O curso de licenciatura em Geografia no espaço virtual de educação

Advertimos que não é intenção desta tese elencar considerações sobre vantagens ou desvantagens do ensino online. Nossa abordagem considera, principalmente, o uso do espaço virtual para o ensino aprendizagem que transforma as relações dos sujeitos envolvidos e, de modo geral, possibilita ser analisado por abordagens geográficas em meio à educação a distância na Universidade Aberta.

Durante todo o trabalho, direcionamos nossa preocupação para mostrar o ensino que se evidencia nesse espaço, buscando entender melhor as implicações e as possibilidades das pessoas inseridas em diversos recortes desses espaços virtuais.

Nossa abordagem mostrou que, apesar da resistência de muitos professores, o profissional docente é cada vez mais propenso a receber um tipo de público, seja infantil, jovem ou adulto amplamente contextualizado com espaços virtuais diversos, como os de lazer, de trabalho ou de estudos.

Nesses espaços, os sujeitos se veem bombardeados de todo tipo de informação e encontram dificuldades de seleção de conteúdo e de gestão de tempo.

O professor está diante de outra realidade de sala de aula, tanto no ensino presencial como no ensino a distância. O que pode ser evidenciado pelo acesso do estudante ao espaço virtual durante todo o seu cotidiano. Em razão disso, o diálogo e o contato entre os estudantes não necessitam ser próximos ou afetivos, como anteriormente era desenvolvido no ensino tradicional e presencial.

É notório que estamos diante de um mundo tecnológico no qual tem ascendida uma nova geração de professores que chega para atuação profissional com uma formação digital vinda do cotidiano e que insere tal experiência no processo de ensino-aprendizagem. Contudo, necessitamos de mais inovações metodológicas, para lidar com os estudantes sedentos de espaços/temporais digitais e aulas mais dinâmicas, atualizadas e abundantes em conteúdos.

Encontramos nas duas modalidades, online e presencial, um de fomento à busca do conhecimento nos estudantes pelo manuseio das ferramentas midiáticas da internet. Pois, inseridos no espaço virtual, é possível associar imagens e sons às informações e ao conteúdo.

Por esses motivos, sugerimos ao currículo da Licenciatura em Geografia uma disciplina direcionada à formação inicial do professor que contemple as suas habilidades e competências para lidar com um público intimamente ligado aos espaços virtuais..

Tal proposta não se direciona para preparar o professor tão somente para lidar com o manuseio do instrumento tecnológico, como o computador ou outros, mas, sim se direciona para a necessidade de esse profissional entender o espaço virtual das redes das TIC, a fim de saber interagir com o público inserido na sociedade digital. E, assim, ser capaz de direcionar o estudante no sentido da seleção da informação, que seja relevante para sua formação e aprender a lidar com a gestão do tempo, seja no espaço virtual no seu dia a dia, ou durante o seu período de estudos de modo geral.

Compreendermos a necessidade de o profissional da educação conseguir capitalizar as possibilidades que podem emergir da sociedade cada vez mais ligada a espaços virtuais nas redes das TIC. Essa estratégia pode ser significativa na formação inicial do professor e na preparação da sua prática docente, em especial nos conteúdos de Geografia. Seu principal objetivo são as relações de produção e reprodução dos sujeitos nos diversos espaços da sociedade.

A intenção é refletir a respeito de novas possibilidades de formação docente para o trabalho na sociedade digital. Os estudantes estão cada vez mais envolvidos com variados

espaços virtuais das redes sociais, por exemplo redes online de educação, como as da Universidade Aberta, ou módulos online que se realizam nos cursos presenciais, ou até mesmo cursos de modalidade presencial.

Chamamos a atenção para o fato de que as duas modalidades, presencial e online, possuem metodologias semelhantes, e ambas, de uma maneira ou de outra, estão inseridas nos espaços virtuais abarcados pelas redes das TIC. Essas redes estão distribuídas em ambientes diversos, tanto para o ensino/aprendizagem, quanto para as demais relações cotidianas das pessoas, como sociais, comerciais e outras de maneira geral.

As investigações desenvolvidas até aqui trouxeram pistas para identificarmos as necessidades da educação nesse contexto. Apresentaremos uma proposta de disciplina voltada para a formação do profissional docente, que compreenda o seu papel mediador, entre a informação e o indivíduo inserido no espaço virtual como um todo.

Partimos do entendimento das interações que acontecem nos espaços virtuais de ensino da Universidade Aberta. Para isso, descrevemos o espaço da Universidade Aberta do Brasil a partir da experiência como professora, dos conceitos apresentados pela Unimontes (2016) e das informações resultantes do trabalho de campo na Universidade Aberta de Lisboa (2015).

Dando seguimento à discussão, é importante lembrar que a plataforma de acesso aos cursos, no caso da Universidade Aberta, se desenvolve pelo moodle. Neste ambiente virtual, são cadastrados os profissionais e os estudantes, que dependem de uma senha de acesso para ingresso. No moodle, estão disponibilizadas as salas e os espaços colaborativos de ensino/aprendizagem, o chat, o fórum,o Wiki, o Diário de Bordo, as Atividades/tarefas e outros. Vejamos, a título de ilustração, as figuras 12 e 13.

Figura 12- Página de acesso ao Ambiente virtual Unimontes (2016)

Fonte: Disponível em http://www.ead.unimontes.br/siga/index.php/auth/login. Acesso em Janeiro de 2016.

Figura 13- Página de acesso ao Ambiente virtual da Universidade Aberta de Lisboa (2016)

Fonte:https://www.uab.pt/cas/login?service=http%3A%2F%2Felearning.uab.pt%2Flogin%2Findex.php. Acesso

em janeiro de 2016.

O Chat é uma ferramenta de comunicação síncrona, na qual há necessidade de que os participantes da discussão estejam conectados simultaneamente para que o processo de comunicação seja efetuado, sendo uma conversação em tempo real. A característica de comunicação simultânea é uma grande contribuição para a interatividade na EAD, por

permitir a discussão em rede das atividades apontadas, das dúvidas que existam sobre o conteúdo do material e das propostas em grupo.

O chat pode ser utilizado para avaliar de modo formativo os grupos ou cada estudante. Para isso, o encontro deve ser gravado. Com esse registro, o professor consegue avaliar tanto o desempenho dos estudantes quanto o seu nessa interação e reavaliar, traçando novas estratégias para os futuros encontros virtuais.

O Fórum pode ser usado de modo independente ou associado a outras ferramentas. No fórum, o estudante pode expressar sua opinião. É uma ferramenta assíncrona e sua aplicação envolve aspectos qualitativos e quantitativos, sendo um espaço para debate, troca de ideias entre todos os participantes.

O fórum permite ao professor ou tutor avaliar as capacidades de formar opiniões e argumentos individuais ou entre os colegas do curso.

Wiki é uma ferramenta online capaz de permitir cooperação e colaboração entre

pessoas, visando à construção conjunta de um produto final e à aprendizagem significativa, ou seja, um resultado final de um projeto previamente acordado entre professores e alunos. Não existe controle do professor ou do tutor, esperam-se as contribuições de todos sobre o texto, respeitando um tema central que foi previamente proposto. Essa ferramenta é proposta no ambiente virtual como um princípio estratégico no desenvolvimento de variadas habilidades, entre elas a de escrita e leitura, demonstrando a relevância da ferramenta. Wiki, portanto, é um conjunto de documentos criados de forma coletiva no ambiente da internet. Ressaltamos que uma página Wiki é uma página Web em que as pessoas podem criar diretamente no navegador web.

Diário de Bordo é um instrumento que permite o registro, pelo estudante, de

assuntos diversos, atividade, percepção, dificuldade, o que entende ser elemento relevante no seu andamento no curso. Ele é um espaço opcional e deverá ser compartilhado apenas com o professor/tutor do curso. O diário de bordo favorece ao estudante a postagem de suas reflexões sobre um tema e o relato do seu processo de aprendizagem.

Atividade/Tarefa versa sobre a descrição de uma atividade a ser desenvolvida pelo

estudante. As tarefas permitem ao professor/tutor ler, avaliar e comentar as produções dos alunos. São realizadas preferencialmente nos modos de “escrita online”, exclusivo para envio de textos simples, ou “envio de arquivo único”, para ser verificadas, posteriormente, pelo professor/tutor.

Podemos dizer que a atividade/tarefa consiste na descrição de uma atividade a ser desenvolvida pelo estudante e ser enviada ao professor/tutor em formato digital no ambiente

virtual de aprendizagem utilizado pelo curso. É essencial considerar metodologias diferenciadas com instrumentos específicos para aferição do conhecimento dos alunos, como o fórum, o Chat, o Wiki, o Diário de Bordo, a Atividade/Tarefa

Na avaliação à distância, o docente deverá repensar o uso da avaliação e sua postura diante dos resultados descobertos, repensar ainda como desenvolver um conteúdo significativo em que a nota não tenha importância central, mas, por meio da nota e durante todo o processo, identificar habilidades dos envolvidos e quais as mudanças precisam ser feitas, através de uma avaliação reflexiva e crítica, evidenciando a continuidade da avaliação enquanto o professor acompanha a construção do conhecimento pelo aluno.

Portanto, devemos rever as metodologias, os instrumentos e utilizar mecanismos que possibilitem apurar habilidades, posição e problemas dos alunos, incluindo também um processo de organização e interpretação dos resultados advindos da avaliação, pois o processo de avaliar na Educação a Distância deve ser grande aliado de todo processo de ensino, em torno das possibilidades das TIC. Sobre a avaliação na Universidade Aberta, a professora Filomena (2014) afirma:

[...] há uma necessidade de maior interação entre os estudantes nos fóruns. Para o primeiro ciclo (as licenciaturas) para os alunos participarem dos fóruns as participações são avaliadas. [...] os resultados dos trabalhos de campo são transformados em projetos que, após apresentados, em alguns casos podem ser publicados, mas não é normal, alunos nas licenciaturas realizarem publicações científicas. Não é uma meta de Bolonha14, pois as licenciaturas são consideradas como uma fase inicial do processo de formação do investigador.

Observamos que as licenciaturas nos ambientes virtuais, por intermédio dos

fóruns, chats não são suficientes para promover as interações e participações entre os sujeitos

envolvidos no processo.

De fato, os profissionais capacitados para atuar nos diferentes espaços virtuais podem explorar as diversas redes sociais e facilitar maior interação e participação de todos em busca da aprendizagem colaborativa.

Conforme o professor José António Marques Moreira (2014), para a graduação, as avaliações são formativas e presenciais obrigatórias, aproximando o presencial do curso a distância. Mesmo no ensino presencial, há autonomia do estudante, que escolhe a forma de ir

14

Processo de Bolonha — é um documento conjunto assinado pelos Ministros da Educação de 29

países europeus, reunidos na cidade italiana de Bolonha. A declaração marca uma mudança em relação às políticas ligadas ao ensino superior dos países envolvidos e estabeleceu em comum um Espaço Europeu de Ensino Superior a partir do comprometimento dos países signatários em promover reformas dos seus sistemas de ensino. Revista de Educação; Coimbra (2006). Disponível em: http://www.mat.uc.pt/~jfqueiro/Bolonha- formacao-de-professores.html. Acesso em janeiro de 2015.