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Capítulo I – A Construção da Identidade Docente

1.2. O Educador de Infância e Professor do 1º ciclo do Ensino Básico: um perfil

na sua prática diária deve estar em conformidade com os pressupostos enunciados no Decreto-Lei nº 240/2001 de 30 de agosto (Perfil Geral do Desempenho Profissional do Educador de Infância e dos Professores dos Ensinos Básico e Secundário), pressupostos esses que passam pela orientação geral das dinâmicas da sala de atividades, garantir a estabilidade emocional e física das crianças, promover aprendizagens de forma integrada e diversificada, assegurando a concretização de cinco dimensões importantes para uma prática docente de qualidade, sendo elas a dimensão profissional, social e

ética, a dimensão de desenvolvimento do ensino e da aprendizagem, dimensão de participação na escola e de relação com a comunidade e, por fim, a dimensão de desenvolvimento profissional ao longo da vida. Tais dimensões, estando na base do perfil geral dos Educadores e Professores do 1º Ciclo do Ensino Básico e Secundário, são fundamentais para alicerçar uma prática e conduta profissional pedagogicamente adequada e de qualidade. No entanto, o perfil do Educador/Professor do 1º ciclo do Ensino Básico, não poderá depender apenas e só do cumprimento das tarefas previamente estabelecidas no perfil geral. Para se ser Educador/Professor é necessário um nível de sensibilidade elevado, uma vontade de partilhar saberes e disponibilidade para aprender, ou seja, é essencial estar apaixonado por tudo o que compõe o vasto mundo da educação.

Segundo Day (2004) “A paixão relaciona-se com o entusiasmo, cuidado, o comprometimento e a esperança que são, também eles, considerados características- chave da eficácia do ensino” (p.37). Para este autor os professor deve dar importância às características pessoais do aluno e deve respeita-lo, como tal “esse respeito pela pessoa poderá ter como resultado uma maior motivação para aprender” (p.37).

Como qualquer ser humano, o Educador/Professor é um indivíduo único, com características peculiares e subjetivas. Por esse facto, a sua ação prática é sempre muito particular e depende dessa subjetividade, tornando a sua identidade profissional diretamente influenciada pelas suas características pessoais que são indissociáveis do seu Ser pessoal.

Tendo em conta esta linha de pensamento, Coelho (2004) refere que:

A noção de que o “comprometimento subjectivo” do profissional é importante, correspondendo à capacidade para mobilizar a sua subjetividade e identidade pessoais na vida profissional, noção que é recente e se associa ao reconhecimento da importância de o profissional aprofundar a sua própria história, percurso pessoal e implicação no processo de construção da sua identidade como pessoa e como profissional (p.123).

Desta forma, a prática do docente, estando intimamente ligada a um contexto teórico e metodológico específico que se rege pelas Orientações Curriculares, no caso específico da Educação de Infância, e pelos programas da Educação Básica, orienta-se, essencialmente, pela gestão ética e moral que o professor exerce como pessoa e culmina na junção de diversos fatores que o compõem como profissional.

Conforme o disposto no Decreto-Lei nº 241/2001 de 30 de agosto (Perfis Específicos do Desempenho Profissional do Educador de Infância e do Professor do 1º Ciclo do Ensino Básico), anexo nº 1 (Perfil Especifico de desempenho Profissional do Educador de Infância), que regulamenta o desempenho profissional específico dos Educadores de Infância, cabe aos mesmos desempenhar a função para a qual a sua formação os capacita, assim como assumir funções educativas nas faixas etárias abaixo dos 3 anos de idade, nomeadamente no contexto de Creche.

Além das funções do Educador de Infância, o perfil estabelece que cabe a este a conceção e desenvolvimento do currículo que deve ser adaptado ao grupo de crianças a que se destina e está sustentado sob o documento orientador que norteia a ação pedagógica do Educador, as Orientações Curriculares para a Educação de Infância- OCEPE, publicadas pelo Ministério da Educação - ME em 1997.

Este profissional deve utilizar e mobilizar materiais e recursos diversos, organizar o tempo, o espaço e o ambiente educativo assegurando o desenvolvimento de aprendizagens integradas contextualizadas, ricas e variadas.

A par das inúmeras competências relacionadas com a conceção do currículo cabe ainda ao Educador de Infância integrar o currículo e articulá-lo de forma a proporcionar experiências às crianças em todas as áreas, nomeadamente nas expressões, comunicação e conhecimento do mundo.

Sendo o Perfil Específico do Desempenho Profissional do Educador um documento orientador do desempenho esperado por parte destes profissionais, é, no entanto, importante referir que este documento não é estanque e rígido, servindo apenas de linha orientadora. Cada educador deve utilizá-lo e modelá-lo à sua prática partindo das suas diretrizes, dando-lhe um cunho pessoal e adaptando as suas práticas ao grupo a que se destina.

No que concerne ao Perfil Específico do Desempenho Profissional do Professor de 1ºCEB, este pode ser consultado no Decreto-Lei supramencionado, mais propriamente no anexo nº2 (Perfil Específico do Desempenho Profissional do Professor do 1º Ciclo do Ensino Básico).

Tal como o perfil específico do educador de infância, o Perfil Específico do Desempenho Profissional do Professor de 1ºCEB surge como documento orientador das funções do professor e pressupõe como tarefas específicas do docente, o desenvolvimento do currículo, assegurando, simultaneamente, a organização e

integração de conhecimentos científicos que desenvolvam competências essenciais na construção das aprendizagens dos alunos.

Segundo o Decreto-Lei nº 241/2001 de 30 de agosto, anexo nº 2 “O professor do 1º ciclo do ensino básico desenvolve o respetivo currículo, no contexto de uma escola inclusiva, mobilizando e integrando os conhecimentos científicos das áreas que o fundamentam e as competências necessárias à promoção da aprendizagem dos alunos” (p.5574).

Para além desta competência, o decreto pressupõe, ainda, que o professor seja capaz de integrar o currículo com o intuito de promover competências sociais, preparando os alunos para uma “cidadania ativa e responsável” (Decreto lei nº241/2001 30 de agosto, Anexo2 p.5574), desenvolvendo aprendizagens em todas as áreas do conhecimento, nomeadamente no domínio da língua portuguesa, domínio da matemática, domínio das ciências sociais e da natureza, domínio da educação física e, ainda, no domínio da educação artística. Assim, pretende-se capacitar os alunos para um desenvolvimento global e completo.