreve como crime. No Código Penal, encontramos, no art. 121, caput, que para o fato de se matar alguém com o nomen júris ‗homicídio simples‘, a pena é de seis a vinte anos de reclusão‘. Porém – insiste-se – não basta apenas a referida conduta típica do agente para a ocorrência do crime. É necessário, ainda, que a conduta seja antijurídica, contrária ao direito, à norma, ao ordenamento jurídico, pois existem conditas proibidas que o legislador acolhe, não permitindo a aplicação da sanção. É o caso da legítima defesa, que não constitui crime, ou seja, o fato enquadra-se no típico descrito pela lei, mas a antijuridicidade é excluída. ‗Na fase de pronúncia, a tese de legítima defesa – decidiu o Tribunal - visando à absolvição sumária do acusado, somente poderá ser reconhecida se ressaltar plena e extreme de dúvidas do conjunto probatório‘ (in RT 749/654)‖ (DOWER, 2005, p. 111).

Portanto, um crime só pode ser caracterizado como tal se a ação do agente tiver sido praticada com dolo, isto é, com a culpa de seu ator44. ―Concluindo, tem-se que o crime é uma ação típica, antijurídica ou ilícita e culpável e, quando ele for praticado, todos esses elementos constitutivos devem estar presentes‖ (DOWER, 2005, p. 111 – 112).

Tratamos aqui do crime de homicídio, um crime praticado por ação e não por omissão, assim, focamos nossa explanação apenas nesse tipo de crime.

Segundo Masson (2011), há dois tipos de sujeitos do crime: (a) sujeito ativo ―é a pessoa que realiza direta ou indiretamente a conduta criminosa‖ (p. 178) e (b) sujeito passivo é ―o titular do bem jurídico protegido pela lei penal violada por meio da conduta criminosa. Pode ser denominado de vítima ou de ofendido‖ (p. 182). O autor também discorre sobre o objeto do crime, definindo-o como ―o bem ou objeto contra o qual se dirige a conduta criminosa‖, podendo ser: (a) jurídico, que é o ―interesse ou valor protegido pela lei penal‖ e (b) material, ―a pessoa ou coisa que suporta a conduta criminosa‖ (p. 184).

O Prof. Dower (2005) apontou que é preciso, legalmente, que se determine ―o lugar em que o crime foi praticado para a fixação da competência penal‖, já que ele é considerado no local dos fatos, conforme o previsto no Código Penal, art. 6º; quando o crime for praticado ―dentro do nosso país a competência será do lugar em que se consumou a infração (CPP, art. 70)‖ (DOWER, 2005, p. 108).

Nesta seção explanamos sobre o Direito Penal com foco em sua Parte Geral e

44Esclarecemos que essa expressão se refere àquela pessoa que teve um papel ativo em algum acontecimento. Explicamos, ainda, que adotamos essa expressão, já que a lemos em outros textos, por exemplo, Fuzer e Barros (2007) e, ainda, um uso similar em Gonçalves (2011a) e Masson (2011) ao mencionarem o coator.

introduzimos o conceito de crime.

Na próxima parte trataremos da Parte Especial do Código Penal, mais, especificamente, dos Crimes Contra a Vida dirigindo nossa explanação, principalmente, ao artigo 121 que trata de homicídios, que é a ocorrência julgada no processo do qual extraímos nosso corpus para esta investigação, e o faremos do modo mais sucinto possível.