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No preâmbulo da CF/88, os representantes do povo brasileiro fizeram constar expressamente que o Estado Democrático, então instituído, destina-se a assegurar o

desenvolvimento, dentre outros objetivos e direitos. Ao lado da liberdade, da segurança, do

bem-estar, da igualdade e da justiça, alçou-se o desenvolvimento ao distinto patamar de valor supremo de uma sociedade fraterna, fundada na harmonia social.

As vozes que destacavam estes valores supremos ecoavam no seio da sociedade brasileira na década de 1980, o que motivou, inclusive, a elaboração por Ulysses Guimarães de um prefácio que foi retirado posteriormente do conjunto constitucional, mais possui indiscutível valor histórico, conforme faz ótima e oportuna referência Lauro Ishikawa 123. O prefácio aduzia que:

O homem é o problema da sociedade brasileira: sem salário, analfabeto, sem saúde, sem casa, portanto sem cidadania.

A Constituição luta contra os bolsões de miséria que envergonham o País. Diferentemente das sete Constituições anteriores, começa com o homem.

Geograficamente testemunha a primazia do homem, que foi escrita para o homem, que o homem é seu fim e sua esperança, é a Constituição cidadã.

Cidadão é o que ganha, come, mora, sabe, pode se curar.

A Constituição nasce do parto de profunda crise que abala as instituições e convulsiona a sociedade.

Por isso mobiliza, entre outras, novas forças para o exército do governo e a administração dos impasses. O governo será praticado pelo Executivo e o Legislativo.

Eis a inovação da Constituição de 1988: dividir competências para vencer dificuldades, contra a ingovernabilidade concentrada em um, possibilita a governabilidade de muitos.

É a Constituição coragem.

Andou, imaginou, inovou, ousou, viu, destroçou tabus, tomou o partido dos que só se salvam pela lei.

A Constituição durará com a democracia e só com a democracia sobrevivem para o povo, a dignidade, a liberdade e a justiça.

Esta diretriz axiológica (realizada a partir da tomada de uma decisão política neste sentido) de inclusão do Homem no centro das preocupações encontra resistência no próprio regime capitalista de livre mercado vigente na economia brasileira. O constante desenvolvimento é posto como sustentação do próprio regime (com frequência em desfavor da pessoa humana), sendo um dos pilares do sistema capitalista de livre mercado. O constante aumento das trocas entre os agentes econômicos e o crescimento quantitativo da produção

                                                                                                                         

123

BONAVIDES, Paulo. História Constitucional do Brasil. Brasília: OAB Editora, 2004, p. 501, apud ISHIKAWA, Lauro. 2008. Op. cit., p. 32.

geral de riqueza, medida pela taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), são objetivos cotidianamente almejados.

Esta busca por um crescimento econômico linear e constante não pode retirar o Homem deste lugar central (em verdade, do meio difuso do sistema, conforme será adiante demonstrado), em especial quanto ao aspecto do desenvolvimento científico e tecnológico. A maior parte das ações dos agentes de governo ligados à área econômica é no sentido de evitar a estagnação econômica. E se tem ojeriza da recessão econômica. A busca é sempre por um desenvolvimento sistemático precedido de um crescimento econômico constante. É a perseguição de um utópico desenvolvimento eterno com crescimento exponencial, como se a economia, reflexo das relações sociais, pudesse ser entendida como uma linha reta ao futuro e sempre direcionada para o alto. A teoria dos ciclos econômicos de Joseph A. Schumpeter bem explica que este crescimento constante sem quaisquer retrocessos e mesmo recessões é, empiricamente, inviável. 124

Assim, um primeiro aspecto problemático existe no fato de que a análise do crescimento econômico é feita pela perspectiva exclusiva do crescimento do PIB, o que é, sabidamente há tempos, um equívoco imenso. Esta análise exclusiva da questão pela via do PIB é ainda mais equivocada e ambígua quando se trata de analisar os impactos dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento por este índice. A professora de Berkeley, Suzanne Scotchmer, bem analisa este problema entre análise do PIB e investimentos em pesquisa e desenvolvimento.125

                                                                                                                         

124

SCHUMPETER, Joseph A. 1982. Op. cit.

125

SCOTCHMER, Suzanne Scotchmer. 2004. Op. cit., p. 263. Segundo a autora este equívoco pode ser resumido nos seguintes termos: “Growth in GDP (gross domestic product) is the most common measure of the

success of R&D spending. However, as a measure of consumer welfare, GDP is a seriously flawed proxy. The main reason to use it is that economists, like other empiricists, are stuck “looking under the lamp post”. We study GDP because someone (the Department of Commerce) measures it. If all markets are competitive and firms earn zero profit, the GDP measures the value of inputs. Since every dollar earned is also spent, GDP also measures revenue earned in final goods markets. In this sense, GDP is a useful indicator of economic activity, and, to the extent that costs are related to consumers´ surplus, GDP gives some indication of total consumers´surplus. If industries are not perfectly competitive, firms may earn economic and accounting profits. Then GDP includes profits as well as input costs. This has the odd implication that if a competitive market becomes cartelized, GDP goes up even though consumers´surplus goes down. Of course, in the innovation context, cartelization is not typically how firms gain market power. Firms gain market power by introducing new goods that are protected by intellectual property. But then another problem arises: the ratio of consumers´surplus to what is measured in GDP, namely, the value of inputs plus profit, is diferent for proprietary goods than for those that are competitively suplied. For this reason, the interpretation of GDP qrowth is ambiguous if the mix of proprietary goods and competitively supplied goods changes over time. Public spending also confounds how R&D is reflected in GDP. If the inventions that result from public spending are put in the public domain to be used by many competitive users, the the benefits accrue mainly to consumers - for exemple, through low prices - rather than to firms. What is reflected in GDP is the value of the R7D input, like

Hélio Jaguaribe, desde 1969, aduz que

(...) constitui prática de universal aceitação a de se determinar o grau de desenvolvimento de dado país comparando seu produto real e sua renda real per

capita com os de países plenamente desenvolvidos, como os Estados Unidos. Dada a

simplicidade desse método, que permite, depois de resolvidos problemas nem sempre fáceis de conversão cambial, a quantificação dos diversos estágios de desenvolvimento, sua aplicação é indispensável, apesar das sérias limitações que contém e dos correspondentes equívocos a que induz.126

É a análise do desenvolvimento pela visão míope do crescimento econômico, exclusivamente. Assim, apresenta-se de uma precisão ímpar a indicação feita por Jaguaribe das duas principais razões pelas quais a verificação exclusiva do PIB não atende às necessidades de análise da situação econômica e social de um país, fazendo referência à falta de correlação direta e necessariamente interdependente entre produção e melhoria de condições gerais da população e a impossibilidade de se analisar exclusivamente o processo de desenvolvimento econômico sem a sua implicação nos demais aspectos do desenvolvimento, a saber: o social, o político e o cultural.127

Oferta Jaguaribe uma primeira conclusão, no sentido de que “o desenvolvimento é um processo social global, só por facilidade metodológica, ou em sentido parcial, se podendo                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                            

scientists´salaries, and not the value of the R&D output. Indeed, if a public reserch agenda lowers the costs of producing goods and services, it can actually reduce GDP. The expected effect of R&D spending on GDP should depend both on the proportion of R&D that is publicly sponsored, which has been declining, and the arrangements under which publicly sponsored research is distributed.”  

126

JAGUARIBE, Hélio. Op. cit., 1989, p. 11.

127

Id. ibid., 1989, p. 12. Fazendo a indicação precisa destas “insuficiências” da análise exclusiva do PIB, Jaguaribe aduz que “(...) a primeira insuficiência se manifesta no plano mesmo da economia. A determinação do

grau de desenvolvimento econômico de um país em função de dados per capita de sua contabilidade social não leva em conta a complexidade de sua estrutura econômica, a taxa de endogenia e de autonomia de seu processo de formação da renda, e tende a sobreestimar a influência da relação entre produção e população, no conjunto da economia do país. Medidos por tais critérios teremos, para a média anual do período de 1952-54, que um país como Japão, com o produto nacional líquido per capita de US$ 190, surge como 220% menos desenvolvido que Puerto Rico, com US$ 430, enquanto aparecem como iguais o grau de desenvolvimento econômico da Itália e o de Cuba, ambas com US$ 310. A segunda insuficiência se manifesta com relação a toda compreensão puramente econômica do desenvolvimento econômico. É lícito e proveitoso o conceito de desenvolvimento econômico, como os de desenvolvimento cultural ou político. Na medida em que a atividade econômica, como a cultura ou a política, é objetivamente destacável do conjunto das atividades sociais e se torna suscetível de estudo segundo categorias próprias, nessa mesma medida é procedente conceber um processo de desenvolvimento como econômico, ou cultural, ou político. Importa, no entanto, ter sempre presente o que há de expediente metodológico na conceituação de um processo de desenvolvimento como econômico, ou cultural ou político. Na verdade, todos os processos sociais se correlacionam estruturalmente e, se é certo que se desdobram em planos dotados de relativa autonomia – o econômico, o social em senso estrito, o cultural e o político – não é menos certo que apenas por abstração se pode conceber qualquer desses planos independente do processo social global. Assim é que, muito embora o desenvolvimento econômico possa preceder o político e funcionar como suscitador deste último, como ocorreu na Grã-Bretanha do século XVIII, ou, ao contrário, possa o desenvolvimento político preceder e provocar o econômico, como sucedeu na União Soviética, da Revolução até o período dos planos quinquenais, dá-se sempre uma interdependência estrutural entre os diversos planos do processo histórico-social.”  

falar em desenvolvimento econômico, político, cultural e social.” 128 A visão exclusiva do desenvolvimento econômico por este prisma limita a apreciação ao crescimento efetivo da renda real, normalmente por decorrência do melhor emprego dos fatores de produção.129 Surge, assim, a diferença entre o desenvolvimento e o crescimento econômico, sendo este último o mero aumento da renda real per capita, “(...) enquanto a idéia de desenvolvimento abrange o sentido de um aperfeiçoamento qualitativo da economia, através de melhor divisão social do trabalho, do emprego de melhor tecnologia e da melhor utilização dos recursos naturais e do capital.”. 130 A abordagem da tecnologia enquanto parte integrante do desenvolvimento aparece, desde sempre.

Neste cenário de busca incessante pelo crescimento econômico, muitas vezes dissociada da visão global de desenvolvimento (econômico, social, cultural e político), olvida- se, com infeliz frequência, uma das partes integrantes do próprio desenvolvimento, qual seja: o científico e tecnológico. Como se viu, a tecnologia é elemento integrante do próprio “aperfeiçoamento qualitativo da economia”, como menciona Jaguaribe, a gerar o próprio desenvolvimento como um todo.

É evidente que a evolução da ciência e o desenvolvimento da tecnologia influenciaram (e continuam influenciando) na estruturação do próprio regime capitalista, tal qual referido no Capítulo I, na exata medida que permitiu o aumento da produção, da eficiência econômica e a criação de novos produtos e serviços que passaram a ser desejados por milhões de pessoas ao redor do mundo, fomentando toda a cadeia produtiva. Aliás, o desenvolvimento científico e tecnológico chegou ao ponto alto de criar demanda pelos produtos inovadores, na perspectiva de ter criado produtos e serviços antes inexistentes e que o Homem sequer sabia que tinha alguma necessidade ou interesse neste sentido. Todo o desenvolvimento na área de tecnologia aplicada às comunicações em geral, tais como aparelhos de celulares, smartphones, ipad, etc., comprova que o próprio avanço da tecnologia criou uma demanda por produtos que o homem sequer conhecia. Novos mercados foram criados, assim como novas áreas de exploração econômica.

Os reflexos do desenvolvimento, em especial o científico e tecnológico, são vistos em todas as searas da convivência humana, o que se pode depreender, inclusive, pela importância

                                                                                                                         

128

Id. ibid., p. 13.

129

JAGUARIBE, Hélio. 1989. Op. cit., p. 13.

130

do desenvolvimento como meio de concretização de todos os demais direitos fundamentais previstos na Constituição Federal, e não apenas como fim em si mesmo. Neste sentido, impõe-se a verificação deste desenvolvimento sob a luz do Direito Econômico, assim entendido por Fernando Herren Aguillar como

(...) o direito das políticas públicas na economia. É o conjunto de normas e institutos jurídicos que permitem ao Estado exercer influência, orientar, direcionar, estimular, proibir ou reprimir comportamentos dos agentes econômicos num dado país ou conjunto de países.131

Segue o referido doutrinador indicando que

(...) por meio das normas de Direito Econômico, o Estado introduz variáveis compulsórias ou facultativas ao cálculo do agente econômico, destinadas a influenciar sua tomada de decisões no exercício de sua liberdade de empreender. Tais variáveis não são necessariamente introduzidas segundo interesses gerais, coletivos ou sociais. Elas são introduzidas no interesse do Estado, e neste sentido é que são decorrentes de interesses públicos.132

E, finalmente, vaticina que “(…) as regulações de Direito Econômico se destinam, assim, a estimular, reprimir ou alterar o rumo que a economia livremente adotaria na sua ausência.” 133

Considerando que um prévio desenvolvimento econômico é imposto frequentemente como barreira para a concretização dos direitos sociais (princípio da reserva do possível, mas sem se descuidar do princípio da proibição de retrocesso social 134), não há dúvida de que a realização dos direitos sociais pela via do próprio desenvolvimento, neste caso, científico e tecnológico torna-se questão de primeira ordem. Conforme mencionado inicialmente, o artigo 157 da Constituição de 1967 trazia em seu inciso V o desenvolvimento econômico como princípio da ordem econômica, que indicava como objetivo a justiça social. É conclusiva a ideia de que o desenvolvimento é instrumento da realização dos outros objetivos da República Federativa do Brasil, estabelecidos nos outros incisos do artigo 3.

Pela conformação advinda das normas de Direito Econômico, deveria este objetivo - desenvolvimento na perspectiva do científico e tecnológico - ser insculpido nas políticas públicas do Estado brasileiro. Seria, em verdade, uma das formas de se atingir os fins                                                                                                                          

131

AGUILLAR, Fernando Herren. Direito Econômico: do direito nacional ao direito supranacional. São Paulo: Atlas, 2006, p. 2.

132

Id. ibid., loc. cit.

133

Id. ibid., loc. cit.

134

DERBLI, Felipe. O princípio da proibição de retrocesso social na Constituição de 1988. Rio de Janeiro: Renovar, 2007. Cf. trabalho sobre o princípio da proibição de retrocesso social na Constituição de 1988.

(concretização dos direitos sociais) através de um meio estabelecido na própria Constituição Federal (desenvolvimento científico e tecnológico), tanto pela via legislativa quanto pelos demais órgãos da Administração Pública, dada a velocidade com que as práticas econômicas se alteram, conforme bem elucida Nelson Nazar, ao aduzir que

(...) no âmbito do Direito Econômico, o surgimento de novas práticas econômicas caminham em uma velocidade espantosa, o que impossibilita a normatização de todos os regramentos desta ciência. Por essa razão, pode-se dizer que é um direito sem código e se expressa por meio de outras modalidades de instrumentos, como as ‘agências’ 135.

Por todas as razões aduzidas até aqui, torna-se evidente que a avaliação do estágio de desenvolvimento deve ser feito por outro critério, adicional ao de simples verificação do crescimento econômico fornecido pelo PIB. Apresenta-se, de utilidade inquestionável, o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, que comporta a avaliação sob os aspectos de renda, saúde e educação. Desta forma, a questão da ciência e da tecnologia, tanto na vertente da renda quanto na da educação, estará refletida na avaliação do país, permitindo a verificação das interligações entre educação, desenvolvimento científico e tecnológico e melhoria das condições gerais de vida da população.

A utilização do IDH para medir as condições sociais e econômicas de um país remonta a década de 1990, sendo certo que, em 2010, o Relatório de Desenvolvimento Humano produzido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD veio complementado pelo IDH Ajustado à Desigualdade - IDHAD, o Índice de Desigualdade de Gênero e o Índice de Pobreza Multidimensional. O objetivo destes detalhamentos é mapear, de forma mais abrangente, os dados acerca do desenvolvimento, além de indicar os aspectos principais para a sua concretização em todas as dimensões da pessoa humana, melhorando a qualidade dos relatórios e ampliando os campos de sua aplicação.

Neste Relatório de 2010 136, o PNUD ressaltou que

(...) o conhecimento aumenta as possibilidades das pessoas. Promove a criatividade e a imaginação. Além do seu valor intrínseco, tem ainda o importante valor instrumental na expansão de outras liberdades. Ter uma educação capacita as pessoas para avançarem nos seus objetivos e resistirem à exploração.

                                                                                                                         

135

NAZAR, Nelson. 2009. Op. cit., p. 29.

136

PNUD. Relatório do IDH de 2010. Disponível em:

É o destaque à importância da educação, em todos os níveis, para o aumento das liberdades públicas. O Brasil ocupava a posição 73 no IDH publicado no Relatório de 2010 do PNUD, com o índice de 0,699, com uma média de anos de escolaridade em 7,2 anos. A Noruega, país que ocupava o topo da lista do IDH em 2010, possui uma média de 12,6 anos de escolaridade. Por outro lado, o IDHAD do Brasil é de 0,509, de forma que o país perdeu 15 posições na lista geral pela notória desigualdade social existente. Ainda mais grave é o fato de que o Brasil possui 13,1% de sua população em risco de pobreza multidimensional. Por fim, 5,2% da população brasileira vive com rendimento inferior a 1,25 USD por dia, o que monta em torno de 9.920.000 (nove milhões, novecentos e vinte mil pessoas), considerando uma população de 190.755.799, conforme o Censo Demográfico 2010 da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE 137. Essas pessoas não só se encontram em situação de privação financeira, mas também de total ausência de saúde, baixo nível de educação, condições inadequadas de habitação, exclusão social, etc.. A estes se aplica diretamente a frase célebre de Hannah Arendt do “direito a ter direito”, analisado com profundidade por Celso Lafer em obra notável sobre a reconstrução dos direitos humanos. 138

No Relatório de Desenvolvimento Humano de 2011, do PNUD139, o Brasil caiu para a 84ª posição geral, perdendo 11 posições em relação ao ano de 2010 no IDH e 13 posições se comparado o IDH com o IDHAD, ambos de 2011. É certo que cresceu o número de pessoas expostas à condição de penúria mencionada acima. Por outro lado, o Censo Demográfico 2010 divulgou a taxa de desemprego total de Julho de 2010 nas 5 principais regiões metropolitanas brasileira, além do Distrito Federal, que foi de: (i) São Paulo – 12,6%; (ii) Belo Horizonte – 8,3; (iii) Recife – 17,2; (iv) Salvador – 16,9; (v) Porto Alegre – 8,9%; (vi)                                                                                                                          

137

IBGE. Censo demográfico de 2010. Disponível em:

<http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/index.php?dados=4&uf=00>. Acesso em: 5 out. 2012.

138

LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos. Um diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p.150. Sobre o pensamento de Hannah Arendt, Celso Lafer aduziu que “de

fato, a asserção de que a igualdade é algo inerente à condição humana é mais do que uma abstração destituída de realidade. É uma ilusão facilmente verificável numa situação-limite como a dos refugiados ou dos internados em campos de concentração. Estes se deram conta de que a única dimensão que lhes sobrava era o fato de serem humanos. Pessoas forçadas a viver fora de um mundo comum, vale dizer, excluídas de um repertório compartilha de significados que uma comunidade política oferece e que a cidadania garante, vêem-se jogadas na sua natural ‘givenness’. As ‘displacedpersons’, precisamente por sua falta de relação com um mundo, foram e continuam sendo tentação constante para os assassinos e para as nossas próprias consciências. É como se não existissem. São supérfluas. Esta é a nota básica de ruptura representada pelo totalitarismo, pois a tradição ocidental, baseada no valor da pessoa humana como “valor-fonte” de todos os valores, viu-se frontalmente contestada por uma situação criada no seu próprio bojo – e não por ameaça externa, como no passado os mongóis em relação à Europa – que produziu, de um lado, bárbaros, e de outro forçou milhões de pessoas, tidas