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Foi com a publicação do Decreto-Lei n.º 43453, de 30 de dezembro de 1960, que se criou, à data, uma nova forma de representação da dívida pública, denominada de certificados de aforro. Consta do preâmbulo do diploma a intenção de se conceder uma aplicação remuneradora dos pequenos capitais, sem sujeição a oscilações do mercado de títulos (isto é, que não fosse um valor mobiliário) 145.

Os certificados de aforro representam hoje uma parte significativa da dívida pública.146

Os limites anuais para emissão de certificados de aforro são determinados em Resolução do Conselho de Ministros.147

O diploma base que estabelece o enquadramento legal dos certificados de aforro consta do Decreto-lei n.º 122/2002, de 4 de maio, com as alterações que lhe foram introduzidas pelo Decreto-lei n.º 47/2008, de 13 de março, diploma que estabelece o Regime Jurídico dos Certificados de Aforro. Adicionalmente a este diploma devem ainda considerar-se os diplomas específicos que estabelecem as condições particulares de determinada série de certificados de aforro.148

Neste contexto, desde a criação dos certificados de aforro há mais de 55 anos, foram já emitidos os seguintes diplomas específicos:

145 Estabelece o artigo 14.º: “Fica o Ministro das Finanças autorizado a mandar emitir, por

intermédio da Junta de Crédito Público e nos termos a estabelecer, títulos da dívida pública nominativos e amortizáveis, denominados certificados de aforro, destinados a conceder uma aplicação remuneradora aos pequenos capitais”.

146 Atualmente representam cerca de 10% do financiamento do Estado.

147 Atualmente Resolução do Conselho de Ministros n.º 15-A/2017, publicado em Diário da

República n.º 9/2017, 1º Suplemento, Série I de 2017-01-12.

148 Os certificados de aforro são emitidos por séries identificadas por letras. Atualmente

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i) Regime jurídico dos certificados de aforro da série A, constante do Decreto

n.º 43454, de 30 de dezembro de 1960;149

ii) Regime Jurídico dos Certificados de Aforro da Série B, constante do D.L.

n.º 172-B/86, de 30 de junho;150

iii) Regime Jurídico dos Certificados de Aforro da série C, que consta da

Portaria n.º 73-A/2008, de 23 de janeiro;151

iv) Regime Jurídico dos Certificados de Aforro da série D, que consta da

Portaria n.º 17-B/2015, de 30 de janeiro.

A primeira grande reforma do regime dos certificados de aforro verificou-se com a publicação do Decreto-Lei n.º 172-B/86, de 30 de junho152, que trouxe uma grande dinamização do mercado a retalho, onde este instrumento financeiro se integra.

A segunda grande reforma do regime dos certificados de aforro deu-se com a publicação do Decreto-Lei nº 122/2002 de 4 de maio, diploma que se inseriu no processo mais vasto de reforma do quadro de emissão e gestão da dívida pública e dos seus instrumentos, concretizado pela Lei n.º 7/98, de 3 de fevereiro (Regime geral de emissão da dívida pública).

Com a publicação do Decreto-Lei nº 122/2002, de 4 de maio, estabeleceu-se o enquadramento geral a que ficam sujeitas todas as novas séries de certificados de aforro.

Como já se referiu, os certificados de aforro são instrumentos monetários e caracterizam-se por serem valores escriturais153, nominativos, reembolsáveis. Os certificados de aforro são denominados em moeda com curso legal em Portugal e destinados à captação da poupança familiar. Os certificados de aforro só podem ser subscritos por pessoas singulares e não são passíveis de transação ou negociação. Não obstante, e no âmbito sucessório, os

149 Alterado pelos artigos 9º, 10º, 11º e 13º do D.L. n.º 122/2002, de 4 de maio e pelo Decreto-

Lei n.º 47/2008, de 13 de março.

150 Retificado com a Declaração de 23 de julho de 1986 e alterado pelos artigos 9º, 10º, 11º e

12º do D.L. n.º 122/2002, de 4 de Maio, diploma este que foi alterado pelo Decreto-Lei n.º 47/2008, de 13 de março.

151 Retificado pela Declaração de Retificação 1-D/2008 de 25 de janeiro e alterada pelas

Portaria n.º 230-A/2009 de 27 de fevereiro e Portaria n.º 268-D/2012, de 21 de agosto.

152 Que ao mesmo tempo criava os certificados de aforro a série B.

153 Embora sejam valores escriturais os certificados de aforro têm ainda representação cartular

emitindo-se um título aquando da subscrição. No entanto, a legislação aplicável já previu a possibilidade de desmaterialização deste instrumento monetário.

82 certificados de aforro são passíveis de transmissão para os herdeiros do titular falecido154. Os certificados de aforro podem ser constituídos por um período mínimo de noventa dias e podem vencer juros trimestrais, semestrais ou anuais.

Os certificados são inscritos ou registados em contas abertas junto do IGCP no nome dos respetivos titulares. Os certificados de aforro podem ser amortizados no seu vencimento155, ou então podem ser resgatados parcialmente ou na sua totalidade em fase anterior, pelo valor nominal de subscrição, adicionando-se, quando for caso disso, os juros capitalizados.

Os certificados de aforro beneficiam dos direitos, isenções e garantias consignados na legislação em vigor que lhe serve de base.

Os concretos direitos e deveres das partes na relação contratual (Estado e particulares) e que acabamos de descrever constam do diploma base que estabelece o regime jurídico dos certificados de aforro, bem como no regime jurídico específico da respetiva série de certificados.

Trata-se, como referiu Sousa Franco, de um contrato de adesão aberto ao público. As cláusulas dos contratos que estabelecem as obrigações das partes são iguais para todos os subscritores de determinada série de certificados de aforro, não existindo qualquer margem de negociação de cláusulas diferentes, pelo que formalmente são cláusulas contratuais gerais.

As cláusulas contratuais gerais são comummente utilizadas pelas diversas instituições financeiras quando disponibilizam produtos emitidos em massa e para subscrição aberta ao público e que respeitam a condições jurídicas homogéneas.

COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS COMUNS E ADMINISTRATIVOS E