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3. CONTROLES DEMOCRATICOS 33

3.3. O Controle Interno na Administração Pública Brasileira 37

3.3.1. O controle interno pós-constituição de 1988 41

Com a promulgação da Carta Magna de 1988, o termo controle fica mais evidente e ainda mais perceptível nos seus artigos. Quando criada a CF/88, o cla- mor da população por uma constituição cidadã fez com que os legisladores da épo- ca editassem uma constituição moldada nos controles sociais com o fortalecimento do Ministério Público e das instituições de controle.

A Constituição Federal de 1988 cita inúmeras vezes o vocábulo controle: 1. "controle da poluição" (art. 24, VI);2. "controle do uso, do parcelamento e da ocupa- ção do solo urbano" (art. 30, VIII);3. "controle externo e controle interno dos Municí- pios" (art. 31);4 . "controles dos contratos de gestão" (art. 37, §8°, II);5. "controle pelo Congresso Nacional dos atos do Poder Executivo" (art. 49, X);6. "controle externo e controle interno da União" (arts. 70 a 75); 7. "controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário pelo Conselho Nacional de Justiça" (art. 103-B, §4°); 8. "controle externo da atividade policial pelo Ministério Público" (art. 129, VII); 9."controle da atuação administrativa e financeira do Ministério Público pelo Conse- lho Nacional do Ministério Público" (art. 130-A, §2°);10. "controle das ações e servi- ços de saúde" (art. 197).

Para delimitar nosso campo de estudos, deixemos claro que o que nos inte- ressa primordialmente é o controle interno, regulado principalmente pelos arts. 70 a 74 da seção IX da Carta Magna.

lador teve cuidado ao ampliar aos Estados, Distrito Federal e Municípios, as mesmas normas estabelecidas nesta seção.

Em seu artigo 70, a CF/88estabelece que a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, median- te controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

O estudo desta disposição legal nesta dissertação, assim como os outros que tratam do controle interno é de vital importância para o entendimento do proble- ma de fiscalização operacional e de desempenho de políticas públicas que o contro- le interno do Estado de Mato Grosso vem passando na atualidade.

A palavra chave do Art. 70 para o desenvolvimento final desta é o termo “operacional” cunhado pelo legislador principal como técnica contábil vinda da audi- toria que analisa as contas públicas por meio de critérios de eficiência, eficácia e efe- tividade.

Apesar da AGE/MT realizar as demais fiscalizações citadas no rol do Art. 70, essa de cunho operacional ainda não faz parte dos trabalhos de controle interno deste órgão fiscalizador das contas do Poder Executivo Estadual como veremos nos capítulos finais deste trabalho.

Chamamos a atenção também para os termos “controle externo” e “controle interno” do corpo deste artigo.

Segundo OLIVIERI:

“A Constituição denomina como atividade de controle interno o poder do dirigente do Poder Executivo de controlar o desempenho de sua própria burocracia. Essa denominação controle interno foi criada em oposição à de controle externo, que é o controle realizado entre os Poderes, mais especificamente pelo Parlamento sobre o Executivo. As denominações “controle interno” e “controle externo” são concor- rentes na literatura sobre administração e ciência política, com o mesmo sentido que o adotado pela Constituição de 1988”. (2010, p. 23).

Já em seu Art. 74, a CF/88 deixou clara a finalidade dos controles internos dos poderes da União, Estados Municípios e Distrito Federal. Segundo este artigo, os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema

de controle interno com a finalidade de:

“I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia

e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos ór- gãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;

III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União;

IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucio- nal.”

Chamamos a atenção para os incisos I e II que normatizam a fiscalização operacional pelos controles internos dos programas de governo com base nos crité- rios de eficiência, eficácia e efetividade.

Para OLIVIERI (2010), a partir dessa redação do Art. 74, o controle interno deixa de ser mero controle da legalidade, e passa a ocupar papel chave no ciclo de planejamento e avaliação das políticas públicas.

Segundo Olivieri:

“Ao gerar informações sobre a execução de políticas públicas, o con- trole interno permite que o governo planeje suas ações futuras tendo como base um diagnóstico preciso da implementação das políticas, quais foram seus resultados efetivos, seus méritos e deficiências. Em segundo lugar, a CF concebeu o controle interno não apenas como controle formal da legalidade, mas como controle de eficácia das po- líticas. Dessa forma, essa deve ser abrangente, conciliando a avalia- ção sobre os procedimentos (controle da legalidade e da eficiência) com a avaliação sobre os fins das políticas públicas (controle de efi- cácia)”. (OLIVIERI, 2012, p. 67).

Em 1998, com a tentativa da implantação da administração gerencial no Brasil, é editada a Emenda Constitucional n. 19 que anexou o termo eficiência no caput do Art. 37 idealizando com isso um controle mais focado no desempenho e no resultado das ações governamentais. Com a emenda n. 19/98 os controles internos foram legalmente obrigados a avaliar os gastos operacionais e de desempenho dos programas para medir a eficiência das suas ações, porém o ideal de controle e ava- liação do processo de gestão e dos impactos dos programas não foram incorporados como importantes mecanismos de controle gerencial na AGE/MT.

dade Fiscal (LRF) - o sistema do controle interno se fortaleceu ainda mais se tornan- do um dos veículos de aferição da transparência das finanças públicas.

No art. 4º desta lei, precisamente em seu inciso I, a LRF normatizou o con- trole de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com recur- sos dos orçamentos. Com isso, a LRF fortaleceu, ainda mais, as funções de plane- jamento estratégico e operacional de controle interno e de avaliação.

Entre as competências cometidas ao controle interno pela LRF estão:

“I - verificar o cálculo dos limites da despesa total com pessoal nas esferas estadual e municipal, compreendendo os Poderes e órgãos. II - alertar aos Poderes ou órgãos referidos, quando constatar: a) a possibilidade de limitação de empenho e movimentação financei- ra, prevista pelo art. 9° da Lei de Responsabilidade Fiscal;

b) que o montante da despesa total com pessoal ultrapassou noventa por cento do limite;

c) que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das opera- ções de crédito e da concessão de garantia encontram-se acima de noventa por cento dos respectivos limites;

d) que os gastos com inativos e pensionistas encontram-se acima do limite definido em lei;

e) a ocorrência de fatos que comprometam os custos ou os resulta- dos dos programas ou indícios de irregularidades na gestão orça- mentária;”

Ademais, cumpre ao Controle Interno auxiliar o Poder Executivo a fiscalizar o cumprimento das normas da Lei de Responsabilidade Fiscal, com ênfase no que se refere a:

“I - alcance das metas físicas e fiscais estabelecidas na Lei de Dire- trizes Orçamentárias;

II - limites e condições para realização das operações de crédito; III - condições para inscrição em restos a pagar;

IV - medidas para o retorno da despesa total com pessoal ao respec- tivo limite, a teor do disposto nos arts. 22 e 23 da LRF;

V - providências tomadas para recondução dos montantes das dívi- das consolidada e mobiliária aos respectivos limites, conforme o dis- posto no art. 31 da LRF;

VI - destinação de recursos obtidos com a alienação de ativos, de acordo com o disposto no art. 44 da LRF.”

Como visto, a partir da institucionalização da CF/88, da E.C. 19/98 e da LRF, o controle interno se torna legalmente um órgão auxiliar do Poder Executivo para fis- calizar não só a legalidade e legitimidade das ações deste poder, mas também o an-

damento de políticas públicas com base na fiscalização operacional agora legalizada por esses instrumentos legais.

3.4. O controle de conformidade, de desempenho operacional, e